cap.2

Capítulo 2

Caí no sono de tanto tédio, mas acordei ouvindo alguns tombos na porta. Fortes tombos que fizeram meu coração quase sair pela boca, olhei pela janela que entrava uma corrente de ar fria e parecia que já era bem tarde da noite, pulo da cama e olho ao redor procurando onde me esconder, a minha única alternativa que pensei ser segura é o guarda-roupa, entrei e me encolhi no canto em meio as toalhas.

A cada batida bruta na madeira meu coração pulava de pânico, aquela porta não aguentaria, o que será que está acontecendo? Aquilo durou alguns minutos, até cessar, porém não sai do guarda-roupa e acabei adormecendo.

Acordei pela manhã o sol já havia raiado e alguém parecia ter entrado no quarto

— Procurem onde ela está e não me diga — Ordena Henry e alguns seguranças entram

Como assim, não me digam? O que está acontecendo com Henry?

Saio do guarda-roupa e os homens me avistam, minhas pernas e minhas costas estão doloridas.

— encontramos — Avisa o segurança então sigo para a cama, me sentando.

— O chefe disse para você não dizer onde se escondeu — Avisou o rapaz jovem usando terno como um segurança e saiu do quarto. Porém Henry não apareceu, eu nem mesmo vi seu rosto.

O café já estava na cômoda e o quarto mais uma vez vazio.

Ainda pela manhã ouvi alguns barulhos na porta, parecia que ele estava fazendo algo com a porta, então bato na esperança de vê-lo. Mas ninguém responde.

Não sei quanto tempo demora, mas logo tudo fica em silêncio de novo, me deito na cama após o café e volto a dormir, após ter dormido tão mal ontem a noite, não deixava de pensar no que havia acontecido.

Adormeci por um tempo, mas o sono leve me fez despertar ao ouvir barulhos de trincos e correntes na minha porta em seguida a maçaneta girar, Henry acabara de entrar pegando a antiga bandeja e colocando a próxima, permaneço com os olhos fechados o observando discretamente, ele mais uma vez não em encara.

— Henry, quanto tempo vai continuar me tratando assim? — Pergunto quando ele segue até a saída, ele para por alguns segundos, tive a esperança dele se virar e me encarar, mas ele sai e tranca a porta normalmente sem dizer uma única palavra.

Dessa vez não consegui conter as lágrimas, acabei perdendo o apetite e por toda tarde fiquei jogada na cama olhando o céu azul e limpo, a brisa entrava acariciando minha pele me trazendo um pouco de conforto, mas meu coração ainda estava arrasado.

À noite ele entrou no quarto novamente, nem me dou o trabalho de me virar e o encarar, será mais doloroso se fizer, sinto seu olhar sobre mim, mas deve ter feito a mesma coisa, trocou a bandeja e colocou alimento novo.

Continuo na mesma posição sem ânimo para nada tentando não chorar, mas é inevitável, esse tratamento… nem meu pai me causa uma sensação tão ruim.

Pela madrugada estou acordada e ouço passar pesados no corredor, parece de bota, me aproximo da porta e escuto um forte tombo, corro em pânico até o guarda-roupa e me escondo, os mesmos tombos e aporta treme de uma forma que eu nem sei o que segura isso e como sempre o barulho cessou.

Henry narrando.

Mais uma vez ordeno aos seguranças para tirar ela de onde ela está, sei que isso não vai parar, por isso reforcei as trancas de sua porta.

Apesar de não querer machucá-la dormir na mesma casa com alguém que eu não confio me faz ter os surtos e entrar em transe, automaticamente sigo atrás da vítima e dessa vez é a menina que eu nunca quis machucar em toda a minha vida.

Entro no quarto e novamente vejo a bandeja com os alimentos intacto, nem o almoço e nem a janta ela tocou, suspiro pesadamente com a bandeja do café nas mãos, coloco do lado da bandeja da noite anterior e a encaro, ela está sentada de costas para mim, usando somente um roupão, isso não me traz boa lembranças na verdade não me traz lembranças nenhuma, mas os boatos me cercam.

Pego a bandeja do café e sigo até ela parando em sua frente, ela ergueu seus olhos e sua face está cansada, percebi uma discreta olheira e engulo em seco.

— Coma seu café da manhã — lhe digo entregando a bandeja, mas ela desvia o olhar aborrecida. — Scarlett… não é hora de fazer birra, então coma!

— Até quando? — Pergunta ignorando quando estendo a bandeja lhe entregando.

— Do que está falando?

— vai continuar me ignorando? Até quando?

— Qual o tratamento você quer após me enganar? — Digo de forma fria.

— já expliquei

— mas não tem lógica, porque assinou o meu contrato? Era só contar que eles já estavam casados, o documento estava autenticado.

— Eu não pensei direito, só queria um jeito de você não continuar insistindo com aquela loucura — Diz com as mãos trêmulas.

— Você conseguiu, está feliz?

— Sim! Muito feliz por ter livrado minha irmã

— e agora você está no lugar dela e eu não sei quanto tempo você vai ficar viva — Digo e ela me encara palidecendo.

— Como assim? — Pergunta se levantando e indico para ela se sentar novamente e me sento ao seu lado. — espera… aquilo que tenta arrombar a porta…

— sou eu, na verdade o que meu pai chama de fera, então… não sou eu

— Então é por isso que você tem esse apelido?

— Sim, então eu reforcei a segurança de sua porta, mas não terá um dia nessa casa que eu não vá acordar em transe, graças a você — Digo sorrindo amargamente.

— então essa é a minha punição? Ver você tentando me matar?

— Pode ser que um dia eu consiga arrombar aquela porta e quando conseguir, pode ser que você não consiga escapar

— Mas você prometeu não me machucar

— eu prometi, mas não a fera, sei a dor que eu vou sentir se a segurança falhar, não tem ninguém aqui para te proteger, meus homens não podem entrar em casa nas horas que estou em transe porque eles não podem me matar e não conseguem lutar comigo e nem mesmo dardos tranquilizantes funciona porque eu não estou consciente de verdade — Digo com frieza e ele fica muda.

— Como? Como isso para? — Pergunta e eu sorrio o encarando nos olhos.

— somente se um dia eu confiar em você, mas eu duvido muito! — lhe digo de forma dura e seus olhos marejam, então suas mãos tremem, espero que dessa vez ela volte a comer e isso me dar uma boa ideia. — e se você ama a sua vida, é bom que arrume forças para correr de mim. — lhe disse arrastando a bandeja até ela.

Mas como sempre a velha Scarlett desperta, ela se levanta e com a postura ereta e imponente e encara, pensei que ela gritaria e brigaria, mas ela sorri gentilmente me fazendo ficar surpreso.

— eu vou fazer você confiar em mim de novo, em nenhum momento eu usei você para nada, você era a única pessoa que eu confiei sempre, então eu vou lutar pela sua confiança

— Morra tentando — lhe digo indiferente, mas, na verdade, ela acabou mexendo um pouco comigo, pensei que ela sentiria medo, mas como sempre ela enfrente.

Sigo para a saída e fecho a porta, assim que faço sorrio discretamente pensando em suas palavras, sinto como se um pouco de dureza tivesse se desmanchado, mas ainda não consigo aceitar tudo que ela fez, apesar de olhar para ela como minha propriedade a minha menina rebelde e sem juízo algum que não posso nem sonhar em tocar, mesmo quando dizem que eu já tenha a possuído como mulher, ela ainda me parece pura aos meus olhos.

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