Três meses se passaram desde aquela noite. Emma havia tentado seguir em frente, mantendo sua rotina diária como se nada tivesse mudado. A vida no escritório, as reuniões, os relatórios... Tudo parecia uma repetição do que ela conhecia. Ela se sentia sobrecarregada, mas não permitia que nada a desviasse do caminho que havia escolhido para si mesma.

Apesar disso, ela não podia negar que algo estava acontecendo com seu corpo. As roupas começavam a apertar, especialmente na região do abdômen. Mas Emma tentou ignorar os sinais, dizendo a si mesma que talvez fosse só estresse, ou até mesmo a dieta errada. Não queria pensar muito nisso. Ela tinha uma vida a manter e uma rotina a seguir.

Mas naquela manhã, ao acordar, algo a fez parar por um momento. Quando foi ao banheiro, percebeu que estava com náuseas — algo que nunca havia acontecido antes. Ela tentou afastar o pensamento, mas a sensação era inescapável. Quando se olhou no espelho, o rosto parecia mais pálido do que o normal. Sua mente se encheu de dúvidas, mas, novamente, ela empurrou os pensamentos para longe. Não era possível.

Ela estava no trabalho quando, durante uma reunião importante, teve que sair correndo para o banheiro. A náusea estava piorando, e Emma começou a se preocupar. Quando olhou para o espelho do banheiro, o medo se instalou em seu peito. As mudanças em seu corpo eram mais evidentes do que ela queria admitir. Ela sabia que algo estava acontecendo, mas não queria aceitar a verdade.

Foi nesse momento que Emma se lembrou do que, há três meses, havia tentado esquecer. A noite com Daniel. A única noite com ele. O pensamento de que talvez... talvez fosse isso que estava causando tudo. Mas, para ter certeza, ela sabia que precisava fazer o teste.

Depois de sair ñ do trabalho naquele dia, como se estivesse em um transe. Comprou um teste de gravidez sem hesitar, mas o caminho de volta para casa parecia uma eternidade. O peso do que poderia estar prestes a descobrir quase a paralisava, mas ela não tinha escolha. Precisava saber.

Em casa, com a porta do banheiro fechada atrás de si, ela fez o teste. Sentiu uma tensão no ar, como se o próprio universo estivesse esperando para ver o que aconteceria. O tempo parecia desacelerar enquanto o resultado aparecia lentamente na tela do teste. Quando viu a linha aparecer, a confirmação veio como um golpe de realidade, não podia acreditar no que estava a ver: Ela estava grávida.

Emma sentiu uma onda de choque tomar conta de seu corpo. Ela olhou fixamente para o teste, como se estivesse esperando que desaparecesse, mas ele permaneceu lá, inegável. Grávida. Ela não sabia o que fazer com essa informação. O que isso significava para sua vida? Para o futuro?

A lembrança da noite com Daniel a invadiu de imediato. Ele estava em sua mente novamente, como se tudo o que ela havia tentado esquecer voltasse com força total. Mas havia algo mais agora, algo que tornava tudo ainda mais complicado. Ele não era apenas um homem com quem ela tinha se passado a noite. Ele era algo muito maior, muito mais perigoso. Ele estava envolvido com a máfia, e ela sabia disso agora. Mas o pior era que ela não sabia como lidar com isso.

O medo tomou conta de Emma. Ela não queria que Daniel soubesse. Ele não se importaria. E mais do que isso, ela não queria se envolver com o mundo dele. A ideia de estar ligada a ele, a esse universo sombrio, a aterrorizava. Mas, mais do que qualquer coisa, ela sabia que precisava manter isso em segredo. Ela não podia permitir que ninguém soubesse, especialmente ele. Ela precisava de tempo para pensar, para decidir o que fazer.

Nos dias que se seguiram, Emma tentou retomar sua rotina como se nada tivesse mudado. Ela não podia deixar que a gravidez fosse descoberta, nem mesmo por seus colegas maispróximos. As mudanças em seu corpo começaram a ser mais visíveis, mas ela fazia de tudo para esconder, usando roupas largas e evitando interações mais próximas com os outros.

Cada dia parecia um teste. O medo de ser descoberta estava sempre ali, rondando cada um de seus passos. Emma se perguntava o tempo todo: "E se alguém perceber?" Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, não conseguiria esconder para sempre. Mas ela não sabia o que fazer, e o pensamento de que Daniel poderia descobrir a qualquer momento a deixava em pânico. Ela não queria que ele soubesse. Ele não a procuraria, não se importaria, mas a simples ideia de envolvê-lo nesse segredo a fazia sentir que sua vida estava em perigo.

Enquanto Emma tentava manter tudo sob controle, Daniel permanecia ausente de sua vida. Ela não o procurou, e ele, aparentemente, não a procurou também. A única lembrança que restava dele era a sensação de ter sido tocada por algo que ela não conseguia compreender. Ela tinha dúvidas se ele não voltaria para ela. Não se importaria com o que estava acontecendo. E isso, de certa forma, a aliviava, mas também a fazia se sentir insegura.

No entanto, Emma sabia que não poderia continuar fugindo. Ela tinha um futuro para cuidar — o futuro de seu filho. Mas, enquanto o medo e a insegurança a consumiam, ela se perguntava: até quando poderia esconder esse segredo?