Esquecer o que nos traz dor é uma necessidade, ao menos para mim. Quanto mais eu penso em esquecer o Joel e toda a dor que ele representa para mim, A sensação que tenho é que ele não reconhece o seu lugar.
Seu lugar é em meu passado, de preferência, bem longe de mim.
— Ei, tem alguém aí? — O Ministro acena com a sua mão direita em minha face chamando a minha atenção.
— Hã? O quê?
— Com toda certeza você não estava aqui, minha deusa.
— Desculpa, Ministro, eu não gosto de algumas partes de meu passado, isso meio que me trava. — Admiti.
— Entendo minha deusa, se não quiser falar, vou respeitar.
— Sei que vai respeitar, mas falarei, ministro, estou cansada de deixar o Joel me manipular mesmo de longe.
— Você tem toda razão, minha linda.
— Agradeço ministro. — Declaro, e ele beija o topo de minha cabeça e resmunga algo inaudível. — Hum… Começarei contando sobre a minha mãe Eloísa e Joel. — Emendei com o gosto amargo e familiar em minha boca.
Sinto-me assim toda vez que lembro desse homem que diz ser o meu pai.
— Elisa, eu já disse que não precisa falar sobre isso se não quiser. — Avisou mais uma vez notando meu desconforto ao falar o nome de Joel.
— Não, eu quero falar! Quero que você saiba da minha vida por mim, não por uma pasta.
— Certo, eu entendo! Mas, saiba que você não é obrigada a nada, quando quiser parar, você para.
Tão compreensivo e teimoso.
— O mesmo serve para você quando for a sua vez.
— Combinado!
Lembrar-me-ei disso, ministro, a se vou. Do jeito que esse homem é tenso vai me dar muito trabalho.
— Bom, onde parei? Ah, sim, minha mãe e Joel… Hum… Eles dois se conheceram quando minha mãe acabara de fazer dezoito anos, foi no dia do aniversário dela em uma festa de baile funk. Minha mãe era de família rica e conservadora, mas assim como eu, minha mãe tinha uma amiga doidinha que amava quebrar regras, principalmente as regras de meus avós que tinham regras absurdas, tais como: não pode correr feito criança, dormir muito tarde, sair finais de semanas, sua função basicamente era apenas estudar tudo sobre ballet. Uma jovem que estava querendo descobrir o mundo, obrigada a conviver com nada menos o que seus pais desejaram para ela.
— Não há lugar que não tenha regras. Alguém as inventa, para o bem ou para o mal.
— No caso de meus avós fizeram mais mal do que bem. Mesmo sabendo que ela era proibida a ir a esses tipos de festas, minha mãe foi torcendo para que seus pais não a pegassem no flagra, eles pensavam que ela estava na casa de sua amiga, Amanda, curtindo a noite das amigas.
— Vocês brasileiros são tão festeiros. — Sorriu com o tom crítico que saiu de sua voz.
— Nisso você tem razão! Agora vocês russos são tão esclarecidos. — Respondo divertida, mas não deixo de mostrar o meu sacarmos.
— Conheço uma pessoa sarcástica de longe senhorita Maim e você me pareceu uma delas.
— Talvez só um pouquinho. — Faço um gesto como se estivesse unindo meu dedo polegar com o meu dedo indicador.
— Eu também sou e para ser sincero, no meu caso sou bastante. — Escondo meu rosto em seu peito e gargalho.
— Adoro sua sinceridade, ministro, te faz ficar mais sexy ainda. — Levanto o meu tronco e beijo a sua boca com paixão.
— Adoro tudo em você, você me fascina. — Ele disse ao desgrudar a sua boca da minha com relutância. — Acho melhor você continuar minha deusa, quero você outra vez, mas também quero te conhecer mais, então prometo me segurar um pouco mais, por você faço esse esforço absurdo. — Brincou e eu rir.
— Eu também te quero ministro, nunca vou me cansar em te querer… — Ele sorrir com o olhar carregado de emoção. — Continuando… A festa aconteceu em um morro famoso do Rio de janeiro, Morro Lagartixa…
— Lagartixa? Nome esquisito, por lá as pessoas andam rastejando pelo chão?
— O quê? Não, é só um nome…
— Esquisito! Um nome muito esquisito!
— Ah, Ministro, pare de ficar me interrompendo, não acabarei essa história hoje. Lembra? Você me quer e eu também te quero. — Falei com o tom de riso.
— Não te prometo que não irei interrompê-la mais, eu sou um homem muito curioso, minha deusa, mas vou tentar interromper o mínimo possível.
— Tudo bem! Posso aguentar essas interrupções mínimas, mas vou logo dizendo que farei o mesmo na sua vez.
— Por mim tudo bem!
— Voltando… No baile funk tinha pessoas de tudo quanto é tipo, de drogados a traficantes. Joel se diferenciou, pois não parecia nem um e nem outro. Minha mãe disse que assim que ela o viu se sentiu atraída. Após beber e dançar muito, ele a beijou, seu primeiro beijo foi eletrizante.
Nem consigo imaginar minha mãe apaixonada por aquele monstro.
— A festa estava chegando ao seu auge quando começou uma grande confusão, a polícia estava fazendo batida no morro e cancelou o baile, minha mãe se perdeu de sua amiga e Joel se ofereceu para levá-la em casa, no entanto, no caminho ela aceitou o convite de Joel de conhecer a casa dele. Nesse dia ela perdeu a virgindade, foi a primeira de muitas transas entre eles e minha mãe acabou se apaixonando e pensou que ele também estava sentindo o mesmo por ela.
Coitada de minha mãe.
— Não foi difícil a paixão que minha mãe sentia por Joel virá amor, ela me disse que ele era um homem gentil, compreensivo, a tratava com carinho. Ela amava os pais, acreditava que esse amor era recíproco, mas ela queria um amor que não exigisse tanto, que não, esperasse algo em troca. Seus pais acreditavam que, por investir em sua carreira, ela tinha que honrar, sendo nada mais que perfeita. Quando Joel surgiu, ele parecia perfeito para ela, mas não a exigia o mesmo. Ele dizia que ela era a perfeição em pessoa, graciosa, linda e inteligente… Durante um tempo, ela namorou escondido de seus pais, mas uma gravidez inesperada surgiu e ela se viu obrigada a contar-lhes. Meus avós a humilharam, a xingou de tudo quanto é nome e a expulsou de casa apenas com a roupa do corpo.
— Deve ter sido muito difícil para ela.
— Foi sim e quando ela foi pedi abrigo a Joel só fez piorar. Você deve saber. — Ele afirmou. — Joel a espancava muito, mesmo após eu nascer.
— Por que ela não o deixou e foi embora?
— Ela pensava que não sobreviveria sozinha, e com uma criança ao seu lado.
— E seus avós? Eles não procuraram por ela, não quis conhecer a neta?
— Minha mãe tentou pedir ajuda a eles novamente sem que Joel soubesse, mas eles tinham se mudado para longe e a única coisa que deixaram foi um recado: Isa, filha, eu e seu pai estamos indo embora, o melhor que fazemos é deixá-la viver a sua vida. Eles acreditaram que a sua atitude nobre de “deixá-la para trás” a estivesse ajudando. Fungo e limpo as lágrimas que teimavam em cair.
Era assim toda vez que falava ou pensava sobre minha mãe.
— Minha mãe costumava me falar sobre eles, dizia serem boas pessoas, tinham os seus defeitos, mas a forma que eles trataram a minha mãe foi muito desumano.
— Elisa, pessoas boas não rejeita a sua filha e neta e consideram suas atitudes nobres, isso é repulsivo. — Diz bravo e afaga meus cabelos.
— Eu sei!
Eu sei!
— A minha mãe nutria a esperança de que algum dia eles quisessem me conhecer.
E eu também!
— E por seu tom de voz, você também espera isso.
— Esperava, hoje não mais!
— Talvez eles tenham se arrependido, minha deusa, mas a vergonha, o medo da rejeição os impeça de te procurar.
— Cheguei a pensar nisso ministro, mas não acredito, não mais. A verdade é que eu não gosto de pensar sobre isso, é doloroso imaginar que os meus avós, assim como meu pai, não me quiseram. — O ministro ficou em silêncio talvez sem saber o que dizer e, eu agradeço mentalmente por ele não insistir no assunto. — Antes de morrer, minha mãe me contou toda a sua história de vida. Parece que foi hoje. — Minha voz falha e eu limpo minha garganta. — Ela disse que, não aguentando mais ser espancada por Joel e temendo que acontecesse o mesmo comigo, foi embora me levando com ela, na época eu tinha quatro anos. Suponho que você já saiba como ela faleceu. — Ele afirmou outra vez. — Foi os melhores cinco anos que passei com ela, pude aprender a dançar, a fazer as unhas, pentear meus cabelos, conheci a Kátia, minha doidinha linda e gostosa. — Sorriu em meio às lágrimas. — Então ela ficou doente e eu a perdi.
— Os pais da senhorita Evanoff não pensaram em te adotar? Sei que isso não, é algo que a gente ver sempre, patrões adotando filhos de funcionários, mas a amizade sua e da senhorita Evanoff me parece tão… Vocês parecem mais…
— Irmãs?
— Sim! Vocês parecem irmãs.
— Nós somos! Irmãs de pais diferentes. Eles me disseram que tentaram, mas a justiça deu a minha guarda a Joel, afinal ele é o meu pai e quis cuidar de mim. — Cuspo as palavras. — Talvez não tenha surgido em sua investigação, mas tudo o que ele praticou em minha mãe, aquele homem praticou em mim, exceto violência sexual, no entanto, penso que isso era só questão de tempo. Ele fez questão de mandar o serviço social ir me buscar na casa de Kátia e eles não tiveram alternativa a não ser me entregar.
— Isso não havia surgido na investigação, mas imaginei… Aquele desgraçado, eu devia ter matado ele com minhas próprias mãos. — Esbravejou e eu toco em sua face para acalmá-lo.
— A morte dele não o faria pagar pelos seus atos horríveis.
Às vezes eu me pego pensando isso, como seria se o ministro o tivesse matado, mas logo b**e o arrependimento por esse pensamento tão vil.
Não, Joel precisa pagar por todo mal que ele nos fez, passar o resto de sua vida na cadeia é muito pouco, mas é alguma coisa.
— Eu sei, minha deusa! — Concordou aparentando estar mais calmo. — Ele vai pagar, vou me certificar para que isso aconteça.
— Tenho certeza que sim!
— Sua confiança em mim me enche de alegria. — Sinto seu beijo no topo de minha cabeça e sorriu para espantar a dor que estava se formado em meu peito, em resposta as suas palavras, o aperto mais forte contra mim.
— A primeira vez que meu pai…
Soa muito estranho chamar ele assim. Penso.
— A primeira vez que Joel me espancou eu tinha nove anos, foi no dia que a assistente social me entregou a ele, a segunda vez que ele me espancou foi no dia seguinte. Foi quando eu descobrir que uma garrafada doe mais que um soco e um chute na barriga te deixa com hematomas horríveis.
— Chertov! Filho da puta! — O ministro estava realmente nervoso, eu nunca o tinha o visto tão bravo, falando palavrões a torto e a direita.
E eu pensando que ele tinha voltado a ficar calmo.
— Joel costumava me dizer estar tentando me ensinar e por um tempo achei ter realmente dificuldade em aprender o que ele me ensinava, porque as minhas lições pareciam que nunca acabariam elas não tinham fim, era sempre um motivo diferente para ele me bater. Com Joel eu não podia dizer um ai que já era motivo de gritos e t***s na cara, mas eu acreditava ter algo de errado. Com minha mãe era diferente, eu aprendia tudo rápido, eu era uma menina inteligente, não dei trabalho a ela.
— Ainda é minha deusa, ainda é. — Volto a sorrir ao escutar suas palavras ditas de modo tão firme.
— Minha mente não processava o porquê com o Joel era diferente.
— O problema não era você, era ele, entenda isso.
— Eu entendo ministro, hoje sei, mas na época não sabia, e isso quase me fez enlouquecer, quem me salvou foi Kátia, ela sempre arranjava uma forma de me vê, ela nunca desistiu de mim. Ela poderia ter me esquecido, feito a faculdade dela aos dezesseis anos, mas optou em esperar por dois anos, para que eu fizesse meu aniversário de dezoito anos e ela pudesse fugir comigo… E aqui estamos. — Finalizo não querendo mais falar sobre mim.
As lembranças são muito dolorosas.
— Eu não gosto de te ver assim minha deusa.
— Assim como? — Indaguei limpando as lágrimas novamente e abraçando o corpo do ministro mais forte.
— Triste.
— É uma tristeza passageira, ministro, está com você faz dessa tristeza insignificante.
— Fico lisonjeado minha linda, mas isso não muda o fato que você ainda continua triste. — Suspiro ao ouvir suas palavras, sentindo a velha saudade novamente.
— Tem dia que a saudade b**e tão forte que meu coração vai a nocaute, você entende, não é ministro?
— Entendo sim! Talvez não tenha sido uma boa ideia falarmos do passado.
— Nem venha querendo tirar o corpo fora, ministro, agora é a sua vez. — Retruquei voltando a olhar para ele. Ele faz uma careta e revirou os olhos, mas eu podia ver em seus olhos a dor que emanava deles.
Ele também não gosta de lembrar-se do passado.
— Por mim, tudo bem! Vamos lá!
Vamos lá! Penso ansiosa por saber mais sobre ele.
— Eu não tenho muito para contar sobre o meu pai, ele morreu em combate e minha mãe só soube dois dias depois, nem ouve corpo para minha mãe enterrar. Talvez por isso ela nunca tenha superado a perda. Penso. — Sinto muito por isso, uma criança não devia crescer sem os dois pais. — Elisa diz dando um beijo em minha coluna e alisando o meu peito. Ela não sabe com isso me deixa “louco.” Reprimir um gemido que queria escapar. — Você tem razão, minha deusa, você tem razão. — Sussurrei. — Meu pai começou o seu serviço no exército aos dezoito anos, o exercício vendo o quanto ele evoluiu, o mandou para várias missões. — Então esse desejo de servir ao seu país veio de seu pai? — Sim e não… Mais para frente você entenderá. — Certo! — Como eu estava dizendo… Meu pai foi mandado para várias missões e foi em uma dessas missões que ele conheceu a minha mãe, Nora Isayev Volkova. — Lindo nome, ministro. — Não só o nome, minha mãe era linda, tanto por dentro, quanto por fora, minha deusa. —
— Eu não posso prometer algo que não sei que vou cumprir minha deusa, a morte está aí para todos, não tenho medo dela. Só tenho medo que ela tire Elisa de mim. Penso novamente engolindo em seco. — Sei que não tem medo, mas me promete que vai tomar cuidado? — Claro que prometo, posso não ter medo da morte, mas não tenho pressa em encontrá-la. — Respondi com o tom brincalhão tentando ignorar a preocupação novamente. — Seu braço ainda doe? — Toco em seu braço coberto por um curativo. — Não doe mais como antes, a dor está quase imperceptível. Estou bem, os remédios fizeram efeito. — Afirmei. — Se doer muito você me diz. — Certo! — Ela concordou. — Ministro, você gosta de perigo simulado? — Ela deitou a cabeça em meu ombro esquerdo, mudando o rumo de nossa conversa mais uma vez. — Gosto. — Franzi a minha testa não entendendo a pergunta. — Tipo o quê? — Carros de corridas, treinos de tiro… — Mas isso não é perigo simulado, isso é perigoso, ministro. — É seguro, minha deusa. — E
— Grávida? — Ouço o ministro sussurrar pela quinta vez. Ou seria a sexta? Parei de contar quando ele sentou na poltrona e me ignorou completamente, como se estivesse absorto em seus próprios pensamentos.Sua fisionomia estava engraçada, por mais que eu quisesse rir, eu não conseguia, eu já estava voltando a me sentir nervosa com todo esse silêncio dele.A situação fica mais cômica quando nós dois ainda nus tentava ter de alguma forma uma conversa séria, ele parecia não ligar, mas eu queria era rir de nervoso.Penso que de todas as palavras que falei, ele só assimilou a palavra “grávida”, esquecendo o “acho” antes da mesma… Quem entende?— Ministro? — O chamei e me levantei para ficar em sua frente, balancei a minha mão em sua cara e ele nem se moveu. Ele parecia não me ouvir, seus olhos se mexiam como se ele pensasse várias coisas em simultâneo, pela primeira vez desde que nos conhecemos, ele não me via, era como se estivesse em outro lugar. — DMITRI, FALA ALGUMA COISA. — Gritei bala
— Minha deusa, você é uma pessoa boa, quer sempre ver o lado bom nas pessoas, mas eu não sou assim! Eu era um tipo de pessoa que pegava qualquer sentimento meu que me deixava vulnerável e guardava bem fundo, precisei fazer isso porque na minha adolescência eu sentia muita raiva de meu padrasto, pensava várias formas de matá-lo. Depois esconder meus sentimentos se tornou conveniente para mim como soldado e ministro, foi de grande valia. Acostumei-me em ser frio ao tomar decisões difíceis em momentos difíceis, então você surgiu desfazendo todas as minhas estruturas, e sentimentos que eu sempre soube esconder bem, vem a tona quando você está perto de mim, mas só você tem esse poder sobre mim. — Caramba, você está tão romântico hoje. — Falei segurando seu queixo e beijando a sua boca. Foi um beijo rápido, mas o meu corpo logo pediu por mais. Mas ele terá que esperar, no momento a conversa é mais importante. — Nem parece mais o babaca de agora a pouco. — Brinquei e ele apertou a minha b
Sou um homem vivido, já passei por tanta coisa que hoje sabendo o que passei, eu poderia passar de olhos fechados, mas a simples ideia de voltar a ter um filho me deixa totalmente amedrontado… Diferente de Elisa, que já parecia conformada e segura. Ainda tem essa demora absurda para se fazer um exame. Um absurdo. Meus pensamentos estavam a mil, não consegui nem dormir de tão ansioso que eu me encontrava, e prevejo ficar assim até saber o resultado… Uma sacanagem das grandes isso, sou um homem paciente, mas até minha paciência tem limite. Bufo frustrado com o rumo de meus pensamentos. Estico a minha mão e pego meu celular em cima do criado mudo. Nem lembrava mais que tinha um. É uma sensação maravilhosa se desligar do mundo, nem que seja por poucos dias. Olho as horas e vejo que já passava das cinco da manhã. Lembrei-me de algo que estava martelando em minha mente desde a minha conversa com Elisa na varanda e mando uma breve mensagem para Andrei. Espero que minha deusa não fiq
ANDREI Sou um homem tranquilo comigo mesmo… Até demais, na verdade. Volkova me critica quase sempre por isso, mas costumo não ligar. Ele reclama demais e eu já disse que estou satisfeito comigo dessa forma. Se estressar para quê? Tudo na vida é apenas uma questão de ótica, então faço a minha imagem com minha personalidade e assim tento ver o mundo à minha volta. Mas até minha tranquilidade tem limite. Não pisa em mim, não mexe com quem me importo e não me trate como um idiota, porque posso me considerar uma pessoa boa, mas quando meu lado mal aflora, eu me supero. Olhando por esse ângulo, não sou tão diferente de Dmitri, a diferença é que usamos armas distintas. Alguém pode entregar uma arma de fogo, uma faca, caneta, um palito de dente, qualquer objeto seja grande ou pequeno, Volkova arranja uma forma de ferir ou matar alguém. Agora eu? Bom, pode me dar qualquer coisa ligada a uma rede que realizo um estrago também. Ninguém além de Dmi sabe que sou capaz, e esse é o objeti
— O resultado do exame que seu amigo me mandou hoje.— Mas já? Foi rápido, até para os padrões russos.— Ele disse que se eu aceitasse sair com ele, ele daria um jeito de agilizar o exame.— Por que você aceitou isso, eu poderia esperar?— Não foi por você! — Ela diz rindo. — Quero sair com ele, ele é um gato.— Você nem o conhece. — Opinei franzindo minhas sobrancelhas.Que maluquice.— Mas você o conhece, além disso, você não é o único homem capaz de rackear alguém.Agente Araújo. Penso e sorriu.— Meu amigo Higor é uma boa pessoa. — Avisei pegando o envelope de suas mãos.Abro o envelope com rapidez excessiva sobre a supervisão de Aline. Ela parecia não entender meu jeito afobado.Assim que abrir o envelope iniciei a leitura e a resposta estava lá. 99,9% de confiabilidade, isso quer dizer que a minha suspeita estava certa.— Chertov! — Esbravejei passando a mão em minha cabeça, aflito.Que merda, dessa vez eu não queria estar certo.— O que foi? Parece que o resultado não te agrado
— O senhor tem razão. — Concordou me surpreendendo. — Merece uma explicação! — Estou ouvindo. — Respondi mais brando. — Há uns dias o Palácio do Planalto sofreu um ataque cibernético. — Já pegaram o culpado, ou os culpados? — Sim, foram dois garotos de dezessete e dezoito anos. Eles infectaram o nosso sistema com um vírus… — Me deixe adivinhar. — A interrompi. — Ransomware? — Como sabe? — Porque esse vírus, é extremamente comum e eficaz. Se quero obter dinheiro de uma forma mais rápida, esse é um jeito prático e rápido. Esse vírus “sequestra” os arquivos e dados do dispositivo contaminado e, só libera, mediante o pagamento de um “resgate” efetuado por moedas virtuais. — Exatamente! Eu me neguei a pagar e eles não pararam por aí, além disso, não trabalhamos com esse tipo de moedas ainda. — Como esse vírus foi parar no Palácio? O vírus tem vários disfarces é um dos fatores que o tornam tão perigoso. — Um dos funcionários estava assistindo pornografia usando o computador do loc