III

As portas da grande casa antiga é aberta fazendo um ranger assustador. Os móveis em perfeito estado com mais de 100 anos trazem beleza e sofisticação ao lugar, apensar de empoeirados.

O único som ouvido da casa é do salto de Kate que preenche o lugar. Ela se direciona a escadaria subindo os degraus na madeira maciça relembrando das vezes que descer essas escadas correndo causava pânico em sua mãe, que lhe repreendia dizendo que deveria se comportar com uma menina da classe que era.

Na última porta do segundo andar da casa ficava o escritório de James Hamilton. Um dos homens mais respeitados da sua década. Naquele escritório a única coisa que se via era homens de elite que faziam reuniões frequentes. Os assuntos nunca se sabem. Kate já até tentou escutar e espionar algumas vezes, mas sua mãe sempre estava a beira para vigia-lá.

Kate abre a porta encontrando tudo do jeito que deixou. Os Hamilton tinha uma preferência. Manter sua casa longe da cidade, assim teriam mais privacidade de tudo e todos. O que a vampira agradeceu internamente aos pais.

Os moradores de Rust não se atreviam ir para o sul da floresta antiga. As história de vampiros e lobisomens naquela área era demais para alguém se quer ter a coragem. A grande guerra entre os animais mais mortais do mundo. Bobagens sem igual, cada predador tinha leis e todos cumpriam sem haver guerra. 

Sentando nas grande poltrona do James Hamilton, Kate encosta suas costas e cabeça fechando os olhos apenas relaxando, lembrando quantas vezes ela queria sentar ali e se sentir como seu pai. Dono de tudo. Mas ao mesmo tempo sabia que havia sido treinada por sua vida toda ser uma ótima esposa, assim como fora sua mãe. E lá no fundo era o que Kate queria na naquela época.

A porta da frente é aberta fazendo o mesmo barulho macabro, revelando um rapaz de aparência jovem. Seus cabelos loiros, seus olhos vermelhos e seu sorriso presunçoso desperta Kate no andar de cima.

Kate sai do escritório fechando a porta e descendo as escadas. O rapaz que se jogou no sofá da sala já sabendo que a vampira estava vindo ao seu encontro.

- Olá Kate.- ele cumprimentou quando Kate aparece em sua frente.

- Você chegou.- ela da as costas pro vampiro e vai até o pequeno móvel que continha em cima algumas garrafas de bebidas.- Ben Cooper. Até que veio rápido.

- Você chama e eu venho correndo.- ele usa sua velocidade para chegar até Kate.- Como um belo e obediente cachorrinho.- Kate oferece um copo da bebida que se serviu. O menino que tinha cerca de 18 anos, pelo menos há uns 70 anos anos, era como um velho capanga de Kate.

- Fico agradecida por ter vindo.

- Não há de quê!- Ben sorriu aceitando o copo e levantando em direção a Kate que devolveu o cumprimento. Ben deu uma grande golada e deixou o copo no mesmo móvel onde tinha as bebidas. - Mas o que há de tão grave?- ele volta para o sofá.

- Não sei bem, mas...- Kate bebe todo o líquido de vez- Mas os Vontres estão vivos.- Ben que estava despreocupado,  mudo sua posição para alerta.

- Vontres?- ele voltou a ficar cara a cara com Kate.- Impossível. Você  acabou com tudo a 120 anos atrás.- ela balancou seus ombros olhando ainda para Ben. 

- Foi o que pensei.- Kate se afasta de Ben- Mas creio que é mais o "legado" dos Vontres. Alguém que tem as mesmas ideias deles.

- Da a eternidade para todos?- Ben pergunta se sentando no sofá.

- É loucura. Suicídio. E guerra.- Kate se senta no mesmo sofá- Dos que restaram ou quem esta por trás disso tem que parar. - Kate encara Ben que parecia estar pensativo. 

- E como pretende fazer esse ato heroico?

- Tudo que eu preciso é de uma bruxa.

- E já conseguiu sua Bruxa?- ele deita botando os pés em cima da perna de Kate que logo o afasta.

- Ela vai vim. Mesmo me odiando ela vai vim até mim. Ela me deve isso- Kate se levanta e olha para a grande janela. Olhando as diversas arvores que cercava a grande propriedade. 

- Assim como eu. Por toda a eternidade.- Ben se levanta do sofá e faz uma reverência.

- Não me agradeça por isso. Ninguém quer viver a eternidade.- Kate o olha pela última vez e vai em direção às escadas.

- Eu quero- o rapaz sorri.- Então estou oficialmente convidado a ficar na sua casa?

- Eu já te convidei a anos. Idiota.-Kate acaba sorrindo- Escolha um dos quartos do segundo andar. E não me perturbe.- Kate começou a subir as escadas.

- Tô com fome- Ben fala indo em direção a cozinha. Nesse momento a campanha toca e os dois vampiros param onde estavam.- Eu atendo?- pergunta para Kate que balança a cabeça afirmando. Então o menino ajeita sua roupa antes de abrir a porta fazendo Kate revira seus olhos. 

Ben anda até a porta e para olhando novamente para Kate que mantém sua posição. Ao abrir a porta a imagem de Margareth é vista e Kate volta a descer os poucos degraus que subiu.

Margaret olha para o rapaz que tinha um sorriso no rosto e entra na casa. Fazia três dias desde que Kate tinha aparecido em sua casa pedindo ajuda. Hoje ela resolveu ir até lá lhe da uma resposta.

- Bem vinda Mag.- Kate parou perto do sofá.

- Eu aceito te ajudar.- a bruxa fala sem rodeios.

- Bom... Eu vou... pra la- Ben se pronuncia fechando a porta e saindo rápido dali.

- Ótimo.- Kate sorri.

- Com uma condição.- a bruxa ainda encarava a vampira.

- Não tem condições. Não foi o que tratei.- Kate vai até a bruxa- Se não se lembra você me deve isso.

- Então morra Kate Hamilton. Juntos com os Vontres.- Margareth da as costas  para Kate e sai andando. Kate pensa em apenas quebrar o maldito pescoço da bruxa que já estava com a mão na maçaneta. 

- Qual sua condição?- a voz de Kate faz Margareth parar e se volta a vampira.

- Que assim que eu te ajudar com os Vontres você sai daqui. Sai de Rust,- a bruxa fica de cara a cara com Kate- E nunca mais volte aqui outra vez.

-Esta pedindo para eu não voltar mais no lugar que é a minha casa?- Kate chega mais perto ficando a centímetros  de Margareth.

- Já não é sua casa a muito tempo.- Margareth responde sem se afastar. Kate a encara pensando se deve aceitar. Ela não tinha muita escolha e nem muita coisa a perder.  Somente Margareth podia fazer aquilo.

- Tudo bem- Kate balança os ombros e dando as costas para a mulher de pele negra.

- Tudo bem- Margareth suspirou aliviada. Por mais dura que posso tentar ter sido, ela temia que Kate não aceitasse.- Então... Qual é o seu plano?

- Seu colar.- Kate aponta para o colar no pescoço de Margareth.

- Meu colar? O que tem meu colar?- Kate estende a mão balançando os dedos como pedido para a bruxa entregar o colar.- Eu não te darei meu colar- Margareth bota a mão no cordão em formar de losango.

- Não confia em mim?- Kate pergunta dando um sorriso cúmplice em implicância 

- Claro que não.- a bruxa da um passo para trás.

- Lhe devolverei no mesmo instante. Eu prometo. Sabe que nunca quebro promessa.- Kate estendeu a mão novamente. Margareth hesitou por mais alguns segundos até que tirou o cordão dando a Kate.- Sua tia colocou algo nesse cordão que vale vidas.- Kate aperta em um mínimo botão secreto e um tampa abre revelando uma espécie de cristal.- Isso é Kijuty. Com o feitiço certo e esse cristal, seu maior pedido se realizará.- Kate encara o cristal.

- Mas que feitiço é esse? E como eu não sabia desse cristal?- a bruxa também encara o cristal transparente que parecia um grão de arroz.

- O mundo é mais do que queimar vampiros Mag- Kate guarda novamente o cristal no cordão entregando a Margareth que volta a colocar no pescoço.- Viu? Promessa cumprida.

- Prometeu também que me mataria. E está aqui pedindo minha ajuda.- Margareth sorriu convencida cruzando os braços.

- Não faltará oportunidade. Garanto- Kate piscou para Margareth que desfez o sorriso. 

Uma amizade que acabou estava a ponto de botar a prova uma confiança que não existia.

Kate queria confiar em Margareth.

E Margareth não queria confiar em Kate. As duas tinham a mesma ideia.

Se juntar ao inimigo até que sobre só um.

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