- Olá, Olívia. – murmurei calmamente.
Ela corou e sorriu. Isso, eu estava indo bem. - Oi. – Senti meu coração querer pular pela minha blusa branca bufante. Eu nunca tinha sentido essa sensação de nervosismo e ansiedade. Nunca. E agora eu não sabia como agir, o que falar e como tratá-la. Respirei fundo e tomei coragem. Caramba, eu era um anjo. Poderoso e protetor com dois mil anos de idade e isso tinha servir para alguma coisa. Olívia ainda me encarava confusa e sua expressão era uma doçura. ela disse, tímida. - Você deve estar um pouco confusa, não é? – sorri. Por um pequeno segundo vi seu olhar estudar meu rosto, meu corpo e por fim meus olhos. Ela parecia intrigada com minha escolha pela máscara e mesmo assim ela sorriu mais uma vez e acenou com a cabeça.- Vou esclarecer as coisas para você. – falei, pois eu não aguentava mais não me apresentar a ela. – Sou um anjo. Um anjo do Céu, que foi enviado para proteger você. Ela parou de respirar naquele segundo. Seus olhos ficaram chocados e ela tinha dificuldade em processar o que eu havia acabado de falar. Era claro que isso não acontecia todos os dias. Mas, eu queria uma reação dela. Uma reação positiva. Não de alguém que ia sair correndo e gritando de medo ou possivelmente pirando. Olívia após poucos minutos, recuperou sua expressão normal, e se fixou em meus olhos. Vi uma pequena adoração em seus olhos. Ela havia gostado de mim e se sentia especial. Era isso. Sorri mais feliz do que minha vida inteira, só que me mantive quieto para esperar que ela falasse.E ela falou.- Me proteger? Por quê? Do que? – ela olhou para mim questionadora.- Amada, me escute. – soltei a palavra amada sem querer e os olhos dela brilharam. Parecia que sua adoração tinha sido tão instantânea quanto a minha por ela. Isso me deu ainda mais coragem. Peguei suas pequenas mãos nas minhas e ela corou. – Você tem tido sonhos que se provam verdade após alguns dias, não é? – olhei para ela, e ela assentiu. – Isso são visões. - Eu conversei com uma amiga e ela me disse a mesma coisa, mas é difícil acreditar nisso. Por que eu? – ela disse não como se não gostasse do presente divino, mas sim como se achasse insignificante demais para receber tal presente. Sorri, ela era tão cega. - Venha comigo. – puxei suas mãos e de mãos dadas passeamos pelo convés do barco. Ela alegremente me seguiu. – Amada, você é uma pessoa muito especial. Que tem capacidade de suportar algo tão grande como um dom. Claro que isso requer responsabilidades, e por isso estou aqui para te ajudar. Seu anjo protetor. – quando falei isso, parei e segurei suas mãos, fixando meus olhos azuis mar, nos dourados dela. - Ainda sim, eu não entendo. Eu não mereço isso. – ela disse. Como ela não podia enxergar a quão linda ela é? O singular e especial ser que ela era?Peguei seu rosto entre minhas mãos e falei suavemente.- Você é maravilhosa, amada. Seus dons fazem de você uma incrível pessoa. O fardo é pesado sim, mas eu estou aqui para sempre te proteger, para servir como tutor, para ser a pessoa que vai te orientar para que você aprenda a lidar com seus dons, por que ainda é só o começo, por que você tem uma luz tão brilhante dentro de você que só vai fazer com que você cresça ainda mais, minha protegida. – falei com toda emoção que poderia. Ela ficou completamente muda. O choque mais uma vez tomou seu lindo rosto. Dessa vez por que ela estava surpresa com minhas palavras, com meus sentimentos intensos sobre ela, que eram tão grandes que eu sabia que ela sentia. Ela sorriu de um jeito tão meigo que fez meu coração parar. E em seguida me abraçou. De um jeito apertado. - Obrigada. – ela sussurrou emocionada. – Obrigada por estar aqui. Obrigada por ser um anjo lindo que vai me proteger e cuidar de mim. Obrigada por esclarecer todas as confusões que estavam em minha mente. – ela continuou me abraçando. Apertei um braço ao redor dela e com o outro passei a mão por seu cabelo. Era macio e lindo. Eu adorava tudo que estava acontecendo. Era um dia que eu estava vivendo, que eu sabia que mudaria toda minha existência. Uma pequena lágrima se formou e rolou por meu rosto, mas ela não viu por que a máscara escondeu.- Não precisa me agradecer, amada. – falei. Ela se soltou de mim e riu. - Sou mesmo vidente. Isso ainda me espanta. – ela disse como uma criança que recebia presentes na manhã de Natal. – Mas, você disse que sempre estaria comigo... Como vou falar com você se você é um anjo?- Sou um anjo. Mas, o seu anjo. – falei e minha voz ficou rouca. – Estarei todos os segundos com você. E se você não conseguir me sentir, é só rezar me chamando e irei correndo para você. Vou fazer com que a partir de agora você possa sentir minha presença integralmente. Fiquei o dia inteiro ao seu lado hoje. E sei tudo sobre você. Então me considere seu para qualquer coisa. Ela corou com minhas palavras. - Qual seu nome? – ela me perguntou ainda corada e doce pelo que eu disse.Eu sentia que ela estava êxtase. Tanto pela minha presença, mas pelas coisas que estavam acontecendo. E eu poderia dizer que eu não poderia ter me saído melhor. - Melahel. – sorri. - Lindo nome, guardião meu. Foi minha vez de corar. Fiquei tão feliz ao ouvir aquelas palavras! Porém, foi quando eu senti algo se desintegrando ao nosso redor, e percebi que nosso tempo estava acabando. Sonhos tinham tempo limitado para terminar, e o nosso restava pouco. Rapidamente olhei para ela. Olívia sorriu, aquele sorriso amigo e convidativo. - Até logo, amada. – falei. Seus olhos murcharam um pouco com minhas palavras, e gostei de saber que ela se importava comigo e com nosso tempo juntos. - Até, Melahel. – ela disse. Me aproximei e beijei sua testa com um sussurro. Os braços dela me rodearam e pude senti-la sorrindo. E foi bem nessa hora que ela desapareceu em meus braços e fui expulso de seus sonhos.Retornei para o quarto de Olívia, e ela dormia suavemente. Eu estava tão feliz que não poderia descrever em palavras. Ela havia me abraçado duas vezes e ainda pude ver em seus olhos a adoração e o jeito alegre com que ela se sentiu perto de mim.Caminhando suavemente sentei-me ao seu lado na cama. E inesperadamente ela sorriu. Achei que estivesse acordada, mas não. Ela ainda estava dormindo.Sorri junto a ela. Passei a mão em seu rosto e acariciei seu cabelo. Tornei minha película de proteção mais fina, deixando quase real minha aparência. Assim ela poderia sentir-me mesmo dormindo.Ainda eram duas da manhã e assim passei toda madrugada até ela acordar. Porém, pouco antes das seis ouvi um ruído do lado de fora da sua janela. Silenciosamente e me tornando mais invisível atravessei a janela e praticamente dei de cara com Ariel.Ariel era um anjo petulante e um dos meus irmãos do qual eu menos gostava. A raiva surgiu em meu semblante.- O qu
Aproveitei o tempo que Olívia não estava em casa para vasculhar suas coisas. Eu sei que poderia ser meio que invadir a privacidade dela, mas eu nunca deixaria a desconfortável.Em sua gaveta da cômoda vi uma pequena caixa rosa. Abri e lá dentro tinha infinitas fotos de seus amigos e família assim como no mural, mas em algumas fotos estavam alguém que não gostei.Reconheci o menino que ela gostava. Ele era branco, com cabelos negros e lisos bem arrepiados. Seus olhos eram chocolate. Uma pequena pontada de ciúme abateu-se sobre mim.Eu sei que era errado cobiçar algo que não era meu, como minha protegida. Porém, ela fazia com que dentro de mim despertasse sentimentos que eu jamais senti. Isso é novo e difícil de controlar.Coloquei suas fotos de volta no lugar de novo, e vi um pequeno caderno roxo. Curioso, abri, e em quase todas as folhas estavam escritas, na letra pequena e delicada de Olívia. Abri a primeira folha e estava escrito “Diário Pessoal”.
Ela acabou adormecendo em meus braços. Chorando magoada com alguém que nem sequer ligar para se ela estava bem ou não, e de certa forma, isso me intrigava. Como amar alguém que não nos dá sinais de que pode corresponder o mesmo sentimento? E mais do que isso, estar todo o tempo perto e fingir que estava tudo bem.E era isso que me doía. Como um ser humano poderia ser assim? Tão cruel e vil a ponto de deixar uma menina naquele estado em que minha protegida estava? Como os seres incríveis que meu pai falava poderiam ter se transformado nisso?O pior que eu sabia que esse tipo de crueldade não é nada comparado aos crimes de que nós anjos às vezes não conseguimos evitar. É lamentável que alguém possa chegar a esse ponto.Por isso quando foi à noite, esperei minha amada adormecer novamente em meus braços, as horas da madrugada eram denunciadas pela luz da lua que entrava pela janela e deixei-a dormindo para que eu pudesse fazer algo que era necessário.
Eu não poderia acreditar.Aquele era meu futuro e Olívia estava tendo essa visão comigo quando ela ainda nem me conhecia direito. Mas, eu sabia por que ela estava tendo aquela visão.Isso era claro para todos os anjos. Aqueles que alterassem a vida humana sem uma ordem expressa do Céu, apenas para privilégio próprio seria castigado e terminantemente proibido de voltar espiritualmente para o Reino de Deus.E o que eu havia acabado de fazer era isso. Eu tinha alterado a vida de Tyler, por que além de eu o ter ameaçado eu havia mandado ficar longe de minha protegida, o que claramente era uma regra quebrada. Além de eu estar envolvido por ela, o que já me colocaria em uma bela encrenca.Eu tinha prometido a mim mesmo que agiria com cautela, mas ao invés disso, agi no impulso e acabei fazendo um erro pior que o outro com apenas dois dias que eu conhecia minha pequena.Se eu não tomasse cuidado de verdade qualquer acusação contra mim, de Ariel
Cheguei à escola de minha amada e ela estava tento aula. Tornei-me completamente invisível não deixando que ela me sentisse. Queria apenas obervar ela.Olívia estava concentrada no que o professor explicava sobre uma conta de matemática. Ela anotava tudo que o professor dizia e ela não perdia nada. Após o professor parar de explicar ela se virou para amiga e sorriu.- Planos para o fim de semana? – ela falou.A amiga fez uma expressão de desanimada e deu de ombros.- Que nada. Meus pais parecem que querem me trancar dentro de casa para sempre. – ela comentou.- Ah, não faça drama, Angélica. – Olívia riu.Bem, finalmente eu descobria o nome de sua, ao que parecia melhor amiga.- Você não vai acreditar no que vou te contar. – Olívia puxou sua cadeira para mais perto de Angélica e baixou o tom de voz. – O anjo falou comigo. E ele é tão fofo...- Sério? Mas você o viu? – ela perguntou.- Que nada. É o que eu mais quero, porém
Agora sim eu tinha me metido numa bela confusão. Enquanto subia para o Céu junto com Castiel, eu praticamente tinha certeza de quem havia me colocado naquilo era Aiel, mas mesmo assim tive que perguntar.- Quem me denunciou? – perguntei batendo minhas asas brancas e pesadas rapidamente.Ele hesitou alguns segundos.- Ariel. – respondeu.- Você foi acusado junto? – indaguei.- Sim, como você sabia? – ele murmurou confuso.- Olívia esta noite teve uma visão sobre nós dois sendo castigados com carrasco e tudo. Provavelmente seremos expulsos do Céu. – falei pesaroso.- Não se bolarmos um plano para colocarmos Ariel como mentiroso. – Castiel disse.- Como assim? Não tem como enganar o Céu. Eles vão descobrir. – falei indo cada vez mais alto entre as nuvens.- Eu sei, mas não precisamos mentir, apenas omitir algumas partes menos importantes. Por exemplo o sonho que você castigou o menino. – ele olhou para mim, e levantei as sobrancelhas.
Ainda arrasado sai do Salão de Justiça e caminhei por todo o campo branco. Eu estava desolado. Como eu poderia ver apenas duas vezes minha amada por semana?E pior eu ainda seria obrigado a ficar aqui como um prisioneiro sem direito o direito de sair para nada. Como alguém poderia ser Deus desse jeito? Como alguém poderia julgar assim?Eu sabia que eu estava blasfemando. Mas, eu não me importava. Eu tinha ódio de todo esse maldito paraíso e esses anjos escravos. Eu estava odiando tudo, por que eu não poderia ficar com quem mais queria.Andei e andei e achei uma árvore de copa alta e fresca. Me sentei aos seus pés e encostei minhas costas em seu tronco. O choro subiu por meu peito de modo desesperado e silencioso. Eu estava sozinho e não liguei se alguém me escutasse.Eu nunca tinha demonstrado nenhum tipo de sentimento desde de meu nascimento, e após dois mil anos e ter conhecido Olívia, todo tipo de sentimento passava por mim e isso me deixava cada vez mais
As semanas foram se passando e as coisas viraram rotina.Duas vezes por semana eu a visitava para lhe dar aulas sobre seus dons e seu comportamento.Durante as primeiras aulas ainda estávamos de certa forma constrangidos um com os outro e eu me mantinha com a postura de um professor humano, gentil atencioso, porém frio e distante.Eu não queria isso, mas até que esse meu castigo fosse suspenso, se é que seria suspenso, não poderíamos ficar muito próximos. Isso me machucaria me machucava mais do que qualquer coisa, e sentia que ela tinha o mesmo sentimento. E isso é tudo que eu menos queria.Ela aos poucos foi se distanciando de mim e apenas perguntando o conteúdo da aula. Olívia tinha muito dúvidas sobre como surgiu e por que ela era vidente. E isso pelo menos fazia com que há uma hora juntos passasse rápido, mesmo que eu quisesse que parasse o tempo e ficar com ela.- Não se há uma razão exata de por que vocês surgiram. Deus apenas queria que o mund