Ricardo
Deixo Willow na porta da pensão, frustrado por ela não ceder.
Antes de arrancar com o carro, vejo uma senhora encarando o interior do veículo. Paranoias já começam a surgir. Medo que minha mulher tenha mandado alguém me seguir. Tolice, já que a senhora que deixo para trás ao arrancar com o carro nada mais é que uma fofoqueira de bairro.
Ainda assim está perigoso, preciso ter mais cuidado.
Não sei mais por quanto tempo consigo levar essa relação com Willow. Karina já está desconfiada das minhas constantes reuniões depois do horário comercial. Minha sorte é que moramos em uma cidade mais afastada da capital ou é certo que já teria descoberto.
Sei que estou colocando minha família em risco, mas não consigo me controlar. Eu quero Willow. Ela com essa história de sexo apenas depois do casamento só me deixa mais tarado e decidido a tê-la como minha amante. Para isso preciso que ela ceda uma única vez, depois disso ficará mais fácil de dobrá-la.
Mais uma vez estou chegando em casa depois do horário do jantar e a primeira coisa que encontro é a careta de insatisfação de Karina. Mas estou pouco me lixando. Meu corpo está vibrando de tesão depois de mais uma vez ser rejeitado por Willow e é melhor descarregar na minha esposa que em punheta.
Vou em sua direção e a agarro, beijando e roçando minha ereção que ia e vinha com meu pensamento nos momentos com Willow no apartamento que aluguei para levá-la.
Karina me para e me olha.
― Que tesão é esse outra vez? Anda chegando muito tarado.
― O que acha de um banho comigo? ― ignoro sua pergunta.
Ela não se importa. Passa as mãos pelo meu pescoço.
― Eu acho que estou gostando dessas suas reuniões. Larissa está dormindo. Vamos.
A pego no colo e subo as escadas para o quarto no segundo andar.
Transo com Karina enquanto imagino Willow de quatro para mim, apertada e lisinha como a imagino. Fodo minha esposa até ela não aguentar mais.
Aquela morena está me deixando louco. Preciso comer aquela mulher antes que isso acabe. Porque sei que não vai demorar a acabar. Simplesmente não posso deixar tudo que construí, não posso deixar minha filha e minha mulher. E por mais que faça planos, tenho certeza de que aquela garota não aceitaria continuar como minha amante. O que não vai me impedir de tentar convencê-la de todas as formas.
Depois do sexo, Karina me serve o jantar com um enorme sorriso de quem foi bem comida. Se ela soubesse o que se passa pela minha cabeça enquanto a fodia...
― Vai trabalhar amanhã? ― pergunta.
― Não. Esse fim de semana está reservado para minha esposa e minha filha ― respondo.
Aproveitei que Willow vai trabalhar fora de São Paulo para dizer que vou passar o fim de semana visitando meus pais. Já fiquei o sábado passado com ela. Ficar muito tempo longe de casa é suspeito.
― Perfeito. Então o senhor vai buscar sua filha amanhã no colégio.
― Aula sábado? Não me lembro de ter aula sábado.
― A diretora está fazendo uma experiência. Dará aulas extras aos sábados de coisas como teatro, culinária, arte, artes marciais e outras coisas úteis na rotina das crianças.
― Vamos juntos buscá-la. Podemos levar a Larissa para tomar um sorvete ― sugiro. O que lhe rende um sorriso.
Esse caso com Willow está fazendo bem ao meu casamento.
― Adorei a ideia.
No dia seguinte, levo Larissa na escola e passo a manhã na frente da televisão entre uma cerveja e outra. Nada muito exagerado.
Karina e eu vamos juntos buscá-la no fim da manhã. É uma festa. Raramente a levo para a escola. Minha filha ficou empolgada como se tivesse ganhado um presente maravilhoso.
― Papai! ― Ouço seu grito enquanto esperamos.
Larissa corre para mim ao me ver no pátio da escola. Seus cabelos são tão loiros quanto os de sua mãe. Ambas também são bem magras. A única coisa que ela herdou de mim foi os olhos verdes.
― Você veio mesmo. ― Me abraça.
― Claro, meu amor. Estava com saudades de te buscar.
― Eu não mereço um abraço? ― Karina fingi estar magoada. E nossa filha a abraça.
― Eu te amo também, mamãe.
― Pensei em levar as duas mulheres da minha vida para tomar sorvete. O que acha, filha?
― Ótima ideia, papai. ― Minha princesa fica toda feliz com a ideia do sorvete.
Também estava empolgada com a aula. Ela começa a tagarelar sem parar sobre tudo que fez hoje. Parece que a professora estava ensinando a fazer coisas com materiais recicláveis.
― Então vamos — a corto. — Na sorveteria você me conta tudo sobre a aula.
― Espera. ― Ela olha para trás como se tivesse esquecido algo.
― O que foi? — questiono, um pouco impaciente. O lugar está lotado de crianças barulhentas.
― Queria te mostrar o cofrinho que fiz.
― Mas não é uma surpresa para os pais? ― Karina pergunta.
― É, mas acho que não tem problema ver. A professora é legal. Ela vai deixar. Vamos!
Olho para Karina e ela balança os ombros, indiferente.
Enquanto isso Larissa puxa minha calça insistindo para irmos até sua sala. Ela insiste tanto que tenho que entrar na sala para ver sua criação.
Pelo menos me afasto um pouco da barulheira de pais e filhos que estava aquele pátio. Seguimos por alguns corredores até pararmos em uma das várias portas diferenciadas pelo número da turma escrito na madeira com alguns desenhos.
A porta está aberta. Passamos por ela e vejo uma mulher de costas, mexendo em alguns objetos coloridos.
Larissa solto minha mão, que segurou instantes atrás, e corre até a mulher.
― Professora, posso mostrar meu cofre de bichinho aos meus pais? ― pergunta tocando nas costas da moça de coque que arrumava as coisas.
Ela se assusta aos nos ver. Infelizmente sei que não tem nada a ver com minha filha ter chegado bruscamente.
Eu vejo que tudo acabou quando a mulher se vira e nos vê.
Merda!
WillowAcordo às três e meia, me arrumo em meia hora e saio correndo para pegar o primeiro ônibus para uma cidade vizinha.É duas horas até lá e tenho que estar na escola às sete.Se tudo der certo, vou poder dar aula lá todos os sábados. Vai ser mais um dinheiro para ajudar no casamento e não precisar deixar tudo nas costas do Ricardo.Por isso farei o meu melhor. Nem contei para Ricardo. Minha mãe sempre falava que dá azar contar as coisas antes de acontecer, então só contarei depois de acontecer, depois que se torne oficial as minhas aulas.Fiz um coque para ficar o mais profissional possível e coloquei meu vestido cor de rosa. Ele é para trabalho mesmo, com a diferença que não me deixa com cara de professora chata para os alunos. Isso faz um contraste legal com o coque. Tenho que agradar alunos e colegas. Além de amar dar aulas para crianças, preciso do emprego, então não custa esforçar um pouco para agradar meus chefes e colegas.Logo que chego, cumprimento todos na sala dos prof
WillowAs revistas de vestidos de noiva riem da minha cara sobre a cômoda. Não que eu fosse usar um desses vestidos caríssimos, mas eu gostava de me imaginar caminhando em direção do altar com um deles, depois deixando que meu marido o tirasse de mim e me fizesse sua pela primeira vez. Algo que nunca vai acontecer, pelo menos não com Ricardo.Faz dias que descobri que meu noivo já é casado. Inclusive tem uma filha linda e inteligente. É difícil aceitar que fui enganada por todo esse tempo.Ricardo insistia sem parar. Com aquela história ridícula de que se divorciaria para ficar comigo. Nem respondo. Bloqueio todos os números que ele usa. Uma hora vai acabar os números que pode usar.Enquanto isso, o aguento sempre se fazendo presente. Eu amava esse miserável. Não vai ser de uma hora para outra que vou apagar os bons momentos grudados em mim, mesmo que cada um deles seja mentira. Meus planos de ter uma família continuam na minha cabeça, mesmo que agora seja só mais um motivo para me de
AlexandreFaz poucos minutos que cheguei e já estou cansado dessa boate. Pensei que seria interessante ter minha própria boate, mas não vejo nada de especial. Parece ser sempre as mesmas pessoas a frequentar. E as mais interessantes já provei, aqui mesmo nesse camarote. O lugar é reservado e consigo deixar as luzes do jeito que eu quiser, além de ter um lugar ainda mais reservado logo atrás. Apesar de que nem ligo se virem. Um showzinho para os clientes não faz mal. Aqui não é lugar para puritanos.Entediado, quase me levanto para encerrar a noite. É quando percebo um vestido prata entre os dançarinos bêbados na pista. É uma garota bonita, que nunca vi. Seus cabelos são como cascatas sobre suas costas. Quando ela se virava e a via de costas, instantaneamente tinha vontade de segurá-la pelos cabelos e puxar para mim.Pelo seu jeito, ela parece meio perdida. Não parece se encaixar no cenário.Exótico. E adoro coisas exóticas. Será ótimo ter uma coisa tão exótica como aquela mamando meu
WillowEstou indignada com Bia. Ela me chamou para vir aqui e simplesmente me abandonou. Eu até tentei me aproximar da turma que estava com ela, mas não consegui acompanhar a conversa sem inventar sobre ser o que não sou, e desisti de vez quando eles começaram a trocar “balas”. A única droga que entra nesse corpo é álcool.Ela não parecia confortável com isso, até a vi esconder a droga, fingindo que usou. Já disse o quanto Bia é estranha? Pois é, isso me deixou muito intrigada, porém decidir não me meter.Quando sai de perto da turma, ela nem se deu conta. Estava ocupada perguntando por uma pessoa desaparecida. Se eu pelo menos tivesse intimidade para perguntar qual a dela. Sou curiosa, mas nem tanto.Só sei que nunca mais aceito convite dela para nada, nem para boates caras. O ambiente é legal, mas não sou uma pessoa fácil de enturmar e ficar rodando sozinha por uma boate é bem chato, nem álcool ajuda.O homem misterioso que vi no tal camarote ainda parecia me olhar. Seria ilusão min
WillowEle vem para cima de mim e enquanto me envolve em um beijo gostoso e safado, até me esqueço de quem eu sou. Esse homem é perigoso. Estranhamente, com esse desconhecido eu não tenho tanto controle quanto tinha com Ricardo. Percebo isso ao literalmente esquecer onde estou e me entregar ao seu beijo safado.Sua língua começa a brincar com a minha, que logo se torna atrevida, querendo provocar nele o mesmo que provoca em mim. Quando morde o meu lábio, eu juro que tenho vontade de abrir sua calça, subir meu vestido e “sentar”. Sentar muito.― Que boca deliciosa! ― são suas palavras após o beijo, enquanto me encara.Eu estou prestes a sorrir e dizer que a dele é ainda mais, quando vejo seu segurança na entrada segurando o balde de champanhe. Ele estava esperando. Quanto tempo estávamos nos beijando? Perdi total a noção.Envergonhada, por sei lá qual motivo, sento direito consertando meu vestido para cobrir um pouco mais das minhas pernas.O dono da minha falta de lucidez faz um sinal
WillowAtrás da cortina é meio que parecido com a frente do camarote. Só que há apenas um sofá, onde cabe uma pessoa deitada, e uma mesa de centro. Sei que cabe uma pessoa deitada porque me imagino deitada ali com esse homem por cima ― ou por baixo. Imaginar não quebra promessas.Ele se senta, me levando junto para o seu colo, e coloca a garrafa sobre a mesa.― Levante ― diz com tom de ordem.― O que? ― pergunto levantando.― Ficará mais à vontade assim ― responde me fazendo sentar de pernas abertas em seu colo.Meu vestido sobe todo. Tento puxar, mas não adianta muita coisa.― Era assim que eu queria te sentir, só que menos tensa ― fala com um sorriso canalha.― Não estou acostumada a fazer essas coisas com desconhecidos ― confesso.― Serei seu primeiro? Ótimo, adoro ser pioneiro.Não será o primeiro porra nenhuma!Só beijos. Willow, você fez uma promessa.Pego a garrafa de champanhe e bebo direto nela. O que faz ele perceber que eu realmente estou tensa. Cadê o efeito do álcool quan
WillowEu dizia que não podíamos transar, mas não parava de deixar ele me tocar, de tocá-lo, deixava ele ir cada vez mais longe.Logo que ele percebe que desvirginou uma desconhecida, fica imóvel dentro de mim.― Porra! Por que não me disse que era virgem? — cobra.Me desespero ao pensar em minha mãe e na possibilidade de ficar grávida desse homem.― Preservativo... Pelo menos tinha que ter colocado ― minhas palavras saem confusas, assim como eu estou.― Eu coloquei. Não viu? ― ele fala. ― Você tem vinte e dois mesmo?― Tenho — respondo simplesmente, envergonhada porque realmente não vi. — Desculpa por não dizer. É que... eu... eu... — tento virar o rosto novamente, mas ele não permite, segurando seu queixo. — Eu achei que não aconteceria.Ele ri.— Não ria de mim — resmungo brava. — Já me basta essa dor do inferno.Para minha surpresa, ele para de rir.― Parei. A primeira vez é dolorosa mesmo. Dizem que muito.― Dói mais do que pensei ― confesso.O que eu faço agora? Saio correndo?E
Willow Sentada nesse carro luxuoso, sem calcinha, suja do meu sangue e da porra dele, livre da sua hipnose, começo a me sentir uma prostituta descartada depois do sexo. Minha mente faz uma retrospectiva de tudo que aconteceu hoje.Droga, eu senti aquela coisa quente derramando dentro de mim, mas eram tantas sensações que nem consegui me concentrar. Sem contar a dor.Juro que nem vi a hora em que ele colocou o preservativo. O pior foi passar por aquelas pessoas imaginando que podem ter ouvido o meu grito quando fui literalmente rasgada pelo pau monstruoso daquele homem. Não, o pior foi ter quebrado a promessa. E de forma tão vulgar. Como pude levar aquilo até onde chegou? Na hora me pareceu tão urgente sentir aquele homem, tudo que ele me oferecia. Agora só me sinto fria e vazia, usada. E nem posso colocar a culpa nele. Eu deixei que fosse longe demais para parar. Ele não me obrigou a nada.Me perdoe, mamãe. Ele foi tão gentil enquanto me tinha. Não se preocupou só com ele, como já