A porta bateu com força contra o batente quando a soquei. Eu havia colocado cada gota de minha raiva naquele golpe e tenho certeza que assustei a garota de cabelos negros.Eu a olhei enraivecido e ela piscou várias vezes antes de dizer:— Isso não resolve nada.— Como assim você não quer isso. O que eu fiz? — Perguntei desferindo um novo soco, desta vez na parede. Porém o choque de meus dedos contra o concreto fez uma dor forte percorrer meus ossos.— Olha o que faz, Jonathan. Sempre desconta tudo em algo. Eu estou farta disso, de seu ciúmes sem sentido e seus ataques estúpidos. — As palavras eram jogadas de sua boca com agilidade, fúria e rancor.Cada uma me cortava como se me atingissem com diversas facas e eu já sentia o acúmulo de angústia em meu interior. Sabia que era mentira, sabia que ela escondia algo, mas ouvir aquilo me doeu.— Ally, não faz isso comigo — implorei. — Eu amo você.— Mas eu não amo você — outra mentira, ela não olhava em meus olhos quando estava mentindo e me
Jonathan me informou que Melissa viria me visitar novamente, não passando nem duas semanas desde sua primeira chegada. Certamente, ela estava em busca de atualizações sobre o plano que eu havia prometido a ela.Inquieta, percorri o quarto branco, tentando conceber uma alternativa caso ela não concordasse em persuadir o senhor Morgan a simplesmente me liberar. Mesmo sendo determinada, começava a duvidar se conseguiria elaborar algo antes de sua chegada iminente.A porta se abriu, e Carmela apareceu com uma bandeja de café. Sem apetite desde o dia anterior e ansiosa pela volta da minha amiga, eu lutava para conter meus batimentos.Carmela colocou a bandeja na mesa de cabeceira enquanto eu fazia careta para a comida, o que a levou a revirar os olhos. Mesmo assim, deixou a refeição no quarto.Acomodei-me na cama e a aflição se espalhou por minhas entranhas. Queria esquecer os eventos recentes, mergulhar profundamente em minha mente como Alice no país das maravilhas. Contudo, minha realida
Acordei no meio da noite, assombrada pelo mesmo pesadelo recorrente. Não importava onde eu estivesse no sonho, Jonathan sempre me encontrava, e meu coração acelerava.Não entendia por que continuava sonhando com aquilo, e a angústia estava se transformando em desespero. Estava desenvolvendo um pânico terrível.Levantei-me da cama e dirigi-me à porta para sair do quarto, com a intenção de ir até a cozinha tomar algo, já que tinha permissão para perambular pela casa. Meu olhar ficou no grande corredor em formato oval, instigando-me a explorar cada canto daquela casa.Caminhei pelo corredor, tentando abrir as portas ao longo do caminho. Algumas estavam trancadas, fazendo-me pular para as seguintes sem interromper minha exploração. Durante o trajeto, pude vislumbrar alguns quartos, um escritório abandonado, uma sala com algumas poltronas empilhadas e salas vazias.No final do caminho, antes de chegar novamente à escadaria principal, vi uma porta entreaberta com uma luz fraca invadindo o c
Antes do dia clarear por completo, despertei e vi o rosto dele adormecido. Meus olhos desceram por seu peito exposto, e ao analisar embaixo das cobertas, encontrei dois corpos nus. Apertei os lábios para não fazer ruído, evitando acordá-lo.Levantei-me calmamente, recolhendo minhas roupas e fui desviando dos amontoados de livros pelo chão. Ao chegar no corredor, corri em direção ao meu quarto, ocultando meu corpo com uma blusa de frio que havia pegado no caminho.— Droga — resmunguei, recordando a noite anterior. Meu bom senso começava seu sermão em minha cabeça.Me tranquei em meu quarto nos dois dias seguintes, não permitindo a entrada de ninguém e evitando sair. Sentir atração por Jonathan me assustava, e eu só desejava poder falar com meu pai naquele momento para saber o que ele pensaria. Havia tanto tempo que não o via, e sua imagem estava começando a desvanecer em minha mente, apesar das lembranças de seus cuidados quando eu era pequena.George estava sendo egoísta e irresponsáve
Os olhos de Victor brilharam fixados nos meus, e meu maior horror foi perceber que não estava apresentável para visitas, especialmente para um rapaz que me analisava como um animal faminto.Não sabia de onde ele havia tirado, mas John segurava um sobretudo de moletom escuro em uma das mãos, ainda me aguardando no batente. Caminhei calmamente até a porta onde ele estava, e seus dedos se prenderam em meu cotovelo enquanto me vestia com a peça. Senti seu hálito roçar em meu pescoço, e as palavras sussurradas causaram calafrios em minha espinha.— Me chame se precisar. — Assenti, e o moreno me soltou com carinho, arrumando o sobretudo em meu corpo até que eu estivesse toda coberta. Carter fuzilou aquele gesto, parecendo até estar enojado.Cruzei a porta, aproximando-me do rapaz com um leve sorriso amigável. Não senti as borbulhas gostosas que experimentava quando John me tocava ao vê-lo, e não soube explicar por que minha mente queria confrontá-los. Era estranho compará-los daquela forma,
Nos dias que se seguiram usamos as nuances da nossa conexão intensa, cada noite se tornara um escapismo do mundo ao nosso redor. Entre suspiros e carícias, descobrimos que a intimidade era nossa forma de enfrentar as situações que nos cercavam. Cada toque, cada momento, era mais do que um simples afastamento da realidade; era a construção de um santuário onde podíamos nos perder e, ao mesmo tempo, nos encontrar.— London — ouvia seu chamado ao longe em algum momento das madrugadas e tentava abrir os olhos, porém não conseguia. Apenas resmungava. — Preciso de você.— Agora? — Minha voz saia manhosa enquanto sentia sua boca em meu pescoço.— Não consigo dormir — a respiração de Jonathan estava sempre acelerada e naquele instante uma de suas mãos puxou minha perna com delicadeza. — Me deixa ter você agora.— O que aconteceu? — meu corpo despertou quando senti seu membro roçar por entre minhas pernas. Duro e a ponto de me enlouquecer.— Só quero sentir você. Tem algo martelando na minha c
— Você realmente achou que eu a substituiria? — indaguei, incapaz de compreender por que doía tanto dizer ou pensar aquilo. Embora fosse reconfortante saber que o sentimento dele por mim não era amor, algo dentro de mim resistia a aceitar.— Não, London, eu posso explicar?— Eu não quero ouvir. Você é tão mentiroso quanto ele... Todos são...As palavras foram lançadas como se estivesse verdadeiramente ferida. Eu lutava para compreender a mim mesma enquanto observava a expressão de Jonathan transformar-se abruptamente. De serena e amigável, ela tornou-se sombria, seus olhos pareciam arder em chamas, evocando os primeiros dias naquela casa.Jonathan levou as mãos à cabeça, ajoelhou-se no chão sussurrando algo inaudível, claramente não dirigido a mim.Permaneci imóvel, testemunhando aquela cena peculiar, enquanto ele parecia lutar para se conter, à beira de explodir. Nesse momento, lembrei-me de sua própria batalha interna, algo que havia temporariamente esquecido.Alguém tentava control
No final do corredor, chegando na outra ponta da escada, ficava a porta de vidro fosco.Chegamos rápido nela e tentei enxergar algo lá dentro, mas os desenhos não me deixavam olhar o lugar. Havia pequenos borrões de uma sala vazia e aquilo me pareceu inusitado.John envolvia seus braços em minha cintura, me abraçava forte com seu queixo apoiado em meu ombro. Era uma sensação boa e ao mesmo tempo estranha. Respirei fundo quando ele apontou para a fechadura e a perfurei com a chave escura lenta como uma tartaruga, eu destranquei a porta.Estava um pouco desconfiada e ao mesmo tempo curiosa, pois há dias eu queria abrir aquela porta. Quase procurei um pé de cabra para abri-la com tanta curiosidade e lá estava eu prestes a saber o que tinha ali, sentindo meus dedos coçarem e meu corpo tremer com a inquietação.O vidro se moveu pacientemente. Paciência era uma coisa que eu não tinha mais depois de tantos segredos, ainda assim me contive até que ela estivesse toda aberta e então meus olhos b