O Peso da Decisão

Nos dias seguintes à descoberta da gravidez, Emma não conseguiu mais se concentrar no trabalho. A ansiedade a consumia a cada reunião, a cada tarefa que precisava ser cumprida. Cada olhar de seus colegas parecia mais pesado, como se eles pudessem perceber que algo estava errado. Seu corpo já estava dando sinais claros de mudança, e ela não sabia por quanto tempo conseguiria esconder o segredo.

Foi então que a ideia surgiu, como uma válvula de escape. Mudar de ambiente. Emma pensou em pedir transferência para outra filial da empresa, longe de todos os olhares curiosos e da pressão que sentia. A ideia parecia perfeita. Em uma nova cidade, ela poderia recomeçar sua vida, longe das lembranças de Daniel e da constante lembrança de sua gravidez.

Em um dia comum no escritório, Emma entrou na sala do seu chefe, um homem de meia-idade, sempre cordial, mas com uma expressão de preocupação. Ele sabia que algo estava acontecendo, mas nunca perguntou diretamente. Emma não tinha tempo a perder. Ela respirou fundo, controlando a ansiedade que se formava no fundo de sua garganta.

— Senhor Harris, eu queria discutir uma possibilidade com você — começou Emma, tentando manter a calma.

O chefe a olhou com interesse. — Claro, Emma. O que você tem em mente?

— Eu gostaria de pedir uma transferência para a filial em Boston. Acho que seria uma boa oportunidade para um novo começo, para focar mais em meu trabalho e me distanciar de tudo que tem me afetado aqui.

Harris a observou por um momento, com um olhar que demonstrava uma mistura de surpresa e curiosidade. Ele conhecia Emma o suficiente para saber que ela não tomaria uma decisão dessas sem um motivo sério.

— Entendo. Boston é uma excelente filial. Você já tem experiência suficiente para fazer a mudança. Mas você está certa de que é isso que quer? Sei que as coisas aqui têm sido intensas, mas não seria mais fácil resolver isso de outra forma?

Emma se sentiu pressionada, mas não podia hesitar. Ela já sabia que precisava disso.

— Sim, senhor. Acho que uma mudança de ambiente me ajudaria a seguir em frente. Eu realmente preciso disso.

Após uma breve pausa, o chefe assentiu.

— Muito bem, Emma. Vamos providenciar a transferência o mais rápido possível. Você sabe que sempre pode contar conosco, certo?

Emma sorriu, aliviada. A decisão estava tomada. Agora, era só esperar para que tudo fosse organizado. Mas havia uma pessoa com quem ela precisava conversar primeiro.

Sarah, a amiga leal

A notícia de sua transferência não era algo que Emma queria guardar para si mesma. Ela sabia que, para lidar com essa nova fase, precisaria do apoio de alguém em quem confiasse completamente. E Sarah, sua amiga leal, era a pessoa perfeita.

Sarah sempre foi mais extrovertida, a amiga que a puxava para fora da zona de conforto, que a incentivava a viver novas experiências. E, embora Emma tivesse medo de como Sarah reagiria ao saber da gravidez, ela sabia que não podia continuar sozinha nesse processo.

Quando as duas se encontraram no café de sempre, Emma estava nervosa. Mas sabia que Sarah, com seu jeito direto e compreensivo, entenderia.

— Sarah, eu preciso conversar com você — disse Emma, com a voz baixa, enquanto mexia em sua xícara de café.

Sarah a olhou com curiosidade. — O que aconteceu? Está tudo bem?

Emma respirou fundo, sentindo a pressão da revelação. — Eu pedi transferência para Boston. Eu... preciso de uma mudança. A situação aqui está... difícil.

Sarah franziu a testa, percebendo a seriedade no tom de Emma. — Boston? Uau, isso é grande. Você tem certeza disso?

Emma hesitou por um momento, mas então a verdade veio à tona, de forma brusca. — Sim, Sarah. E eu quero que você venha comigo.

Sarah a olhou em silêncio, tentando processar o pedido inesperado. — Você quer que eu vá com você para Boston?

Emma assentiu, o olhar carregado de insegurança. — Sim. Eu não posso fazer isso sozinha. Você é a única pessoa em quem eu confio, Sarah. E eu sei que, com você lá, vou conseguir passar por tudo isso.

Sarah sorriu, um sorriso genuíno e acolhedor. — Você sabe que sempre pode contar comigo, Emma. Eu vou com você, sem dúvidas. Não vou deixar você enfrentar isso sozinha. Ela era a única que sabia da sua gravidez.

Emma sentiu um alívio profundo ao ouvir as palavras de sua amiga. Era como se o peso que ela carregava estivesse sendo dividido. Sarah sempre esteve ao seu lado, mas agora, com a gravidez e tudo o mais, ela sentia que precisava mais do que nunca de sua amiga para suportar o fardo que estava prestes a carregar.

Com a transferência para Boston finalmente aprovada e Sarah ao seu lado, Emma começou a se preparar para a mudança. A mudança de cidade não era simples, mas parecia ser a única maneira de escapar da pressão e da ansiedade que a consumiam. Ela precisava de um novo começo, longe dos fantasmas do passado, longe de Daniel e de todos os complicados sentimentos que ele despertava nela.

Enquanto Emma e Sarah organizavam suas coisas e planejava a mudança, Emma não podia deixar de pensar nas consequências de sua decisão. O que ela estava deixando para trás? E, mais importante, o que ela estava levando consigo?

Quando o dia da mudança chegou, Emma se sentiu estranha. Ela estava deixando para trás não apenas sua cidade, mas também a vida que conhecia. A mudança era a sua chance de recomeçar, mas, ao mesmo tempo, sentia que estava fugindo. Fugindo de um segredo que não podia mais esconder. Fugindo de um passado que, inevitavelmente, voltaria para encontrá-la. Mas esperava que não!

Sarah estava ao seu lado, pronta para ajudá-la a enfrentar tudo o que estava por vir. Juntas, elas iriam para Boston, e Emma esperava que a mudança fosse o que ela precisava para se encontrar novamente. Mas, em seu coração, ela sabia que o futuro ainda estava cheio de incertezas.

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