CAPÍTULO 05

HECTOR

Eu só podia ser muito idiota mesmo. Não entendia o que estava acontecendo comigo. Estava completamente descontrolado por causa daquela mulher. Meu lobo a desejava, mas eu estava com medo de ser rejeitado e lutava contra isso. Nunca me senti assim por nenhuma outra mulher.

Quando a ouvi dizer que não queria casar, aquilo me feriu profundamente. Eu conhecia a verdade da Árvore Sagrada e, como meu pai havia ensinado, o pedido precisava ser sincero e vindo de um coração puro para ser atendido. Se ela estava aqui fugindo de um relacionamento, como eu poderia confiar meu coração a ela?

Ser rejeitado por ela era uma das maneiras de matar meu lobo. A dor seria excruciante para nós dois. Muitos lobos não sobrevivem a isso. Consequentemente, também me destruiria. Minha alma seria dilacerada. Não poderia arriscar nossa segurança, mesmo quando ele estava certo do que queria, após décadas de solidão.

— O que está acontecendo com você, meu filho? — Perguntou meu pai, enquanto minha mãe me observava atentamente.

— Meu lobo a deseja… — Disse, derrotado.

— Isso é maravilhoso, meu amor! Seu lobo está solitário há tanto tempo. — Exclamou minha mãe, abraçando-me.

— Mas, mãe, você não entendeu? Ela disse que não quer se casar. Como posso entregar meu coração a alguém assim?

— Filho, você precisa entender as circunstâncias que a levaram a isso. Pode haver uma explicação muito lógica para o pedido dela. Aconselho que você vá até lá, se desculpe com essa moça e entenda o que aconteceu. — Meu pai disse, e sabia que ele não estava errado.

— Quanto mais você negar ao seu lobo o que ele quer, mais difícil será para ele aceitar. — Minha mãe concluiu.

No entanto, antes de bater na porta do quarto que ela ocupava, ouvi seu choro seguido de soluços. Senti-me culpado e completamente envergonhado pelo que causei a ela.

Sentei ao lado da porta em silêncio, até que o quarto dela ficasse em silêncio. Perguntei-me se ela seria capaz de me perdoar por minha estupidez. Bati levemente na porta, mas não houve resposta. Preocupado, abri-a lentamente.

Vi seu corpo deitado na cama e me aproximei, observando-a por alguns minutos. Meu lobo, por algum motivo, se sentia calmo ao lado dela. Removi alguns fios de cabelo de seu rosto e tive que admitir que ela era linda. Cobri-a com o lençol e fiquei ali por mais um tempo antes de finalmente ir para meu próprio quarto.

Quando acordei, já era bastante tarde, pois demorei muito para conseguir dormir. Isso só aconteceu faltando poucas horas para o dia clarear. Ao chegar à sala, ouvi risadas vindas da cozinha, e uma delas, em especial, me encantou.

No entanto, quando ela percebeu minha chegada, sua postura mudou imediatamente, e eu sabia que era o principal culpado por isso. Precisava me desculpar o mais rápido possível. Queria que ela se sentisse à vontade comigo, assim como estava há pouco tempo com minha família.

— Beatrice, quero me desculpar por ter me comportado como um idiota. Subi até seu quarto para fazer isso ontem, mas você já estava dormindo. Me desculpe! — Fitei-a, esperando sua reação.

— Tudo bem, já passou! — Ela sorriu levemente, o que me deixou aliviado.

— E você, cara, como está? — Perguntei ao meu irmão. Eu sabia que aquele ferimento não representava uma ameaça mortal, mas ainda assim estava realmente preocupado com ele.

— Estou bem melhor. Quase totalmente recuperado. — Ele falou sorrindo. — Só não vou dizer que estou pronto para outra, porque não quero mais sentir aquela dor. — Todos na cozinha começaram a sorrir.

— Liam, o que aconteceu com você? Tenho certeza de que aquilo não foi um simples acidente.

— Não, não foi. — Ele disse, encarando-me.

Antes que ele pudesse explicar qualquer coisa, nossa irmã entrou na cozinha, salvando todos de uma possível complicação. Eu sabia que um dia, Beatrice descobriria sobre nós e o que somos, mas não tinha certeza se naquele momento ela estava preparada para saber.

— Vejo que temos visita. — Minha irmã falou, animada.

— Bom dia, filha! Esta é a Beatrice. Beatrice, esta é Serena, nossa filha.

— Prazer em conhecê-la, Serena. Obrigada pelo empréstimo do vestido! — Beatrice apontou para si mesma.

— Bobagem, tenho vários. Quando quiser mais algum, é só entrar e pegar. Meu quarto é na frente do seu. — Minha irmã disse com um sorriso animado no rosto, empolgada por ter outra mulher além de nossa mãe para interagir.

A conversa começou a fluir animadamente na cozinha, como sempre acontecia. Beatrice trouxe ainda mais alegria ao ambiente. Minha mãe se levantou e disse que cuidaria do almoço, e nossa convidada se prontificou em ajudar, mas minha mãe não aceitou.

— Você é nossa convidada. Prometo que outro dia você me ajudará se assim desejar, mas hoje, você vai apenas aproveitar seu dia. Hector, leve Beatrice para conhecer a cidade.

Eu sabia que minha mãe estava me dando a oportunidade de me aproximar mais de Beatrice, mas estava tão nervoso que me sentia como um adolescente. Olhei para ela e vi que ela retribuiu o olhar. Peguei um sanduíche, já o levando à boca, e peguei uma fruta antes de me levantar apressadamente da mesa.

— Posso esperar você tomar seu café. — Ela disse, rindo.

— Podemos ir andando, e eu vou comendo no caminho. — Falei, ainda de boca cheia.

— Vejo que você é especial, Beatrice. Nunca vi meu irmão tão ansioso para sair antes do seu café matinal. — Serena disse, e todos começaram a rir de mim.

Sei que podia parecer um pouco egoísta nesse momento, mas queria aproveitar a companhia de Beatrice sozinho.

— Fica na sua, pirralha! — Respondi, e então minha irmã me deu língua, confirmando o motivo pelo qual eu costumava chamá-la assim.

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