O vento soprava fresco como sempre na campina, eu colhia flores como sempre, nada diferente, nada novo, a vida era boa mas que sentido havia se fosse uma vida vazia, eu não possuía propósito, não havia emoção, vivia por minha adorada mãe mas o sentimento de vazio se mostrava presente cada vez maior e eu me sentia só.
Hoje seria uma festa em homenagem ao senhor do Olimpo que havia derrotado o terrível titã Tifão, mas não estava animada, como em todas as festas eu não poderia me comunicar com muitas pessoas pois minha mãe temia por mim e era extremamente cautelosa comigo e por esse motivo não havia motivo para animação. Frustrada eu suspiro alto e então uma ninfa aparece sorrindo.
-Perséfone minha querida me diga o motivo de sua feição triste, não é costumeiro te ver assim.
-Me sinto solitária, amo minha mãe, mas sequer posso ir além desses jardins sem ela, me sinto em uma gaiola de ouro, há tanto que eu gostaria de ver e conhecer, leio sobre muitas coisas e uma me chama a atenção.
-Pois diga, se eu puder esclarecer ficarei feliz em ajudar, você é a luz desse lugar e nos afeta vê-la assim.
-É sobre uma emoção que conheço, mas aparentemente há muito mais do que o que eu sinto, o amor, conheço muito bem o amor por minha mãe e o dela por mim, conheço o amor pelos seres vivos, o amor pelos deuses, mas ainda há a face do amor que eu desconheço, eu as vezes a vejo em livros, ouço em canções, mas jamais presenciei, falam de amantes, algo poderoso, além mesmo da própria vida, eu não entendo.
-Ah minha querida, poderia falar sobre esse amor mas não faria com que sua curiosidade acabasse , esse tipo só pode ser sentido para realmente entender e leva tempo, mas posso tentar exemplificar, esse amor é como os raios de sol que tocam seu rosto, quente e agradável, mas ao mesmo tempo é como ficar no topo de um penhasco a beira mar, dá um frio na barriga mas a visão tira seu fôlego, por horas eu poderia lhe dar exemplos, mas não seria o bastante.
Desanimada eu deixo meus ombros caírem com um pequeno suspiro, logo sinto o toque suave de uma mão sobre meu ombro, ergo minha cabeça para encarar minha visitante e com uma expressão de compaixão ela me diz.
-Não fique assim, você sentirá um dia tal emoção, tenha paciência, virá para você quando menos esperar.
Dito isso ela se levanta graciosamente e sai, então ouço minha mãe me chamar ao longe e eu vou com um sorriso ao seu encontro para que possamos ir honrar à Zeus por sua vitória.
No Olimpo a última luz do dia brilhava, tochas já eram acesas, todos riam e conversavam com vigor, a comemoração corria perfeitamente e junto de minha mãe eu conversava com algumas deusas, tudo estava tão animado e feliz, em momentos assim eu esquecia sobre o vazio e meu sorriso se tornava constante, era tão bom conversar com outras pessoas, o calor, as vozes preenchendo o lugar, simplesmente maravilhoso. De repente uma sensação estranha me toma, como se alguém me observasse, eu procuro com os olhos em meio a multidão e então de relance vejo alguém nas sombras, um homem alto e bonito me olhava, mas assim que percebeu meu olhar desviou o rosto parecendo desconcertado e então ouço murmúrios, comentários espantados, desgostosos, aparentemente alguém indesejado havia aparecido, o que era estranho já que a maioria ali eram deuses, talvez algum outro ser havia invadido de alguma forma a festa, logo cessou os cochichos e a risada de Zeus é ouvida seguida por ele dizendo que s
Dias se passaram após a festa e eu agora estava próxima a floresta na companhia de alguns animais enquanto apreciava o perfume das flores em volta, de repente a mesma sensação de ser observada, olho para todos os cantos mas não vejo nada, respiro fundo e deixo de lado isso, mas a sensação continuava, então em um momento ouço algo se movimentar e confirmando isso os animais se colocam em posição de defesa e então fogem me deixando só, eu olho na direção do barulho e então eu vejo na sombra de uma árvore o mesmo homem da festa, ele me encara, sua expressão é neutra mas algo emana dele, uma aura pesada, enquanto nos olhamos por segundos que parecem horas ele fala e sua voz é bela.-Você deveria fazer como eles.-Desculpe eu não entendi.-Fugir, deveria fugir como eles, pelo menos esse é o esperado.-Não me deu motivos para fugir, não foi agressivo ou demonstrou más intenções, então não vejo m
Sinto então o chão voltar, meus olhos estavam fechados por medo, mas então ouço a voz dele calma.-Abra os olhos, está tudo bem agora. Quando abro meus olhos suas roupas mudaram e não estávamos mais na floresta. Quando abro meus olhos suas roupas mudaram e não estávamos mais na floresta-Bem-vinda ao meu reino, minha adorada.-Onde estamos ?-Aqui é o submundo, o meu domínio.-Você é....Hades.-Sou, isso a amedronta ?-Não, deu sua palavra e eu não menti quando disse que confiava em você.- disse com um sorriso.-Que bom, vamos, vou levá-la ao meu palácio. Ele me estende a mão e eu a pego, andamos pelo submundo, ele me mostra e explica com calma sobre tudo e apesar do lugar onde estamos eu não sinto medo, a presença dele me deixa tr
Quando eu acordei estava tudo absolutamente quieto, Hades deu sua palavra que ninguém me perturbaria e isso havia se cumprido. Eu olhei em volta, o quarto não possuía janelas, era espaçoso e iluminado por tochas que mantinham o ambiente com uma aura misteriosa, talvez eu sentisse medo se estivesse só, mas a presença e as palavras de Hades me mantinham tranquila, pensando nisso eu me levantei, meus pés descalços sentiram a diferença de temperatura assim que pisaram no chão, o lugar todo era de um frio diferente, não era algo realmente físico, se sentia no corpo mas também na alma, rapidamente eu fui me ver no espelho para arrumar algumas mechas fora de lugar, lavei meu rosto em uma bacia com água fresca e assim que me senti pronta saí do quarto. Caminhei por corredores compridos a meia luz, olhava para cada detalhe tentando lembrar sem sucesso do caminho que percorri ontem, começando a temer estar completamente perdida eu vi uma som
Ficamos no tribunal por algum tempo, não sei dizer se pouco ou muito, infindáveis almas apareciam, os juízes julgavam e eu via Hades assentir com as decisões, nenhuma palavra dita, nenhuma expressão, se mantinha impassível com todos, homens, mulheres, idosos e até mesmo crianças, não lhe causavam nenhuma reação, mas eu não deveria me surpreender, ele deve fazer isso a tanto tempo que já nada o comove, além de ser esse o seu dever, mas mesmo assim eu me preocupava com como ele se sentia. Saímos de lá e ele permanecia neutro, quando entramos na carruagem vi que não seguíamos o mesmo caminho, mas permaneci quieta esperando que ele me dissesse ou que chegássemos ao local. Logo paramos as margens de um rio, descemos e então em um momento vi uma barca se aproximando e uma figura a conduzia em meio as águas até que chegou a nossa frente.-Cuidado ao subir, permita-me. Hades estendeu a mão par
Na volta Hades escolheu ir por um caminho mais longo, queria me mostrar os outros rios, assim que saímos do Lete, desembocamos no rio Estige.-Aqui é o maior rio do submundo, corta todo o domínio e sai no oceano, suas águas são conhecidas também por rio da Invulnerabilidade afortunados são aqueles que tem a sorte de se banharem nele.-Muitos mortais fazem isso ?-Não, poucos tem acesso ao submundo e aqueles que entram sem permissão costumam ficar por aqui. Eu observava as águas do rio de repente mudarem, sua cor fica vermelha como sangue e borbulhando como um caldeirão liberando um calor terrível.-Onde estamos ?-Aqui é o Flegetonte, o rio de fogo do submundo.-Aqui é o Flegetonte, o rio de fogo do submundo-Por que é tão diferente dos outros ?-Aqui é onde se pune os crimes cruéis, o fogo purifica, por isso o calo
Um cão enorme estava no salão e seu focinho me cheirava freneticamente, mas logo Hades interferiu ficando entre nós, ele esticou a mão e o cão se deitou no chão para que sua cabeça pudesse ser acariciada, ele parecia até dócil quando estava sendo tratado pelo deus, mas eu não me arriscava a tentar sozinha.-Venha minha adorada, ele não lhe fara mal. Ele estende a mão e eu a pego receosa, vou me aproximando e então minha mão é colocada no focinho do animal, não há resistência e eu percebo como seu curto pelo é macio, aproveito para explorar além e acaricio mais acima da sua cabeça, ele deita e parece gostar.-Ele gosta de você, só estranhou pois não são muitas as pessoas vivas que entram aqui, o Cérbero está acostumado a pegar invasores e não receber, mas agora que já se familiarizaram ficará tudo bem. Hades então se afasta e pega um bolo muito comum de farinha e mel de cima d
Como com toda aquela comoção meu coração acelerou, tive dificuldades em dormir e Hades chamou para mim Hypnos, deitada na cama com ele sentado ao meu lado nós conversamos um pouco.-Que confusão minha flor, mas tudo vai dar certo, não digo para Zeus e os dele mas para alguém.-Eu desejo permanecer aqui.-E porquê ? Duvido que seja pelo nosso lindo clima e vastas florestas verdejantes. -disse ele ironicamente com um sorriso.-Eu... me sinto bem aqui, me sinto livre.-Nada mais ? -ele levanta uma sobrancelha me olhando mais perto.-É só isso...-Se você diz minha querida, mas te dou uma dica, pode ser tarde demais quando resolver ver verdadeiramente o motivo. Ele se levanta e beija minha testa, de repente um sono começa a me tomar e logo adormeço profundamente. Meus sonhos são um turbilhão de vozes, sussurrando, falan