— Não… Não senhor! — Fedorov respondeu engolindo em seco. — Posso ser o que meu povo precisar que eu seja. — Mas calmo, ele sentou novamente, mas sem desviar os olhos de Frans. — Posso ser o herói para eles, ou o monstro, mas isso não cabe a você decidir. — Finalizou recostando a sua cadeira e assumindo uma expressão sombria em sua face. — Sim, senhor! Estava claro que foi difícil para Fedorov concordar com Iuri, mas era de se entender, Belikov é bem intimidador quando quer. Belikov é o tipo de homem que, quando está em uma “batalha”, a paz é uma opção... Mas, ele não é só paz. O pacificador! É assim que a mídia o intitula. Por mais que eu não o considere tão pacifico assim. Penso olhando em sua direção e vendo a sua fisionomia séria e sua postura defensiva. Em um conflito a primeira coisa que Belikov busca é uma possibilidade de paz. Ele sempre foi um bom mediador entre nós, ou entre o inimigo. Para ele nunca é a primeira impressão que conta, ele aguarda, pondera, investiga, d
O caminho até o local da explosão foi feito no mais absoluto silêncio. Serguei no banco de passageiro, só abria a boca para instruir Ivan, o segurança que estava no banco do motorista. Ajeitei minha blusa cacharrel de gola alta na cor preta, por baixo de meu, sobretudo, preto e respirei profundamente sentindo o vento suave, porém frio, que entrava por uma fresta da janela do carro. Com o céu parcialmente nublado, a temperatura não passava dos 15ºc, mas o que dificultava o caminho até o nosso destino era o excesso de neve que acumulou em pouco tempo. — Já estamos chegando, senhor! — Serguei informou estendendo um par de luvas de couro na cor preta e um cachecol de lã em minha direção, semelhante ao que ele e Ivan usavam. — Obrigado, Serguei! — Agradeci aceitando o par de luvas e o cachecol, ele acenou com a cabeça em minha direção e voltou a virar seu tronco para frente com a sua fisionomia sombria. Eu não o julgo por transparecer tanta apreensão, eu mesmo já tentei por várias vezes
Acredito que um simples olhar diz muito sobre uma pessoa. A senhorita Elina parece o tipo de mulher que não se deixa levar por um homem machista que não considera a opinião de uma mulher. Infelizmente, Rodion é esse tipo de homem, como a maioria dos homens aqui. Ser repórter mulher não é fácil, na Rússia... Na verdade, ser mulher não é nada fácil aqui. Eu ainda me recordo a história da repórter Irina Slavina que tirou a própria vida. A mesma postou em suas redes sociais poucas horas antes de se suicidar, uma mensagem breve, mas transparente, para explicar seu ato. — “Peço que vocês responsabilizem a Federação Russa por minha morte”. — Escreveu a jornalista. Como esquecer algo assim? A jornalista tirou a sua vida devido às pressões que sofreu ao longo de sua carreira. Eu não estou justificando, a gente nunca sabe o que exatamente se passa na mente da alguém que comete um ato assim. Talvez toda humilhação e as perseguições que ela sofreu foi a “gota que fez transbordar o vaso.” Co
— Onde está o Yegor. — Ele pediu para avisar que estará no centro de operações, senhor Presidente. — Por que se eu o mandei vim para cá? — Os bombeiros acharam uma bomba que não detonou, ligamos para central e Medvedv pediu para levar, pois o mesmo quer dar uma olhada com o especialista que desarma bomba. — OK! Você descobriu o que pedir? — Sim, Senhor! Até agora foram encontrados duzentos e noventa mortos, trinta ainda está sem identificação. — Rodion entregou uma lista a Iuri, que prontamente retirou de suas mãos. — O que sabe sobre a explosão? — Se iniciou no Centro Histórico. Encontramos uma bomba na praça e na Catedral também. A bomba que não explodiu estava na Catedral, talvez por isso ela não caiu por completo, os bombeiros acreditam que foi o impacto da bomba que explodiu na praça e no Centro Histórico que destruiu a Catedral. — DESGRAÇADOS! — Vociferei não escondendo a raiva. — Volkova, também odeio ficar as sem saber todas as informações. — Algo passa em minha mente
— Aline, diga-me que eles não estão mais nos seguindo, por favor… — Pedi não disfarçando a súplica em minha voz. A comida já tinha acabado a um tempo e as meninas ficaram mais calma e pararam de dançar Ballet em minha barriga. — É para dizer, ou para não dizer? — Ela brincou e eu suspirei, deixando claro a minha frustração. — Calma, já os despistei alguns minutos atrás. — Ela rir e eu volto a suspirar, mas dessa vez de alívio. — Logo chegaremos ao Grande Palácio. — Obrigada, Aline! — Declaro, em seguida, Ania e Nanda fazem o mesmo. Mesmo sabendo que no momento estávamos seguras, nenhuma das meninas pareciam acreditar, nem mesmo Aline, que sorria para nós, no entanto, a preocupação não saia de seus olhos. Eu também me sentia amedrontada, mas sei que não posso surtar, não em um momento como esse. — Tudo bem, Nanda? — Perguntei, ao vê-la limpar ligeiramente os olhos. Ela balançou a cabeça em positivo, mas estava claro que não. — Que pergunta idiota essa a minha! — Exclamei rindo sem
— O mundo é do jeito que é porque é o mundo que nós, de certa forma, pedimos. — Eu não pedi um mundo assim, não. — Ania exclamou horrorizada. — Isso vem desde Adão e Eva, Ania, quando eles comeram o fruto proibido. — Não sei quem são eles, não… Eles são culpados por tanto mau no mundo? — Na verdade, as ações deles, nos deram o livre arbítrio, infelizmente, nem sempre a gente, digo os seres humanos, fazemos boas escolhas. — Ainda não entendi Aline. — Depois te conto sobre eles, pequena. — Nanda diz ao ver a confusão na fisionomia de Ania. — Certo, Nanda, me conte mesmo, quero entender. — Eu não pedi para meu pai me machucar, Aline. — Falei depois de um tempo pensativa. Não consigo reprimir a dor em minha voz. Mesmo o perdoando, ainda doe… Como doe! — Claro que não! — Ela afirmou. — Ninguém pedi ao próprio pai para machucá-la, Elisa, pelo menos, não alguém em sã consciência. Às vezes experimentamos as consequências dolorosas das escolhas de outros ou nossas próprias escolhas. “
Desculpas é que nem remédios placebos, podemos até engoli, mas não resolve nada. Não resolve merda nenhuma! Faz exatamente dez minutos que nenhum de nós falávamos alguma coisa, estava cada um olhando para cara do outro, esperando uma solução cair em nosso “colo”. Confesso que nem eu conseguia pensar em algo com clareza. A agente Dias não deu mais notícias, talvez por isso a minha mente não esteja funcionando bem. Talvez não, é por esse motivo mesmo! — E se chamássemos o exército para nos proteger? — Rodion perguntou olhando diretamente para o telão, onde Sergei Rudskoy, capitão das Forças Armadas, com a mão no queixo, nos observava pensativo. — Já mobilizei a todos. — Rodskoy avisou. — Mas infelizmente, só poderemos partir em três horas. — É muito tempo. — Falei recostado em meu assento. — Se for de acontecer algo, teríamos que nos virar sozinhos… Talvez chamar a polícia local. — É, ótima ideia, Volkova. — Fedorov ironizou. Eu não o crítico, ideias não estão sendo o meu forte
— A esposa dele está com Alzheimer. — Iuri sussurrou para mim. Deve ser horrível essa situação. Penso o vendo ainda perdido em seus pensamentos. Eu nem consigo imaginar acontecendo algo assim comigo e Elisa. Balanço a cabeça em negativo, esforçando-me para tirar esses pensamentos de minha cabeça. — NIKOLAI? — Belikov gritou seu chefe de segurança. — Senhor? — Alguma notícia do Mikhail? Já prenderam o Igor? — Não senhor! — CHERTOV! — Iuri exclamou em frustração. — PAPAI? — Surpresos, encaramos a porta da sala de comando. Lá estava Ania seguida da senhorita Peterson. — Ania, meu amor, você está bem? — Iuri a questionou se levantando de seu assento e caminhando a passos largos em direção a sua filha, que chorava com um largo sorriso nos lábios ao rever seu pai. Belikov a abraçou forte e a mesma balançou a cabeça afirmando. Assim que eles desfizeram o abraço, Ania limpou suas lágrimas. — Porque estamos aqui, papai? — Confusa, ela nos fitou um por um. — Essa será a casa de voc