Data:17/06
Querido diário, hoje é quarta-feira, precisamente falando, dois dias depois que minha irmãzinha se foi. Sinceramente? Não sei como estou, é como se meu cérebro não tivesse ingerido a ideia de ter ido para nunca mais voltar.
Nesse exato momento estou dentro do meu banheiro, olhando para o meu reflexo e só consigo sentir decepção.
Decepção, por não ter ajudado ela. Decepção, por trazer preocupação a todos. Ódio, por estar descontando tudo isso no meu corpo. Agora estou com a lâmina na mão e as lágrimas na minha face. Sim, diário, mais uma vez fiz algo que você já está cansado de saber, procurei e encontrei um alívio. O sangue pingava em grande proporção o tapete branco, mas que agora está uma cor mais avermelhada.
— O que você está fazendo Maya? — Uma pergunta retórica estilo Solano. Eu n
Acordei para mais um dia de luta, meu pai foi para o trabalho. Entretanto, ele mandou uma mensagem dizendo que hoje sem falta iríamos para o psicólogo e que ele iria comigo, confesso que senti um friozinho na barriga.Fui para a escola com Sol, ele mal tocou uma palavra comigo. Assim que chegar em casa eu converso com ele. 🌻Na hora do intervalo Eiko, foi falar com alguns dos seus amigos, e eu fui pegar um livro no meu armário. Entre eles, um garoto lindo e novato. Não diário, ele não é branco ou tópico as características dos babacas de filmes e livros. Muito pelo contrário, ele é preto, sim, de pele preta, de olhos e cabelos da mesma cor.Não sei como ele conseguiu ser popular aqui, mas fico feliz. É a primeira vez que vejo isso, um preto sendo popular em uma escola, ainda mais nos Estados Un
Data:23/06Ao longo do caminho, meu pai tentava puxar assunto e eu respondia em monossílabas. Eu ainda estava assimilando tudo o que aconteceu a minutos atrás. Tudo o que o doutor Leandro Lopes falou e tudo faz sentido. É como se eu precisasse ouvir para cair na “real”, entende? 🌻Chegamos a casa e fui atrás do Moço, queria falar para ele tudo que eu ouvir. Olhei no quarto, na cozinha e nada dele. Fui para o meu quarto, tomei um banho, vesti uma blusa a qual eu peguei do Eiko e provavelmente ele nunca irá ver. Ela era vermelha com desenho do Lampião e Maria bonita. Ele disse que comprou no Nordeste em uma das suas viagens. Peguei meu diário com a caneta rosa, e fui para uma part
Nem um de nós três tocamos no assunto. Porém, assim que chegamos a nossa casa, meu pai foi direto para o seu escritório, enquanto nós dois fomos para o quarto do Eiko. Ficamos deitados na cama, um do lado do outro, olhando para o teto com alguns segundos de silêncio.— Como você está? — Perguntou virando seu rosto para o meu lado.— Triste mais bem. — O que era, verdade.— Você está sabendo que o aniversário do Vini está chegando? — Perguntou querendo insinuar algo. O quê? Eu não sei.— Eiko Solano, o que eu tenho a ver com isso? Eu nem conheço o menino direito.— Sei. — Deu um riso. — Ele ficou te olhando com cara de bobo. — Sorriu.— Não tenho nada a ver com isso. Ele não me atraí. — Dei de ombros.— Me explica, por que você não gosta dele?— Não é que eu goste ou não. Eu não conheço ele direito, apenas.— Hum! Acredito. — Respondeu com um tom de deboche.— Acredita em que Sol
Data:28/06Estou eufórica. Saber que daqui a algumas horas vou ter a minha melhor amiga e o meu irmão ao meu lado, me deixou assim. Levantei no mesmo horário de sempre às 6:30. Fui tomar banho, lavei meus cabelos ao som de. Caetano Veloso com a música Leãozinho. Eu amo essa música, cantava junto. Vesti o meu uniforme e desci. Hoje só tenho a noite livre, já que vou ter aula de manhã e à tarde. Já fiz mil planos de como iremos aproveitar o final de semana.Diário, eu estou em meus dias de paz. Não estou me machucando e as minhas cicatrizes estão desaparecendo, isso significa que faz muito tempo que eu não a pratico.O meu café da manhã foi maravilhoso, meu pai estava no plantão da madrugada e iria pegar até o começo da tarde, já que ele trocou para não trabalhar no domingo.Falando no senhor Andrews, el
Eu sou fragmentos. Sim, sou, destroços. Sou ansiedade pura, Sou a depressão que não tem cura, Uma sonhadora que não para de sonhar.&
Data: 06/12Cá estou, sentada em minha cadeira branca, com meu diário sobre a mesa de madeira da mesma cor e um abajur para clarear as ideias.A fim de compreender tudo o que tenho a dizer, teremos que partir do início. Tentarei ser sucinta e clara.Caro diário,Aos 13 anos comecei a me ferir. Desculpa, mas é que eu não tive escolha, entende? Já não mandava em mim. Essas torturas me acalmavam, porque o que eu sentia por dentro era bem pior, era assustador.Ao ver meu sangue caindo no chão, pouco a pouco, ia me acostumando e relaxando. Isso se t
Respira, não é tão difícil escrever em um diário MayaRepetia para mim mesma depois da quinta bolinha de papel. Data: 10/01Querido diário, era vinte e seis de maio, quando tudo começou.Eu só tinha 10 anos quando ouvi aquelas duras palavras da minha própria mãe:— Me arrependo de não ter te abandonado, sua demônia! Eu te odeio, menina! — ela estava descontrolada porque vomitei a sua bolsa preta de couro com detalhes dourados — SAIA DA MINHA FRENTE!
Data: 12/01Moro em um país lindoE preconceituoso por natureza.Moro em um país conceituadoPor escolhas erradas.Moro onde não existeIgualdade e democracia de fato.Sim, moro no Brasil!