Depois do encontro com minha mãe, bolei um plano para ver Karla no dia seguinte. Tabita já tinha me falado que ela ia trabalhar no sábado de manhã, e era a última oportunidade depois de eu ter que picar o ponto como um funcionário padrão, e as regras de política de assédio. — Bom dia, Tabita, e aí, ela já chegou? — Bom dia, Rodolfo, eu estou bem também. Você sabe que não pode ficar vindo aqui quando bem quer.— Qual é, só preciso vê-la antes de começar no batente – já estou até usando gíria de pobre, que legal. – Se minha mãe me ouvisse falando assim… — Cara, você é muito estranho, começando por essa obsessão pela Karla. — Qual é, amiga, tá me estranhando? — Amiga?! Taí, agora somos amigos? Você que estava todo não se apegue. — Amigos de berço. – dei uma risada malandra, o Bruno sempre sabia quando eu queria algo, era só eu rir assim. Ele dizia que era a risada mais falsa do mundo. — Que risada mais falsa, Rodolfo. Aí que eu ri mesmo. — Sobe enquanto a D.Graça não está aqui
Como a minha lindeza derramou o café, vou fazer uma parada naquela cafeteria que fica perto do hotel, tem uns croissants incríveis. — Bom dia, o que vai querer?— Bom dia, eu quero um cappuccino e um croissant de frango – pedi, olhando para a vitrine. — Você vai comer aqui, Rodolfo? Então levantei a cabeça para ver quem me reconhecia. — Christian!!! – Nem acreditava, estudei teatro com o Chris, ficamos amigos e não desgrudamos o curso todo. — Cara, como é bom te ver. — Bom mesmo, vou dar a volta pra te dar um abraço. Nós nos abraçamos e percebi que ele deixou o cabelo crescer, estava mais forte e com uma aparência ótima. Naquela época ele bebia e usava umas coisas, não muito pesadas, mas deixava ele bem abatido e com aspecto cansado, além de ter que manter a faculdade de cinema em dia. — Você está trabalhando aqui? — Não, é da minha namorada, estou ajudando. — É a segunda pessoa que diz isso, nesse lugar. — Espero que não seja a parte do, minha namorada. Demos uma boa risad
Que cheiro forte é esse, meu Deus, a minha cabeça está muito pior!— Mãe?! O que houve? Acordei no chão da cozinha, com minha mãe e Rafael em cima de mim passando algo forte no meu rosto com algodão. — Você ficou branca que nem farinha e caiu igual a uma jaca podre. — E o que é esse cheiro forte? — Álcool com arnica, minha filha, cura qualquer coisa. Menos gravidez, porque isso é falta de vergonha na cara, daí não tem jeito… — Ah mãe, pelo amor de Deus. Me ajuda a levantar e me poupe desses seus sermões, quem disse que eu estou grávida? — Da outra vez foi a mesma coisa e olhe aí a benção olhando pra você. — Mamãe, você está bem? — Sim, Rafinha, meu amor. — Você vai ter nenê? — Não, isso é coisa da sua avó. — Sei, Tabita, você se cuide, o que esse marginal queria aqui na nossa porta? — Ele veio encher minha paciência. Foi isso, mamãe, culpa sua também, que fica dando moral pro Lino. — Claro, porque você muito bem que ele tem que pagar a pensão do filho dele. — Mãe, falan
Ao ver o Apolo indo, me deu uma coisa ruim. Nem de longe pensei que a noite ia ser assim. Por que sempre a gente acaba brigando? Que droga. Peguei o telefone e só pensava em ligar para a Lili, precisava de um carinho. Caía direto na caixa postal, que droga. Mas bem que ela falou que ia em um evento com a Sara; se não fosse a maldita aula de matemática hoje, eu partia pra noite, curtir um pouco, depois da semana que tive, eu merecia. Terminei de comer aqueles deliciosos petiscos, afinal estava com fome e não ia deixá-los ali, não tinham nada a ver com minha péssima noite. Levantei e comecei a olhar as mensagens de sempre. Grupo da escola, grupo da igreja, grupo do prédio (“aquele síndico todo dia tinha uma reclamação de algum morador, Deus que me livre”); mensagem da mamãe, vou ler, estou precisando muito. Apertei o botão do semáforo para atravessar a avenida e continuei lendo: Poliana diz: “Meu amor, antes do Natal você vem ver a mamãe?”Poliana diz: “Agora que começou a trabalha
Depois do comentário da Hannah sobre a Nina, saí daquele barzinho puto da vida. Como ela conseguiu estragar uma noite que eu esperei a tanto tempo, naquilo. E o que ela estava pensando que eu ia achar sobre ela ficar saindo com o Nico, como se fossem amigos a vida toda. Vem com esse papinho de chefe e depois fica comprando presentes para seus sobrinhos, passeando de carro pra tudo que lado. Nem sei mais onde está a porcaria do meu. Atravessei a rua sem nem ao menos olhar para os lados, e quando cheguei no carro fiquei pensando no que houve a poucos instantes. Nossa, como eu era cabeça quente. Eu mesmo tinha acabado de sair de um provador com duas garotas. O problema era com quem ela estava se envolvendo. Não ia aguentar ficar com a Hannah e saber que todos os dias ela vai estar ao lado daquele canalha. E ainda mais, ela pensando que é normal ficar de amiguinha dele. Liguei o carro e resolvi ir embora. O melhor era seguir em frente com a minha vida que estava de boa, pra que criar
Saí do salão de beleza com meus cabelos novos lá na cintura, dessa vez escolhi, em vez de colocar as trancinhas que eu amo, investir no aplique fio a fio, com mechas douradas, se Beyoncé pode, eu também. O restante da grana ia pro banco e pra minha mãe. Quando estava indo para casa, com todo o cuidado para não borrar minhas unhas, notei que tinha um carro diferente andando bem devagar pela rua. Imaginei estar procurando alguma casa. Mais um quarteirão estava em casa. Avistei meus meio-irmãos jogando bola em frente de casa e minha mãe embaixo da árvore na calçada conversando com a vizinha. Um deles chutou a bola sem querer em minha direção. Ela passou por mim e foi para perto do carro que ainda me seguia. — Vicente, deixa que eu pego para você. — Mas, taca a bola pra mim, não taca pro Juninho não!!— Tá, moleque, vai pra lá.Eu me aproximei do carro, quando cheguei bem perto, eles aceleraram. Eu estava com meu óculos de sol e os vidros eram escuros também, não reconheci ninguém
Abri a cafeteria e comecei a receber os fornecedores, estava um dia lindo nublado, lembrei da Hannah, ela adorava dias assim, falando nela lembrei que daí a pouco ela ia chegar cheia de novidades e eu ia tirar a noite de ontem da cabeça.(barulho de mensagem no celular)Diego diz: “Sobre a proposta da cafeteria, gostaria de conversar hoje?” Lilith diz: “Pode ser mais tarde, quando eu fechar aqui? Pode vir às 16h" Diego diz: “Combinado”Esse horário, certamente o Chris já foi embora. Mas porque estou pensando se ele foi embora ou não, afinal, vamos tratar de negócios, ele pode muito bem estar aqui e ouvir. Que ideia a minha!Voltei a arrumar a vitrine e depois de um tempo Sara chegou, ainda estava com a roupa da festa. Isso seria uma boa conversa.Olhei para ela e peguei em sua mão, falando com uma voz masculina e meio espanhol.Buenos dias, senhorita, senhor Fernando pintou para você? – Ela riu e escondeu o rosto com a bolsinha que tinha levado.Nem passou perto…Começou a dar pulinhos
O salão de arte onde eu estava era bem claro e as pessoas seguravam suas taças e conversavam, riam e faziam poses. De repente me vi indo por um corredor sendo puxada pela Day, era todo acarpetado na cor preta com várias frases escritas, que não dava tempo de ler, mas tinha o nome do autor no final dela. Pareciam ditos importantes da história.Calma, Day, vai derramar meu drink.Então bebe de uma vez, sua bobinha.Quer saber, ela tem razão, esta noite eu vou esquecer os problemas e me divertir. Virei a bebida de uma vez e isso para quem quase nunca bebe, era como uma enxurrada de álcool de uma só vez.O local mudou totalmente de aspecto. Estamos agora em um salão com um globo enorme de espelhos, girando e refletindo as cores mais lindas em todas aquelas pessoas maravilhosas. Dançando livremente, sem julgamentos ou preocupações.Day gritava alguma coisa no meu ouvido, enquanto eu ainda tentava me mover, endurecida pelo tempo.O quê? – Eu não entendia.Mile e Ciro vieram, uma na minha fr