Cheguei em casa um pouco mais da meia noite e como sempre, subi pela árvore, caminhei pelo telhado e cheguei a minha janela. Me desfiz das roupas e tomei uma ducha rápida. Por fim, vesti um short folgado e espalhei alguns livros e folhas pela cama. Uma maneira de enganar os meus pais e de fazê-los pensar que eu passei a noite com a cara nos livros. Me deitei no meio dos materiais e encarei para o teto do quarto. Me peguei pensando em uma certa morena, pequena e de olhos graciosos. A dança, o toque, nossos lábios se tocando. Porra! A maciez, o calor, o beijo. Ouço ao longe as vozes femininas sussurrando pelo corredor da casa e fecho os olhos, fingindo dormir.
— Vocês deviam pegar mais leve com o menino. Os rapazes da idade dele gostam de sair e de se divertir. — Mariaju diz entrando no quarto.
— Você sabe como é o pai dele Mariajú. Irredutível quando o assunto é a educação do filho. —Minha mãe retruca. Abro uma brechinha de olho e as vejo retirar
Um beijo roubado. — Meu Deus, pai! Estou encantada com a história de vocês! Isso daria um belo livro de romances. — Ana disse sorrindo, enquanto enxugava suas lágrimas. — Não sei se daria um bom livro, mas eu sempre terei boas lembranças dela, guardadas bem aqui, em meu coração. — Apontei para o meu peito. — O amor de vocês era muito forte e lindo também. Não consigo entender porque não venceram.— Ela lamenta. Suspiro de modo audível. — Nem eu, querida, nem eu. — E então, o que aconteceu depois?— Ela perguntou curiosa. — Depois... ...Quando cheguei em frente a sua casa, ainda nos olhamos nos olhos. Eu com uma vontade arrebatadora de beijá-la novamente. Ela... bom, ela eu não sei. — Tenha uma boa noite, pérola negra! — sussurrei bem próximo do seu rosto. — Porque me c
Os dias foram se passando e nós fomos ficando cada vez mais apegados e mais ousados também. E confesso que estava ficando cada vez mais apaixonado, mais viciado nela. O que me aflige é que no próximo ano terei que ir para uma faculdade fora do Brasil e ainda não sei se serei capaz ficar longe dela por cinco longos anos. Cinco malditos anos! Lamento. Meu pai jamais concordaria que eu fizesse o curso aqui no Brasil. Estou cada dia mais ansioso por estar com ela e hoje a noite, quando todos estiverem dormindo, irei para o seu quarto. Audacioso? Sim. Perigoso? Com certeza. Mas simplesmente quero um pouco mais dela e ela também quer mais de mim. São desejos profundos demais, que não dá mais para segurar. Horas depois, saí de casa pelo caminho da fuga, na calada da noite como havia planejado e ansioso demais corri o curto caminho entre os arbusto, mas parei bruscamente quando encontrei Morgana parada na frente da casa de Rose, e com cara de poucos amigos.
A Fulga O som insistente do meu celular me desperta. Atendo o telefone, sem sequer olhar a tela.—Alô?— Ed? — A voz feminina ecoa do outro lado da linha. Sento-me rapidamente na cama e puxo a respiração. Droga, havia me esquecido dela!— Andréa? — Preciso te ver. — Ela diz baixinho, parece receosa.—Onde você está?— Aqui no aeroporto do Rio. — Puta merda!—O que disse?—Ed, eu não conheço nada aqui, não sei pra onde ir. Você pode vir me buscar? _ Saio da cama exasperado e corro direto para o closet, pego a primeira roupa que vejo na minha frente e visto em seguida.— Posso saber o que veio fazer aqui, Andréa? — pergunto rígido.Ela faz silêncio por alguns segundos.—Você sumiu, não me ligou mais, não me procurou. Então um dia eu vou até o seu escritório e descubro qu
Acordo no dia seguinte com o diário aberto no meu peito. O celular está tocando em cima do criado mudo e com um Resmungo, fecho o diário, sento-me na cama e antes de atender, verifico a tela. Não quero ter surpresas logo pela manhã. Observo o número desconhecido intrigado. _ Edgar Fassini falando. _ Edgar, é o Igor. _ O irmão mais velho. O que está pegando? _ Como está Ariel? _ Está bem, por que a pergunta? Ele parece respirar aliviado. _ Enrico fugiu da prisão _ informa e eu fico gelado. _ Como isso aconteceu? _ Não sei, alguém lá dentro o ajudou. _ Caralho, Igor, como vocês deixaram uma coisa dessas acontecer?! _ Eu te disse, Edgar, eu não confio em ninguém! Deve ter alguém no nosso meio o ajudando. _ E agora, o vamos fazer? _ Vamos tentar rastreá-lo. Só liguei para que fiquem atentos. Por favor, não vacilem! _ Jogo o meu corpo contra o colchão e puxo o ar com força.
O diário de Rose - Parte 1. Já é de noite quando entro no meu quarto, vou até uma janela e fico olhando a lua redonda no céu. Penso que Rose amava olhá-la. Ela ficava horas admirando-a, encantada. Faço menção de ir para a mesinha e trabalhar no meu MacBook, mas dou de cara com a caixa de papelão que Ana me trouxe mais cedo. Curioso, eu vou até a caixa, a abro e olho dentro dela. Há uma infinidade de coisas dentro dela. Sapatinhos cor de rosa de tricô, alguns cadernos de receita. Sorrio, quandp penso que ela sonhava em fazer gastronomia. Quantos sonhos destruídos. Há algumas joias, dois álbuns de fotografias e um diário de capa preta, com uma orquídea artesanal colada nele. Isso é bem a sua cara. Penso. Pego os dois álbuns de fotografias e vou para a cama, me sento encostado nos travesseiros e abro o primeiro álbum. São fotos de minha filha em várias fases do seu crescimento. Olho cada imagem com muita emoção. Queria ter vivido tud
"19 de janeiro de 1991" Esse foi o dia que nos conhecemos. Penso e ansioso, deslizo as pontas dos dedos pela escrita de tinta azul, sobre a letra caprichosa, perfeitamente organizada. Curiosamente começo a ler sua escrita... Querido diário, hoje foi um dia especialmente diferente para mim. Eu fiz novos amigos. Confesso que não sou uma menina de fazer amizades por conta da minha timidez, mas aqui em Goiás, as pessoas são bem amistosas. Morgana foi a pessoa que eu mais me identifiquei aqui. Ela é mais velha do que eu e também é muito esperta, e através da sua esperteza, ela conquistou a confiança do meu pai. É meu segundo no dia aqui na fazenda Fassini, onde os meus pais começaram a trabalhar recentemente e Morgana resolveu me levar para tomar um banho de rio. Bem, banho no rio eu não garanto, mas resolvi acompanhá-la mesmo assim e quando chegamos ao lugar, que ela não parava de fala
O diário de Rose - Parte 2 Depois de deixar minha filha mais tranquila e de fazê-la entender os meus motivos, retomamos ao nosso momento família, entre amigos. A noite Ana e Luís resolvem sair um pouco para curtir a noitada carioca, as crianças ficaram com uma babá, e eu? Bom, estava ancioso demais para voltar para o meu quarto e voltar a ler o diário de Rose. Aquela data era mesmo intrigante. Me lembro bem da nossa última conversa e em minha mente tudo estava bem planejado. Eu iria apresentá-la como minha namorada, e se eles não aceitassem, nós fugiríamos e iríamos viver as nossas vidas a nossa maneira. O único problema seria seus pais, pois Rose ainda era menor de idade, e eu já havia feito meus 20 anos. Entro no quarto de hóspedes e pego o diário largado no criado mudo, me sento no colchão e retomo a leitura. 10 de março de 1991 Querido diário, Hoje tivemos mais um momento m
O carro passa pelo imenso portão de ferro. Por incrível que pareça, não há guarda nas guaritas e quando o imponente carro negro para em frente a casa, eu desço, ajeito o terno e olho ao meu redor. Meus olhos param na casa pequena ao longe e noto suas luzes acesas. Dois homens usando ternos escuros se aproximam e ficam de prontidão. Não há perguntas aqui, todos sabem exatamente o que fazer. Faço um sinal de cabeça, e um deles abre a porta, sem fazer o menor esforço. Adentro na mansão silenciosa e alcanço a sala, iluminada apenas por abajures e noto tudo quieto demais. Ainda é cedo e tenho um palpite que não falha. Determinado, caminho direto para o escritório da casa, abro a porta e finalmente o encontro. Enrico Fassini está em sua mesa. Uma mão, segura um copo de uísque e na outra, uma garrafa vazia. Sozinho... como eu sempre imaginei que terminaria a sua vida. Ele ergue sua cabeça e os olhos verdes, iguais aos meus me encaram com frieza. _ Sabia que volt