LianaO veterinário foi conduzido até o estábulo para tratar de uma vaca que não conseguia parir, eu fui com Ivone levada apenas pela curiosidade. O animal parecia estar em profundo sofrimento, mas ele parecia saber bem o que estava fazendo e a medicou... — É só uma questão de tempo agora — O veterinário disse com uma calma impressionante.Em pouco tempo, a vaca mostrava sinais de forte contração. Ivone estava do meu lado, observando em silêncio, com um semblante sereno, como se já tivesse visto aquilo inúmeras vezes.Olhei para a vaca novamente e ela estava respirando mais rápido agora, com a barriga se contorcendo. Ouvi um carro chegando, era Bruce bem a tempo de ver mais um membro da fazenda chegar...— Olhe, acho que finalmente está na hora — Bruce disse, parado ao meu lado.A vaca deu um movimento mais forte, e o líquido amniótico começou a escorrer. A ansiedade em mim aumentou, mas Bruce surpreendeu ao ficar ao lado da vaca, tocando-a e tranquilizando... Nunca pensei que ele am
LianaSaí de casa logo cedo nessa segunda-feira, fiz minhas compras como sempre e, ao voltar, vi o dono com uma placa de "aluga-se" na porta:— Por que fez isso sem me avisar antes? Tenho direito a pelo menos um mês para achar outro lugar!Ele respondeu:— Achei que já tivesse saído da casa. Mandei vários e-mails e telefonei várias vezes. Que espécie de ser humano não tem celular em pleno século XXI? Já chega de desculpas, encontrarei alguém que possa me pagar em dia! — A resposta dele fez algumas pessoas que me assistiam ser despejada de casa, rirem.Apesar da frustração, consegui telefonar para uma amiga chamada Marcela, que me permitiu ficar em sua casa até resolver minha situação. Seria difícil me reorganizar, já que aquela era uma das casas mais baratas do bairro e estou sem emprego há quase dois meses.— Não fica assim Liana! As coisas vão se organizar! — Marcela tentava me consolar enquanto seguíamos para a casa dela.Ao longo dos meus trinta e cinco anos de vida, nunca passei
LianaUma voz imponente interrompeu...— E nem será, antes de conversarmos! — Aquele era o dono da fazenda, seu olhar em nossa direção foi intimidador. Diferente do outro, ele era meio esnobe e tinha uma postura de rico medíocre. Barba grisalha e cheirava muito bem, além de ter um corpo bem forte.— Mandem buscar o Théo na escola, já está na hora e eu preciso entrevistá-la agora!— Sim senhor, com licença Liana. — Disse o capataz, antes de sair e dar uma última olhada para mim.— Entre, vamos até meu escritório!Subimos as escadas, ele ao menos abriu a porta para mim e indicou uma cadeira.— Já sabe como funcionará o trabalho, duas a três horas diárias de aulas no período da tarde. Meu filho é um bom menino, não costuma dar trabalho para aprender.— Posso fazer uma pergunta? — Minha dúvida o fez finamente parar de olhar meus papéis e olhar o meu rosto.— Diga!— Por que ele deseja aprender alemão? Uma viagem ou...— Não! Nada que importe dizer, faça seu trabalho e seja o mais discret
BruceCheguei em casa e me deparei com Pedro flertando com a candidata que eu entrevistaria. Eu sabia desde sempre, era burrice minha contratar uma mulher para o cargo de professora!Théo tem me enlouquecido com sua obstinação e cada ano que passa eu o controlo menos. Durante toda a minha vida, lutei para que ele nunca descobrisse sobre meu passado, nem o da mãe dele. Mas um dia, um maldito dia, ele me pegou ao telefone com minha mãe e ouviu quando eu disse que sua mãe estava viva, tinha nacionalidade alemã e nunca havia pisado em solo brasileiro. Desde então, ele tem feito de tudo para aprender o idioma, na esperança de encontrá-la.Saí da fazenda ao entardecer, dirigindo meu carro pela estrada de terra que conheço desde criança. O sol se punha ao horizonte, coloquei uma música sertaneja para tocar enquanto avanço na estrada. Elena, adora a vida luxuosa que eu propicio e nunca aceitou viver comigo na fazenda por odiar o mato e vida rural. Ela é bem mais jovem que eu, tendo apenas vin
BruceAcordei do transe que a visão dela me causou e fui para o meu quarto, uma mulher na flor da idade... No alto de sua meia-idade e sem um namorado para apagar aquela fornalha em forma de corpo? Eu não sou de ferro, me vi excitado pela professora que recém contratei e dando total razão ao ciúme de Elena. Tomei um banho, eu deveria estar farto sexualmente porque Elena sempre me deixava sem forças e claro, propositalmente... não sabe ela, que o passado de intensas cenas seguidas me conferiu um desejo insaciável, acabei batendo uma para Liana e gozando deliciosamente ao imaginar um desfecho diferente do nosso encontro na cozinha. Aquele dia havia terminado de uma forma bem diferente dos últimos tempos, Elena e eu estamos juntos há quatro anos e era totalmente novo desejar uma mulher que não fosse uma das parceiras de cena que tive no passado. Deitei na cama, alisei o tecido fino de cetim e adormeci rapidamente. Dia seguinte... Eles estavam se preparando para sair, José ia levar Li
Liana Acabamos chegando muito tarde por causa do bloqueio na estrada, essa nem foi a pior parte... O pior foi constatar o show de ciúmes da mulher dele ao nos ver chegando, sinto que vou enlouquecer de ódio daquelas insinuações. Com que direito ela pensa que tenho algum interesse nesse homem? Eles saíram para discutir bem longe de mim e agradeço, Théo e eu ficamos juntos no quarto dele e o ajudei com as atividades da escola e estudamos algumas cores em alemão. — Faz tempo que Elena e seu pai namoram? — Me arrependi depois da pergunta. — Sim, muito tempo. Eu não gosto dela, é metida e chata! Sorri contidamente, mudei de assunto e mais tarde eu estava sentada na varanda, observando Théo brincar sozinho com um carrinho de brinquedo. O vento balançava meus cabelos, e o silêncio da fazenda só era quebrado pelo som das rodinhas do brinquedo deslizando pelo chão de madeira. Depois de um tempo, senti vontade de puxar assunto novamente com ele. — Théo, o que você mais sente falt
Liana Ele sai colocando a maçã sobre a mesa, fico feliz por conseguir isso. Théo ficará muito feliz e o menino logo aparece com a mochila nas costas...— Tomou seu café da manhã? — pergunto, ajudando-o com as coisas que levaria.— Sim Liana, minha lancheira está pronta! Pode ir comigo e com Pedro até a escola?— Oh meu amor, não posso ir dessa vez... Mas prometo que irei te levar outro dia!— Bom dia, professora! — A voz quase cantada de Pedro nos interrompe, me viro para ele.— Bom dia, Pedro. — Digo, observando-o entrar para tomar um cafe na cozinha.Théo sai em direção à entrada da casa, onde o motorista o esperava para levar à escola. Aproveito o ensejo para sair da cozinha e evitar um pouco os olhares do capataz que me deixaram um pouco desconfortável. As empregadas também pareciam forçar algo entre nós dois e eu quis evitar.Subi e peguei uma bolsa que havia preparado para levar até a cachoeira, perguntei a um dos peões que estavam selando um cavalo:— Bom dia, pode me dizer pa
LianaThéo me emocionou com o cartão, por um momento esqueci a vergonha que passei antes. Não sei como sairei desse quarto após ter entrado na casa seminua!O tempo passa, tento evitar as pessoas da casa e esperar que Bruce volte ao trabalho ou sair de carro para resolver algo fora, mas nada disso acontece e ouço a voz dele pela casa com a mãe.— Liana, o almoço está servido! — Ouço uma das empregadas me chamar, não adianta ficar aqui dentro, cedo ou tarde terei que me explicar.Saí do quarto, Théo me encontrou pelo caminho e disse que queria me apresentar à sua avó. Meu corpo queima, mas ele me leva pela mão até a mulher... Ela parece manter uma expressão serena e eu sei que a minha cara deve estar denunciando o medo que sinto.— Essa é minha avó, Ivone! E ela é a Liana...— Muito prazer, senhora! — digo, engolindo em seco.— Já nos conhecemos há uns minutos, mas foi um encontro meio... Tenso.— O que aconteceu? — Théo pergunta.— Nada de mais, meu amor, vá brincar um pouco que Liana