O clarear do dia banha minha pele, os raios fortes do dia me tiram do sono profundo incomodando meus olhos, me escondo debaixo de minhas cobertas na esperança de dormir alguns segundos a mais, sentindo o conforto de meu colchão ainda se manter sob mim continuo meu leve cochilo me levando a sonhos tranquilos.
— Bom dia pequena princesa, melhor se levantar agora! - Ao sentir meu lençol ser puxado finjo um leve choro, abrindo preguiçosamente meus olhos vejo quem seria o invasor de meus aposentos, olhando nos olhos esmeralda de meu irmão mais velho.— Alexander Conrad Ettore, me deixe dormir apenas mais alguns minutos. - Cubro meu rosto com o travesseiro me escondendo de seus olhos.
— Usando meu nome completo? Golpe baixo irmãzinha, sabe que o odeio! - Sinto o colchão afundar com seu peso exagerado, olho seu rosto marcado e examino seus belos olhos, seus dedos traçam carinhos em meu rosto e desembaraçam algumas mechas do meu cabelo.
— O que o faz me acordar a esta hora meu querido irmão? - Ironicamente falo.— Por mais que eu adore lhe deixar em maus lençóis com nosso avô por perder a hora do café, hoje é o dia da sua mudança, esqueceu? Logo estará longe daqui, viverá como bem entende, lembre-se, seu treinamento está completo. - Concordo sorrindo levemente.— Foram anos de treinamento duro, talvez se não fosse uma meia-imortal as cicatrizes ainda cobririam meu corpo. - O respondo olhando pela janela lembrando dos tempos distantes.— Treinos dignos de um membro da família real do ramo principal, mas agora chega de conversa fiada, Nana preparou seu banho e estamos esperando por você na sala de jantar. - Ele sai me deixa só novamente não antes de me mostrar seu sorriso iluminado, suas presas pontiagudos enfeitavam seus dentes, o que me fazia rir com sua falha tentativa de me assustar.Caminho para o banheiro retirando minhas poucas peças de roupa, entrando na banheiro de água morna e perfumada carinhosamente preparada para mim, devo agradecer e dar um beijo em Nana depois, esfrego meu corpo afim de retirar a fina camada de suor que se fez presente e qualquer sujeira que existisse, deixando-me divagar entre minhas lembranças e sonhos penso no que o futuro me reserva, talvez algo bom venha a acontecer em minha vida nesta nova casa, em minha nova vida.Notando que a água começava a esfriar saio terminando meu banho, deixando as gotas cristalinas escorregam por meu corpo com auxílio de uma toalha me seco, me vestindo finalmente desço para o andar de baixo, beijo a bochecha de Nana que se localizava na entrada do lugar e olho ao redor encontrando meu avô lendo seu jornal, minha avó conversando com Alex e Diego com o rosto enfiado em um livro.— Bom dia a todos.— Bom dia! - Respondem juntos.— Quando perderá os maus hábitos minha neta? - Diz meu avô.— Bom dia vovô! - Vejo Alex sorrir.— Victor, deixe a menina, Alex não sorria de sua irmã, Diego, meu amor, deixe este livro e se alimente.— Sim, vovó! - Respondemos juntos.— Você a mima demais! - Vovô retruca recebendo um olhar de reprovação, mordo meus lábios para esconder um sorriso, noto Alex e Diego fazendo o mesmo, afinal não é todos os dias que vemos Victor Ettore, rei dos vampiros, ancião milenar, ser retrucado por sua esposa Helena ou como a corte adora chamá-la "uma simples vampira centenária".— Sua mudança será feita hoje não é? - Seu tom de desgosto é óbvio, sei que depois do que aconteceu com mamãe e meu tio, seus dois filhos ele não se perdoa, assumiu um papel cuidadoso e muito protetor, não me permitindo as vezes me aproximar da minha família lupina.— Sim, já conversamos sobre isso.— E continuo achando um disparate sem tamanho!— Vovô, por favor, o dia mal começou, não quero ter mais uma de nossas discussões. - Suspiro em derrota. O vejo bebericar de sua taça, ainda cheia do líquido escarlate, como todos os presentes, sem conseguir sequer tocar no alimento sempre que uma discussão entre nós era iniciada.— Você sabe o que eu acho sobre isso!— É sobre a minha vida que estamos falando, já aceitei uma de suas decisões em morar com uma guarda real treinada pelo próprio general da guarda real, Vivian, que se mudará comigo, o que mais deseja?— Que viva aqui, sob minhas ordens! - Esbraveja em toda sua autoridade.— Devo lembrá-lo que me proibiu de ver minha avó Cristina? Só a vi na cerimônia de cremação do corpo de meu avô Alistar, o senhor acha justo? Ele morreu e a última vez que me viu eu era uma criança em seus dezesseis anos. - A cada acusação dita o tom de minha voz se eleva, levanto-me da mesa ouvindo seus protesto e os chamados de minha avó e irmãos, entro em meu quarto batendo a porta que talvez se não fosse reforçada como todo castelo teria se partido em duas.Me jogo no colchão da cama sentindo a raiva borbulharem mim, minhas bochechas ligeiramente coradas pela pulsação fraca porém acelerada de meu coração raivoso, desde que anunciei minha mudança foi assim, brigas e discussões, entendo o lado de meu avô e sua proteção exagerada, mas estamos falando de mim e da vida que quero ter, imortal ou não imortal ela me pertence e as escolhas devem ser minhas e de mais ninguém.-toc-toc-toc-Três leves batidas ritmadas, apenas uma pessoa poderia bater assim, tão melodioso como é o deixo entrar.— Entre Diego.— Hey pequena, como se sente? - Sorrio com o apelido e me afasto dando espaço para que sente ao meu lado no colchão, o que faz de bom grado me abraçando.— Me sinto mal, cansada de sempre discutir com ele.— Sabe por que discutem tanto?— Porque ele não me entende?— Não, porque além de ter medo de te perder, você é igualzinha a ele! - O vejo sorrir e o acompanho em um sorriso fraco. — Vovô já viveu muito Mel, você sabe, comparado a nós, somos ainda vampiros em formação, mas ele, ele já vive por incontáveis anos e bem, perdeu dois filhos, o que o deixou com mais medo ainda, quando tia Anna sua mãe e meu pai morreram, vovô ficou desesperado e talvez se não fosse a vovó, ele teria se perdido, o Victor que conhecemos talvez não existiria mais.— Eu sei Diego, as vezes eu acabo pesando nas palavras e esqueço o que ele passou!— O que ele fez foi errado, não pode se esquecer disso, mas foi por pavor de nos acontecer o que aconteceu com nossos pais! - Pondero suas palavras ficando alguns segundos em silêncio, por fim, falo.— Obrigado Diego, eu te amo!— Eu sei, alguém tem que colocar juízo na sua cabeça e na de Alex, ele é meu irmão de sangue então espero que talvez tenha herdado um pouquinho de sensatez, mas você, tenho que abrir seus miolos e enfiar clareza! - Sorrio o estapeando.— E um completo estúpido! Não lembro de tio Marco ou tia Nerine serem tão metidos! - Concluo rindo, mas noto a tristeza em seu olhar, divagando ao longe lembrando da família. — Sente falta deles não é?— Todos os dias! - Piscando os olhos para afastar as lágrimas ele sorri. — Agora vou deixá-la organizando suas coisas, se precisar de mim basta me chamar! - Beijando minha bochecha Diego me deixa novamente sozinha em meu grande quarto.Começo a organizar minhas bagagens que não se organizarão sozinhas, uma nova jornada me espera.Fechando o zíper da última bagagem ouço o som da porta abrir, Nana com seu perfume doce me acalma com sua presença me arrancando um leve sorriso, seu rosto redondo não demonstrava as marcas do tempo nem da idade, a muitos anos serve a família sendo uma serva de confiança que considero uma terceira avó para mim, que tantas vezes me escondia em sua cozinha esperando suas guloseimas serem preparadas ou apenas seus afagares carinhosos. — Seus irmãos e avó estão esperando. - Noto as pequenas lágrimas formadas no cantos de seus olhos claros, o que me faz sorrir triste. — Ah Nana, por favor não chore, sabe que sempre voltarei não é? — Minha menina. - Suas pequenas mãos acariciam minhas bochechas. — Esse castelo ficará tão silencioso sem você! - A abraço firme, como ela fazia comigo sempre que m
— Está louca? Em sua voz contém dor e desprezo que desencadeia em mim novamente uma raiva adormecida a muitos anos. — Você me segue, tenta me atacar e eu sou a louca? Ora faça-me o favor, diga-me o que quer agora! - Exijo em tom firme, o máximo que posso me controlo. — O que faz aqui? Este território não é seu vampira! - O solto em um empurrão o olhando com indignação. — Que eu saiba a grande guerra acabou a um século atrás, vampiros e lobisomens são livres para transitarem por onde bem entenderem desde que não casem nos territórios. - Continuo em alerta esperando qualquer movimento de ataque, mas o único movimento que faz é para segurar os pulsos ensanguentados. — Você e sua espécie não são bem vindas aqui, Cristina e
Penso por alguns segundos, me lembro como Noah chegou em nossas vidas. Em uma tarde de outono uma nova família se apresentava a corte comporta pelos pais e três filhos dentre eles uma moça sendo o filho mais novo Noah, aristocratas poderosos mas sem ligação sanguínea com nenhuma das três famílias anciãs originais ou das demais famílias conselheiras, mas sentimos de princípio que fariam de tudo para terem um lugar de prestigio na corte, ao mesmo tempo Vivian ainda namorava meu irmão Alex e do dia para noite os dois começaram discussões intermináveis, o relacionamento deles estava passando por um mar de coisas ruins, mas diferente das outras vezes onde Vivian me procurava para conversar ou à Laisa ela era acolhida por Noah que a envenenava contra Alex, não demorou muito e o relacionamento dos dois antes tão forte e duradouro se partir, alguns meses depois Vivian se uniu a Noah em um namoro sem sentido e até hoje estão juntos, muitos dizem que talvez seja por ele ter prejudicado me
Um vento frio irrompe minha janela, com frio me cubro novamente na esperança de afastá-lo e voltar ao meu descanso novamente. "Melany..." Me chama uma voz doce, Cubro meu rosto para evitar ouvir seu chamado, não irei acordar, seja quem for. "Venha comigo..." Novamente sou chamada e sentindo inutilmente a resistência de lutar por um sono que já não sinto me levanto para seguir quem me chama. Vejo um tecido branco passar pela porta do quarto e o sigo, acompanhado dele um perfume de rosas que me desperta os sentindos, qualquer sonolência ainda sentida se esvaiu como água, corro em sua direção e paro olhando ao redor, não estou em minha casa atual, mas sim minha antiga casa, a casa onde meus pais foram mortos. O desespero me toma mas tento me controlar, cheiro o ar mas seu perfume
Sinto-me tonta, meu corpo dói, tento levantar minhas mãos e tocar e marca que cresce por meu braço, mas tudo que consigo é aumentar mais ainda a dor assassina que se espalha por mim, a marca brilha e a cada movimento que faço seus padrões aumentam queimando minha pele, em minhas veias corre a magia proibida usada e sinto a dor latente, cada segundo me sinto mais fraca e prestes a desmaiar novamente, mas ouço passos, o medo me paralisa e mal consigo me mexer.Respiro fundo, um cheiro conhecido me vem as narinas e quando ouço seus passos próximos tento me acalmar, guardando minhas últimas forças clamo por ajuda. — Socorro... - Minha voz é um sussurro mas o suficiente para que a audição lupina ouça. — Melany? O que aconteceu? - Christian se abaixa onde estou me segurando, sua preocupação aparente me toca e em seus braços
Silêncio, minha rosaAcalme-se e olhe para a lua está noiteVocê vê as sombras lá?Esse mundo é cheio de sinuosos medosE fantasmas que amam assustar..." Canta a criança de cabelos vermelhos, mãos dadas comigo caminhamos em direção ao rio, cantando juntas vemos o vento bagunçar nossos cabelos. Seu toque permanece gelado.Tão gelado. — Veja Mel, um coelho! - Ela ri baixo. — O que vai fazer? Não me dando chances ela ataca o pequeno animal dilacerando sua pequena garganta. Prendo um grito de pavor ao ver seus olhos completamente negros. Tremo em meu corpo infantil, tamanho o pavor que sentia ao ver seu rosto desfigurado por uma aparência demonía
As olho firme, impacientes se sentam me olhando sem piscar. — Vamos, nos diga o que houve? - Me pergunta Laisa já apressada. As olho e respiro fundo me preparando para começar a contar. — Lembram-se dos documentos que me ajudaram a ter? - Concordam. — Quando desmaiei fui trazida para o castelo, lá atendida por Miguel o perguntei sobre minha bolsa onde guardei os tais papéis, ele me disse que a bolsa foi destruída, tudo o que acharam foram seus retalhos. As duas me olham espantadas, suas cabeças pensam e já tem a resposta, a mesma que a minha. — Esse ataque foi premeditado, eles sabiam da documentação! - Exclama Stephanie. — Sim, ele está envolvido, Noah quis matá-la, temos que preparar um contra-ataque. - Diz Laisa. — Aí que esta o maldito problema, a documentação não me dizia nada muito chamativo ou revelador, seria burrice ele ter feito isso! - A digo e me sento. — Sim, mas talvez ele pensou que descobrimos algo muito
A luz vinda de minha janela incomoda meus olhos e me praguejo por não ter fechado a janela antes de me deitar. Finalmente me dou por vencida e me levanto indo para meu banheiro. Depois de minhas necessidades matinais feitas, desço para acompanhar Vivian e me espanto ao vê-la acompanhada de Noah, o sorriso do homem me embrulha o estômago. — Bom dia! - Falo secamente. — Vejo que já está melhor, que bom que não aconteceu nada sério! - Sua voz me alcança e sinto o deboche presente em sua fala. Olho em seus olhos expelindo minha raiva em meu olhar e tudo que vejo em seus olhos azuis é malícia. — Sim, para o desgosto de alguns, permaneço viva! - Sorrio com escárnio. — Bom, se nos der licença estamos de saída, vamos Noah? - Vivian muda de assunto. — Sim, claro, vamos Vivian. Até Melany, tenha cuidado! - Sua fala me dá asco e percebo o aviso frio escondido em suas palavras. — Claro, agradeço a preocupação, mas aqueles que entra