Eu abri os meus olhos assustada. O estrondo forte quase me fez cair do sofá. Eu remexi as minhas pernas desesperadamente, e gritei, apavorada. Tinha os olhos tão arregalados que eles quase saltavam do meu rosto. Coloquei a mão da minha barriga saliente e implorei para que, o que quer que tenha acontecido, não machucasse o meu bebê. Usei o lençol para proteger a barriga, e esconder a roupa pouco coberta que eu usava naquele momento. As minhas mãos estavam tremendo, a medida em que eu, silenciosamente cobria o meu rosto com o cobertor, deixando de fora, os meus pés. Orava baixinho, tentando não fazer barulho na escuridão da sala. Mas eu podia ver o clarão que me alcançava novamente, quando a porta quebrada foi novamente escancarada, batendo contra a parede. Eu tentava a todo custo não gritar. Eu precisava manter a respiração normal. ‘Um dois, um dois, um dois. Lembre-se das aulas de parto’, eu pensava, enquanto uma leve dor começa a irradiar para a minha coluna. Os passos foram se apr
– O que diabos aconteceu com a minha porta? Eu escutei a voz masculina atrás de mim. Meus pés pareciam flutuar. Era como se eu estivesse completamente fora do meu corpo. Encarei o homem no topo da escada, usando nada além de um robe. Eu sabia o que ele estava fazendo a segundos atrás, antes que eu invadisse aquela casa. – Eu queria mesmo te ver... Mas os meus olhos se desviaram para a Livy Clarke. Eu sabia que ela estava decepcionada comigo, e cada palavra que eu liberava, servia apenas para que os olhos dela caíssem um pouco mais. Logo, ela se arrastaria pelo chão. E quanto a mim? Eu ainda sabia ser sarcástico, mas não havia como disfarçar o ciúmes queimando o meu peito. Eu a olhava, e odiava sentir tanta raiva, não que eu pudesse admitir para mim mesmo naquele momento. Mas quando a Livy olhava para aquele idiota, algo dentro de mim se contorcia. – O que está acontecendo? Eu disse que não era nada. Volte para a cama! – Uma voz gritou, acendendo as luzes a medida que os passos av
Eu entrei em desespero, tentando entender por que ela estava gritando tão alto. O que estava acontecendo? E por que ela estava tão molhada... Dei dois passos para trás, enquanto segurava nos braços da Livy Clarke. O meu corpo se inclinou para baixo, para ver o que acontecia, e ela também... Mas quando ela o fez, parecia sentir tanta dor... – Meu deus... Eu tenho... Eu tenho que ir... – Os olhos dela estavam desesperados. – Para onde? Por que? O que... – Eu nem mesmo sabia o que dizer a ela. Agia como um verdadeiro pateta. – Eu tenho que ir ao hospital. – Ela avisou, e então, um grito leve ecoou de sua garganta. – Por que? Você está com dor? Ela respirava fundo. “um, dois, três...”, o juan contava, olhando para o relógio preso na parede. – Por favor, pegue a minha bolsa, Jhon... – Ela nem mesmo parecia me enxergar ali. Mas eu, ah, eu só tinha olhos para ela.– Alguém pode me dizer o que está acontecendo? – esbravejei. Mas aquele um, dois, um, dois, continuava a me irritar. Eu dev
– Tem algo de errado. Tem algo errado com o bebê. – a minha voz repetia o tempo inteiro, enquanto os meus olhos se fechavam. Minha cabeça tombou para o lado, e eu podia ver a aflição do senhor Hardin. Ele se sente culpado. Culpa... E não quer perder a funcionária de ouro. Ele é um monstro, e eu odeio... Se eu perder o meu bebê por tudo que ele fez... O carro se movimentava em alta velocidade, e eu mal conseguia enxergar a paisagem do lado de fora. Quando ele finalmente parou em frente ao hospital, abriu a porta e correu na minha direção, mas eu já havia levantado. Estava com o corpo curvado, incapaz de andar reta novamente. Essa dor na coluna havia se estendido para todo o resto, e eu dava tantos tapas nas costas, tentando aliviar tudo aquilo. Mas a barriga também estava doendo, e nela eu não poderia bater. Os meus olhos estavam cheios de lágrimas e de desespero quando ele tentou pegar na minha mão. – Não! – Eu o encarei. – Não toque em mim. – Livy... Eu só quero te ajudar. Deixa,
Eu sentia cada pedaço do meu peito se rasgando. Eu estava ali, do lado de fora daquele hospital. Eu sou um covarde, eu sou incapaz de entrar. Que droga! O que eu estava fazendo? O que eu fiz a ela? Como eu consegui machuca-la tanto a esse ponto? Coloquei as minhas mãos na cabeça e esfreguei. O meu rosto estava pálido, e dolorido ao mesmo tempo. Enquanto isso, os meus olhos se arregalaram para impedir as lágrimas de descer. A minha memoria só voltava para aquela mesma cena. Eu só conseguia pensar em como já estive naquele hospital antes. Foram tantas... Tantas perdas. Três bebês. Três abortos espontâneos antes de que a gravidez chegasse ao final. Mas aquilo não parecia tão terrível quando o pior aconteceu depois. Que ela não conseguia chegar até o final de uma gestação não havia sido surpresa. A Maila nunca foi uma mulher zelosa ou cuidadosa com os seres dentro da barriga. Mas o último... Ah, aquele último bebê me fez casar com ela. Ela parecia diferente, embora ainda bebesse vinho d
Quase quatro horas depois, e eu estava deitada em uma cama, sentindo tanta alegria que mal podia me controlar. Olhei para a poltrona ao lado, e Juan dormia, bem ali, segurando sua revista de cabeça para baixo. Era evidente que ele estava cansado, e agora, provavelmente sem emprego. – Juan? – Perguntei. – Juan, por favor... – A minha voz estava fraca, e a minha garganta ardia como chamas. Olhei ao redor, até que ele finalmente acordou. Ao se espreguiçar, as pernas dele se esticaram, assim como a camisa, e lá estava, aquele abdômen nenhum pouco reto, e que me confortou tantas vezes. – Acho que vou buscar um café. – Melhor ir para casa. – E você? Não posso te deixar sozinha. – Eu não estou mais sozinha. Nunca mais vou estar! – Olhei para baixo. Os meus braços estavam agarrados a figura minúscula. – Isso é verdade! – Juan disse, se aproximando de mim. As mãos dele foram direto para a pequena cabeça do bebê. – Ela é tão linda... Nós já temos um nome? – Ela é muito perfeita, não é? N
Eu quase podia escutar cada batimento acelerado no meu peito. – O que disse? – Eu fiz tudo aquilo por ciúmes. Eu quase enlouqueci tentando me convencer de que não gostava de você como mulher, e que éramos apenas amigos, mas eu cansei. Eu te amo, e eu te quero agora. Eu quero levar você para casa assim que sair daqui, e eu quero nunca mais errar ficando do lado de fora quando tivermos outro bebê. Os meus olhos brilhavam, mas eu estava confusa... àquilo era algo que eu havia sonhado por muito tempo. Mas assim? – Você sabe que não será assim. Você mal conseguia olhar para a minha barriga. Então, como posso saber que não vai rejeita-la? Hardin se ajoelhou e ainda assim, continuava alto. Ele parou com seus olhos tão perto dela, e a beijou no topo da cabeça molinha e com nada mais que cinco fiapos de cabelo muito fino e escuro.– Eu não sei se alguém nesse mundo conseguiria rejeitar algo assim... – Os olhos dele pareciam tão vidrados. Era como a primeira vez em que alguém via o mar bril
Eu estava tão confusa que quase podia rir de toda aquela situação. Eliot não tinha que se apresentar para mim, era claro o quanto eu o conhecia. Melhor amigo do Hardin, e também, o vice presidente da RageTech. Talvez ele me achasse uma idiota por acreditar que eu não saberia quem ele era. – O Hardin acabou de sair daqui. Ele estava tão sério. Seu rosto formava uma sombra escura e perturbada no canto da parede, e subitamente, senti o desejo de agarrar a minha nos meus braços. Eu tinha que protege-la do mundo. – Eu sei. Eu o vi sair. Na verdade. – Ele sorriu, mas havia algo de estranho nos dentes dele. A forma como os lábios se contorciam, ah, eu odiava aquilo. Ele nunca me inspirou confiança, embora tenha sido sempre gentil comigo. – Na realidade, eu só estava esperando que ele a deixasse em paz por um momento. – Então por que... – Eu estava tão confusa. Tentei me posicionar melhor naquela cama, mas eu ainda sentia tanta dor... – Por que veio aqui? Não deveria estar no acidente das