Provo o ponche e sou surpreendida pelo sabor intenso de abacaxi, com pequenos pedaços da fruta que se misturam delicadamente ao frescor da hortelã. O açúcar está na medida certa, doce sem ser enjoativo.— Hum, aprovado! Está realmente muito bom! — digo, lambendo os lábios.Jason abre um sorriso satisfeito.— Que bom que gostou. Fui eu que fiz.— Sério? — Olho para ele com surpresa e admiração.Karen, que até então estava ao nosso lado, parece perceber o clima entre nós e decide se afastar.— Vou dar uma circulada — ela diz, tentando sorrir.Assinto, entendendo que ela precisa de um momento sozinha.Jason me observa, intrigado.— O que há com ela? Não parece muito animada.— Ah, impressão sua — respondo, não querendo entrar em detalhes. Sei que ela ainda está processando a cena de Jake com outra garota.Jason se aproxima um pouco mais, os olhos cor de mel fixos em mim.— Você está linda — diz ele, analisando meu visual. — Adorei esse estilo roqueira.— Verdade? Mesmo quando estamos rod
A hesitação toma conta de mim por um instante, meus pensamentos voam imediatamente para Daniel. Até quando vou me deixar ser assombrada por lembranças do que não deu certo? Jason percebe minha dúvida e franze o cenho, preocupado.— O que foi? — ele pergunta suavemente, tentando entender.Fecho os olhos por um segundo, tomada por uma decisão. Dou uma pequena sacudida na cabeça, afastando os fantasmas do passado.— Nada, está tudo bem. Pode ligar — respondo finalmente, forçando um sorriso.Os olhos de Jason se iluminam, e ele sorri largo, visivelmente aliviado.— Ótimo! — Ele diz, com uma expressão de alívio que se transforma em algo mais intenso.Por um momento, sinto a tensão no ar. Ele olha para a minha boca, claramente querendo me beijar. Meu coração acelera, mas, instintivamente, viro o rosto, oferecendo a bochecha. Jason hesita por uma fração de segundo antes de depositar um beijo suave ali. Quando se afasta, vejo em seus olhos uma mistura de compreensão e desapontamento, como se
DanielCheguei em casa estalando de ciúmes. A raiva me corria nas veias e eu tive que me segurar para não explodir, para não fazer algo que eu fosse me arrepender depois. Fiquei nas sombras, ali, observando, quase fora de mim, vendo Kate na calçada, olhando na minha direção, tão linda que me fazia esquecer de tudo ao redor.Acho que ela não me reconheceu. Estava longe o suficiente, na escuridão da rua, para que ela não soubesse que eu estava ali. Mas o que mais me irrita é o fato de que estou fora de controle. Sempre fui uma pessoa decidida, alguém que sabe o que quer, que age sem hesitar. Mas com ela… com Kate, tudo isso desaparece. O desejo de tê-la é maior do que qualquer coisa, e isso me consome. Ver ela ali, com aquele cara, me fez perder totalmente a calma. Quem era aquele sujeito com ela? Eu era só uma aventura para ela, algo passageiro? Algo que ela rapidamente substitui por outro?A ideia de ela estar com ele me devasta. Mas se é isso que ela quer, quem sou eu para impedi-la?
Eu ouço o suspiro de Jason do outro lado da linha, aquele som de resignação, como se ele soubesse que a situação estava além do que ele podia controlar, mas ainda assim parecia entender. Ele estava quieto por alguns segundos e, por um momento, pensei que iríamos terminar a conversa ali. Cada um seguiria seu caminho, como se nada tivesse acontecido. Mas então ele fala, o tom dele cheio de um último esforço.— Você não quer ir à festa? — ele pergunta, quase como se fosse uma tentativa de mudança de assunto, de suavizar o fim da nossa conversa. — Vai ser divertido. Além disso, é uma festa de aniversário de uma amiga do Jake. Acho que vai ser legal.A primeira reação que eu tenho é negar. Não tenho nenhuma ligação com essa garota, nem com as pessoas que estarão lá. A última coisa que eu quero é prolongar ainda mais esse clima de incerteza que ronda tudo. Eu sei o que ele está tentando fazer. Ele quer que eu vá, para talvez mais uma noite juntos, para dar alguma continuidade a esse “nós” q
A festaOs dias se arrastaram sem novidades. Sem nenhuma novidade, na verdade. A única coisa que mudou foi o meu comportamento: paranoica.Passei a semana inteira indo até a janela da sala, olhando para o outro lado da rua, esperando ver Daniel. Fui em horários diferentes, mas em todas as vezes que olhei, ele não estava lá.Agora, estou pronta na sala, esperando Jason. Meu pai chegou do trabalho, mas já saiu. Ele anda tão estranho ultimamente, com aquela expressão cansada, preocupada. Posso ver que ele não tem dormido à noite pelas olheiras profundas embaixo dos olhos. E, como sei que ele tem um vício perigoso em um jogo de cartas, sempre imagino o pior.Afasto esses pensamentos, tentando me distrair. Pego uma revista, mas não consigo me concentrar. Cinco minutos depois, ouço a buzina de um carro. Vou até a janela e vejo a Mercedes preta de Jason. Aliso o meu vestido preto, com detalhes prateados nas bordas. Ele é um pouco acima dos joelhos.Depois de trancar a porta, cruzo o jardim a
—O que foi? —Jason pergunta e eu nem olho para ele, ainda estou encarando Daniel, imóvel. Meu corpo inteiro parece ter entrado em colapso.O ambiente ao meu redor desaparece, e eu só consigo focar nele. O coração começa a bater mais rápido, uma mistura de emoções que não consigo controlar. Daniel está ali, em meio à festa, com a bandeja nas mãos, servindo um casal com uma postura calma e controlada. Nada me preparou para vê-lo dessa forma — tão distante, tão diferente, mas ainda assim, com aquele magnetismo inconfundível que sempre me pegou de surpresa.Eu me forço a retomar a consciência, a voltar para o presente, mas é impossível não sentir aquele turbilhão de sentimentos que me envolvem. Como ele pode estar aqui? Justo aqui! Ele, com sua aura selvagem, agora ali, servindo e se misturando entre pessoas que parecem tão diferentes dele. Uma parte de mim se sente desconcertada, outra se sente atraída, e outra, uma terceira, simplesmente não consegue entender por que ele faz meu mund
Jason é grande, assim como Daniel. Mas não é assim, másculo, intensamente viril e incrivelmente charmoso. Daniel tem uma postura corporal imponente, até mesmo na função simples de serviçal. Ele exala uma força animal, selvagem, algo que desperta em mim uma vontade incontrolável de tocá-lo, de sentir seus cabelos densos entre meus dedos, de beijar sua boca carnuda.Ele tira a bandeja dos ombros com um movimento ágil e a abaixa até mim. Seus olhos permanecem fixos nos meus, mas a distância entre nós parece carregar uma tensão crescente.— Oi. Aceita uma bebida? — Ele pergunta, sua voz seca e direta, quase desprovida de qualquer emoção.Sinto um arrepio, e o ar parece pesando, tornando a conversa mais difícil do que já é.Respiro fundo, tentando manter a calma, ao perceber o jeito hostil com que ele me trata.— Não vim por causa de bebida. Vim para falar com você. — Minha voz sai um pouco mais baixa, carregada com o peso do que ainda está por ser dito.Ele me observa por um momento, um o
Volto a trabalhar, servindo as pessoas, tentando manter um sorriso no rosto, mas minha mente está longe, cheia de imagens dela. Kate. Ela está linda, inebriante. O desejo de tomá-la em meus braços e beijá-la foi tão forte que chegou a doer fisicamente. Eu queria jogar tudo para o alto, esquecer de tudo o que está em jogo e me entregar ao que ela, só ela, desperta em mim.O alívio de ouvir da própria boca dela que o cara não era seu namorado foi quase palpável. Mas, ainda assim, um fogo ardente de ciúmes queima dentro de mim. Não consigo acreditar em amizades entre homens e mulheres. O cara pode até não ser nada, mas o que isso significa para mim? O que ele quer de Kate? A ideia de alguém, qualquer alguém, que não seja eu, próximo dela, mexe comigo de um jeito que eu não consigo ignorar.O mais difícil foi perceber que Kate ainda se afeta quando me vê. Eu vi no brilho de seus olhos, no jeito como sua respiração acelerou, como ela parecia perder o controle por um segundo. Seus lábios en