O carro passa pelo imenso portão de ferro. Por incrível que pareça, não há guarda nas guaritas e quando o imponente carro negro para em frente a casa, eu desço, ajeito o terno e olho ao meu redor. Meus olhos param na casa pequena ao longe e noto suas luzes acesas. Dois homens usando ternos escuros se aproximam e ficam de prontidão. Não há perguntas aqui, todos sabem exatamente o que fazer. Faço um sinal de cabeça, e um deles abre a porta, sem fazer o menor esforço. Adentro na mansão silenciosa e alcanço a sala, iluminada apenas por abajures e noto tudo quieto demais. Ainda é cedo e tenho um palpite que não falha. Determinado, caminho direto para o escritório da casa, abro a porta e finalmente o encontro. Enrico Fassini está em sua mesa. Uma mão, segura um copo de uísque e na outra, uma garrafa vazia. Sozinho... como eu sempre imaginei que terminaria a sua vida. Ele ergue sua cabeça e os olhos verdes, iguais aos meus me encaram com frieza.
_ Sabia que volt
Irmão mais velho.A minha vida está virando um filme de ação. Como ele, de um pai de família, tornou-se um estuprador? De um mega e renomado empresário, virou traficante de crianças? Isso sempre existiu e eu nunca percebi? Cacete, o que está acontecendo? Como eu nunca percebi e nunca ouvi falar de um irmão mais velho,que porra é tudo isso? Penso, enquanto ando de um lado para o outro na delegacia federal. Lá dentro da sala estão Igor, Morgana e Maria Flor. É tudo muito confuso. Agora eu tenho um irmão mais velho, uma cunhada, uma sobrinha, filha e netos. As crianças que resgatamos foram levadas para um hospital, para exames de rotina e eu estou aqui, e faz horas que eles que estou esperando para saber o que vai acontecer de agora em diante. Loucura? Não, com certeza isso é insano demais. Mais alguns minutos de espera e Igor e sua família saem da sala do delegado. Ele beija rapidamente sua esposa e depois a filha, diz algo pra elas e depois ca
No jatinho, ajudo Ariel a se acomodar em uma poltrona, próxima à janela. Ela agora veste roupas mais femininas, o contrário daquele macacão de tecido da delegacia que usava horas antes. A garota ainda está muito desconfiada comigo e quase não me olha nos olhos. Durante toda a viagem eu não consigo tirar os meus olhos dela. Parece um bichinho assustado. Resolvo trabalhar no meu MacBook, e desviar a minha atenção da garota. Penso em minha filha, não sei o que Ana vai pensar, quando eu chegar com agarota em sua casa. Talvez ela não se importe, porém, se si sentir incomodada, terei que ir para um hotel. A viagem é silenciosa, apesar de ter quatro pessoas a bordo e Josué parece perdido em seus pensamentos. Mariana está dormindo e Ariel observa o lado de fora o tempo todo. Meia hora depois, Vivian surge com nossas refeições e eu noto que Ariel se recusa a comer qualquer coisa. Imediatamente, largo o MacBook de lado e me sento perto dela. _ Viv
20 de agosto de 1991.Querido diário,Hoje estou fazendo quatro meses de gestação. Estou radiante por dois bons motivos: primeiro, consegui arrumar meu primeiro emprego e não vou ter que depender da ajuda de amigos, e segundo: hoje fui a obstetra e descobri que estou esperando uma menina.A minha princesinha! Estou muito emocionada.Já faz alguns meses que saí da casa de meus pais e da fazenda Fassini e que o Ed se foi também.Me pergunto se ele já sabe do nosso bebê e como ele está. A noite passada a Ana se mexeu em meu ventre e eu chorei. Foram alguns segundos, mas foi a melhor coisa que me aconteceu nesses quatro meses.Fico imaginando se ela será parecida com o pai, ou comigo, ou com os dois. O emprego que eu arrumei é em uma lanchonete pequena e tem pessoas muito boas lá. Pess
Quando já estou descendo as escadas, encontro Delia com uma bandeja farta nas mãos._ É para Ariel? _ pergunto.A mulher assente com um meio sorriso. _ Deixe que eu mesmo levo _ peço já pegando a bandeja.Ela protesta._ Desculpe, senhor, mas a dona Ana me pediu..._ Diga para dona Ana, que eu mesmo farei isso todos os dias._ A corto ajeitando a bandeja e subo as escadas, voltando para o corredor e indo em direção a última porta. Como havia previsto, a porta está trancada outra vez. Bato levemente na madeira e me anuncio._ Ariel, sou eu, Edgar. _ Nada acontece. Suspiro quase impaciente. _ Trouxe comida pra você _ insisto._ Pai, o que pensa que está fazendo?! _ Ana esbravejar, vindo atrás de mim._ Levando comida para... _ Ela toma a bandeja de minhas mãos e a entrega para Delia._ Pai, pense um pouco comigo, Ariel sofreu algum trauma horríve
A FulgaO som insistente do meu celular me desperta. Atendo o telefone, sem sequer olhar a tela._ Alô?_Ed? _ A voz feminina ecoa do outro lado da linha. Sento-me rapidamente na cama e puxo a respiração. Droga, havia me esquecido dela!_ Andréa?_ Preciso te ver. _ Ela diz baixinho, parece receosa._ Onde você está?_ Aqui no aeroporto do Rio. _ Puta merda!_ O que disse?_ Ed, eu não conheço nada aqui, não sei pra onde ir. Você pode vir me buscar? _ Saio da cama exasperado e corro direto para o closet, pego a primeira roupa que vejo na minha frente e visto em seguida._ Posso saber o que veio fazer aqui, Andréa? _ pergunto rígido.Ela faz silêncio por alguns segundos._ Você sumiu, não me ligou mais, não me procurou. Ent&atild
Depois de uma rápida reunião com a Ana e Luís no escritório da casa, informo os últimos acontecimentos sobre Enrico e resolvemos reforçar a segurança em todo o perímetro da casa. Há homens de preto espalhados de forma estratégica por todos os lados. Não tem a menor chance de Enrico aparecer, ou se aproximar de um de nós. As crianças estão tendo aulas particulares em casa e a Ana e o Luís saem em carros blindados e com seguranças sempre a postos. Eu sei que pode ser um exagero e que talvez eles não sejam alvos, mas eu prefiro não arriscar.Depois do café da manhã, vou para a varanda com o meuMacBooke me entrego as minhas funções de CEO e deixo o tempo passar. Os gritinhos e risadas das crianças me chamam atenção e sorrio ao ver Ariel brincand
13. Inseguranças_ Isso é um absurdo! _ Ana grita enlouquecida. _ Essa mulher é uma louca! Eu vi, com os meus próprios olhos, ela morreu na minha frente! _ Enquanto grita descontrolada, bate em seus peitos e as lágrimas descendo por seu rosto. Luís a abraça com ternura e beija os seus cabelos._ Não, Ana, o que você viu foi a sua mãe infartando. Os médicos invadiram o quarto e em seguida eles disseram que não conseguiram reanimá-la. Nunca se perguntou, porquê o caixão ficou fechado durante todo o velório? _ Ariana questionou.Ana arregala os olhos.O entendimento lhe chega e a ficha finalmente cai._ Meu Deus, isso é loucura! _ Minha filha sussurra e volta a chorar. _ Porque minha mãe faria isso comigo? Ela sabia que eu não suportaria._ Para te proteger, querida. _ Ariana a interrompe.
13 de fevereiro de 2002Querido diário,Ultimamente escrito menos, pois a dias sinto-me cansada. Penso que evitei falar para a minha filhasobre o seu paipor todos esses anos, porque precisavamantê-la segura e longe dos Fassini.Se ela pelo menos tivesse a noção de quem eles são realmente.Pela manhã não me senti melhore mesmo assim,meu médico me recomendou uma internação,devido o meu estado físico. Pensoque devo aceitar, as dores têmme incomodado muito, meu corpo está debilitadoe a Ana anda preocupada comigo, mesmo mantendo um sorriso em meu rosto.Ed, onde você está?Sinto-met&