Eu não poderia acreditar.
Aquele era meu futuro e Olívia estava tendo essa visão comigo quando ela ainda nem me conhecia direito. Mas, eu sabia por que ela estava tendo aquela visão. Isso era claro para todos os anjos. Aqueles que alterassem a vida humana sem uma ordem expressa do Céu, apenas para privilégio próprio seria castigado e terminantemente proibido de voltar espiritualmente para o Reino de Deus. E o que eu havia acabado de fazer era isso. Eu tinha alterado a vida de Tyler, por que além de eu o ter ameaçado eu havia mandado ficar longe de minha protegida, o que claramente era uma regra quebrada. Além de eu estar envolvido por ela, o que já me colocaria em uma bela encrenca. Eu tinha prometido a mim mesmo que agiria com cautela, mas ao invés disso, agi no impulso e acabei fazendo um erro pior que o outro com apenas dois dias que eu conhecia minha pequena. Se eu não tomasse cuidado de verdade qualquer acusação contra mim, de Ariel poderia ser provada facilmente. E era ai onde estava meu erro, eu tinha que fazer minhas coisas por baixo do pano. Sem que nenhum dos anjos percebesse, por que além de eu ser castigado Castiel também seria por ser meu ajudante, ou o mesmo que meu cúmplice. A visão de Olívia terminou e ela retornou a dormir tranquilamente com os braços ao redor de mim. Durante toda a noite pensei no que eu poderia fazer para proteger minha pequena, mas sem colocar eu mesmo em perigo. Quando ela acordou, eu ainda a estava abraçando. Minha protegida abriu os olhos e desligou o alto despertador. Ela sorriu e se espreguiçou parecendo melhor do que eu já a tinha visto. - Eu não sei exatamente por que sonhei com você, porém gostaria que você me desse uma bela explicação. – Olívia murmurou ao levantar e prender o cabelo, mais uma vez minha atenção foi forçada a ficar apenas em seu rosto. - Na verdade, foi apenas uma visão que eu mesmo cuidarei disso, pode ficar tranquila. – murmurei ainda deitado e espalhado por sua cama. Claro que eu estava invisível, mas bem pouco. Ela poderia sentir meu calor e minhas palavras como se eu fosse um humano real. Ela riu e rapidamente pegou um roupão para se cobrir. - Então você está mesmo aqui? – ela disse.- Sim, sem dúvida. – ri, e ecoou pelo quarto. – Você não pode me sentir?Ela balançou a cabeça desacreditada. - É claro que posso. Mais claro que cristal. – ela falou e caminhou para o banheiro. Continuei no quarto para dar a privacidade dela para se trocar e tomar um banho. Alguns minutos depois ela voltou vestida com calça jeans, descalça e uniforme, com os cabelos molhados. Ela ficava tão bonita assim, com esse ar despreocupado e livre. - Como você pode se sentir tão à vontade comigo? – perguntei curioso. - Não sei. É como se você fosse um velho amigo de anos que não tivesse segredos entre nós. – ela deu de ombros olhando para cama, sabendo onde eu estava.Me senti meio frustrado com a palavra ‘’ amigo’’. Claramente era mais do que aceitável que fosse isso que se esperava de um mentor espiritual. Um amigo, irmão, conselheiro. Porém, perguntei a mim mesmo o que realmente me incomodava. Uma hora queria matar pessoas por ela. Em outro, pensava com frieza em tudo que ela poderia representar para mim. Eu estava completamente, confuso e perdido.- Você está melhor depois de ontem? – indaguei cauteloso. Sabia que ela odiaria tocar nesse assunto agora. Porém, ela sorriu apenas e mais uma vez deu de ombros. - Sim. É como se quando você tivesse comigo, as coisas sempre ficassem melhor e nada mais ocupasse minha mente a não ser você. – ela olhou para mim, mesmo não me vendo.Seus lindos olhos dourados foram sinceros e isso me deixou sem palavras. Ela era tão aberta e sincera sobre como se sentia, e um frio se apossou de meu estômago. Me senti... Agraciado? Como um bobo, realmente.- Bem... – murmurei sem conseguir as palavras. – Tento fazer o melhor por você. Sou seu anjo e devo zelar por sua integridade, não só física como psíquica. Ela sorriu e se voltou para o espelho do guarda roupa. Penteou os cabelos e começou a se arrumar. - Você poderia me tirar dessa dor que sinto às vezes? – ela perguntou casualmente, mas vi em seus olhos a importância da minha resposta. Pensei alguns segundos no que fazer e dizer e então uma ideia passou por minha cabeça. - Poderíamos ter aulas sobre isso. Sobre suas visões também. Poderíamos reservar pelo menos uma hora antes de você dormir, e eu te ensinar tudo que você precisa saber. E algumas técnicas de concentração que com certeza vão te tirar disso que você sente. – respondi. Ela ponderou durante alguns minutos pensando em minha resposta e depois abriu um largo sorriso. - Isso seria ótimo. – ela disse.Sorri. Ela terminou de se arrumar e pegou sua mochila de escola. - Você vem comigo? – ela perguntou.- Você deseja que eu vá? – devolvi com outra pergunta. Não queria ficar seguindo-a sem sua permissão, já tinha invadido demais a privacidade dela. - Sim. – ela disse de um jeito sussurrado e de adoração. Ela amava quando eu perguntava se eu poderia ir com ela. E eu sempre iria para qualquer lugar com minha protegida. - Então vou ir. Só me dê alguns minutos. Logo estarei lá. Lembre-se que na frente dos outros não podemos conversar até por que ninguém me vê. – adicionei.- Sim, vou lembrar. Por que você não pode aparecer para mim pessoalmente? – ela pediu com os lábios em forma de bico, que deixou ela doce e parecendo uma pequena menininha. - Você gostaria disso? – mais uma vez perguntei. Era algo a se pensar. Não acho que iria ser prejudicial de alguma forma, não quando eu já havia feito tanto em tão pouco tempo. - Seria a melhor coisa que poderia acontecer. – seus olhos brilharam com fervor. Ri. Me reconfortou saber que ela me queria por perto.- Vou ver o que posso fazer. Agora vá antes que se atrase, minha protegida. – falei me levantando e caminhando até ela. Passei minha mão gentilmente por seu rosto. Ela capturou meu carinho e colocou sua mão junto com a minha em seu rosto. Seus olhos se levantaram para os meus e jurei que ela pode me ver tão claro como cristal.
Cheguei à escola de minha amada e ela estava tento aula. Tornei-me completamente invisível não deixando que ela me sentisse. Queria apenas obervar ela.Olívia estava concentrada no que o professor explicava sobre uma conta de matemática. Ela anotava tudo que o professor dizia e ela não perdia nada. Após o professor parar de explicar ela se virou para amiga e sorriu.- Planos para o fim de semana? – ela falou.A amiga fez uma expressão de desanimada e deu de ombros.- Que nada. Meus pais parecem que querem me trancar dentro de casa para sempre. – ela comentou.- Ah, não faça drama, Angélica. – Olívia riu.Bem, finalmente eu descobria o nome de sua, ao que parecia melhor amiga.- Você não vai acreditar no que vou te contar. – Olívia puxou sua cadeira para mais perto de Angélica e baixou o tom de voz. – O anjo falou comigo. E ele é tão fofo...- Sério? Mas você o viu? – ela perguntou.- Que nada. É o que eu mais quero, porém
Agora sim eu tinha me metido numa bela confusão. Enquanto subia para o Céu junto com Castiel, eu praticamente tinha certeza de quem havia me colocado naquilo era Aiel, mas mesmo assim tive que perguntar.- Quem me denunciou? – perguntei batendo minhas asas brancas e pesadas rapidamente.Ele hesitou alguns segundos.- Ariel. – respondeu.- Você foi acusado junto? – indaguei.- Sim, como você sabia? – ele murmurou confuso.- Olívia esta noite teve uma visão sobre nós dois sendo castigados com carrasco e tudo. Provavelmente seremos expulsos do Céu. – falei pesaroso.- Não se bolarmos um plano para colocarmos Ariel como mentiroso. – Castiel disse.- Como assim? Não tem como enganar o Céu. Eles vão descobrir. – falei indo cada vez mais alto entre as nuvens.- Eu sei, mas não precisamos mentir, apenas omitir algumas partes menos importantes. Por exemplo o sonho que você castigou o menino. – ele olhou para mim, e levantei as sobrancelhas.
Ainda arrasado sai do Salão de Justiça e caminhei por todo o campo branco. Eu estava desolado. Como eu poderia ver apenas duas vezes minha amada por semana?E pior eu ainda seria obrigado a ficar aqui como um prisioneiro sem direito o direito de sair para nada. Como alguém poderia ser Deus desse jeito? Como alguém poderia julgar assim?Eu sabia que eu estava blasfemando. Mas, eu não me importava. Eu tinha ódio de todo esse maldito paraíso e esses anjos escravos. Eu estava odiando tudo, por que eu não poderia ficar com quem mais queria.Andei e andei e achei uma árvore de copa alta e fresca. Me sentei aos seus pés e encostei minhas costas em seu tronco. O choro subiu por meu peito de modo desesperado e silencioso. Eu estava sozinho e não liguei se alguém me escutasse.Eu nunca tinha demonstrado nenhum tipo de sentimento desde de meu nascimento, e após dois mil anos e ter conhecido Olívia, todo tipo de sentimento passava por mim e isso me deixava cada vez mais
As semanas foram se passando e as coisas viraram rotina.Duas vezes por semana eu a visitava para lhe dar aulas sobre seus dons e seu comportamento.Durante as primeiras aulas ainda estávamos de certa forma constrangidos um com os outro e eu me mantinha com a postura de um professor humano, gentil atencioso, porém frio e distante.Eu não queria isso, mas até que esse meu castigo fosse suspenso, se é que seria suspenso, não poderíamos ficar muito próximos. Isso me machucaria me machucava mais do que qualquer coisa, e sentia que ela tinha o mesmo sentimento. E isso é tudo que eu menos queria.Ela aos poucos foi se distanciando de mim e apenas perguntando o conteúdo da aula. Olívia tinha muito dúvidas sobre como surgiu e por que ela era vidente. E isso pelo menos fazia com que há uma hora juntos passasse rápido, mesmo que eu quisesse que parasse o tempo e ficar com ela.- Não se há uma razão exata de por que vocês surgiram. Deus apenas queria que o mund
Os dias passaram e eu contava os minutos para estar com ela. Meus pensamentos ficaram vinte e quatro horas refletindo que medidas poderia tomar diante de nossa situação, e eu esperava ansiosamente pelo que eu ia fazer.Eu nunca tinha bancado o romântico de tentar conquistar as mulheres. Muitos anjos partilhavam de um companheiro. Porém, eu jamais sequer prestei atenção nisso. E agora havia chegado a hora de se apaixonar, e minha escolha tinha sido feita por uma humana. Mesmo que eu não quisesse, ela era agora a mulher que eu amaria pelo resto de minha existência, e se eu não a tivesse eu me destruiria pouco a pouco.Eu sei que eu viveria eternamente e ela não, mas estar, que seja alguns anos ao seu lado poderia ser tudo para mim. Isso eu poderia levar para o resto de minha vida.Quando por fim a sexta chegou, sai do Céu contente e feliz. Eu sabia que ela agora deveria estar com outro. Só que isso seria por bem pouco tempo. Menos do que ela se quer imaginar
Olívia olhou para mim por longos minutos. Muda e surpresa com minha resposta. Eu já estava me sentindo incomodado com isso. Será que ela não poderia falar algo?Peguei suas mãos nas minhas e ela sorriu, finalmente esboçando uma reação. Sorri também e ela corou delicadamente.- Pode me dizer alguma coisa? – indaguei suave.Ela balançou a cabeça, porém mesmo assim falou.- É que não consigo acreditar ainda. Me deixa cair a ficha, que eu te respondo. – ela riu.Ri junto. Finalmente tudo estava às claras, e isso era um alívio.- Quer que eu prove? Mais um beijo? Uma declaração? Eu não sei bem como funciona essas coisas... Nunca estive apaixonado em dois mil anos... – expliquei.Ela riu novamente, mas então algo passou por seus olhos, fazendo com que ela os arregalasse.- Você tem dois mil anos? – Olívia ergueu as sobrancelhas.- Sim. – respondi.- Nossa... Acho que você é meio velho para mim... Mas, não importa. É com você que quero construir um
Cheguei ao Céu alegre e morrendo de vontade de encontrar Castiel, pois ele era o único no qual eu gostaria de dividir o momento em que eu vivia. Tentei disfarçar um pouco minha alegria, afinal suspeitariam se eu chegasse corado e tão feliz.Ao caminhar no bosque a procura de Castiel, apenas quem eu encontrei foi Ariel. A raiva cintilou em meu peito, mas preferi deixá-lo para trás e continuei caminhando, porém ele agarrou meu braço.- Vivendo momentos felizes? – ele disse.Puxei meu braço com força e encarei Ariel.- Isso não é da sua conta. E saia do meu caminho. – dei as costas e ia caminhar quando as palavras dele me prenderam.- Você acha que Olívia sendo uma vidente estaria protegida sem você? – ele perguntou cheio de ironia.As palavras dele me atravessaram sem que eu tivesse ideia do que ele estava falando, mas sabendo que aquelas provocações tinham um fundo verdadeiro.Peguei Ariel pelo pescoço e o tirei do chão.- O que você es
Voei entre as nuvens os mais rápido que poderia. Olívia estava sozinha e isso podia ser mais perigoso ainda. Foi quando senti outra presença atrás de mim. Olhei entre as nuvens escuras e notei Castiel descendo até onde eu estava.Continuei em direção ao chão e logo Castiel me alcançou.- Problemas, irmão? – ele perguntou.- Sim. Demônios descobriram sobre Olívia. Isso pode ser terrível. – expliquei.Ele assentiu e voou comigo até a casa dela. Antes de entrarmos, lembrei-me de fazer escudo de proteção. Parei no quintal e me concentrei mentalmente, buscando forças dentro de mim.Isso era fácil. Senti o ar tremular ao meu redor e Castiel entendeu o que eu estava fazendo. Ele também se concentrou ao meu lado e juntos, pronunciamos as palavras em latim para formar o escudo.Automaticamente uma pequena película se formou ao redor da casa de Olívia, e apenas quem era um ser sobrenatural a veria. Sorrindo e com o trabalho feito, me tornei espírito para atravess