Capítulo 3 | Lua Cheia

— Está louca?

Em sua voz contém dor e desprezo que desencadeia em mim novamente uma raiva adormecida a muitos anos.

— Você me segue, tenta me atacar e eu sou a louca? Ora faça-me o favor, diga-me o que quer agora! - Exijo em tom firme, o máximo que posso me controlo.

— O que faz aqui? Este território não é seu vampira! - O solto em um empurrão o olhando com indignação.

— Que eu saiba a grande guerra acabou a um século atrás, vampiros e lobisomens são livres para transitarem por onde bem entenderem desde que não casem nos territórios. - Continuo em alerta esperando qualquer movimento de ataque, mas o único movimento que faz é para segurar os pulsos ensanguentados.

— Você e sua espécie não são bem vindas aqui, Cristina enlouqueceu por aceitar isso, mas nem todos acataram seus ideais e mudanças. - Sinto meus dentes alongarem.

— Veja como fala de minha avó seu pequeno idiota, ela é uma grande Alpha e faz seu papel como tal enfrentando pessoas de mentes tão pequenas como você, mas o que se esperar de um simples alfa não é mesmo, mal consegue sentir uma aura em quilômetros.

— Ora sua...

— Cale-se, por conta de vampiros e lobos como você que a guerra ainda espreita, poderiamos viver em paz como povos unidos, isso foi comprovado com a união das famílias reais.

— E a morte deles é o reforço de nossos pensamentos. - Suas palavras duras me atingem como adagas, sinto lágrimas ardendo em meus olhos mas as seguro respirando fundo.

— É DOS MEUS PAIS... que você está falando, da minha... família... - Vejo espanto em sua face como se em sua frente aparecesse uma assombração.

— Você...

— Não importa o que sou. Agora me diga, por que me seguia?

— Você está perto das propriedades da minha família, minha alcateia, vim ver por que um vampiro ousou chegar tão perto.

— Mas como pode ver errou, não sou uma vampira! - Um silêncio mortal recai sobre nós, aproveito para o observar, seu corpo forte e esguio, os cabelos bagunçados pelo vento, os olhos voltaram as cores normais, são de um castanho claro que com certeza banhado a luz do sol pequenos traços verdes seriam vistos, suas bochechas estam coradas e a respiração ofegante o vejo se recostar em um árvore.

— Dói... - Me diz em respiração entre-cortada.

Olho o ferimento que começa a vazar sangue preto, meu veneno, mortal para lobisomens com o menor arranhão, mortal para vampiros com minha mordida, o amparo ajudando a examinar o ferimento que começa a ficar feio.

— Não vai cicatrizar.

— Mas devia, também sou um alfa.

— Mas sou uma hibrida, possuo uma espécie de toxina em minhas unhas e dentes, é letal, tanto para lobisomens quanto para vampiros.

— Eu vou morrer?

— Não, mas você precisa me acompanhar, vou lhe ajudar!

Em concordância o levo, corro o máximo que posso já que não teríamos muito tempo até o efeito total da toxina, aos poucos seu peso começa a forçar por meu corpo dificultando a caminhada mas me esforço para levá-lo, mais alguns passos e vejo a minha casa, o levo o deixando no sofá.

Em meus treinos acabei aprendendo alguns truques para lidar com essa toxina que sempre me acompanhou, na cozinha de casa misturo as ervas necessárias para o antídoto, em busca de algo pontiagudo retiro o último ingrediente, meu sangue, ele não precisa saber disso, aliás salvará sua própria vida, ao ver a mistura pronta a levo a ele que suava frio o ajudo a centrar-se para que assim beba, depois de bebido limpo suas feridas as cobrindo com bandagens até que estejam cicatrizadas.

— Então, tem certeza de que não vou morrer? - Sua voz ainda é um sussurro e o cansaço presente me faz rir.

— Sim, pode ficar tranquilo, acho que agora você pode mudar um pouco seus pensamentos sobre vampiros correto? - o vejo rir ainda fraco.

— Mas você não é completamente vampira, e obrigado, você podia ter me deixado morrer, mas me salvou, serei grato à você.

— Serei uma rainha futuramente não é? Não seria muito diplomático deixar um futuro aliado morrer na floresta! - Sorrio.

— Ainda não sei seu nome, sou Christian.

— Melany. - Sorrio olhando em seus olhos talvez um pouco hipnotizada pela beleza do brilho escondida em sua íris.

Sem notar a lua clareia a sala e me faz estremecer nos retirando do silêncio.

— Já está tarde, melhor eu ir indo, minha família deve estar preocupada! - Sorrio com simpatia e o guio a saída.

— Até qualquer dia Christian!

— Até!

O vejo sumir entre as árvores e entro para casa com os acontecimentos do dia repassando em minha mente.

— Quem era? - A voz de Vivian se faz presente descendo a grande escadaria.

— Alguém que conheci, por ironia do destino apenas, pequena Vivian. - Ela ri sabendo que não vai conseguir retirar muito mais de mim, não demora muito e Vivian adota sua postura cheia de seriedade, em sua voz a preocupação é palpável.

— Noite de lua cheia, preparada? - A olho com pesar, meu lado lycan não me deixaria descansar, nunca.

— Não, infelizmente, mas não tenho escolha.

Caminhamos até o grande porão da casa que mais parecia uma masmorra, pelas grades a luz da lua era a única fonte luminosa no local arrepiando minha espinha, Vivian me ajuda com as correntes para que nenhum acidente acontecesse.

Lembro de meu pai e como ele me prometeu controlar esse meu lobo monstruoso, lycans diferentes dos lupins adam sobre suas patas traseiras e seu instinto assassino é muito maior do que o de um lupim, enquanto em um lupim se mantém a razão acima do animal no lycan o animal assume e a razão é esquecida, meu pai herdou esta condição genética de meu avô Alistar, mas nele não foi desenvolvido se mantendo apenas o lobo lupim, porém em seu primeiro e único filho Carl, meu pai a condição foi desenvolvida e passada para mim, mas diferente de meu pai por algum motivo não consigo controlar e a cada lua cheia me transformo em uma grande fera de pelos brancos, não consigo lembrar de nada depois da transformação apenas da dor mortal de meus ossos se quebrando e minha pele rasgando para dar lugar a besta mortal que vive dentro de mim.

Um grito estridente rasga minha garganta quando sr inicia minha transformação, a dor me faz chorar e soluçar sem lugar para escapar apenas aceito rezando aos deuses que isso acabe logo, sentindo meus membros duplicaram e minha pele rasgar, minha visão embaçada não me deixa ver muito e desmaio me deixando levar pela escuridão acolhedora e sem dor.

••••

Ouço barulhos ao longe mas não sei o que é, meus ouvidos doem, meu corpo inteiro está dolorido, tento me mexer e ouço o farfalhar de correntes, ainda estou no porão? Cubro meus olhos pela claridade do sol incomodar.

— Ela acordou! Meu coração, como está? - A voz feminina me retira de meu torpor e sou abraçada por seu corpo, me encolho com dor sendo coberta em uma manta quente.

— Vovó, senti saudades! - Seus selares em minha bochecha me aquecem e por alguns segundos volto a ser criança.

— Eu também meu coração, eu também! Minha pequena guerreira! Agora vamos, não quero vê-la presa nessas correntes nem mais um segundo, por favor Vivian, me ajude, vou levá-la! - Vejo Vivian me soltar a agradeço com um sorriso leve e acompanho minha avó escada acima, ainda me sinto fraca mas faço um esforço para acompanhá-la. — Está com fome? Preparei seu café meu anjo, mas antes vou levá-la para o banho certo? - Sorrio sem questioná-la, seria inútil.

— Obrigada vovó!

No banheiro lavo meus cabelos e meu corpo afim de retirar qualquer impureza restante da noite passada, flashes me passam na mente mas trato de afastá-los rapidamente não querendo recordar o mínimo detalhe.

Ao sair vejo a roupa que mi há avó separou para mim, um leve vestido longo branco que visto de bom grado com sandálias baixas, desço as escadas ao ouvir meu estômago roncar, e o cheiro do café da manhã posto me faz salivar.

— Já está pronta? Venha tomar seu café, sente-se. - A obedeço comendo o que me foi preparado, engolindo rápido pela fome voraz que me habitava, odiava transformações. — Vejo que está com apetite. - A ouço rir.

— Culpe ontem a noite, ainda sinto as dores! - Ela me olha com pena.

— Você tem a força de seu pai por aguentar tal fardo minha princesa, talvez até mais forte que ele. - Sorrindo ela me confidência com tristeza.

— Vovó, eu não tenho a mesma força de meu pai, ele conseguiu domar seu monstro, eu não, todas as noites de lua cheia tenho que passar por aquilo, meu pai era forte, eu não.

— Minha pequena guerreira, me prometa nunca mais pensar assim, dentro de você a uma força inimaginável, e a razão pela qual você não consegue domar seu lycan é... - Cristina se interrompe como se por pouco falasse de mais.

— É? Me diga vovó.

— Bem... por que... você, ainda não treinou esse seu lado, sim, sua aura lycan ainda é muito instável e você não consegue usá-la a seu modo. - Ela me diz desviando o olhar, como sempre faz quando mente, mas acato suas palavras.

— Sim, bem, se a senhora me diz. - Sorrindo ela muda de assunto facilmente para não tocar novamente no que falávamos.

— Quero fazer uma pequena recepção de boas vindas para você minha querida! - A olho sem entender.

— A senhora quer fazer uma festa? - Sorrio a olhando em negação.

— Mas é claro, minha neta veio morar junto a mim, não é motivo para comemorar?

— Oh sim claro, se não for algo muito grandioso. - Seu rosto de decepção é impagável.

— Ora deixe isto por minha conta, farei uma celebração sim senhorita, não me negue isso! - Gargalho a abraçando. – Agora me deixe ir, tenho muito o que preparar, será neste final de semana, daqui a três dias.

— Se assim deseja minha nobre rainha! - Faço uma reverência exagerada arrancando risadas doces de minha avó. — Até vovó, não demore muito para me avisar o que preparará e o que devo vestir. - Piscando para mim ela sai me deixando novamente, me levanto e ando até o quarto de Vivian que vejo pronta para sair.

— Então teremos uma festa? - Ela me diz risonha.

— Sim, minha avó e suas manias. Irá sair? - A questiono.

— Irei encontrar com Noah. - Meu semblante se fecha rapidamente ao mencionar o nome do homem, o que não passa despercebido por Vivian.

— Não comece, você sabe que eu o amo e estamos felizes juntos.  

— Sim e você sabe que meu sexto sentido me avisa para não confiar nele não é?

— No dia que você me dar apenas uma prova de que Noah não é confiável passo a acreditar em você, agora me deixe ir Mel, estou atrasada. - Ela se despede me beijando a bochecha e indo para a saída.

 Volto para meu quarto e me jogo em minha cama com um único objetivo em mente, provar a Vivian que estou certa sobre Noah.

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