No final do corredor, chegando na outra ponta da escada, ficava a porta de vidro fosco.Chegamos rápido nela e tentei enxergar algo lá dentro, mas os desenhos não me deixavam olhar o lugar. Havia pequenos borrões de uma sala vazia e aquilo me pareceu inusitado.John envolvia seus braços em minha cintura, me abraçava forte com seu queixo apoiado em meu ombro. Era uma sensação boa e ao mesmo tempo estranha. Respirei fundo quando ele apontou para a fechadura e a perfurei com a chave escura lenta como uma tartaruga, eu destranquei a porta.Estava um pouco desconfiada e ao mesmo tempo curiosa, pois há dias eu queria abrir aquela porta. Quase procurei um pé de cabra para abri-la com tanta curiosidade e lá estava eu prestes a saber o que tinha ali, sentindo meus dedos coçarem e meu corpo tremer com a inquietação.O vidro se moveu pacientemente. Paciência era uma coisa que eu não tinha mais depois de tantos segredos, ainda assim me contive até que ela estivesse toda aberta e então meus olhos b
— Não vai fazer isso com ela — ele abriu a boca para falar, mas continuei. — Não vou te deixar destruir o coração de mais ninguém, estou cansado de ver você fazer isso com todas as garotas. Não deixarei fazer o mesmo com ela!— Não é da sua conta — Victor se virou para sair, mas o segurei. — Claro que é! Vou ter que demitir você senão deixá-la em paz e lembre-se que sou sua única esperança neste fim de mundo.— Você gosta dela — ele disse. Fiquei sem reação, eu o olhava frio, envergonhado e isso o fez rir. — Está caidinho por ela... É porque ela se parece com Ally? Vai pedir para ela usar lentes verdes como os olhos de uma morta, só para ter seu amor de volta?— Ela não tem nada parecido com Alina — comecei, mas fui interrompido.— Além do rosto?Aquelas palavras foram um enorme tapa em mim, mas eu não sabia se estava me simpatizando com a garota por realmente se parecer com meu passado ou por ser totalmente diferente dele. No entanto, para Victor era apenas mais um jogo.O rapaz engo
Estávamos entrando nas festividades de fim de ano quando finalmente consegui colocar minha cabeça em seu lugar. Havia se passado algumas semanas sem que eu e Jonathan, tocássemos no assunto de nosso acordo e ele parecia aguardar pacientemente pela resposta.Passei dias sem chegar a uma conclusão, eu só conseguia fritar meu cérebro depois de o cozinhar em banho Maria e era horrível tudo aquilo. Era pavoroso, mas ao mesmo tempo magnífico.Eu realmente estava presa em um dilema e o engraçado era que antes eu achava dilema uma coisa de gente com grandes conquistas para a vida.Naquele momento, eu percebi que não era nada incrível ter sua mente consumida pela indecisão. Acho que enfiar a cabeça na parede ainda estava em meus planos, mas eu estava guardando aquele pensamento para um momento de grande desespero.Lá estava eu dentro do meu presente, a galeria que John me dera há semanas antes. Admirei o quadro grande em minha frente no fundo da sala, onde um lindo jardim feito com tinta a óle
— Quando vai me chamar da forma correta? — Disse o homem com um sorriso de canto no rosto.— Quando vai criar responsabilidade? — Retruquei, lembrando que por muitos anos aquela foi nossa saudação.George ainda tinha sua barba quase grisalha mal feita e os cabelos sem pentear enrolando-se nos cachos, nunca em nenhum momento de nossas vidas ele havia mudado algo em si e finalmente encontrou as roupas perfeitas para provar que seu estilo era uma bagunça.Ele parecia um rapaz, mesmo com a terceira idade batendo em sua porta. Seu rosto era bonito demais, aparentava 40 e poucos anos, talvez fosse por isso que as pessoas me achavam mais nova. Eu havia puxado aquilo de meu pai.— Sabia que estou na cidade há duas horas e ninguém me recebeu como eu queria? Com aquela devida recepção.Seus braços foram abertos fazendo meus olhos brilharem. Há tanto tempo que não me envolvia em seu abraço que não pensei duas vezes.Desci as escadas o mais rápido que consegui, saltando alguns degraus enquanto ou
Na maioria das vezes tive atitudes estúpidas que me levaram a lugar nenhum, na maior parte de minha vida tive que presenciar coisas estranhas que jurava não ver piores, mas não tinha nada mais estranho do que aquilo que se passava em minha frente.Jonathan conversava com meu pai como se fossem amigos de anos. Eles riam de assuntos que eu mal conseguia compreender e tudo à minha volta ficava cada vez mais estranho.O fato do quadro em minha frente ser de uma fera que conversa com o pai da Bela em um banquete é ainda mais engraçado do que se possa imaginar. Teve momentos que me peguei sorrindo feito boba e momentos que mal conseguia segurar o brilho em meus olhos quando Jonathan me olhava.Eu até tentava.Dizer que eu estava apaixonada por ele era até clichê, acho que na maioria das histórias a garota se apaixona pelo bad boy ou pelo princípe comportado, mas John tinha as duas face das personalidades. Afinal as vezes ele parecia o tipo de pessoa que não estava nem aí para nada e às veze
George conversou um pouco mais comigo me contando sobre suas aventuras e perguntando diversas coisas do meu relacionamento com o rapaz que ele tanto admirava. Tive que mentir muita coisa e guardar em minha mente um lembrete para contar a John as coisas que disse, assim meu pai não teria um infarto ou tentaria matar o cara que fez um acordo com sua filha para ela ficar presa em casa. Até explicar toda situação, ele já teria colocado fogo na mansão.Quando meu pai se retirou do meu quarto, me dirigi ao banheiro para tomar um banho demorado e calmo. Deixei a água bater em meus músculos, me massageando enquanto lavava as mentiras do meu corpo. De tanto conviver com Melissa, eu aprendi muito, principalmente a encenar.Depois do banho vesti as calças jeans desbotadas que encontrei no fundo da gaveta junto de uma blusa larga e fina com mangas longas da cor branca. Havia faixas amarelas nos ombros deixando a peça simples, um pouco mais moderna.Penteei os cabelos com a escova que acariciou mi
A princípio, um tremor percorreu meu corpo e me fez quase desistir da ideia. Era como se eu nunca tivesse me deitado com Jonathan antes, mesmo que sempre estivéssemos caindo em tentações. Contudo, meu cérebro queria continuar com aquilo e meu corpo o desejou intensamente.Eu queria ter a total certeza do que estava acontecendo comigo, tudo o que me cercava em meio aquela história estava mexendo com a minha cabeça e me empurrando para aquilo. Aquele ato mais real.Mesmo com toda a situação conturbada Jonathan havia me mostrado partes dele que eu jamais descobriria se não fossem os ocorridos.Eu não me sentia obrigada a fazer aquilo, por ele ter feito coisas que ninguém faria. Na verdade, eu me sentia amada, me sentia parte de alguém e queria que ele sentisse o mesmo.Claro que demoraria para dizer um "eu te amo", mas creio eu que nesse caso apenas o sentir, seria suficiente.John me deitou na cama e caminhou até a porta. Pensei por um instante que ele iria embora, que iria me deixar pe
Acordei ao sentir os beijos em meu pescoço e a mão quente acariciar minha barriga me proporcionando uma sensação deliciosa que acalmava meu coração e me causava cócegas ao mesmo tempo.Resmunguei com o sol batendo em meu rosto enquanto sentia os lábios em minha pele sorrir levemente.— Bom dia, gatinha — sussurrou a voz rouca ao pé de meu ouvido.— Que gostoso — a mordida leve em meu pescoço me fez encolher ligeiramente e me virei para poder ver os olhos de Jonathan. — Bom dia.Acariciei seu rosto, meus dedos analisaram a cicatriz pequena em sua bochecha. Ele deu outro meio sorriso, um tão lindo que fazia meu peito acelerar.Sua mão deslizou do meu ombro até meus dedos e os levou para seu coração.— Está sentindo ele? — Assenti, o pulsar de seu peito estava calmo ao ponto de relaxar meu corpo também. — Você dá vida para ele. Um sentido para continuar batendo.Mantive nosso olhar preso um ao outro. Eu absorvia suas palavras e pensava em nossa situação, pensava em tudo o que nos levou a