BruceNo dia seguinte, eu estava sentado à mesa do meu escritório, vendo os papéis e tentando parar de pensar em Liana e na relação que ela nega com Pedro... Além da reação estranha que ela teve no dia anterior ao receber uma carta.A porta se abriu com um leve estalo, e Liana entrou. Eu não esperava que me procurasse para conversar em pleno domingo.— Bruce, eu preciso conversar com você — sua voz estava mais baixa do que o normal.Fechei os papéis que estavam sobre a mesa, deixando um espaço entre nós para que ela se sentasse, mas ela preferiu ficar em pé, como se tivesse hesitação até em ocupar um lugar mais perto de mim.— O que houve, Liana? — perguntei, tentando controlar a ansiedade que começou a surgir.Ela respirou fundo, claramente pesando suas palavras, e finalmente falou:— Eu preciso ir à cidade amanhã, Bruce. — Ela desviou o olhar, como se tentasse esconder o que estava prestes a dizer.Algo sério estava acontecendo, e ela não queria me contar.— Tem a ver com sua amiga
LianaO peso dessa revelação me desestabilizou, nunca pensei que pudesse estar sendo traída por Lucas. Ele sempre me dizia que eu era absolutamente tudo para ele! Chegamos de volta à fazenda, Théo veio todo feliz correndo em nossa direção. — Por que não me levaram também? — Meu amor, Liana e eu fomos resolver umas coisas urgentes! E eu tinha que ir ao leilão... — Bruce, compreendendo o quanto eu precisava ficar sozinha, o levou para dentro. Segui até o rio, mesmo que seja apenas por alguns minutos... Realmente, preciso ouvir só os meus pensamentos e molhar os pés. — Já foram passear logo cedo? — Pelo amor de Deus Pedro, hoje não! — respondo sem olhar para ele. — Liana, de verdade... Não se deixe iludir pelo dinheiro do patrão. Bruce não te merece! — Não tenho nada com ele. Mas a essa altura das circunstâncias, não preciso me justificar com você... Ele me segura pelo braço, nos olhamos furiosamente. — A ex dele veio aqui mais cedo, ela sabe que andam por aí sem se importarem c
BruceDurante nosso passeio, percebo Théo mais pensativo.— O foi filho?— O senhor não gosta que eu fale da minha mãe...— Théo, achei que tivesse esquecido disso. Permiti estudar o idioma, mas nunca alimentei esperanças sobre esse assunto!— Papai, eu já sou grande. Ouvi minha avó falando sobre ela... Mamãe está viva!Desço do meu cavalo, Théo faz o mesmo e se aproxima. Tenho adiado tanto esse assunto, trazer Liana para cá e ensinar alemão para ele... Acabou alimentando os sonhos mais absurdos em seu coração! — Ela não é uma pessoa que valha a pena conhecer! Você ama seu pai, Théo? — pergunto, chegando mais perto.Vejo seu olhar se encher de lágrimas.— Ela é má? — Sim, não quero que te diga coisas tristes. Te poupei todos esses anos por isso, te amo demais para permitir que sofra!— É mentira! Não acredito nisso, só está dizendo para me fazer desistir... Todos na minha escola têm uma mãe e eu não tenho porque você não deixa!Théo correu para o cavalo, montou rapidamente, seguindo
LianaSaí de casa logo cedo nessa segunda-feira, fiz minhas compras como sempre e, ao voltar, vi o dono com uma placa de "aluga-se" na porta:— Por que fez isso sem me avisar antes? Tenho direito a pelo menos um mês para achar outro lugar!Ele respondeu:— Achei que já tivesse saído da casa. Mandei vários e-mails e telefonei várias vezes. Que espécie de ser humano não tem celular em pleno século XXI? Já chega de desculpas, encontrarei alguém que possa me pagar em dia! — A resposta dele fez algumas pessoas que me assistiam ser despejada de casa, rirem.Apesar da frustração, consegui telefonar para uma amiga chamada Marcela, que me permitiu ficar em sua casa até resolver minha situação. Seria difícil me reorganizar, já que aquela era uma das casas mais baratas do bairro e estou sem emprego há quase dois meses.— Não fica assim Liana! As coisas vão se organizar! — Marcela tentava me consolar enquanto seguíamos para a casa dela.Ao longo dos meus trinta e cinco anos de vida, nunca passei
LianaUma voz imponente interrompeu...— E nem será, antes de conversarmos! — Aquele era o dono da fazenda, seu olhar em nossa direção foi intimidador. Diferente do outro, ele era meio esnobe e tinha uma postura de rico medíocre. Barba grisalha e cheirava muito bem, além de ter um corpo bem forte.— Mandem buscar o Théo na escola, já está na hora e eu preciso entrevistá-la agora!— Sim senhor, com licença Liana. — Disse o capataz, antes de sair e dar uma última olhada para mim.— Entre, vamos até meu escritório!Subimos as escadas, ele ao menos abriu a porta para mim e indicou uma cadeira.— Já sabe como funcionará o trabalho, duas a três horas diárias de aulas no período da tarde. Meu filho é um bom menino, não costuma dar trabalho para aprender.— Posso fazer uma pergunta? — Minha dúvida o fez finamente parar de olhar meus papéis e olhar o meu rosto.— Diga!— Por que ele deseja aprender alemão? Uma viagem ou...— Não! Nada que importe dizer, faça seu trabalho e seja o mais discret
BruceCheguei em casa e me deparei com Pedro flertando com a candidata que eu entrevistaria. Eu sabia desde sempre, era burrice minha contratar uma mulher para o cargo de professora!Théo tem me enlouquecido com sua obstinação e cada ano que passa eu o controlo menos. Durante toda a minha vida, lutei para que ele nunca descobrisse sobre meu passado, nem o da mãe dele. Mas um dia, um maldito dia, ele me pegou ao telefone com minha mãe e ouviu quando eu disse que sua mãe estava viva, tinha nacionalidade alemã e nunca havia pisado em solo brasileiro. Desde então, ele tem feito de tudo para aprender o idioma, na esperança de encontrá-la.Saí da fazenda ao entardecer, dirigindo meu carro pela estrada de terra que conheço desde criança. O sol se punha ao horizonte, coloquei uma música sertaneja para tocar enquanto avanço na estrada. Elena, adora a vida luxuosa que eu propicio e nunca aceitou viver comigo na fazenda por odiar o mato e vida rural. Ela é bem mais jovem que eu, tendo apenas vin
BruceAcordei do transe que a visão dela me causou e fui para o meu quarto, uma mulher na flor da idade... No alto de sua meia-idade e sem um namorado para apagar aquela fornalha em forma de corpo? Eu não sou de ferro, me vi excitado pela professora que recém contratei e dando total razão ao ciúme de Elena. Tomei um banho, eu deveria estar farto sexualmente porque Elena sempre me deixava sem forças e claro, propositalmente... não sabe ela, que o passado de intensas cenas seguidas me conferiu um desejo insaciável, acabei batendo uma para Liana e gozando deliciosamente ao imaginar um desfecho diferente do nosso encontro na cozinha. Aquele dia havia terminado de uma forma bem diferente dos últimos tempos, Elena e eu estamos juntos há quatro anos e era totalmente novo desejar uma mulher que não fosse uma das parceiras de cena que tive no passado. Deitei na cama, alisei o tecido fino de cetim e adormeci rapidamente. Dia seguinte... Eles estavam se preparando para sair, José ia levar Li
Liana Acabamos chegando muito tarde por causa do bloqueio na estrada, essa nem foi a pior parte... O pior foi constatar o show de ciúmes da mulher dele ao nos ver chegando, sinto que vou enlouquecer de ódio daquelas insinuações. Com que direito ela pensa que tenho algum interesse nesse homem? Eles saíram para discutir bem longe de mim e agradeço, Théo e eu ficamos juntos no quarto dele e o ajudei com as atividades da escola e estudamos algumas cores em alemão. — Faz tempo que Elena e seu pai namoram? — Me arrependi depois da pergunta. — Sim, muito tempo. Eu não gosto dela, é metida e chata! Sorri contidamente, mudei de assunto e mais tarde eu estava sentada na varanda, observando Théo brincar sozinho com um carrinho de brinquedo. O vento balançava meus cabelos, e o silêncio da fazenda só era quebrado pelo som das rodinhas do brinquedo deslizando pelo chão de madeira. Depois de um tempo, senti vontade de puxar assunto novamente com ele. — Théo, o que você mais sente falt