Capítulo 124Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioAquela maldita carta estava na minha cabeça.Cada palavra dela parecia gravada a fogo no meu cérebro, e eu não conseguia desligar.“Eu não consigo continuar aqui, não consigo seguir com isso”.Essas frases estavam martelando na minha cabeça como uma sentença de morte. Eu estava deitado na cama do hotel, encarando o teto, tentando processar o que aquilo significava. E a cada vez que as palavras dela voltavam, eu sentia o peito apertar de uma maneira que eu não sabia lidar.A carta tinha sido o último golpe. Tentando, de alguma forma, me afastar. Como se fosse fácil. Como se fosse possível. Eu não sabia mais como viver sem ela — e eu tinha notado isso, da pior forma.Clare se infiltrou na minha vida, na minha mente, de um jeito que ninguém jamais havia conseguido, e agora… ela queria que eu simplesmente deixasse tudo isso pra trás?Eu me mexi na cama, sentindo o desconforto aumentar. Nada mais fazia sentido. O whisky que eu tinha toma
Capítulo 125Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu estava trancada no meu quarto, tentando me isolar de tudo. As cortinas estavam fechadas, a luz apagada, e a única coisa que eu queria era me esconder. Me esconder de mim mesma, das minhas emoções e principalmente, dele.Eu sabia que fugir era uma escolha covarde, mas eu simplesmente não conseguia encarar Marcelus depois de tudo. Não depois da carta. Não depois de me forçar a admitir que estava apaixonada por ele.Eu me joguei na cama, o travesseiro afundando sob o peso da minha cabeça, e fechei os olhos, como se isso pudesse me trazer algum tipo de alívio.Mas não trouxe.A imagem de Marcelus estava lá, gravada na minha mente como um fantasma que me assombrava a cada segundo. O jeito que ele me olhava, o toque dele, a sensação de estar ao lado dele... e o fato de que ele provavelmente nunca sentiu o mesmo por mim — essa era a parte mais dolorosa.Ele nunca vai se apaixonar, e essa ideia estava enraizada dentro de mim, uma certeza
Capítulo 126Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu estava ali, parado no meio do jardim da mansão Vallence, com a respiração descontrolada e o peito queimando de frustração.Clare não tinha aparecido.Ela não ia descer, eu já tinha gritado o nome dela dezenas de vezes, e tudo o que recebi em troca foi silêncio. Um silêncio que me deixava ainda mais desesperado, ainda mais furioso comigo mesmo.Eu tinha ferrado com tudo. Eu podia ver as cortinas fechadas no quarto dela, a luz apagada. Ela estava lá dentro, e eu sabia disso. Ela estava me ignorando. Eu a tinha empurrado até esse ponto. Tudo por causa da minha falta de noção, da minha incapacidade de entender o que sentia.Eu sabia que Clare sentia algo por mim, sempre soube. Mas ao mesmo tempo, fiz questão de ignorar — mesmo que não fosse de propósito — porque, no fundo, eu tinha medo.Medo do que aquilo significava, medo de acabar sendo que nem a porra do meu pai no fim das contas, mas agora? Agora eu estava aqui, de pé, como um
Capítulo 127Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu estava sentada no chão do meu quarto, as costas apoiadas na cama, os joelhos puxados contra o peito e os braços ao redor das pernas, enquanto as minhas mãos ainda tremiam levemente. O que estava acontecendo lá fora parecia um sonho — um sonho bizarro e impossível, mas, ao mesmo tempo, não era.Marcelus estava lá fora, no jardim, se declarando pra mim.Eu fechei os olhos, tentando me proteger da enxurrada de emoções que ameaçava me arrastar. Ele estava gritando, berrando meu nome como um louco, como se o mundo estivesse acabando e a única coisa que o salvava fosse eu, e o som da voz dele era áspero, desesperado, e eu podia ouvir cada palavra claramente, mesmo estando trancada no meu quarto, e cada vez que ele dizia que me amava, algo dentro de mim quebrava um pouco mais.Eu queria acreditar.Queria mesmo.Mas parte de mim simplesmente não conseguia.Marcelus Moreau, o homem que controlava tudo ao seu redor, que sempre mantinha uma
Capítulo 128Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu sabia que estava ferrado.O pai da Clare estava me olhando com uma expressão de puro desgosto, a mandíbula rígida e os braços cruzados como se ele estivesse pronto para me expulsar do jardim na base do grito — ou pior, na base da força.E quem poderia culpá-lo? Um homem como eu, que estava gritando no meio da noite como um maluco, — ainda mais o nome da filha dele — era óbvio que ele nem ia querer olhar para a minha cara.Mas, honestamente? Eu não me importava. O único rosto que eu precisava que me olhasse, que me entendesse, era o de Clare.Eu voltei a encará-la. Ela estava ali, descendo a escada da varanda devagar, como se cada passo fosse uma decisão difícil. Quando nossos olhos se encontraram, eu soube que tudo o que importava agora era ela.Se ela me perdoasse… nada mais no mundo teria importância.Eu estava completamente vulnerável, sem o controle que sempre mantive em tudo na minha vida. Tudo o que eu sempre soube sobre po
Capítulo 129Victor VallenceInglaterra | 27 de MaioEu sabia que Clare estava envolvida com alguém. Fazia semanas que eu percebia algo de diferente nela, algo que a deixava distante, inquieta. Clare sempre foi discreta com os assuntos do coração, sempre guardou suas emoções como se fossem segredos enterrados profundamente, mas… eu conhecia minha filha bem o suficiente para notar que havia algo mais acontecendo.Só não imaginava que esse alguém fosse esse homem — Marcelus Moreau. E, sinceramente, nunca pensei que ele fosse tão louco quanto parecia ser agora, parado no meio do meu jardim, gritando o nome da minha filha para o mundo todo ouvir.Eu estava cansado, meu corpo ainda pesado de sono, e ser acordado assim, no meio da noite, por alguém berrando no meu quintal, definitivamente não era a maneira que eu esperava encerrar o dia, porém, aqui estávamos.Clare descendo as escadas da varanda como se estivesse lutando contra si mesma, e Marcelus ali, em pé, com os olhos desesperados, co
Capítulo 130Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu me sentei no sofá de couro, as mãos entrelaçadas e os olhos fixos no homem à minha frente. Victor Vallence, o pai de Clare, estava a poucos metros de mim, e o olhar dele me perfurava como uma faca. Eu sabia que estava sendo julgado, avaliado, e a verdade era que eu não podia culpá-lo.Mas isso não importava agora. Clare importava. E o que ela sentia. Eu a segui até aqui porque não aguentava mais viver sem ela, sem saber se teria uma chance de consertar tudo o que estraguei. Mas antes que eu pudesse explicar qualquer coisa, Victor parecia decidido a colocar os pingos nos "is".— Clare... — Ele começou, se virando pra ela, a expressão dele ainda rígida. — Quero ouvir a sua versão. Tudo isso que está acontecendo... o que é, afinal? E como você acabou se envolvendo com esse homem?Eu senti meu estômago revirar. Não era uma pergunta que eu poderia responder por ela. Clare precisava dizer o que estava no coração dela. E eu sabia que es
Capítulo 131Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu observei meu pai sair da sala, o som suave da porta se fechando atrás dele. Ele tinha sido surpreendentemente calmo diante de tudo o que revelei, mas eu sabia que aquilo era só a superfície. Nós ainda teríamos uma longa conversa depois disso.Ele estava me dando espaço agora, mas eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele ia querer entender exatamente o que estava acontecendo.Mas, por enquanto, eu não podia me preocupar com isso. Meu pai havia saído e agora eu estava sozinha com Marcelus. E isso já era confusão o suficiente.Eu me virei para ele, e o silêncio na sala pesava sobre nós como uma névoa. Marcelus parecia cansado, exausto de todas as formas possíveis, e ele me olhava como se ainda estivesse esperando o meu veredito, como se tivesse depositado todas as suas esperanças em mim — e eu nunca o tinha visto tão vulnerável antes.Eu sabia que, de alguma forma, teria que resolver isso com ele, porque era como se tudo estivesse