Acordei no meio da noite, assombrada pelo mesmo pesadelo recorrente. Não importava onde eu estivesse no sonho, Jonathan sempre me encontrava, e meu coração acelerava.Não entendia por que continuava sonhando com aquilo, e a angústia estava se transformando em desespero. Estava desenvolvendo um pânico terrível.Levantei-me da cama e dirigi-me à porta para sair do quarto, com a intenção de ir até a cozinha tomar algo, já que tinha permissão para perambular pela casa. Meu olhar ficou no grande corredor em formato oval, instigando-me a explorar cada canto daquela casa.Caminhei pelo corredor, tentando abrir as portas ao longo do caminho. Algumas estavam trancadas, fazendo-me pular para as seguintes sem interromper minha exploração. Durante o trajeto, pude vislumbrar alguns quartos, um escritório abandonado, uma sala com algumas poltronas empilhadas e salas vazias.No final do caminho, antes de chegar novamente à escadaria principal, vi uma porta entreaberta com uma luz fraca invadindo o c
Antes do dia clarear por completo, despertei e vi o rosto dele adormecido. Meus olhos desceram por seu peito exposto, e ao analisar embaixo das cobertas, encontrei dois corpos nus. Apertei os lábios para não fazer ruído, evitando acordá-lo.Levantei-me calmamente, recolhendo minhas roupas e fui desviando dos amontoados de livros pelo chão. Ao chegar no corredor, corri em direção ao meu quarto, ocultando meu corpo com uma blusa de frio que havia pegado no caminho.— Droga — resmunguei, recordando a noite anterior. Meu bom senso começava seu sermão em minha cabeça.Me tranquei em meu quarto nos dois dias seguintes, não permitindo a entrada de ninguém e evitando sair. Sentir atração por Jonathan me assustava, e eu só desejava poder falar com meu pai naquele momento para saber o que ele pensaria. Havia tanto tempo que não o via, e sua imagem estava começando a desvanecer em minha mente, apesar das lembranças de seus cuidados quando eu era pequena.George estava sendo egoísta e irresponsáve
Os olhos de Victor brilharam fixados nos meus, e meu maior horror foi perceber que não estava apresentável para visitas, especialmente para um rapaz que me analisava como um animal faminto.Não sabia de onde ele havia tirado, mas John segurava um sobretudo de moletom escuro em uma das mãos, ainda me aguardando no batente. Caminhei calmamente até a porta onde ele estava, e seus dedos se prenderam em meu cotovelo enquanto me vestia com a peça. Senti seu hálito roçar em meu pescoço, e as palavras sussurradas causaram calafrios em minha espinha.— Me chame se precisar. — Assenti, e o moreno me soltou com carinho, arrumando o sobretudo em meu corpo até que eu estivesse toda coberta. Carter fuzilou aquele gesto, parecendo até estar enojado.Cruzei a porta, aproximando-me do rapaz com um leve sorriso amigável. Não senti as borbulhas gostosas que experimentava quando John me tocava ao vê-lo, e não soube explicar por que minha mente queria confrontá-los. Era estranho compará-los daquela forma,
Nos dias que se seguiram usamos as nuances da nossa conexão intensa, cada noite se tornara um escapismo do mundo ao nosso redor. Entre suspiros e carícias, descobrimos que a intimidade era nossa forma de enfrentar as situações que nos cercavam. Cada toque, cada momento, era mais do que um simples afastamento da realidade; era a construção de um santuário onde podíamos nos perder e, ao mesmo tempo, nos encontrar.— London — ouvia seu chamado ao longe em algum momento das madrugadas e tentava abrir os olhos, porém não conseguia. Apenas resmungava. — Preciso de você.— Agora? — Minha voz saia manhosa enquanto sentia sua boca em meu pescoço.— Não consigo dormir — a respiração de Jonathan estava sempre acelerada e naquele instante uma de suas mãos puxou minha perna com delicadeza. — Me deixa ter você agora.— O que aconteceu? — meu corpo despertou quando senti seu membro roçar por entre minhas pernas. Duro e a ponto de me enlouquecer.— Só quero sentir você. Tem algo martelando na minha c
— Você realmente achou que eu a substituiria? — indaguei, incapaz de compreender por que doía tanto dizer ou pensar aquilo. Embora fosse reconfortante saber que o sentimento dele por mim não era amor, algo dentro de mim resistia a aceitar.— Não, London, eu posso explicar?— Eu não quero ouvir. Você é tão mentiroso quanto ele... Todos são...As palavras foram lançadas como se estivesse verdadeiramente ferida. Eu lutava para compreender a mim mesma enquanto observava a expressão de Jonathan transformar-se abruptamente. De serena e amigável, ela tornou-se sombria, seus olhos pareciam arder em chamas, evocando os primeiros dias naquela casa.Jonathan levou as mãos à cabeça, ajoelhou-se no chão sussurrando algo inaudível, claramente não dirigido a mim.Permaneci imóvel, testemunhando aquela cena peculiar, enquanto ele parecia lutar para se conter, à beira de explodir. Nesse momento, lembrei-me de sua própria batalha interna, algo que havia temporariamente esquecido.Alguém tentava control
No final do corredor, chegando na outra ponta da escada, ficava a porta de vidro fosco.Chegamos rápido nela e tentei enxergar algo lá dentro, mas os desenhos não me deixavam olhar o lugar. Havia pequenos borrões de uma sala vazia e aquilo me pareceu inusitado.John envolvia seus braços em minha cintura, me abraçava forte com seu queixo apoiado em meu ombro. Era uma sensação boa e ao mesmo tempo estranha. Respirei fundo quando ele apontou para a fechadura e a perfurei com a chave escura lenta como uma tartaruga, eu destranquei a porta.Estava um pouco desconfiada e ao mesmo tempo curiosa, pois há dias eu queria abrir aquela porta. Quase procurei um pé de cabra para abri-la com tanta curiosidade e lá estava eu prestes a saber o que tinha ali, sentindo meus dedos coçarem e meu corpo tremer com a inquietação.O vidro se moveu pacientemente. Paciência era uma coisa que eu não tinha mais depois de tantos segredos, ainda assim me contive até que ela estivesse toda aberta e então meus olhos b
— Não vai fazer isso com ela — ele abriu a boca para falar, mas continuei. — Não vou te deixar destruir o coração de mais ninguém, estou cansado de ver você fazer isso com todas as garotas. Não deixarei fazer o mesmo com ela!— Não é da sua conta — Victor se virou para sair, mas o segurei. — Claro que é! Vou ter que demitir você senão deixá-la em paz e lembre-se que sou sua única esperança neste fim de mundo.— Você gosta dela — ele disse. Fiquei sem reação, eu o olhava frio, envergonhado e isso o fez rir. — Está caidinho por ela... É porque ela se parece com Ally? Vai pedir para ela usar lentes verdes como os olhos de uma morta, só para ter seu amor de volta?— Ela não tem nada parecido com Alina — comecei, mas fui interrompido.— Além do rosto?Aquelas palavras foram um enorme tapa em mim, mas eu não sabia se estava me simpatizando com a garota por realmente se parecer com meu passado ou por ser totalmente diferente dele. No entanto, para Victor era apenas mais um jogo.O rapaz engo
Estávamos entrando nas festividades de fim de ano quando finalmente consegui colocar minha cabeça em seu lugar. Havia se passado algumas semanas sem que eu e Jonathan, tocássemos no assunto de nosso acordo e ele parecia aguardar pacientemente pela resposta.Passei dias sem chegar a uma conclusão, eu só conseguia fritar meu cérebro depois de o cozinhar em banho Maria e era horrível tudo aquilo. Era pavoroso, mas ao mesmo tempo magnífico.Eu realmente estava presa em um dilema e o engraçado era que antes eu achava dilema uma coisa de gente com grandes conquistas para a vida.Naquele momento, eu percebi que não era nada incrível ter sua mente consumida pela indecisão. Acho que enfiar a cabeça na parede ainda estava em meus planos, mas eu estava guardando aquele pensamento para um momento de grande desespero.Lá estava eu dentro do meu presente, a galeria que John me dera há semanas antes. Admirei o quadro grande em minha frente no fundo da sala, onde um lindo jardim feito com tinta a óle