Desci do carro usando o habitual óculos escuros da tragédia. Eu odiava ter que pensar que lidaria com fotógrafos, ou jornalistas. Eu estava preocupado demais para pensar em qualquer coisa. O meu coração estava dividido. Esse não era o lugar onde eu deveria estar, não eram essas pessoas que eu queria ver. Eu só desejava estar assinando aqueles papéis agora. Eu desejava escrever o meu nome em uma certidão de nascimento, e se ela me aceitasse, de casamento. Precisava me lembrar de comprar um anel antes de voltar a ver a minha Livy Clarke. Caminhei pelo curto espaço entre o carro, até o portão da fabrica. Um segurança abriu a porta, e eu estava sempre muito formal. Olhava ao redor, embora não movesse um único centímetro da cabeça. Tudo parecia vazio demais. Aonde estavam os jornalistas, os fotógrafos? Aonde estavam todos? Eu esperava encontrar uma grande tragédia, mas não havia nada naquele lugar, além de um carro de bombeiros e um supervisor angustiado. – O que aconteceu? – Questionei.
– Suas? – Andei até o Eliot. Estava os tão próximos, que eu podia sentir o cheiro da Livy Clarke nele. Aquilo queimou o meu peito como fogo. Eu estava ainda mais irritado. O meu punho fechado tentava controlar-se em um tremor, apenas para não quebrar aquele maldito nariz grande. – Com que direito dá ordens aos meus funcionários? Como ousou me tirar do hospital, quando eu estava fazendo a única coisa importante da minha vida! Eliot ergueu o queixo. Os olhos dele estavam cheios de lágrimas. Por que ele queria chorar? Que imbecilidade... – Eu tinha que evitar que você fizesse uma loucura. Como você pôde acreditar naquela mulher ridícula? Como você conseguiu se declarar para ela? – Como sabe disso? Você falou mesmo com ela, não foi? Você não tinha esse direito. – Apontei o dedo para ele. Estava olhando as minhas mãos cheias de anéis, e pensando nas marcas que eu deixaria, se ao menos o socasse uma vez. – Eu tinha. Eu era o seu melhor amigo. Eu precisava evitar que você cometesse a pior
Entrei na sala do Eliot, no dia seguinte. A minha cabeça ainda estava doendo depois de tudo. Passar a noite me afogando em um bar não parecia mais uma ideia tão boa agora. Os meus olhos vasculharam a sala, e sua decoração prestes a mudar. Eliot se levantou, segurando uma pilha de papeis e as enfiando em duas grandes caixas. Um porta retratos, uma pasta, e algumas revistas indiscretas, e era tudo que ele tinha ali dentro. – Aonde ela está? Ele ainda continuava a guardar suas coisas dentro de caixas de papelão. – Ela quem? – A Livy. Eu quero saber para onde ela foi. Eu preciso saber aonde ela levou a minha filha! – Sua filha? – Eliot riu, balançou a cabeça, e voltou a sua atenção aos papéis. – Eu não tenho que te explicar nada. – eu sentia o meu peito ardendo cada vez mais. Eu estava sentindo falta de ar, como se ela fosse a minha respiração, e agora tudo se foi. – Eu e Livy Clarke temos que conversar. Ele ergueu o corpo. Os olhos do Eliot me encararam, e eu sabia que ele tinha c
Daren Holloway Eu derrubei uma pilha de papéis inúteis quando coloquei a bunda deliciosa de uma secretária em cima da mesa. Levantei o vestido dela, e dei um tapa. Estávamos nos beijando, tão frenéticos. Aquilo não era nada demais, eu ainda amava a Maila. Homens são assim, e não podemos misturar as coisas. O telefone não parava de tocar, e aquilo estava começando a me deixar irritado. Por que tirar a concentração de um homem como eu? Daren é o mais perfeito na cama. Daren não pode falhar. Tirei a camisa e continuei as minhas sessões de beijos. Eu não tinha certeza se havia feito tudo certo, e menos ainda, se havia trancado a porta do escritório. Não que isso importasse de algo. Todos sabiam sobre os meus casos na empresa, e não era nada demais. Mas eu soube instantaneamente que havia cometido um erro quando a porta se abriu. Eu sentia a brisa gelada batendo na minha bunda nua. A secretária no meio das minhas pernas, com seu batom borrado. Então ela largou o que estava fazendo, olho
Meu telefone não parava de tocar desde o dia anterior, mas não havia nada que eu quisesse fazer. Abri a porta da mansão, e tudo parecia estranho. Desde que Livy Clarke se foi, a minha cobertura no hotel se tornou um pesadelo. Era como estar entrando num vazio. Sentei no sofá e olhei o lustre pendurado no teto. A foto da barriga na parede era irritante, e só me lembrava de tudo que eu perdi, outra vez. Me levantei rápido, subi em um móvel qualquer, e então o arremessei no chão. Lá se foi, aquela maldita foto. Droga... Eu estava cansado de tudo. Peguei o meu telefone – Daren Holloway chamando... – Deslizei o dedo para o lado. Eu não tinha que lidar com ele agora. Entrei na agenda e liguei para Livy Clarke mais uma vez. Ela devia estar em algum lugar, mas seu número sequer voltava a chamar. A caixa de mensagens estava preenchida com todos os meus áudios para ela. Por que? Por que Livy me desejava esse inferno tão grande? Entrei na galeria e abri a foto que tirei escondido, enquanto e
Olhava pela janela, segurando a pequena bebê nos meus braços. Meus olhos ainda insistiam em derramar-se em lágrimas. Eles ardiam tanto que pareciam estar prontos para se derreter. Olhei atrás de mim, e a porta se abriu. Juan sorriu, mas eu sabia que ele estava se esforçando muito para manter algum grau de sanidade em mim. – O que aconteceu? Ele retirou o casaco. Estava completamente molhado, e sua roupa pingava no carpete do hotel. – Nada! Eu estou ótimo. E como você está? – Juan, eu te conheço. Você não está bem. – Ah, querida. Você já tem problemas demais. – Juan passou as mãos pelo cabelo, e eles estavam perfeitamente alinhados e molhados, grudados em sua cabeça. – Eu não quero te preocupar ainda mais. Não quero que se sinta sobrecarregada. Nesse momento, só você importa! – O que aconteceu? – Nada! Nada demais... – Juan exibiu o semblante de quem pretendia chorar, mas estava se segurando ferozmente para impedir suas lágrimas. – Segura a Maive. – Ordenei. Juan a segurou, e e
– Isso é ridículo. Eu não vou comer isso, Juan! – Ah, você vai! Eu quero que você esteja perfeita quando tiver que encontrar aqueles... Miseráveis... – Juan praguejou. – É só um pouco de barriga. Não vai fazer diferença. Ninguém se importa! – Se importam sim! Já faz um mês que teve a Maive. Agora, você me prometeu que vai ser uma nova mulher. Anda! – Juan... – Fiz uma careta, mas nada adiantava. Ele continuava a bater aqueles sapatos irritantes contra o chão. – Ótimo, eu me rendo.– Acho bom! – Ele se virou, e balançou a cabeça quando saiu da cozinha. Eu sabia que ele ainda estava triste pelo John, mas tudo isso mudaria em poucas horas. Eu comi, tomei banho e me arrumei. Parei na frente do espelho, e eu estava exatamente igual ao que sempre fui. Talvez, o meu cabelo estivesse maior agora, mas era tudo que havia mudado em mim. Calcei os sapatos e abaixei o meu olhar. Eu nunca teria concerto. Eu sempre fui exatamente desse jeito, e talvez por isso, o senhor Holloway preferiu me ver
Os meus olhos percorriam por todos os caminhos que eu podia, apenas para evitar olhar o Daren Holloway. O juiz nos escutou por apenas trinta minutos, antes de se recolher para algum lugar. Eu estava apavorada, e tinha medo do que ele iria dizer. O meu advogado se inclinou, direcionando o rosto na minha direção, então eu fiz o mesmo. – O que esta acontecendo? – Perguntei. Ele rapidamente olhou para a frente. O advogado do Daren havia acabado de entrar no gabinete do juiz. Eu juro, o meu coração congelou no momento que o vi ser tão receptivo. – Ele foi cumprimentar o juiz. Nada demais! – Por que não foi também? – Não se preocupe. Não é nada demais. Esse juiz é um homem bastante sério. Ele apenas pediu uma audiência sozinho. – Audiência sozinho? Por que? – O meu rosto estava cheio de medo. – Ele quer contestar as provas. – Que provas? – O testamento do seu pai. Eu me sentei reta novamente, tentei não raspar uma unha na outra. Não queria que ele soubesse o quanto de medo eu esta