Peguei sua garganta e o bati contra a parede. Ele era pouca coisa mais alto que eu, mas minha fúria era demais. Heron sorriu e aquilo explodiu ainda mais algo dentro de mim. Maldito, maldito, maldito.
Joguei-o contra o chão e o chutei várias vezes em seu estomago. - Isso é para você entender que não se mexe com que é dos outros. – rosnei. Sangue já brotava dos lábios e ele rosnou em resposta se transformando no que ele era de verdade, que não passava de uma criatura vazia e nojenta que vivia no Inferno. Ele cresceu, mas isso não me fez recuar. Se ele tinha uma transformação eu também tinha a minha. Senti meus ombros se flexionarem e minhas asas se expandirem. Minha blusa se rasgou e elas se soltaram livres. Elas eram brancas imaculadas e de uma penugem grossa e veluda. Eu achei que nunca mais as abriria, mas qual foi o meu espanto ontem ao notar que elas estavam de volta. Heron riu. - Hora de fazer lanche de anjo. – ele me empurrOlíviaAbracei Melahel mais uma vez. Era tão bom quando ficávamos assim. Juntos e tentando esquecer que lá fora havia anjos e Demônios atrás de nós. Ele passou a mão em meu cabelo e sorriu. Corei e me aconcheguei em seu peito.Estávamos no meio da floresta sem roupa entre as folhas, mas isso em nada nos incomodava.- Eu quero pedir desculpa mais uma vez por ter agido daquela forma com você. – Melahel disse.- Eu também tenho culpa. Nunca deveria ter me alimentado de outro. Você é a única pessoa com quero estar em minha vida. E agora sei que viverei eternamente quando completar dezoito anos. Temos a eternidade a nossos pés. – sorri.
Lucian me olhou carinhosamente. Aquilo me deu repulsa. Eu não queria nada vindo dele. Senti nojo ao dizer que era filha dele.- Me deixe ir, Lucian. - pedi.Os anjos riram. E Lucian se ajoelhou a minha frente. Tocou meu rosto, colocando umas mechas atrás da orelha. Fechei os olhos para não cuspir nele.- Querida, você não sabe quanto tempo custei pra te achar e não vou abrir mão de você agora. - ele desviou os olhos dos meus e olhou para Heron ao meu lado. - Olá, Heron. Se dependesse de você para achá-la sinceramente... Mas acho que você tem muito para me explicar, não é?Heron olhou para ele e não disse nada.Lucian riu e se levantou.- Vai ser como combinado. Você leva os anjos e eu os Demônios. - Lucian disse para Gabriel que sorriu. - Foi um grande prazer trabalhar ao seu lado.Os dois apertaram as mãos e Melahel me olhou.- Eu não vou deixar eles te levarem, amada. - tentei sorrir pa
MelahelEla se foi.Quando ela deu seu último olhar antes de sair dessa casa simplesmente meu mundo desabou mais uma vez. Quantas vezes mais isso iria acontecer? Quantas vezes mais eu teria que aguentar ser separado dela? Por quantas vezes mais eu teria que deixar de ver seu sorriso mais um dia?Gabriel olhou para minha cara desolada e sorriu.- Fim da linha, Melahel. – ele me puxou do chão e então olhou para os outros anjos.- Peguem os anjos e mantenha guarda. Todos aqui são bem espertinhos... – ele olhou no rosto de cada um dos meus amigos. Eu tinha tanta raiva de Gabriel que eu não poderia explicar em palavras.Ele me arrastou até lá fora e abriu suas asas grandes. Passou os braços em volta de mim e então levantou voo comigo pen
OlíviaOlhei para meu anel que brilhava com os últimos raios de Sol, que entravam pela janela de meu novo quarto. Era imenso e com uma linda cama de dossel no meio, uma penteadeira, um closet bem grande já abastecido com roupas todas de tons escuros e novas. A cor do papel das paredes era vermelha de um tom luxuoso.Eu estava em uma das grandes sacadas da mansão de Lucian. A vista era para uma cadeia de montanhas verdes e alegres. Sua mansão ficava no topo de uma das montanhas.Fazia dois dias que eu estava aqui e não poderia reclamar de nada, além do obvio que era que eu estava presa.As refeições eram servidas em horários rigorosos e Kendra havia me chamado para comer todas às vezes, mas eu não quis descer. Não
A noite se passou e a escuridão se prolongava pela janela de meu quarto. Eu e Heron já havíamos elaborado o plano com detalhes e sem erros. Essa noite eu fugiria e iria atrás de Melahel. Eu sabia que ele estava preso e talvez muito distante, mas eu daria um jeito.O combinado era que tentaríamos fugir às quatro da manhã, quando todos estivessem dormindo, ou no mínimo distraídos com alguma coisa. Era ainda apenas meia noite.Minhas pálpebras caíram pesadas e o sono cada vez mais me levava para longe.Eu não queria dormir. Mas, o cansaço tomava conta de meu corpo de uma forma que eu não conseguia controlar. Talvez fosse estresse demais nos últimos dias ou apenas tristeza mesmo. E quando o sono me apagou completamente eu entendi por que fora cair em sono tão profundo e tão rapidamente.Era uma visão. Clara e flamejante.Mais uma vez eu apenas via a cena. Ela não acontecia comigo e sim com o meu anjo e seus outros amigos. Pelas roupas e o sangue
- Você sabe onde é essa caverna? – perguntei a Heron.O vento balançava tanto o meu cabelo quanto o dele, mas mesmo assim conseguíamos conversar normalmente. Heron matinha seus olhos focados na floresta ao nosso redor, mas piscou para mim rapidamente.- Sei. É mais ou menos daqui uns quatro quilômetros, mas conseguiremos chegar de que o Sol nasça. – ele me respondeu e me apertou cada vez mais em meus braços.Eu ainda não queria imaginar a reação de Lucian quando fosse ao meu quarto e não me veria. Tenho que certeza que logo ele procuraria Heron, convicto de que ele havia me ajudado a escapar, e então mandaria buscas e mais buscas atrás de mim.Fechei meus olhos e tentei vagar meus pensamentos para algo melhor, mas então a cena de Lexi pegando pela mão de Melahel me invadiu e me deixou irritada. Afinal de contas o que ela estaria tramando com tudo aquilo?Em meio a uma guerra de Demônios e anjos atrás de nós ela simplesmente estava sendo egoísta
‘’ Os anjos recolhem sempre um pouquinho do brilho de quem ama, para durante a noite enfeitiçarem as estrelas. ’’ Sirlei L. PassolongoMinhas asas batiam com o fluxo do vento. O ar suspirava e rodopiava ao redor de mim, fazendo cócegas em minha pele de marfim.Eu me sentia livre. Um pássaro que parecia que havia acabado de sair de sua gaiola e agora poderia ir para onde quisesse.Esse era o meu engano.Eu não estava livre. Não estava indo para onde eu queria. Algo dentro de mim ressoou, como uma dor. Algo que estava em peito há muito tempo guardada. Diferente de meus irmãos, eu tinha um pensamento um tanto peculiar sobre nossa criação.Criado apenas para serviço do Céu. Tudo soava extremamente pesado para alguém que ouvisse de fora.Eu
Não consegui ir embora. As horas passaram e continuei a observar dormir. Zelando para que Olívia, não tivesse nenhum pesadelo.Sim, Olívia era o nome dela. Olívia Vause.Meu peito ruflava toda vez que eu pensava em seu nome. A felicidade tomava conta de meu coração.Eu não sei quantas horas fique ali, observando sua respiração ir e vir. Mas, eu me sentia conectado com aquela garota de poucos anos de vida, se comparado com toda minha existência de dois mil anos. O que eu, havia visto nela, que pudesse ser tão atrativo? Se quer havia visto ela alguma vez, e já estava completamente atormentado por coisas que nunca havia sentido. E isso era insano.E mesmo sabendo que era loucura, não consegui ir.Quando eram seis horas, ela acordou com o cabelo todo bagunçado, e mesmo sendo assim, diante de meus olhos, ela parecia a criatura mais linda