Aperta, solta, aperta, solta. Segurando uma bola de ansiedade, escuto o meu amigo falando sobre mulheres. Esse m*****a conversa já chegou ao limite. Bato contra a mesa, e ele pula subitamente. – Chega! – Grito. Voltando a minha paz interior instantaneamente.
Eliot me encara, tentando decifrar a minha expressão facial. Mas eu não tenho emoções no momento. – Você sabe que precisa disso. – Não quero outra m*****a secretária! – Não pode continuar desse jeito. Tudo está desorganizado, e sabe que temos um prazo para entregar o projeto da operação Fire. Continuo pensativo. Eliot tinha razão, era evidente, mas desde que me envolvi com a última secretária, a RageTech esteve a beira da falência por quase cinco meses. Maila havia sido uma m*****a traidora que roubou segredos da minha empresa, e compartilhou com os rivais por quase um mês, até que eu a desmascarasse. Agora, não confio em mais ninguém. – Eu sei. – Massageei a cabeça. Me levantei da poltrona e andei calmamente até o lado de fora. Era irritante ver aquelas mulheres se levantando rapidamente, apenas por me ver. Como malditas e estúpidas mulheres que fariam tudo por mim, os olhos delas chegavam a brilhar enquanto eu as encarava. Mas os meus olhos se fixaram no elevador que abriu repentinamente. Uma mulher saiu, usando seu óculos e uma franja horrorosa que cobria parte do rosto, e eu podia jurar que via um Poodle quando olhava para ela. Contorci o rosto, olhar para ela havia sido totalmente inevitável. As roupas eram estranhamente inadequadas e largas demais. Todas as mulheres olhavam para ela, e aquele ar de superioridade me deixava bastante irritado. – Você veio aqui para a função de faxineira? A pobre mulher a encarou, nervosa, tropeçando nos próprios sapatos esquisitos, e então se lançou em uma queda aos meus pés. Todo homem gosta de ver uma mulher de joelhos, mas definitivamente, aquela não era uma boa imagem para guardar na memória. – Você está bem? – Perguntei, enquanto a mulher se agarrava as minhas pernas. Nunca me senti tão grato por estar de cinto preso as calças, ou teria feito uma exibição de roupas de baixo agora. – Sim. Sim. Me-me. Me desculpe! – Ela praticamente implorou, se colocando de pé. Uma delas riu alto, fazendo com que as outras a seguissem. – Ela realmente não serve para esse trabalho! A mulher se virou, e com um evidente sorriso amarelo, encarou as mulheres. – Sirvo tanto quanto cada uma de vocês! – Oh, querida. Não com essas roupas! – A loira exibida revelou. Ela era realmente atraente, e apenas isso me faria desclassifica-la como candidata. – Sou eu quem devo decidir isso! – Retruquei alto. Minha voz rugia como um leão, e rapidamente, nenhuma delas estava rindo. – Como é o seu nome? – Encarei a mulher. – Livy. Livy H... Clarke. Ergui uma sobrancelha. – Não sabe o seu sobrenome? Risos mais uma vez. A pobre moça sorriu, mas eu podia ver a tristeza por trás dos dentes brancos, e me lembro de divagar sobre o quanto eles eram bonitos. – É que eu acabei de me separar! – Entendo! Uma mulher sorriu novamente. – Difícil acreditar que alguém quis isso! A encarei. – E como é o seu nome? – Ela podia sentir a aspereza na minha voz. Seu corpo tremia enquanto jogava a perna para o alto ao descruza-la, e sua peça intima quase estava exposta. – Genne, senhor. – Você está dispensada, Genne. Não serve para esse cargo! – Mas... Mas o que eu fiz, senhor? – Não sei quais foram as suas experiências, senhorita Genne, mas nós não toleramos esse tipo de comportamento na RageTech. Talvez deva achar algo mais apropriado. – Não, senhor. Esse emprego é o meu sonho. – Não foi uma sugestão, senhorita Genne. Eu não a contrataria para os serviços de secretaria. Talvez algo mais íntimo. A mulher abriu a boca. – Cretino! – E então se levantou e saiu. A senhorita Livy Clarke tinha os olhos inocentes e assustados. Por que ela os escondia por trás da franja feia? Não parecia importar que aquela mulher havia acabado de humilha-la, a senhorita ainda parecia sentir algum tipo de remorso por ela. – Por favor, entre na minha sala! Os passos dela eram inseguros e vacilantes, olhando para tudo ao redor, a senhorita Clarke ainda tentava manter a compostura sobre os comentários da decoração agressiva do escritório. O que ela esperava ao trabalhar em uma empresa de armas? Ver flores? Eu simplesmente odeio qualquer tipo de flor. – O senhor trabalha a muito tempo? – A voz era doce e insegura. A encarei, sentando na minha poltrona. Eliot a encarava, tentando acreditar nos próprios olhos. Nunca houve uma única mulher feia a entrar por aquela porta antes. Entrelacei os dedos, e a encarei com seriedade. – Essa empresa pertence unicamente a mim! A senhorita Clarke abriu a boca. Parecia envergonhada da própria pergunta. – Eu me esqueci. Sinto muito! Não respondi diretamente. – Qual a sua experiência no cargo? – Eu ajudava o meu sogro, antes dele falecer. Era a assistente. Também sou formada em engenharia. – Sim, eu li isso. – A encarei. – Quero entender por que deseja uma vaga de secretária. Obviamente, tem qualificações para cargos melhores. Os olhos dela desceram, e eu quase pude ver uma lágrima se formando. – Preciso do emprego! – Precisa? – Não parecia bom que ela estivesse tão desesperada por dinheiro. Eu já havia cometido o mesmo erro antes. – Nós precisamos de alguém que esteja aqui por amor a empresa, e não por necessidade. Você entende isso, senhorita Clarke? – Sim! – Ela afirmou. Os olhos estavam arregalados. – Sempre me disseram o quanto eu sou obsessiva e dedicada. Se eu ao menos puder provar, serei a melhor da sua vida. – Os olhos dela se arregalaram como duas grandes pedras brilhantes. Ela parecia alarmada com o que havia dito. – Da sua vida, não amorosa, sabe? No trabalho! – Os olhos dela se voltaram para o chão novamente. Me levantei, batendo com força na mesa, e ela pulou. – Muito bem, senhorita Clarke. Você começa amanhã às 8 horas. Seja pontual, ou nem precisa vir. – Sim senhor! – A bolsa que escorregava pelo ombro estava segura em um dos polegares, e ela apertou a minha mão tão fraco quanto eu imaginei que seria. Andei ao lado dela e abri a porta. – Tenha a bondade! – Disse, praticamente a expulsando. E então, ela se foi com um sorriso estranho nos lábios. As mulheres estavam de pé outra vez, esperando que fossem as próximas. – Meu nome é... Ergui a mão, ordenando que parasse de falar. A encarei firmemente. – Agradeço a todas, mas já achei a candidata. Nem mesmo esperei as lamentações para fechar a porta. Mais dois segundos de murmúrios e eu chamarei a segurança. Eliot andou até mim e tocou nos meus ombros. – De todas as beldades lá fora, tinha que magoar o meu coração escolhendo a mais horrorosa do mundo?Me levantei da cama improvisada no chão. Minhas costas doíam, e o meu rosto estava marcado pelo óculos que eu esqueci de tirar antes de dormir. Os livros que havia estudado ainda estavam abertos quando sai do quarto, usando a primeira roupa que encontrei. Deveria ter saído de casa a meia hora. É isso, vou perder o emprego que acabei de conseguir. Corri o mais rápido que podia. Ser feia te impede de coisas fáceis, como conseguir que um táxi pare. Quase precisei ser atropelada para conseguir um. Meu cabelo estava um caos, e eu só vi quando olhei pelo retrovisor. O motorista me encarava, carrancudo, como se eu fosse uma visão ingrata às seis e cinquenta da manhã. – Para onde vai? – RageTech! – Trabalha limpando? – Sou a secretária do senhor Hardin! – Respondi. Estava orgulhosa, mas as minhas mãos suavam de medo. O motorista riu. Parecia incrédulo. – Entendi! – Disse algo de errado? O homem me encarou pelo retrovisor, enquanto finalmente partia. – Nada. É que você tem cara
Hardin Gargalhadas do lado de fora chamavam a minha atenção. Eu odiava toda essa merda. Bagunça não era o tipo de atitude esperada em uma empresa como a RageTech. Sério, mudei as câmeras do meu computador aberto sobre a mesa. Os meus olhos estavam atentos, como se buscasse por qualquer deslize, mas as pessoas apenas pareciam conversar, animadas. – Eu estava dizendo que... – Eliot continuou. O meu foco ainda estava naquele maldito corredor, e eu não fazia idéia do motivo para estar tão curioso. Poderia chamar a segurança e pedir que calassem os malditos funcionários, ou poderia sair e adverti-los pessoalmente, mas precisava saber o que pretendiam. Os meus olhos se apertaram. – O que acha, Hardin? – Uma voz me alertou. – O que? – Eu parecia distraído, e odiava não ser atencioso com a empresa. – Está tudo bem? Precisa de uma pausa? – Eliot se levantou ao me perguntar. Espalmei a mão no ar. – Está tudo bem. Continuem! – Eu disse. Os meus olhos finalmente estavam voltados par
Livy Clarke Meu corpo ainda ardia, coberto pelo café quente que começava a esfriar. Minha roupa encharcada estava grudada no meu corpo, e eu era incapaz de continuar de pé. A minha barriga doía tanto, e eu praguejei. Sentia tanto medo de perde-lo. – Oh meu bebê, por favor, não vá... Por favor... – Implorei, olhando para baixo. Em um ato instintivo, minhas mãos tocaram na barriga. – Por favor...Os meus olhos se voltaram para a devastação no rosto de uma mulher logo a frente. A forma como ela me encarava, com seus olhos grandes arregalados. Estava claro que ela não tinha a menor noção de que eu esperava um bebê, e para a minha sorte, espero que mais ninguém descubra. – Você... Você não é estranha. Você só está... – Os olhos dela ainda estavam em puro choque. – Você está gravida? – Ela praticamente cuspiu as palavras aos meus pés. – Por favor, fala baixo. – Implorei, olhando para os lados. As minhas mãos estavam no ar, pedindo que ela dissesse mais uma única palavra. O rosto ainda
Abri os meus olhos no tempo que achei ser dois segundos após fecha-los. Um som irritante me tirou de um lindo sonho, onde nada disso precisava estar acontecendo. Meu semblante se tornou triste e desesperado, e o badalar ainda estava presente, irritante como na primeira vez que o escutei. Meus olhos se moveram em direção ao som, e então eu pulei da cadeira como um gato assustado. Me levantei e encarei o meu chefe, olhando para mim com toda sua expressão fria. Os dedos rápidos batiam fortes sobre a pilha de papéis e desenhos espalhados. – Chefe! – Os meus olhos estavam arregalados, e eu esperava que a franja pudesse esconde-los ao menos um pouco. – Gostou da minha sala? – O senhor Hardin perguntou. – Acho que deveríamos colocar uma cama, bem ali! – Ele se levantou e andou até a parede vazia. – O que acha, senhorita Clarke? Dessa forma você teria um descanso muito melhor. O que acha da ideia? Meu rosto queimava de vergonha. Eu sei que deveria explicar que o bebê me causava sono, e que
– Na minha vida? – Na sua vida, senhorita Clarke. O que há para saber? – Eu não sou interessante, senhor Hardin. Eu não tenho nada a dizer. – Tem certeza? Eu posso descobrir... – Ele segurou o telefone e o colocou no ouvido. O meu coração acelerou, mas eu tentei manter qualquer nervosismo afastado de mim. Se o Daren souber que eu estou trabalhando, vai garantir que a minha vida seja arruinada outra vez. Respirei fundo. – Espera! Ele me encarou. Parecia completamente vitorioso, e eu soube no mesmo instante que tudo não passava de um jogo de poder para ele. Meu arrependimento gritava, e eu deveria me demitir se pudesse, mas eu precisava responder as perguntas do meu chefe tirano. – Eu tenho um casamento falido com um homem rico que me traiu. Eu tenho uma mãe morta, sou imigrante, e só consegui estudar por que ajudei um homem no passado e ele acreditava que me devia algo. Eu não tenho nada no mundo, senhor Hardin, além desse emprego. E se o senhor me demitir, eu provavelmente não c
Hardin Vasculhei por todos os lugares, procurando pela maldita roupa. Maila provavelmente as jogou fora quando eu finalmente a demiti daqui. Dois anos em que eu não me relacionava seriamente com alguém, e quando finalmente abri o meu coração, aquela maldita o quebrou. Se eu ao menos tivesse raciocinado por um minuto... Se eu não tivesse assinado o maldito papel... Andei sem roupas pelo escritório, esperando que a minha assistente voltasse, mas já se passou quinze minutos desde que ela saiu, e eu ainda continua a esperar. Andei até os quadros agressivos presos nas minhas paredes e pensei no maldito erro do projeto. Maila me custou alguns milhões, e essa merda me custará ainda mais... Uma bebida seria o ideal agora. Andei até o armário e me servi. Só estava tentando afogar a maldita amargura que se instalou em mim.A porta se abriu. Os olhos dela eram incapazes de me olhar, e eu precisava admitir que achava, ao menos, adorável... O que havia da senhorita Clarke que me fazia acha-la ad
As pessoas me encaravam como se eu estivesse ao lado de uma aberração, e eu senti uma maldita vergonha por isso. Caminhei ao lado dela, e me sentei em uma mesa reservada para seis pessoas. A senhorita Clarke tentava manter a postura, embora estivesse sempre demonstrando um pouco de corcunda, ao ficar sempre com os ombros para baixo. Puxei a cadeira, mas ela se sentou em outra, totalmente alheia ao meu gesto. Eu odeio ser um homem cavalheiro com quem não presta atenção. Revirei os olhos, ainda segurando a maldita cadeira aberta, e então me sentei na cadeira que deveria ser dela. Uma garçonete andou até nós, levando com ela os cardápios. Encarei a senhorita Livy Clarke, e eu consegui notar cada traço de decepção nos olhos dela. Provavelmente pensava no quanto aquilo parecia absurdo, mas esqueça, não somos um casal e jamais vamos ser. – O que você quer comer? – Não sei. Não entendo muito do que está escrito aqui. – Não faz mal. É só me dizer do que gosta. Mas ela continuava encara
– Chega! – Bati o punho na mesa. – Você poderia deixar ela falar? – Não estava confiante, mas se ela ao menos pudesse convence-los. – Sei que o senhor tem tempo para nos dar. – Nós não temos. Ela o encarou. Nem parecia a mesma mulher medrosa de sempre. – Acredito que o senhor precisará de muito mais tempo se pedir um projeto em outra empresa. Entende que tudo terá que começar do princípio? – Entendo, senhorita, mas... – Mas estamos falando de meses de testes e projetos. Eu não acredito que o ministro da defesa fique satisfeito. Os homens se olharam. – E de quanto tempo estamos falando? – Dois dias? Eles olharam um para o outro novamente, e eu estava ali, paralisado. Esse tipo de coisa nunca aconteceu comigo. Ninguém jamais lutou por mim como ela fazia naquele momento. – Dois dias. Está bem! Mas nem mais um segundo. Ela os encarou e sorriu. – Entendo que estão com pressa, mas sei que esperariam por mais. – Mas... – Não se preocupem, não vai ser necessário.– Muito bem, senh