LianaPenso que estou sendo boba, quem sabe ele possa me dar um pouco de alegria e distrair a mente.— Está bem, mas falarei com Bruce!— Ele vai permitir! Te pego amanhã às oito...— Tá!Um encontro, há tantos anos, não sei o que é isso. Nem quero pensar nesse passeio como algo a dois, quero ver a cidade e conhecer as pessoas daqui. Pedro sai, me deixando sozinha e terminando de arrumar tudo...— É bom ver que sabe qual é seu lugar aqui nessa casa!Era Helena.— Nunca tive dúvidas disso, senhora...Terminei e saí deixando-a por lá. Théo já tinha ido para a cama. Fico feliz que Ivone esteja aqui para dar um pouco de amor materno a ele... Esse menino precisa muito!Saio um pouco, sinto a brisa da noite tocar meu rosto e ouço os animais da fazenda antes de entrar para seguir até meu quarto. Assim que me viro, esbarro em Bruce e ele me toca os braços, alisando-os e me soltando em seguida.— Eu te chamei para conversar mais cedo, mas Helena insistiu em vir e atrapalhou meus planos. — Se
LianaA caminho desse lugar, ainda penso no que descobri sobre George Bruce e isso me deixa inquieta.— Algum problema, Liana? Parece tão pensativa!— Me perdoe Pedro, não quero ser uma má companhia para você essa noite...— Eu preciso ser sincero. Quero me aproximar de você de verdade.As palavras dele me deixam envergonhada, sinto que talvez não devesse ter aceitado vir até aqui. Ele claramente confundiu isso com um interesse que eu não sinto por ele!Chegamos ao lugar, a praça estava lotada e havia muitas barracas vendendo comida para todos os gostos. Pedro me puxa pela mão, parece ter visto algum conhecido.— Boa noite, essa é Liana. Professora do menino Théo na fazenda!— Muito prazer! — era uma senhora bem simpática, nos cumprimentamos com um aperto de mão.— Ela é muito bonita mesmo, você não exagerou nos elogios, filho!Sorrimos, me dei conta de que ela é a mãe dele. Ficamos por perto, crianças correm e começam alguns fogos anunciando o show de uma banda local. Pedro me convid
BruceHelena não queria ir à festa na cidade, não posso negar a mim mesmo que estou fazendo por causa de Liana. Pedro e ela juntos!Assim que chegamos ao local os encontro, em uma sintonia que me incomoda. Dançando juntos como se já se conhecessem há muito tempo, talvez eu tenha idealizado outro padrão de comportamento para ela. Deve ser como todas as outras, que se encantam por qualquer homem que as elogie...— Eu quero ir embora! Esse lugar fede a pobre!— Elena, acabamos de chegar...— E eu nem sei por que viemos, você nunca gostou desse tipo de festa. Me faz pensar que só veio porque quer vigiar os empregados.— Me poupe Elena, você sabe que tenho ambição de entrar na política. Preciso estar nessas festas e ser visto!— Esqueça esse lugar... você prometeu que deixará tudo isso para trás, podemos ir para casa agora?Suspiro irritado, mas Elena está certa e não tenho mais nada a fazer aqui. Liana e Pedro certamente têm planos para depois da festa, ajeito meu chapéu e seguimos para c
LianaThéo me acordou bem cedinho para dar um beijo de bom dia, dependendo do que aconteceu com Pedro, essa pode ser nossa despedida. Saí do quarto e fui tomar café da manhã na cozinha, não posso ficar presa no quarto ou obviamente levantarei mais suspeitas.— Liana, pode vir comigo ao escritório um momento? — Era Bruce, achei que ele poderia ter ido para a cidade comprar algo.— Sim, senhor!Entrei na sala, ele se sentou e eu à sua frente tentando manter a calma.— O que aconteceu ontem com Pedro e você? — A frase dele me deixou muda, não esperava que as consequências já tivessem chegado para me encurralar.— Com ele...— Sim, ele está com um ferimento na cabeça e você está muito estranha. O que me faz ligar as duas coisas!— O que ele disse? — pergunto ansiosa.— Liana, estou perguntando a você!Nesse momento, Pedro abre a porta e entra surpreendendo-nos.— Desculpa, senhor, mas as empregadas me disseram que estavam aqui e suponho que estejam falando sobre ontem à noite! Me feri qua
LianaO veterinário foi conduzido até o estábulo para tratar de uma vaca que não conseguia parir, eu fui com Ivone levada apenas pela curiosidade. O animal parecia estar em profundo sofrimento, mas ele parecia saber bem o que estava fazendo e a medicou... — É só uma questão de tempo agora — O veterinário disse com uma calma impressionante.Em pouco tempo, a vaca mostrava sinais de forte contração. Ivone estava do meu lado, observando em silêncio, com um semblante sereno, como se já tivesse visto aquilo inúmeras vezes.Olhei para a vaca novamente e ela estava respirando mais rápido agora, com a barriga se contorcendo. Ouvi um carro chegando, era Bruce bem a tempo de ver mais um membro da fazenda chegar...— Olhe, acho que finalmente está na hora — Bruce disse, parado ao meu lado.A vaca deu um movimento mais forte, e o líquido amniótico começou a escorrer. A ansiedade em mim aumentou, mas Bruce surpreendeu ao ficar ao lado da vaca, tocando-a e tranquilizando... Nunca pensei que ele am
LianaSaí de casa logo cedo nessa segunda-feira, fiz minhas compras como sempre e, ao voltar, vi o dono com uma placa de "aluga-se" na porta:— Por que fez isso sem me avisar antes? Tenho direito a pelo menos um mês para achar outro lugar!Ele respondeu:— Achei que já tivesse saído da casa. Mandei vários e-mails e telefonei várias vezes. Que espécie de ser humano não tem celular em pleno século XXI? Já chega de desculpas, encontrarei alguém que possa me pagar em dia! — A resposta dele fez algumas pessoas que me assistiam ser despejada de casa, rirem.Apesar da frustração, consegui telefonar para uma amiga chamada Marcela, que me permitiu ficar em sua casa até resolver minha situação. Seria difícil me reorganizar, já que aquela era uma das casas mais baratas do bairro e estou sem emprego há quase dois meses.— Não fica assim Liana! As coisas vão se organizar! — Marcela tentava me consolar enquanto seguíamos para a casa dela.Ao longo dos meus trinta e cinco anos de vida, nunca passei
LianaUma voz imponente interrompeu...— E nem será, antes de conversarmos! — Aquele era o dono da fazenda, seu olhar em nossa direção foi intimidador. Diferente do outro, ele era meio esnobe e tinha uma postura de rico medíocre. Barba grisalha e cheirava muito bem, além de ter um corpo bem forte.— Mandem buscar o Théo na escola, já está na hora e eu preciso entrevistá-la agora!— Sim senhor, com licença Liana. — Disse o capataz, antes de sair e dar uma última olhada para mim.— Entre, vamos até meu escritório!Subimos as escadas, ele ao menos abriu a porta para mim e indicou uma cadeira.— Já sabe como funcionará o trabalho, duas a três horas diárias de aulas no período da tarde. Meu filho é um bom menino, não costuma dar trabalho para aprender.— Posso fazer uma pergunta? — Minha dúvida o fez finamente parar de olhar meus papéis e olhar o meu rosto.— Diga!— Por que ele deseja aprender alemão? Uma viagem ou...— Não! Nada que importe dizer, faça seu trabalho e seja o mais discret
BruceCheguei em casa e me deparei com Pedro flertando com a candidata que eu entrevistaria. Eu sabia desde sempre, era burrice minha contratar uma mulher para o cargo de professora!Théo tem me enlouquecido com sua obstinação e cada ano que passa eu o controlo menos. Durante toda a minha vida, lutei para que ele nunca descobrisse sobre meu passado, nem o da mãe dele. Mas um dia, um maldito dia, ele me pegou ao telefone com minha mãe e ouviu quando eu disse que sua mãe estava viva, tinha nacionalidade alemã e nunca havia pisado em solo brasileiro. Desde então, ele tem feito de tudo para aprender o idioma, na esperança de encontrá-la.Saí da fazenda ao entardecer, dirigindo meu carro pela estrada de terra que conheço desde criança. O sol se punha ao horizonte, coloquei uma música sertaneja para tocar enquanto avanço na estrada. Elena, adora a vida luxuosa que eu propicio e nunca aceitou viver comigo na fazenda por odiar o mato e vida rural. Ela é bem mais jovem que eu, tendo apenas vin