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Capítulo 5 - Banho no Rio

Liana

Acabamos chegando muito tarde por causa do bloqueio na estrada, essa nem foi a pior parte... O pior foi constatar o show de ciúmes da mulher dele ao nos ver chegando, sinto que vou enlouquecer de ódio daquelas insinuações.

Com que direito ela pensa que tenho algum interesse nesse homem? Eles saíram para discutir bem longe de mim e agradeço, Théo e eu ficamos juntos no quarto dele e o ajudei com as atividades da escola e estudamos algumas cores em alemão.

— Faz tempo que Elena e seu pai namoram? — Me arrependi depois da pergunta.

— Sim, muito tempo. Eu não gosto dela, é metida e chata!

Sorri contidamente, mudei de assunto e mais tarde eu estava sentada na varanda, observando Théo brincar sozinho com um carrinho de brinquedo.

O vento balançava meus cabelos, e o silêncio da fazenda só era quebrado pelo som das rodinhas do brinquedo deslizando pelo chão de madeira. Depois de um tempo, senti vontade de puxar assunto novamente com ele.

— Théo, o que você mais sente falta? — perguntei, tentando soar um pouco casual.

Ele parou de brincar por um instante e ficou bem pensativo.

— Gostaria de ter mais amigos para brincar... — respondeu, com a voz baixinha.

Senti um aperto no peito ao ouvir aquilo. Ele era um menino tão doce e inteligente, não merecia se sentir sozinho enquanto o pai dá atenção aquela idiota.

Fiquei matutando a ideia por alguns minutos, até que uma solução me veio à mente: eu poderia pedir a Bruce para organizar uma festinha e trazer alguns amiguinhos para a fazenda.

Ele poderia negar... Bruce é um enigma para mim ainda, mas não custava tentar algo para mudar o astral do menino.

Mais tarde, quando já estava no quarto e Théo havia ido jantar, peguei o telefone que instalaram no meu quarto e liguei para minha amiga Marcela... Ela demorou para me atender.

— Marcela, preciso desabafar com você.

— O que foi agora Liana? Algum problema com o patrão bonitão? — ela brincou, soltando uma risadinha do outro lado da linha.

— Para com isso! Meu problema é outro, sinto que o menino é uma criança triste, apesar de ter tantas coisas que o dinheiro pode comprar.

— Tristes somos nós que não temos onde cair mortas! Esse menino tem um futuro nas mãos, pense em você Liana!

— Que sensibilidade a sua! — suspirei, percebi que não adiantava discutir sentimentos com alguém que enxerga tudo com os olhos da ambição... Mudei de assunto — Além disso, continuo morrendo de medo de que ele descubra que não tenho formação para ser professora de alemão!

— Ah, besteira! Você só precisa seduzir o patrão e tudo fica resolvido! Eu andei pesquisando umas coisas sobre ele... — provocou, rindo ainda mais.

— Eu nunca olharia para um homem como Bruce! Acho que preciso desligar, falamos depois... — rebati, revirando os olhos, mesmo sabendo que ela não podia me ver.

Desliguei a ligação, não sei o que Marcela tanto investiga na vida de Bruce... Ele não impressionou de forma alguma, se ficarei ou não com esse emprego não importa. Enquanto eu estiver aqui, penso apenas em melhorar as coisas para Théo!

Tomei um bom banho e me troquei para jantar e a comida estava maravilhosa. Ouvi uma delas citar Pedro o capataz, dizendo que ele havia saído para acompanhar um advogado. Percebi que, enquanto falavam sobre ele, olhavam para minha direção... Como se esperassem uma reação minha ao ouvir algo sobre esse homem!

Eu não esboço nenhuma expressão, não vim para esse lugar almejando um relacionamento ou algo do tipo. Quanto perdi meu marido, minha capacidade de amar o sexo oposto se foi junto... Não serei de nenhum outro! Jamais!

— Está gostando da comida? — Uma delas me questiona.

— Sim, como sempre... Excelente!

Enquanto conversávamos, fiquei sabendo sobre uma cachoeira dentro da propriedade.

— É um lugar lindo! Você precisa conhecer...

— Com certeza eu irei!

Aquilo despertou minha curiosidade. Eu adorava cachoeiras e já comecei a imaginar uma oportunidade para relaxar nas horas de folga e até levar Théo comigo para sair do marasmo dessa casa.

Quando a noite chegou, eu estava prestes a ir para o meu quarto quando Bruce apareceu no corredor.

Senti meu corpo enrijecer por instinto e ele estava sério, com aquele olhar intenso que sempre me deixava desconfortável. Não sabia explicar, mas quando ele me olhava assim, parecia que podia enxergar além das minhas palavras e até das mentiras que eu trouxe para cá.

— Então, Liana... — ele começou, cruzando os braços. — Gostando do trabalho?

— Sim senhor, Théo é um bom menino! — respondo e tento disfarçar a tensão.

— Me diga mais sobre sua formação. Onde aprendeu alemão?

Meu coração disparou. Será que ele suspeitava de algo? Tentei manter a calma e fingir ainda mais naturalidade.

— Ah, eu sempre tive interesse em línguas estrangeiras... — respondi vagamente, esperando que ele não insistisse no assunto.

Ele me observou por mais alguns segundos, resolvi mudar de assunto.

— Queria falar sobre Théo. Ele é um menino muito carente, e acho que faria bem a ele ter alguns amigos aqui na fazenda. Pensei em organizar uma festinha para ele... Obviamente, se o senhor permitir! — falei, esperando sua reação.

Bruce ficou em silêncio por um momento, como se estivesse ponderando, e o olhar dele tão fixo em mim me constrange muito.

— Vou pensar nisso — respondeu, finalmente. — Mas aproveitando sua fala, provavelmente minha mãe virá passar um tempo na fazenda!

Assenti, sem saber exatamente o que dizer. Quando entrei no quarto, me joguei na cama e suspirei. Como será que era a mãe dele? Uma mulher legal e acolhedora ou uma metida insuportável como Helena, a namorada dele? Algo me dizia que eu descobriria em breve.

Abri a mala, separei um biquíni e amanhã terei algumas horas disponíveis enquanto Théo estiver na escola. Posso dar um mergulho nessa cachoeira e esquecer os problemas...

Consigo adormecer, desperto com os pássaros cantando e os outros animais da fazenda. Tomo um banho, desço para o café da manhã e vejo Bruce na cozinha comendo uma maçã.

— Traremos alguns amigos de Théo aqui para a fazenda, se encarregará disso, Liana? — Ele pergunta, me olhando de cima a baixo.

— Sim, claro, senhor! Obrigada por permitir...

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