Então a moça anunciou o intervalo e colocou um playback dos anos 90, com músicas internacionais lentas, que minha mãe adorava ouvir. — Essas aí a Capitu que coloca, ela adora. — Minha mãe também. Vem, vamos dançar. No impulso, puxei ele pela mão e a coloquei em minha cintura. Apoiei minha cabeça nos seus ombros e ficamos ali dançando juntinhos. Ele começou a fazer cafuné na minha cabeça, e estava tudo tão gostoso. Pensei na última vez que dancei assim com o Chris, foi lá em casa, depois de tomarmos vinho. Eu fiquei tonta e ele me fez colocar os pés sobre os seus. É claro que eu não ia me apaixonar por ele, se não fosse encantador. Tinha coisas que depois de vários relacionamentos, só ele conseguiu desbloquear. Diego abaixou a cabeça e beijou meu pescoço bem abaixo do meu ouvido. Um beijo muito suave. Me despertou das minhas lembranças. Eu olhei para ele, e sua boca estava a um centímetro da minha. Desci minha mão do seu pescoço e coloquei sobre seu coração, que batia acelerado. S
Depois de uma tarde louca como aquela, o que eu ia fazer em uma exposição de arte? Paola presa e eu me maquiando, onde minha vida veio parar? Mas eu não estou com cabeça pra pensar, apenas vou seguir quem está me ajudando no momento e ver no que vai dar. — Sara, eu deixo uma chave aqui neste piso falso, para emergência. — Ok, Lili, mas você vai estar comigo, não é? — Sim, é que eu falo isso pra todos que ficam aqui comigo, deixo a chave para uma eventual emergência, entende? Olhei pra Lilith e ela estava linda, ela era uma mulher tão forte. Aquela imagem das suas costas toda marcada não saía da minha cabeça. Como ela podia ser tão livre e decidida? Parecia não ter medo de nada. — Vamos pegar o metrô e descer quase de frente ao evento. Você está fantástica, estou louca para te apresentar para o Chris. — Vocês namoram há muito tempo? — Sim, ele é quem está comigo a mais tempo na verdade, tem sido um companheiro incrível, mas a Hannah não gosta dele. — Ela me falou… – falei sem
Depois da resposta azeda da Hannah, resolvi ir para o meu escritório trabalhar. Aprendi que quando as mulheres estão assim, nem todo o açúcar do mundo desfaz o azedume.Comecei a acessar meus e-mails. Chegou mensagem da Nátali.Nátali diz: “Oi, maninho, as gêmeas estão impossíveis hoje, não demore muito, vou precisar de ajuda.”Nátali diz: “Eu sei que você está no escritório, mandei seu almoço, como sempre.”Nátali diz: “Beijos, te amo.”Nem em mil anos eu ia merecer uma irmã como a Nati. Depois de uma tempo:No se preocupe, Sr. Gonçalez, las empresas estarán a salvo. Y tus hijos serán nuestra prioridad. Nos vemos pronto.Desliguei e resolvi fazer uma pausa, esticar as pernas e tomar um café.Passei pela recepção e Hannah não estava. Quando estava chegando na copa, ouvi vozes, não pude resistir e ouvir um pouco a conversa. Era ela com o Dudu, o menino da limpeza.… e ele expulsou ela daqui, com os seguranças indo atrás dela e tudo mais. A Laura levou, ela inclusive.Então, ele namorav
Depois do encontro com minha mãe, bolei um plano para ver Karla no dia seguinte. Tabita já tinha me falado que ela ia trabalhar no sábado de manhã, e era a última oportunidade depois de eu ter que picar o ponto como um funcionário padrão, e as regras de política de assédio. — Bom dia, Tabita, e aí, ela já chegou? — Bom dia, Rodolfo, eu estou bem também. Você sabe que não pode ficar vindo aqui quando bem quer.— Qual é, só preciso vê-la antes de começar no batente – já estou até usando gíria de pobre, que legal. – Se minha mãe me ouvisse falando assim… — Cara, você é muito estranho, começando por essa obsessão pela Karla. — Qual é, amiga, tá me estranhando? — Amiga?! Taí, agora somos amigos? Você que estava todo não se apegue. — Amigos de berço. – dei uma risada malandra, o Bruno sempre sabia quando eu queria algo, era só eu rir assim. Ele dizia que era a risada mais falsa do mundo. — Que risada mais falsa, Rodolfo. Aí que eu ri mesmo. — Sobe enquanto a D.Graça não está aqui
Como a minha lindeza derramou o café, vou fazer uma parada naquela cafeteria que fica perto do hotel, tem uns croissants incríveis. — Bom dia, o que vai querer?— Bom dia, eu quero um cappuccino e um croissant de frango – pedi, olhando para a vitrine. — Você vai comer aqui, Rodolfo? Então levantei a cabeça para ver quem me reconhecia. — Christian!!! – Nem acreditava, estudei teatro com o Chris, ficamos amigos e não desgrudamos o curso todo. — Cara, como é bom te ver. — Bom mesmo, vou dar a volta pra te dar um abraço. Nós nos abraçamos e percebi que ele deixou o cabelo crescer, estava mais forte e com uma aparência ótima. Naquela época ele bebia e usava umas coisas, não muito pesadas, mas deixava ele bem abatido e com aspecto cansado, além de ter que manter a faculdade de cinema em dia. — Você está trabalhando aqui? — Não, é da minha namorada, estou ajudando. — É a segunda pessoa que diz isso, nesse lugar. — Espero que não seja a parte do, minha namorada. Demos uma boa risad
Que cheiro forte é esse, meu Deus, a minha cabeça está muito pior!— Mãe?! O que houve? Acordei no chão da cozinha, com minha mãe e Rafael em cima de mim passando algo forte no meu rosto com algodão. — Você ficou branca que nem farinha e caiu igual a uma jaca podre. — E o que é esse cheiro forte? — Álcool com arnica, minha filha, cura qualquer coisa. Menos gravidez, porque isso é falta de vergonha na cara, daí não tem jeito… — Ah mãe, pelo amor de Deus. Me ajuda a levantar e me poupe desses seus sermões, quem disse que eu estou grávida? — Da outra vez foi a mesma coisa e olhe aí a benção olhando pra você. — Mamãe, você está bem? — Sim, Rafinha, meu amor. — Você vai ter nenê? — Não, isso é coisa da sua avó. — Sei, Tabita, você se cuide, o que esse marginal queria aqui na nossa porta? — Ele veio encher minha paciência. Foi isso, mamãe, culpa sua também, que fica dando moral pro Lino. — Claro, porque você muito bem que ele tem que pagar a pensão do filho dele. — Mãe, falan
Ao ver o Apolo indo, me deu uma coisa ruim. Nem de longe pensei que a noite ia ser assim. Por que sempre a gente acaba brigando? Que droga. Peguei o telefone e só pensava em ligar para a Lili, precisava de um carinho. Caía direto na caixa postal, que droga. Mas bem que ela falou que ia em um evento com a Sara; se não fosse a maldita aula de matemática hoje, eu partia pra noite, curtir um pouco, depois da semana que tive, eu merecia. Terminei de comer aqueles deliciosos petiscos, afinal estava com fome e não ia deixá-los ali, não tinham nada a ver com minha péssima noite. Levantei e comecei a olhar as mensagens de sempre. Grupo da escola, grupo da igreja, grupo do prédio (“aquele síndico todo dia tinha uma reclamação de algum morador, Deus que me livre”); mensagem da mamãe, vou ler, estou precisando muito. Apertei o botão do semáforo para atravessar a avenida e continuei lendo: Poliana diz: “Meu amor, antes do Natal você vem ver a mamãe?”Poliana diz: “Agora que começou a trabalha
Depois do comentário da Hannah sobre a Nina, saí daquele barzinho puto da vida. Como ela conseguiu estragar uma noite que eu esperei a tanto tempo, naquilo. E o que ela estava pensando que eu ia achar sobre ela ficar saindo com o Nico, como se fossem amigos a vida toda. Vem com esse papinho de chefe e depois fica comprando presentes para seus sobrinhos, passeando de carro pra tudo que lado. Nem sei mais onde está a porcaria do meu. Atravessei a rua sem nem ao menos olhar para os lados, e quando cheguei no carro fiquei pensando no que houve a poucos instantes. Nossa, como eu era cabeça quente. Eu mesmo tinha acabado de sair de um provador com duas garotas. O problema era com quem ela estava se envolvendo. Não ia aguentar ficar com a Hannah e saber que todos os dias ela vai estar ao lado daquele canalha. E ainda mais, ela pensando que é normal ficar de amiguinha dele. Liguei o carro e resolvi ir embora. O melhor era seguir em frente com a minha vida que estava de boa, pra que criar