Capítulo 2

Ricardo

Deixo Willow na porta da pensão, frustrado por ela não ceder.

Antes de arrancar com o carro, vejo uma senhora encarando o interior do veículo. Paranoias já começam a surgir. Medo que minha mulher tenha mandado alguém me seguir. Tolice, já que a senhora que deixo para trás ao arrancar com o carro nada mais é que uma fofoqueira de bairro.

Ainda assim está perigoso, preciso ter mais cuidado.

Não sei mais por quanto tempo consigo levar essa relação com Willow. Karina já está desconfiada das minhas constantes reuniões depois do horário comercial. Minha sorte é que moramos em uma cidade mais afastada da capital ou é certo que já teria descoberto.

Sei que estou colocando minha família em risco, mas não consigo me controlar. Eu quero Willow. Ela com essa história de sexo apenas depois do casamento só me deixa mais tarado e decidido a tê-la como minha amante. Para isso preciso que ela ceda uma única vez, depois disso ficará mais fácil de dobrá-la.

Mais uma vez estou chegando em casa depois do horário do jantar e a primeira coisa que encontro é a careta de insatisfação de Karina. Mas estou pouco me lixando. Meu corpo está vibrando de tesão depois de mais uma vez ser rejeitado por Willow e é melhor descarregar na minha esposa que em punheta.

Vou em sua direção e a agarro, beijando e roçando minha ereção que ia e vinha com meu pensamento nos momentos com Willow no apartamento que aluguei para levá-la.

Karina me para e me olha.

― Que tesão é esse outra vez? Anda chegando muito tarado.

― O que acha de um banho comigo? ― ignoro sua pergunta.

Ela não se importa. Passa as mãos pelo meu pescoço.

― Eu acho que estou gostando dessas suas reuniões. Larissa está dormindo. Vamos.

A pego no colo e subo as escadas para o quarto no segundo andar.

Transo com Karina enquanto imagino Willow de quatro para mim, apertada e lisinha como a imagino. Fodo minha esposa até ela não aguentar mais.

Aquela morena está me deixando louco. Preciso comer aquela mulher antes que isso acabe. Porque sei que não vai demorar a acabar. Simplesmente não posso deixar tudo que construí, não posso deixar minha filha e minha mulher. E por mais que faça planos, tenho certeza de que aquela garota não aceitaria continuar como minha amante. O que não vai me impedir de tentar convencê-la de todas as formas.

Depois do sexo, Karina me serve o jantar com um enorme sorriso de quem foi bem comida. Se ela soubesse o que se passa pela minha cabeça enquanto a fodia...

― Vai trabalhar amanhã? ― pergunta.

― Não. Esse fim de semana está reservado para minha esposa e minha filha ― respondo.

 Aproveitei que Willow vai trabalhar fora de São Paulo para dizer que vou passar o fim de semana visitando meus pais. Já fiquei o sábado passado com ela. Ficar muito tempo longe de casa é suspeito.

― Perfeito. Então o senhor vai buscar sua filha amanhã no colégio.

― Aula sábado? Não me lembro de ter aula sábado.

― A diretora está fazendo uma experiência. Dará aulas extras aos sábados de coisas como teatro, culinária, arte, artes marciais e outras coisas úteis na rotina das crianças.

― Vamos juntos buscá-la. Podemos levar a Larissa para tomar um sorvete ― sugiro. O que lhe rende um sorriso.

Esse caso com Willow está fazendo bem ao meu casamento.

― Adorei a ideia.

No dia seguinte, levo Larissa na escola e passo a manhã na frente da televisão entre uma cerveja e outra. Nada muito exagerado.  

Karina e eu vamos juntos buscá-la no fim da manhã. É uma festa. Raramente a levo para a escola. Minha filha ficou empolgada como se tivesse ganhado um presente maravilhoso.

― Papai! ― Ouço seu grito enquanto esperamos.

Larissa corre para mim ao me ver no pátio da escola. Seus cabelos são tão loiros quanto os de sua mãe. Ambas também são bem magras. A única coisa que ela herdou de mim foi os olhos verdes.

― Você veio mesmo. ― Me abraça.

― Claro, meu amor. Estava com saudades de te buscar.

― Eu não mereço um abraço? ― Karina fingi estar magoada. E nossa filha a abraça.

― Eu te amo também, mamãe.

― Pensei em levar as duas mulheres da minha vida para tomar sorvete. O que acha, filha?

― Ótima ideia, papai. ― Minha princesa fica toda feliz com a ideia do sorvete.

Também estava empolgada com a aula. Ela começa a tagarelar sem parar sobre tudo que fez hoje. Parece que a professora estava ensinando a fazer coisas com materiais recicláveis.

― Então vamos — a corto. — Na sorveteria você me conta tudo sobre a aula.

― Espera. ― Ela olha para trás como se tivesse esquecido algo.

― O que foi? — questiono, um pouco impaciente. O lugar está lotado de crianças barulhentas.

― Queria te mostrar o cofrinho que fiz.

― Mas não é uma surpresa para os pais? ― Karina pergunta.

― É, mas acho que não tem problema ver. A professora é legal. Ela vai deixar. Vamos!

Olho para Karina e ela balança os ombros, indiferente.

Enquanto isso Larissa puxa minha calça insistindo para irmos até sua sala. Ela insiste tanto que tenho que entrar na sala para ver sua criação.

Pelo menos me afasto um pouco da barulheira de pais e filhos que estava aquele pátio. Seguimos por alguns corredores até pararmos em uma das várias portas diferenciadas pelo número da turma escrito na madeira com alguns desenhos.

A porta está aberta. Passamos por ela e vejo uma mulher de costas, mexendo em alguns objetos coloridos.

Larissa solto minha mão, que segurou instantes atrás, e corre até a mulher.

― Professora, posso mostrar meu cofre de bichinho aos meus pais? ― pergunta tocando nas costas da moça de coque que arrumava as coisas.

Ela se assusta aos nos ver. Infelizmente sei que não tem nada a ver com minha filha ter chegado bruscamente.

Eu vejo que tudo acabou quando a mulher se vira e nos vê.

Merda!

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