Ao ver o Apolo indo, me deu uma coisa ruim. Nem de longe pensei que a noite ia ser assim. Por que sempre a gente acaba brigando? Que droga. Peguei o telefone e só pensava em ligar para a Lili, precisava de um carinho. Caía direto na caixa postal, que droga. Mas bem que ela falou que ia em um evento com a Sara; se não fosse a maldita aula de matemática hoje, eu partia pra noite, curtir um pouco, depois da semana que tive, eu merecia. Terminei de comer aqueles deliciosos petiscos, afinal estava com fome e não ia deixá-los ali, não tinham nada a ver com minha péssima noite. Levantei e comecei a olhar as mensagens de sempre. Grupo da escola, grupo da igreja, grupo do prédio (“aquele síndico todo dia tinha uma reclamação de algum morador, Deus que me livre”); mensagem da mamãe, vou ler, estou precisando muito. Apertei o botão do semáforo para atravessar a avenida e continuei lendo: Poliana diz: “Meu amor, antes do Natal você vem ver a mamãe?”Poliana diz: “Agora que começou a trabalha
Depois do comentário da Hannah sobre a Nina, saí daquele barzinho puto da vida. Como ela conseguiu estragar uma noite que eu esperei a tanto tempo, naquilo. E o que ela estava pensando que eu ia achar sobre ela ficar saindo com o Nico, como se fossem amigos a vida toda. Vem com esse papinho de chefe e depois fica comprando presentes para seus sobrinhos, passeando de carro pra tudo que lado. Nem sei mais onde está a porcaria do meu. Atravessei a rua sem nem ao menos olhar para os lados, e quando cheguei no carro fiquei pensando no que houve a poucos instantes. Nossa, como eu era cabeça quente. Eu mesmo tinha acabado de sair de um provador com duas garotas. O problema era com quem ela estava se envolvendo. Não ia aguentar ficar com a Hannah e saber que todos os dias ela vai estar ao lado daquele canalha. E ainda mais, ela pensando que é normal ficar de amiguinha dele. Liguei o carro e resolvi ir embora. O melhor era seguir em frente com a minha vida que estava de boa, pra que criar
Saí do salão de beleza com meus cabelos novos lá na cintura, dessa vez escolhi, em vez de colocar as trancinhas que eu amo, investir no aplique fio a fio, com mechas douradas, se Beyoncé pode, eu também. O restante da grana ia pro banco e pra minha mãe. Quando estava indo para casa, com todo o cuidado para não borrar minhas unhas, notei que tinha um carro diferente andando bem devagar pela rua. Imaginei estar procurando alguma casa. Mais um quarteirão estava em casa. Avistei meus meio-irmãos jogando bola em frente de casa e minha mãe embaixo da árvore na calçada conversando com a vizinha. Um deles chutou a bola sem querer em minha direção. Ela passou por mim e foi para perto do carro que ainda me seguia. — Vicente, deixa que eu pego para você. — Mas, taca a bola pra mim, não taca pro Juninho não!!— Tá, moleque, vai pra lá.Eu me aproximei do carro, quando cheguei bem perto, eles aceleraram. Eu estava com meu óculos de sol e os vidros eram escuros também, não reconheci ninguém
Abri a cafeteria e comecei a receber os fornecedores, estava um dia lindo nublado, lembrei da Hannah, ela adorava dias assim, falando nela lembrei que daí a pouco ela ia chegar cheia de novidades e eu ia tirar a noite de ontem da cabeça.(barulho de mensagem no celular)Diego diz: “Sobre a proposta da cafeteria, gostaria de conversar hoje?” Lilith diz: “Pode ser mais tarde, quando eu fechar aqui? Pode vir às 16h" Diego diz: “Combinado”Esse horário, certamente o Chris já foi embora. Mas porque estou pensando se ele foi embora ou não, afinal, vamos tratar de negócios, ele pode muito bem estar aqui e ouvir. Que ideia a minha!Voltei a arrumar a vitrine e depois de um tempo Sara chegou, ainda estava com a roupa da festa. Isso seria uma boa conversa.Olhei para ela e peguei em sua mão, falando com uma voz masculina e meio espanhol.Buenos dias, senhorita, senhor Fernando pintou para você? – Ela riu e escondeu o rosto com a bolsinha que tinha levado.Nem passou perto…Começou a dar pulinhos
O salão de arte onde eu estava era bem claro e as pessoas seguravam suas taças e conversavam, riam e faziam poses. De repente me vi indo por um corredor sendo puxada pela Day, era todo acarpetado na cor preta com várias frases escritas, que não dava tempo de ler, mas tinha o nome do autor no final dela. Pareciam ditos importantes da história.Calma, Day, vai derramar meu drink.Então bebe de uma vez, sua bobinha.Quer saber, ela tem razão, esta noite eu vou esquecer os problemas e me divertir. Virei a bebida de uma vez e isso para quem quase nunca bebe, era como uma enxurrada de álcool de uma só vez.O local mudou totalmente de aspecto. Estamos agora em um salão com um globo enorme de espelhos, girando e refletindo as cores mais lindas em todas aquelas pessoas maravilhosas. Dançando livremente, sem julgamentos ou preocupações.Day gritava alguma coisa no meu ouvido, enquanto eu ainda tentava me mover, endurecida pelo tempo.O quê? – Eu não entendia.Mile e Ciro vieram, uma na minha fr
Depois de conversar com a Hannah na copa, eu voltei para o trabalho. Era um alívio saber que ela estava de boa comigo novamente. Foi quando meu telefone tocou, era uma chamada de vídeo do meu pai.E aí, velhinho? – Quando eu estava de bom humor, eu brincava com ele assim. Meu pai era um homem jovem e bem apessoado, muito vaidoso, então sempre resmungava por uns minutos. Mas desta vez estava sério e preocupado.O que foi, pai?Filho, se decidiu conhecer sua irmã, este é o momento que ela vai precisar de você.Eu fiquei sem saber o que responder. Se perguntasse o que houve, com certeza ia me envolver. Não esperava por pressão, tinha jogado esse assunto para mais tarde.Filho, tudo bem, não precisa se envolver se não quiser. Me desculpe.O que foi, pai, pode falar.Tentativa de assalto.Envolvimento de armas?Não tenho detalhes, mas creio que não. Ela está detida na delegacia de menores.É reincidente?Aí está o problema, sim, a oitava vez.Eu coloquei a mão na boca bestificado de como a
Depois do show do Acássio, Christian, Bruno e eu fomos adentrando a festa. A maioria do pessoal estava rodeando a piscina, em turminhas e suas bebidas. Eu já conhecia a maioria da molecada, não eram meus amigos, eram do meu irmão, mas sempre via eles nas festinhas que ele dava lá em casa.Fui cumprimentando a galera, até que tinham alguns da minha antiga turma, mas nem deram atenção para mim, afinal eu tinha tomado outra direção e quem ia querer se arriscar a ficar emprestando dinheiro a um pé rapado como eu estava agora.Irmão, não liga pra eles, se não estão falando com você, é porque não são seus amigos de verdade.Meu irmão deve ter visto a maneira como eu olhava para eles.É isso aí, Bruno, você tem razão.Nesse mesmo instante, alguém veio e tapou meus olhos por trás de mim.Adivinha quem é?Deixe-me pensar – eu sabia exatamente quem era, ela era amiga do meu irmão e sempre invadia meu quarto querendo me pegar de surpresa, é claro que eu não ia sair com uma garotinha, nunca goste
E aí, Tabita, eu também notei esse lance de você e o lemão novo. O que está rolando?Nada não, D. Graça, somos apenas amigos de conveniência.Só me faltava esse, o povo achar que eu tinha algo com o Rodolfo. Ele não tinha nada a ver comigo. Foi muito legal o que ele fez pela escola e pelo Rafa, mas se eu desconfiasse que seria pra ter algo a mais, cairia fora. Além do mais, ele é obcecado naquela Maria mercenária.Aí, D. Graça, me mandaram outra mensagem do hospital sobre meus exames.Deixa eu ver isso aí.Eu coloquei na mensagem e dei meu celular na mão dela.Isso aí está estranho, melhor você ir ver pessoalmente.Vou sim.O expediente passou rápido e quando chegou a hora de ir embora, liguei para minha mãe avisando que ia passar em uma amiga para ela não se preocupar.Cheguei no hospital e fui até a recepção do atendimento vinte e quatro horas.Peguei minha senha e aguardei imaginando o porque eu estaria ali. Com certeza esqueci de assinar algum papel, como a D. Graça falou. Mas se