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Capítulo 2 - Desafio aceito 2

Liana

Uma voz imponente interrompeu...

— E nem será, antes de conversarmos! — Aquele era o dono da fazenda, seu olhar em nossa direção foi intimidador.

Diferente do outro, ele era meio esnobe e tinha uma postura de rico medíocre. Barba grisalha e cheirava muito bem, além de ter um corpo bem forte.

— Mandem buscar o Théo na escola, já está na hora e eu preciso entrevistá-la agora!

— Sim senhor, com licença Liana. — Disse o capataz, antes de sair e dar uma última olhada para mim.

— Entre, vamos até meu escritório!

Subimos as escadas, ele ao menos abriu a porta para mim e indicou uma cadeira.

— Já sabe como funcionará o trabalho, duas a três horas diárias de aulas no período da tarde. Meu filho é um bom menino, não costuma dar trabalho para aprender.

— Posso fazer uma pergunta? — Minha dúvida o fez finamente parar de olhar meus papéis e olhar o meu rosto.

— Diga!

— Por que ele deseja aprender alemão? Uma viagem ou...

— Não! Nada que importe dizer, faça seu trabalho e seja o mais discreta possível. Meus peões costumam cortejar em demasia, poderá sair em suas folgas e se quiser ir até a cidade, peça ao motorista com antecedência.

— Estou contratada? — perguntei, observando aquele homem que parecia pensar em tudo, menos no que acontecia dentro da sala.

— Acho que sim, claro se meu filho a aceitar!

Eu já ia sair da sala por completo, mas o ouvi atender uma ligação.

— Vou te ver essa noite, posso? Esqueça esse ciúme estúpido, a professora nem é tão jovem ou bonita.

Fechei a porta, encontrei a empregada.

— Conseguiu?

— Acho que sim, mas só terei certeza quando conhecer o menino!

— Ele é um amor de criança.

Entrei no quarto, o menino demoraria alguns minutos para chegar e eu queria ficar livre do desprazer de ver aquele cara novamente. Eu nunca me importei com a opinião de um homem desde que perdi o único que amei, mas aquele tom esnobe dele me fez sentir ódio.

— Coroa idiota e orgulhoso! Só quero ganhar meu dinheiro e não me importa o que ele pense...

Na hora do almoço, fui chamada para comer na cozinha com os demais empregados e ouvi o menino correr para subir as escadas e apenas muito tempo depois, eu o conheci. Estava em um balanço, sozinho no quintal embaixo de uma imensa mangueira e pensativo... e eu o balancei e nos olhamos de repente.

— Oi Théo, como vai?

— Estou bem! A senhora vai me ensinar a falar em alemão?

Eu sorri e fiquei na frente dele.

— Vai se dedicar a aprender?

— Claro que sim, quando eu encontrar minha mãe quero poder conversar com ela.

— Sua mãe? — perguntei.

— Eu já disse que sua mãe morreu, tem que aceitar Théo. — Bruce chegou novamente sem se denunciar.

— Ela está viva, eu te ouvi falar com ela...

Théo saiu correndo nos deixando a sós, ouvindo o velho balanço no vento.

— A mãe dele está morta e evite esse assunto com ele, certo?

— Sim senhor!

Ruim com os empregados, rude com o filho! O que mais posso esperar de George Bruce?

Eu segui para dentro da casa e ouvi o garoto chorar dentro do quarto dele. Parei na porta e hesitei por um momento antes de falar:

— Posso entrar?

Ele me olhou, mas não disse nada. Respirei fundo e entrei devagar, fechando a porta atrás de mim. Me abaixei ao seu nível, fazendo contato visual com ele.

— Eu vim de longe para ensinar você. Se me deixar sozinha, entenderei que não me quer aqui e irei embora!

Théo continuou com a cabeça entre as pernas, claramente resistindo à minha presença. Já estava me virando para sair do quarto quando ouvi sua voz sussurrar:

— Espera!

Me virei rapidamente, surpresa e, ao mesmo tempo, esperançosa. Um sorriso tímido surgiu em meus lábios enquanto ele me permitia ficar. Aproveitei o momento para observar a decoração incrível de super-heróis que preenchia o quarto dele, um sinal de sua personalidade e imaginação vibrante mesmo em sua timidez.

— Ele não me deixa conhecer minha mãe!

Deus, eu não saberia o que responder aquele menino e agora agradeço ter sido proibida de falar sobre aquele assunto.

— Por que não me mostra seus brinquedos e seu quarto? Ele parece o cenário de um filme... Depois posso começar a te ensinar algumas palavras em alemão, certo?

Limpando o rosto molhado em lágrimas, ele assentiu, um sorriso de inocência se formou no olhar dele e começou a me mostrar um monte de brinquedos. O que parecia faltar em afeto, estava sobrando em bens materiais e até um celular moderno ele tinha.

— Você gosta da sua escola? — perguntei, olhando um pôster do super-homem.

— Gosto, mas não dessa casa! Seria legal ter um amigo aqui para ajudar a salvar o mundo comigo.

— Convide seus amigos para vir aqui, há tantos lugares para brincar.

— Meu pai não deixaria...

— Com licença, trouxe o seu lanche Théo. — disse a empregada com uma bandeja na mão.

Lanchei com ele, Théo era carente de alguém para conversar... Logo percebi pelas palavras que mal terminavam antes de iniciar outras, em uma tarde, eu já sabia que ele precisava de amigos, afeto, rotina, presença do pai, limites, valorização e se sentir amado de verdade.

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