Quase quatro horas depois, e eu estava deitada em uma cama, sentindo tanta alegria que mal podia me controlar. Olhei para a poltrona ao lado, e Juan dormia, bem ali, segurando sua revista de cabeça para baixo. Era evidente que ele estava cansado, e agora, provavelmente sem emprego. – Juan? – Perguntei. – Juan, por favor... – A minha voz estava fraca, e a minha garganta ardia como chamas. Olhei ao redor, até que ele finalmente acordou. Ao se espreguiçar, as pernas dele se esticaram, assim como a camisa, e lá estava, aquele abdômen nenhum pouco reto, e que me confortou tantas vezes. – Acho que vou buscar um café. – Melhor ir para casa. – E você? Não posso te deixar sozinha. – Eu não estou mais sozinha. Nunca mais vou estar! – Olhei para baixo. Os meus braços estavam agarrados a figura minúscula. – Isso é verdade! – Juan disse, se aproximando de mim. As mãos dele foram direto para a pequena cabeça do bebê. – Ela é tão linda... Nós já temos um nome? – Ela é muito perfeita, não é? N
Eu quase podia escutar cada batimento acelerado no meu peito. – O que disse? – Eu fiz tudo aquilo por ciúmes. Eu quase enlouqueci tentando me convencer de que não gostava de você como mulher, e que éramos apenas amigos, mas eu cansei. Eu te amo, e eu te quero agora. Eu quero levar você para casa assim que sair daqui, e eu quero nunca mais errar ficando do lado de fora quando tivermos outro bebê. Os meus olhos brilhavam, mas eu estava confusa... àquilo era algo que eu havia sonhado por muito tempo. Mas assim? – Você sabe que não será assim. Você mal conseguia olhar para a minha barriga. Então, como posso saber que não vai rejeita-la? Hardin se ajoelhou e ainda assim, continuava alto. Ele parou com seus olhos tão perto dela, e a beijou no topo da cabeça molinha e com nada mais que cinco fiapos de cabelo muito fino e escuro.– Eu não sei se alguém nesse mundo conseguiria rejeitar algo assim... – Os olhos dele pareciam tão vidrados. Era como a primeira vez em que alguém via o mar bril
Eu estava tão confusa que quase podia rir de toda aquela situação. Eliot não tinha que se apresentar para mim, era claro o quanto eu o conhecia. Melhor amigo do Hardin, e também, o vice presidente da RageTech. Talvez ele me achasse uma idiota por acreditar que eu não saberia quem ele era. – O Hardin acabou de sair daqui. Ele estava tão sério. Seu rosto formava uma sombra escura e perturbada no canto da parede, e subitamente, senti o desejo de agarrar a minha nos meus braços. Eu tinha que protege-la do mundo. – Eu sei. Eu o vi sair. Na verdade. – Ele sorriu, mas havia algo de estranho nos dentes dele. A forma como os lábios se contorciam, ah, eu odiava aquilo. Ele nunca me inspirou confiança, embora tenha sido sempre gentil comigo. – Na realidade, eu só estava esperando que ele a deixasse em paz por um momento. – Então por que... – Eu estava tão confusa. Tentei me posicionar melhor naquela cama, mas eu ainda sentia tanta dor... – Por que veio aqui? Não deveria estar no acidente das
O meu sorriso ainda estava estampado no rosto. Que maldita piada de mal gosto. Como ele conseguia fazer isso com uma mulher que quase morreu a tão pouco tempo. Meu sorriso estava se desfazendo lentamente, mas o rosto dele continuava impassível. – Como descobriu? Como você soube? – Sobre o que? O seu marido Daren? – Sim! Desde quando sabe disso? – Desde que pisou na empresa. Senhorita Clarke, eu estava naquele anúncio que o seu ex marido fez. E se me permite dizer, nunca tinha visto tamanha covardia. Abaixei a minha cabeça. Eu estava envergonhada demais, apenas por me lembrar. Coloquei a mão no topo da cabeça, mas eu preferia estar escondendo o meu rosto em um buraco bem fundo. – Obrigada . – Por? – Por não ter contado ao Hardin. Eu sei que ele faz uma péssima opinião sobre mim. Ao menos fazia, não é? Eu preciso de tempo para contar a verdade. Talvez ele conheça o Daren... – Senhorita Clarke, acho que não me ouviu. Ou talvez eu simplesmente não tenha me expressado direito. É ób
– O que você sabe? O que mais você sabe! – Gritei. – Diga! – Então olhei para a minha filha, e ela ainda estava dormindo ao lado. – O senhor Holloway era um homem muito difícil. – Eu sei. E o que tem a ver? – Sua mãe foi um caso dele. Sabe que ele nunca, realmente respeitou a esposa, enquanto ela estava viva. Ele teve muitas mulheres, como eu sempre imaginei. – Você fala, fala, mas nunca chega a lugar algum. Eu não consigo entender o que diz. Eu... Por que você não pode simplesmente falar? – Senhorita Clarke, eu sei que é difícil, mas precisa saber que Hardin deveria ter se casado com você desde o princípio. O seu pai o afastou da casa por que vocês deveriam se casar. Ele nunca quis que se vissem como irmãos. Ele sempre soube que o Hardin era galanteador, e educado. Não como o idiota do Daren... – Hardin era... Como? Eu não consigo entender. O que aconteceu? Por que ele não se casou? Eliot estava tão sério, e me olhou como se perdesse a coragem de contar. – Ele amava outra mulh
– Herdeira? – Eu ri novamente, mas as mãos do Eliot apertavam as minhas bochechas. Ele não parava de olhar para os meus lábios, e eu estava começando a ficar com raiva por isso. – O senhor Holloway deixou tudo que tinha para você. Quem se casasse, deveria cuidar de tudo para você. Ser o novo presidente... Você seria uma lady perfeita, e tudo estaria bem. – Ficou maluco? Por que acha que o senhor Holloway deixaria tudo para mim? Ele dormiu com a minha mãe. Ok, eu já desconfiava. Na verdade, acho que sempre soube, mas não queria admitir que a minha mãe fosse capaz. Por tantos anos, cuidando da esposa do senhor Holloway, e depois dormir com ele a noite... Mas ele não era um velho tolo. Ele jamais deixaria sua riqueza para uma garota qualquer. – Você nunca foi uma qualquer. Você era... – A favorita. Eu sei! Eu sei que fui criada como uma pessoa da família, mas é o que sempre dizem as suas caridades, não é? Ah sempre a mesma história da garota que foi criada como filha, como uma igual,
Desci do carro usando o habitual óculos escuros da tragédia. Eu odiava ter que pensar que lidaria com fotógrafos, ou jornalistas. Eu estava preocupado demais para pensar em qualquer coisa. O meu coração estava dividido. Esse não era o lugar onde eu deveria estar, não eram essas pessoas que eu queria ver. Eu só desejava estar assinando aqueles papéis agora. Eu desejava escrever o meu nome em uma certidão de nascimento, e se ela me aceitasse, de casamento. Precisava me lembrar de comprar um anel antes de voltar a ver a minha Livy Clarke. Caminhei pelo curto espaço entre o carro, até o portão da fabrica. Um segurança abriu a porta, e eu estava sempre muito formal. Olhava ao redor, embora não movesse um único centímetro da cabeça. Tudo parecia vazio demais. Aonde estavam os jornalistas, os fotógrafos? Aonde estavam todos? Eu esperava encontrar uma grande tragédia, mas não havia nada naquele lugar, além de um carro de bombeiros e um supervisor angustiado. – O que aconteceu? – Questionei.
– Suas? – Andei até o Eliot. Estava os tão próximos, que eu podia sentir o cheiro da Livy Clarke nele. Aquilo queimou o meu peito como fogo. Eu estava ainda mais irritado. O meu punho fechado tentava controlar-se em um tremor, apenas para não quebrar aquele maldito nariz grande. – Com que direito dá ordens aos meus funcionários? Como ousou me tirar do hospital, quando eu estava fazendo a única coisa importante da minha vida! Eliot ergueu o queixo. Os olhos dele estavam cheios de lágrimas. Por que ele queria chorar? Que imbecilidade... – Eu tinha que evitar que você fizesse uma loucura. Como você pôde acreditar naquela mulher ridícula? Como você conseguiu se declarar para ela? – Como sabe disso? Você falou mesmo com ela, não foi? Você não tinha esse direito. – Apontei o dedo para ele. Estava olhando as minhas mãos cheias de anéis, e pensando nas marcas que eu deixaria, se ao menos o socasse uma vez. – Eu tinha. Eu era o seu melhor amigo. Eu precisava evitar que você cometesse a pior