Eu, sarcástico, me sentei em uma cadeira de um bar desconhecido qualquer e pedi uma dose de qualquer bebida forte o bastante para me fazer esquecer da maldita cena ruim que eu mesmo criei a segundos atrás. Eu estava olhando as pontas das minhas falanges sangrando, enquanto tentava conter aquela doe intensa no peito. Não dava. Eu simplesmente não conseguia evitar não sentir ciúmes dela. Eu nunca deveria ter me permitido chegar tão perto de uma mulher outra vez. Eu errei. Eu era o chefe, e criei sentimentos que nem mesmo ela o sente, e agora, eu estava aqui, tentando esquecer da forma como ela sorria para outro homem. Como eu me tornei um espectador, quando sempre fui o protagonista das mulheres? Como eu acabei sendo trocado outra vez. Entornei mais uma dose, e então pedi outra. Não... Eu acho que sequer fui uma escolha. Eu acho que ela nunca, nem mesmo cogitou que eu fosse uma possibilidade na vida, e eu não posso culpa-la por isso. Por que seria diferente? A senhorita Clarke jamais
– O cara do que? – Eliot perguntou. – O idiota que eu bati. Agora eu lembro. Ele deveria estar aqui agora. Eu... Como eu não percebi antes... – Encarei a recepção vazia. Andei até lá, e tudo estava silencioso. O telefone começou a toca, e eu o encarei, ali, sem ninguém para atender. – Isso deve ser impressão sua. Aquela mulher é feia, mas parece ser interesseira. Soube que o ex marido dela era muito rico. Um herdeiro. Mas eu não sei porque, não consegui descobrir quem ele é. Deve ser a vergonha. Eliot estava ali, resmungando, mas eu não conseguia prestar atenção em nada que saia da boca dele. Os meus olhos apenas acompanharam a mulher que correu para atender o telefone. – Alô? – Ela o pegou, mas quando o rosto dela se virou para mim, senti o corpo inteiro dela paralisar. Eu sabia que ela estava com medo, receio, e torcia para que eu não dissesse nada a ela. – Desculpe, senhor. Esperou por muito tempo? – O recepcionista. Onde ele esta? – O Juan? – Ela mostrou os dentes, e eu sab
Eu abri os meus olhos assustada. O estrondo forte quase me fez cair do sofá. Eu remexi as minhas pernas desesperadamente, e gritei, apavorada. Tinha os olhos tão arregalados que eles quase saltavam do meu rosto. Coloquei a mão da minha barriga saliente e implorei para que, o que quer que tenha acontecido, não machucasse o meu bebê. Usei o lençol para proteger a barriga, e esconder a roupa pouco coberta que eu usava naquele momento. As minhas mãos estavam tremendo, a medida em que eu, silenciosamente cobria o meu rosto com o cobertor, deixando de fora, os meus pés. Orava baixinho, tentando não fazer barulho na escuridão da sala. Mas eu podia ver o clarão que me alcançava novamente, quando a porta quebrada foi novamente escancarada, batendo contra a parede. Eu tentava a todo custo não gritar. Eu precisava manter a respiração normal. ‘Um dois, um dois, um dois. Lembre-se das aulas de parto’, eu pensava, enquanto uma leve dor começa a irradiar para a minha coluna. Os passos foram se apr
– O que diabos aconteceu com a minha porta? Eu escutei a voz masculina atrás de mim. Meus pés pareciam flutuar. Era como se eu estivesse completamente fora do meu corpo. Encarei o homem no topo da escada, usando nada além de um robe. Eu sabia o que ele estava fazendo a segundos atrás, antes que eu invadisse aquela casa. – Eu queria mesmo te ver... Mas os meus olhos se desviaram para a Livy Clarke. Eu sabia que ela estava decepcionada comigo, e cada palavra que eu liberava, servia apenas para que os olhos dela caíssem um pouco mais. Logo, ela se arrastaria pelo chão. E quanto a mim? Eu ainda sabia ser sarcástico, mas não havia como disfarçar o ciúmes queimando o meu peito. Eu a olhava, e odiava sentir tanta raiva, não que eu pudesse admitir para mim mesmo naquele momento. Mas quando a Livy olhava para aquele idiota, algo dentro de mim se contorcia. – O que está acontecendo? Eu disse que não era nada. Volte para a cama! – Uma voz gritou, acendendo as luzes a medida que os passos av
Eu entrei em desespero, tentando entender por que ela estava gritando tão alto. O que estava acontecendo? E por que ela estava tão molhada... Dei dois passos para trás, enquanto segurava nos braços da Livy Clarke. O meu corpo se inclinou para baixo, para ver o que acontecia, e ela também... Mas quando ela o fez, parecia sentir tanta dor... – Meu deus... Eu tenho... Eu tenho que ir... – Os olhos dela estavam desesperados. – Para onde? Por que? O que... – Eu nem mesmo sabia o que dizer a ela. Agia como um verdadeiro pateta. – Eu tenho que ir ao hospital. – Ela avisou, e então, um grito leve ecoou de sua garganta. – Por que? Você está com dor? Ela respirava fundo. “um, dois, três...”, o juan contava, olhando para o relógio preso na parede. – Por favor, pegue a minha bolsa, Jhon... – Ela nem mesmo parecia me enxergar ali. Mas eu, ah, eu só tinha olhos para ela.– Alguém pode me dizer o que está acontecendo? – esbravejei. Mas aquele um, dois, um, dois, continuava a me irritar. Eu dev
– Tem algo de errado. Tem algo errado com o bebê. – a minha voz repetia o tempo inteiro, enquanto os meus olhos se fechavam. Minha cabeça tombou para o lado, e eu podia ver a aflição do senhor Hardin. Ele se sente culpado. Culpa... E não quer perder a funcionária de ouro. Ele é um monstro, e eu odeio... Se eu perder o meu bebê por tudo que ele fez... O carro se movimentava em alta velocidade, e eu mal conseguia enxergar a paisagem do lado de fora. Quando ele finalmente parou em frente ao hospital, abriu a porta e correu na minha direção, mas eu já havia levantado. Estava com o corpo curvado, incapaz de andar reta novamente. Essa dor na coluna havia se estendido para todo o resto, e eu dava tantos tapas nas costas, tentando aliviar tudo aquilo. Mas a barriga também estava doendo, e nela eu não poderia bater. Os meus olhos estavam cheios de lágrimas e de desespero quando ele tentou pegar na minha mão. – Não! – Eu o encarei. – Não toque em mim. – Livy... Eu só quero te ajudar. Deixa,
Eu sentia cada pedaço do meu peito se rasgando. Eu estava ali, do lado de fora daquele hospital. Eu sou um covarde, eu sou incapaz de entrar. Que droga! O que eu estava fazendo? O que eu fiz a ela? Como eu consegui machuca-la tanto a esse ponto? Coloquei as minhas mãos na cabeça e esfreguei. O meu rosto estava pálido, e dolorido ao mesmo tempo. Enquanto isso, os meus olhos se arregalaram para impedir as lágrimas de descer. A minha memoria só voltava para aquela mesma cena. Eu só conseguia pensar em como já estive naquele hospital antes. Foram tantas... Tantas perdas. Três bebês. Três abortos espontâneos antes de que a gravidez chegasse ao final. Mas aquilo não parecia tão terrível quando o pior aconteceu depois. Que ela não conseguia chegar até o final de uma gestação não havia sido surpresa. A Maila nunca foi uma mulher zelosa ou cuidadosa com os seres dentro da barriga. Mas o último... Ah, aquele último bebê me fez casar com ela. Ela parecia diferente, embora ainda bebesse vinho d
Quase quatro horas depois, e eu estava deitada em uma cama, sentindo tanta alegria que mal podia me controlar. Olhei para a poltrona ao lado, e Juan dormia, bem ali, segurando sua revista de cabeça para baixo. Era evidente que ele estava cansado, e agora, provavelmente sem emprego. – Juan? – Perguntei. – Juan, por favor... – A minha voz estava fraca, e a minha garganta ardia como chamas. Olhei ao redor, até que ele finalmente acordou. Ao se espreguiçar, as pernas dele se esticaram, assim como a camisa, e lá estava, aquele abdômen nenhum pouco reto, e que me confortou tantas vezes. – Acho que vou buscar um café. – Melhor ir para casa. – E você? Não posso te deixar sozinha. – Eu não estou mais sozinha. Nunca mais vou estar! – Olhei para baixo. Os meus braços estavam agarrados a figura minúscula. – Isso é verdade! – Juan disse, se aproximando de mim. As mãos dele foram direto para a pequena cabeça do bebê. – Ela é tão linda... Nós já temos um nome? – Ela é muito perfeita, não é? N