Parte da sua familia.
Eram essas suas palavras enquanto me encarava.Fiquei parada no mesmo lugar encarando-o e pesando cada palavra que ele disse.Pensei em como eu não fazia parte de nada agora, séculos me separavam da minha verdadeira familia e quem havia me transformado não parecia me querer.Mas aqui estava o príncipe que eu julguei ser mal e ainda não tinha certeza se ele realmente não era me fazendo essa proposta.Mas porque ele iria querer tanto assim que eu ficasse aqui, aprendi cedo demais que tudo tinha um preço.- O que você quer em troca?- perguntei.
- Lealdade, sinceridade, amor.- essas coisas que as familias compartilham.- respondeu e se aproximou de mim.- Eu não destronei um rei, eu voltei para casa Nina, sei que dizem que sou mal e cruel mas por vezes eu precisei ser mal e cruel para poder sobreviver.- suas palavras não faziam sentido para mim
- Eu não sou o vilão aqui.- murmurou Nickolas atrás de mim.A casa estava pela primeira vez silenciosa sem as vozes daquela pequena familia que jazia morta a poucos metros de mim.Agora eu não sentia mais a terrível necessidade de gritar, na verdade eu não tinha forças para isso porque era como se tudo tivesse sido roubado de mim.E realmente foi roubado, suas vidas foram roubadas.Prestei atenção nas palavras do príncipe sobre ele não ser o vilão dessa história.- Não faz sentido.- respondi a ele.Mesmo que aquele ato tenha sido cometido pelo rei Alexandre era uma idéia extremamente ruim e desastrosa, se a sua intenção era que eu não me juntasse a seu irmão ele deveria ter me procurado, afinal eu fui transformada por um de seus maiores aliados e defensores.Agora ele não deduziu que esse ato monstruoso iria me empurrar para seu inimigo? Isso não fazia o menor senti
Encarei o teto do que era agora o meu quarto.Não era o mesmo quarto da última vez em que estive aqui sequestrada, era um quarto diferente e as paredes não eram tão claras o que combinava bastante com meu estado de espírito nos últimos dias.Eu havia parado de contar os dias depois das primeiras semanas, era sempre tudo a mesma coisa.Eu não sentia vontade de sair e ninguém me obrigava a fazer isso, mas sem qualquer outra distração me restava tempo demais para que as lembranças daquela noite me invadissem e sempre no final do dia eu acabava no chão do quarto chorando.Eu estava completamente dominada pela dor que me perfurava, me destruía a cada dia, a cada hora e não tinha nada que eu pudesse fazer sobre isso.Duas vezes por dia a porta se abria e uma serva entrava carregando uma jarra do que poderia muito bem ser vinho mas não era.Deixava na mesa perto da janela com algumas taças e se retirava em silêncio.Eu sei que o que eu estava fazendo era cova
Aqui abraçada com Valentina eu não pude parar de pensar nas escolhas que me conduziram para até aqui.Parecia que um milhão de anos haviam se passado desde que fugi daquele lugar.Valentina me soltou e olhou em meus olhos.- Eu nunca conheci alguém como você.-pronunciou para mim e eu acariciei seu cabelo.- Valentina você não precisa ficar aqui servindo o príncipe, pode ir embora e ter uma vida serena.- falei torcendo para que minhas palavras surtissem algum efeito nela, mesmo que isso significasse não ve-la mais eu prezava para o seu bem.Ela piscou os olhos para mim e segurou minhas mãos, suas mão eram quentes mas não estavam mais tão macias como outrora, agora eu pude sentir calos nos dedos e a palma estava áspera.- Minhas mãos não são mais as mesmas não é? Isso é o treinamento com mestre Damon, ele é muito talentoso e paciente no meu treinamento.- Valentina falou e vi um brilho em seu olhar que antes eu não havi
Me afastei de Valentina enquanto ela se mantinha de pé com a ajuda de Damon, eu podia ouvir o coração dela batendo fraco demais.- Vá com ele eu quero ficar sozinha.- falei e vi o alívio no rosto de Damon que a segurava protetor, fiquei feliz de ver isso.Ela merecia.- Não mesmo. Basta de ficar sozinha, Damon preciso conversar a sós com ela.- ela se virou para seu mestre e falou obstinada, naquele momento mesmo Damon tendo o dobro do tamanho dela eu o vi vacilar diante de seus olhos decididos.Ela se soltou dele ficando firme de pé e olhou para mim, ainda com aquele olhar de ferro.- Vamos conversar.- anunciou para mim e eu voltei a me perguntar de onde vinha aquela força em seu olhar, uma coragem que eu não entendi.Damon me olhou se sentindo completamente inseguro com relação ao meu estado e me senti no dever de tranquiliza-lo.- Tudo bem Damon eu estou bem n
Me afastei dele me sentindo desconfortável com a proximidade dele, me incomodava que ele parecesse tão amigável.Olhei para o jardim e me perguntei como aquilo poderia ser tão bonito, em especial para algumas rosas vermelhas que davam a impressão de brilhar, eu não me lembrava de ter visto rosas vermelhas assim.Caminhei em direção a elas e o senti me seguir muito lentamente.Percebi que agora ele mantinha uma certa distância e pensei que talvez ele tivesse notado meu desconforto com tanta proximidade.- Gostou das rosas?- perguntou de modo casual demais.Nickolas parecia tentar continuar a conversa quando fiquei em silêncio.Me virei para ele parado logo atrás de mim e tentei identificar sua expressão, de alguma forma descobrir o que ele queria de mim e porque estava tentando parecer tão amigável.Porque insistia tanto para me proteger mas seus olhos azuis profundos nada m
- Sendo sincero? acredito que ele talvez ache que eu tenho algum trunfo significativo para me manter tão confiante aqui em Athenas.- ele respondeu após uma longa pausa a minha pergunta anterior.Olhei para seu rosto tentando captar algum indício de que ele estava mentindo mas não havia nenhum, suas palavras embora não revelassem tudo que eu queria pareciam verdadeiras e isso acabou por atiçando mais ainda minha curiosidade.Em vez de ele responder todas as minhas perguntas acabava por acabar sempre criando outras em minha mente, percebi logo de início que ele estava disposto a obter respostas e não as dar então teria que ter o cuidado para fazer as perguntas certas e tentar obter o máximo possível de suas respostas tão pouco reveladoras.- Minha resposta não saciou sua curiosidade?- indagou ele e fitei seu olhar azul e uma pergunta boba me ocorreu.- Porque seus olhos são azuis?- perguntei impulsivamente, não desejava que ele soubesse
Tentei assimilar suas palavras que me atingiram em cheio, eu estava paralisada em um verdadeiro pesadelo.Depois de tudo que vivi e passei meu único consolo sempre foi pensar que nunca ninguém jamais veria minhas lembranças que todas as coisas sujas e cruéis que fui obrigada a fazer e a viver, todos os momentos que praticamente eu entrava em um transe deixando minha consciência sair do meu corpo e me imaginar em outro lugar muito longe de onde realmente estava, tudo isso era algo que eu tinha uma profunda vergonha.Agora diante de seu olhar eu me sentia completamente repulsiva, suja e nojenta e ao ouvir suas palavras não consegui mais olhar em seus olhos.Tudo que eu desejava era desaparecer.- Minha mãe sempre dizia que eu não deveria olhar as lembranças de ninguém a menos que houvesse permissão afinal eu não sabia os horrores que poderia encontrar, mas eu nunca vi sentido algum em suas palavras afinal como eu conhec
Encarei o vampiro a minha frente que me subestimava, ele encarou de volta como se me desafiasse a mudar sua opinião sobre minha força e eu senti uma vontade imensa de ceder a suas provocações mas consegui me conter.Relaxei os músculos e abri as mãos que estavam fechadas em punhos, ele me olhou parecendo extremamente decepcionado.- Muito controlada parabéns.- anunciou.- Fico feliz que estão se entendendo.- falou Valentina caminhando até nós parou na frente do príncipe e fez uma reverência.- Vou deixar vocês duas conversarem, Não se esqueçam da festa da deusa Athenas.- anunciou Nickolas e antes que eu pudesse perguntar mais alguma coisa a ele Valentina se encaminhou em minha direção e ele desapareceu pela trilha.- Que festa é essa?- indaguei a ela.- É a festa dedicada a deusa patrono de Athenas Athena, já começou na cidade toda, todos saiem as ruas e dançam e cantam e também há um ritual