Capítulo 130Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu me sentei no sofá de couro, as mãos entrelaçadas e os olhos fixos no homem à minha frente. Victor Vallence, o pai de Clare, estava a poucos metros de mim, e o olhar dele me perfurava como uma faca. Eu sabia que estava sendo julgado, avaliado, e a verdade era que eu não podia culpá-lo.Mas isso não importava agora. Clare importava. E o que ela sentia. Eu a segui até aqui porque não aguentava mais viver sem ela, sem saber se teria uma chance de consertar tudo o que estraguei. Mas antes que eu pudesse explicar qualquer coisa, Victor parecia decidido a colocar os pingos nos "is".— Clare... — Ele começou, se virando pra ela, a expressão dele ainda rígida. — Quero ouvir a sua versão. Tudo isso que está acontecendo... o que é, afinal? E como você acabou se envolvendo com esse homem?Eu senti meu estômago revirar. Não era uma pergunta que eu poderia responder por ela. Clare precisava dizer o que estava no coração dela. E eu sabia que es
Capítulo 131Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu observei meu pai sair da sala, o som suave da porta se fechando atrás dele. Ele tinha sido surpreendentemente calmo diante de tudo o que revelei, mas eu sabia que aquilo era só a superfície. Nós ainda teríamos uma longa conversa depois disso.Ele estava me dando espaço agora, mas eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele ia querer entender exatamente o que estava acontecendo.Mas, por enquanto, eu não podia me preocupar com isso. Meu pai havia saído e agora eu estava sozinha com Marcelus. E isso já era confusão o suficiente.Eu me virei para ele, e o silêncio na sala pesava sobre nós como uma névoa. Marcelus parecia cansado, exausto de todas as formas possíveis, e ele me olhava como se ainda estivesse esperando o meu veredito, como se tivesse depositado todas as suas esperanças em mim — e eu nunca o tinha visto tão vulnerável antes.Eu sabia que, de alguma forma, teria que resolver isso com ele, porque era como se tudo estivesse
Capítulo 132Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu segurei Clare contra mim, sentindo o corpo dela tremendo, as lágrimas quentes escorrendo pelo meu pescoço. O coração dela batia rápido, e eu sabia que o meu não estava muito diferente, aquele momento, aquele silêncio entre nós, era tudo o que eu queria e temia. Eu finalmente tinha dito o que estava preso dentro de mim por tanto tempo. Mas será que ela acreditava em mim?Me afastei um pouco, só o suficiente para olhar para o rosto dela. Os olhos estavam vermelhos, mas ainda havia algo mais ali... algo que me fez ter esperança.— Clare — eu disse baixinho, minha voz rouca pela emoção —, eu não vou te deixar sozinha, e eu… realmente te amo, e eu posso falar isso quantas vezes você quiser…Ela desviou o olhar por um segundo, mordendo o lábio. Meu corpo inteiro reagia a ela. Cada pequena expressão, cada movimento dela fazia meu coração disparar. Clare mexia comigo de uma maneira que eu nunca consegui explicar, nem pra mim mesmo.E ago
Capítulo 133Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu mal conseguia respirar, meu corpo ainda tremia com os resquícios do prazer que me consumiu por completo. Cada célula do meu corpo parecia viva, em chamas, e eu ainda estava ali, deitada debaixo de Marcelus, com a respiração descompassada. Era como se todo o ar do quarto tivesse sumido, e a única coisa que existia fosse nós dois, ofegando, tentando encontrar algum senso de realidade depois do que acabamos de fazer. Minhas mãos ainda estavam cravadas nas costas dele, sentindo o calor da pele, o ritmo acelerado do coração dele batendo contra o meu peito.Eu não conseguia acreditar.Não conseguia processar que aquilo estava mesmo acontecendo. Mas estava. Ele estava ali, comigo, depois de tanto tempo fugindo.Marcelus estava comigo, e eu sabia que não havia mais volta. Ele se moveu um pouco, afastando o rosto do meu pescoço onde ele tinha deixado uma trilha de beijos que ainda queimava na minha pele. Os olhos dele estavam fixos nos m
Capítulo 134Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioO corpo de Marcelus ainda estava tremendo debaixo do meu, e eu tentava recuperar o fôlego, os músculos exaustos, a respiração pesada. A sensação dele dentro de mim, do calor, do prazer, ainda pulsava em cada célula do meu corpo, me mantendo no ápice de um prazer prolongado que parecia não querer acabar. Cada batida do meu coração era um lembrete de que ele estava ali, comigo, e de que tudo aquilo era real.— Você... é inacreditável — Marcelus sussurrou, os dedos dele traçando círculos preguiçosos pelas minhas costas enquanto eu me ajeitava melhor sobre ele. A água ao nosso redor estava morna, calma, uma quebra suave do caos que tinha sido a nossa foda.Eu levantei a cabeça para encará-lo, a expressão dele era uma mistura de cansaço e admiração, com aquele sorriso preguiçoso que sempre mexia comigo.— Você que é inacreditável... — murmurei, a voz ainda entrecortada pelos resquícios do prazer. O som da minha própria voz me soou diferen
Capítulo 135Clare VallenceInglaterra | 28 de MaioAcordei com o sol batendo levemente nas cortinas do quarto, criando uma luz suave que iluminava o espaço de maneira quase acolhedora. O calor do corpo de Marcelus ao meu lado era reconfortante, um lembrete de tudo o que aconteceu na noite anterior, mas também um alerta de que o que eu mais temia estava à espreita.Não podia mais ignorar a realidade… logo eu precisaria conversar com o meu pai.Eu sabia que aquela conversa era inevitável, mas agora que o momento estava tão próximo, eu sentia o peso dela apertando o meu peito. Marcelus estava tranquilo ao meu lado, ainda perdido no sono, e eu o observei por alguns segundos, tentando absorver a calma dele antes de me levantar.Com cuidado, deslizei para fora da cama, tentando não acordá-lo, e peguei um roupão e fui até o banheiro. A água quente do chuveiro escorria pelo meu corpo, relaxando os músculos exaustos, mas minha mente estava a mil. Cada gota d’água parecia amplificar o que eu t
Capítulo 136Marcelus MoreauInglaterra | 28 de MaioEu sabia que, depois de tudo o que havia acontecido, o próximo passo seria decisivo. Clare e eu tínhamos finalmente chegado a um ponto em que não havia mais fugas, nem desculpas. Nós estávamos juntos. Era simples assim, mas ao mesmo tempo, estava longe de ser simples. Eu não era idiota. Sabia que haveria consequências. A minha vida sempre foi marcada por decisões que traziam mais complicações do que soluções, e amar Clare não seria diferente. Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu estava disposto a encarar tudo de frente, sem mentiras, sem fugas.Depois de nossa conversa com Victor — porque claro, eu também precisei falar com ele em dado momento —, eu sentia que um peso havia sido tirado das minhas costas, embora soubesse que ele não confiava em mim. Ainda. O olhar dele, apesar de ter aceitado nossa relação, deixava claro que ele estaria sempre à espreita, esperando o momento em que eu pudesse falhar. Mas tudo bem. Eu sabia qu
Capítulo 137Mario MariniInglaterra | 28 de MaioEu nunca fui o tipo de homem que gostava de se meter em assuntos pessoais dos outros, especialmente nos de meu filho. Romances e dramas sentimentais? Sempre os vi como distrações que desviam daquilo que realmente importa — poder, controle, legado. Mas agora, aqui estou eu, em pleno voo para a Inglaterra, graças a um boato que Iris fez questão de gritar na frente de todos os homens da família. Ela o fez de propósito, isso é claro para mim. E, embora eu sempre tenha tido uma certa paciência com Iris — afinal, ela sempre foi útil em diversas situações —, agora ela havia cruzado uma linha que não podia ser ignorada.O que me irritava profundamente não era a questão de Marcelus e Clare estarem juntos. Para mim, isso pouco importava. Eles podiam se amar ou não, podiam ter começado como uma farsa, um acordo conveniente — mas se no fim das contas se tornasse algo real, isso não era problema meu. O que me importava era o impacto que isso causa