Enquanto isso Marta se firmava na profissão. O câncer levou a vida da Madame de Copacabana que não tendo parentes deixou todo seu patrimônio para ela. Um patrimônio considerável! Títulos, ouro, alguns imóveis no centro da cidade e uma bela quantia no Banco do Brasil. Fora as joias, os vestidos, casacos de pele, a cobertura de Copacabana e dez linhas de telefone que Marta vendeu por uma quantia significativa. Na época linhas telefônicas eram patrimônio. Valiam uma boa grana!
A puta ficou rica!
Madame de Copacabana também amparou Chica, sua companheira de tantos anos e até o fim. Deixou-a muito bem de vida! Com dinheiro, o automóvel e a bela casa de Petrópolis.
Ficou bem a Chica!
Marta fechou o prostíbulo e resolveu montar um novo negócio. O seu negócio! E ser
A festa de quinze anos de Laura foi linda!Sua irmã fez questão de tudo do bom e do melhor. Festa de princesa! Promessa que até agora fora cumprida ao pé da letra. O tema era Cinderela.Músicos tocando ao vivo, mesa de doces, salgados, mesa de bolo, painel, balões, luzes de neon. Toda a cobertura decorada no tema, com mesas espalhadas até no corredor. Um cenário de sonho! Laura sabia que ia ser assim. Sabia que a irmã faria uma festa maravilhosa. Sonhou com essa festa. Nunca tivera festa de aniversário, e aquela era do tamanho dos seus sonhos.A escola, os vizinhos, os Minhocas, os amigos da escola e do Baixo Gávea vieram em peso. O bordel virou salão de dança. Até os seguranças folgaram nessa noite. Churrasco e cerveja de graça para geral no sexto andar. Tudo lindo. Todas as rapar
Não passaria por isso novamente. Nunca mais! Preferia a antipatia! Era vista como antipática pela galera do trabalho. Os solteiros que zoavam juntos nas noites de fim de semana não eram carinhosos com ela. Eles não confiavam em quem não enchia a cara num sábado à noite. Uns babacas! Laura além de professora de duas turmas, fazia as vezes de secretária da direção. O fato é que os colegas de trabalho não iam com a cara dela. Isso era o que ela achava. Talvez tivesse só se boicotando e desenvolveu essa teoria para manter-se afastada dos colegas de trabalho. Assim, distante, não precisaria desenvolver nenhum tipo de relacionamento com ninguém ali. Tinha muitos segredos e essa distância lhe era conveniente. Chegara aquela escola como estagiária, dois anos atrás. Trabalhava meio per&ia
- Chega! Não aguento mais isso! - gritava Laura para Alberto. Pés firmes no chão! Preparada para aguentar a porrada que certamente viria a seguir, pois o marido não admitia que ela tivesse qualquer reação contrária as suas loucuras.-Chega de covardia! Chega! Você tá maluco seu filho da puta! Amanhã vou embora desse inferno e você que não ouse ficar no meu caminho, seu desgraçado! – Continuava ela histérica.Ele avançou. Deu-lhe um chute na boca do estômago tirando-a do caminho. Entrou e se jogou na cama bêbado e sujo! Três dias sumido.Laura sentiu o ar faltar. Não conseguia respirar e foi arriando até o chão do corredor. Mas o medo de apagar e deixar seu bebê por conta daquele louco bêbado a fez puxar o ar com todas as forças de sua alma. Levantou-se e foi at&e
Já dizia Sinhô: “Mais que a flor purpurina é o vício arrogante de tomar Cocaína.” (Sinhô, 1923) Só que em 1980 a moda era cheirar Cocaína! E se em 1923 Cocaína era motivo para sambar em 1980 era motivo para fazer quase tudo! Namorar, beber, criar, curtir, fuder! Mas amar era impossível! Impossível amar anestesiado com Cocaína, o pó da morte!Com os anos 80 a Cocaína se massificou. Essa droga que até então era uso exclusivo da elite, das festas do High Society, de quem tinha muita grana, chegou as favelas na virada da década de 70 para 80 e se massificou. Popularizou-se! Invadiu as favelas, as bocas de fumo, o asfalto, as festas, as noitadas, os points, as galeras e tribos, a casas e as famílias. Vinda da Bolívia. E o Brasil entrou definitivamente na rota da droga, como ponto
Alberto entregou as rosas a Marta que agradeceu nitidamente feliz por tê-lo recebido, ela chamou Maria e pediu que colocasse num vaso. Colocou o vaso com as flores em uma das mesas do salão e convidou Alberto a sentar.- Vamos sentar e conversar um pouco. Beto né? Posso te chamar de Beto? O jantar vai ser servido já já.Sentaram-se e ele, meio nervoso:- Sim Dona Marta. Pode me chamar de Beto. É com muito prazer que conheço a família da minha Laura. Muito linda a casa de vocês. Muito obrigada por me receber. A senhora é muto amável e muito linda! Ele era todo elogios!Nesse momento os olhares das irmãs se cruzaram. Havia medo nesse olhar!A galera foi chegando e se apresentando. Todos dando as boas-vindas ao novo integrante da família. Telma, Silvinha, o Advogado. Até o Dr. veio dar uma for&cced
Fizeram planos em montar um negócio com comida e para isso a moça usaria a grana da indenização que recebeu da escola onde trabalhava. Montariam uma lanchonete, ali mesmo, na área externa da casa. O alcoolismo é uma doença sorrateira e sinistra. Ela sabia disso e percebeu quando o marido passou a chegar do trabalho eufórico, ligado de bebida. Em ficar calada deu ousadia ao homem. E numa sexta feira qualquer trouxe umas cervejinhas, depois um vinho. E algum tempo depois a Cocaína voltava à cena. Laura não tinha forças para ir contra as vontades de Alberto e foi se deixando levar, se entregando as rotas novamente, fazendo de conta que dessa vez ia dar certo.Ele nunca tinha sido tão romântico! Chegava com vinho e flores, mas o jantar que ela preparava com todo carinho e muita ilusão ficava posto na mesa, intocá
Marta conhecia muito bem os serviços e o poder da Mineira.Quando precisou limpar o Minhocão para montar seu negócio usou esse tipo de segurança. E usava até hoje, mas montou sua própria segurança. Seus seguranças atuais eram seus empregados e homens de confiança. Não eram ligados a nenhum outro serviço ou as polícias oficiais como os seus primeiros seguranças. Esses eram conhecidos do Advogado desde Copacabana e eram uma turma barra pesada! Grupos Paramilitares: assim eram chamados naqueles tempos que protegiam muitos bairros e zonas do estado do tráfico de drogas que inflamavam os morros cariocas levando pânico a população. E ali naquela parte de Nova Iguaçu o poder era deles.Uma grande formação chamada de polícia mineira reinava naquelas bandas e tomavam con
Voltar para o Minhocão foi muito difícil para Laura!Encontrar com seu passado, seus velhos medos e dores foi uma grande façanha. Mas estava acostumada a grandes mudanças e isso sempre salvava a sua vida, por mais que ela mesma não quisesse.Foi o carinho e a generosidade de sua Mainha que a fez voltar e salvou sua vida e de seu filho também. Tinha certeza que acabaria assassinada por Alberto. E nem conseguia pensar no que poderia ter acontecido com seu bebê.O verbo agora era recomeçar e deixar o passado no passado.Graças a essa volta, pode respirar e construir para si e seu filhote uma nova chance de viver. Não sem antes destruir-se completamente, até quase desaparecer e partir do zero, fazendo nascer uma nova mulher convicta de sua posição diante do seu único objetivo: ser feliz!Tudo parecia não