Capítulo 129Victor VallenceInglaterra | 27 de MaioEu sabia que Clare estava envolvida com alguém. Fazia semanas que eu percebia algo de diferente nela, algo que a deixava distante, inquieta. Clare sempre foi discreta com os assuntos do coração, sempre guardou suas emoções como se fossem segredos enterrados profundamente, mas… eu conhecia minha filha bem o suficiente para notar que havia algo mais acontecendo.Só não imaginava que esse alguém fosse esse homem — Marcelus Moreau. E, sinceramente, nunca pensei que ele fosse tão louco quanto parecia ser agora, parado no meio do meu jardim, gritando o nome da minha filha para o mundo todo ouvir.Eu estava cansado, meu corpo ainda pesado de sono, e ser acordado assim, no meio da noite, por alguém berrando no meu quintal, definitivamente não era a maneira que eu esperava encerrar o dia, porém, aqui estávamos.Clare descendo as escadas da varanda como se estivesse lutando contra si mesma, e Marcelus ali, em pé, com os olhos desesperados, co
Capítulo 130Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu me sentei no sofá de couro, as mãos entrelaçadas e os olhos fixos no homem à minha frente. Victor Vallence, o pai de Clare, estava a poucos metros de mim, e o olhar dele me perfurava como uma faca. Eu sabia que estava sendo julgado, avaliado, e a verdade era que eu não podia culpá-lo.Mas isso não importava agora. Clare importava. E o que ela sentia. Eu a segui até aqui porque não aguentava mais viver sem ela, sem saber se teria uma chance de consertar tudo o que estraguei. Mas antes que eu pudesse explicar qualquer coisa, Victor parecia decidido a colocar os pingos nos "is".— Clare... — Ele começou, se virando pra ela, a expressão dele ainda rígida. — Quero ouvir a sua versão. Tudo isso que está acontecendo... o que é, afinal? E como você acabou se envolvendo com esse homem?Eu senti meu estômago revirar. Não era uma pergunta que eu poderia responder por ela. Clare precisava dizer o que estava no coração dela. E eu sabia que es
Capítulo 131Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu observei meu pai sair da sala, o som suave da porta se fechando atrás dele. Ele tinha sido surpreendentemente calmo diante de tudo o que revelei, mas eu sabia que aquilo era só a superfície. Nós ainda teríamos uma longa conversa depois disso.Ele estava me dando espaço agora, mas eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele ia querer entender exatamente o que estava acontecendo.Mas, por enquanto, eu não podia me preocupar com isso. Meu pai havia saído e agora eu estava sozinha com Marcelus. E isso já era confusão o suficiente.Eu me virei para ele, e o silêncio na sala pesava sobre nós como uma névoa. Marcelus parecia cansado, exausto de todas as formas possíveis, e ele me olhava como se ainda estivesse esperando o meu veredito, como se tivesse depositado todas as suas esperanças em mim — e eu nunca o tinha visto tão vulnerável antes.Eu sabia que, de alguma forma, teria que resolver isso com ele, porque era como se tudo estivesse
Capítulo 132Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu segurei Clare contra mim, sentindo o corpo dela tremendo, as lágrimas quentes escorrendo pelo meu pescoço. O coração dela batia rápido, e eu sabia que o meu não estava muito diferente, aquele momento, aquele silêncio entre nós, era tudo o que eu queria e temia. Eu finalmente tinha dito o que estava preso dentro de mim por tanto tempo. Mas será que ela acreditava em mim?Me afastei um pouco, só o suficiente para olhar para o rosto dela. Os olhos estavam vermelhos, mas ainda havia algo mais ali... algo que me fez ter esperança.— Clare — eu disse baixinho, minha voz rouca pela emoção —, eu não vou te deixar sozinha, e eu… realmente te amo, e eu posso falar isso quantas vezes você quiser…Ela desviou o olhar por um segundo, mordendo o lábio. Meu corpo inteiro reagia a ela. Cada pequena expressão, cada movimento dela fazia meu coração disparar. Clare mexia comigo de uma maneira que eu nunca consegui explicar, nem pra mim mesmo.E ago
Capítulo 133Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu mal conseguia respirar, meu corpo ainda tremia com os resquícios do prazer que me consumiu por completo. Cada célula do meu corpo parecia viva, em chamas, e eu ainda estava ali, deitada debaixo de Marcelus, com a respiração descompassada. Era como se todo o ar do quarto tivesse sumido, e a única coisa que existia fosse nós dois, ofegando, tentando encontrar algum senso de realidade depois do que acabamos de fazer. Minhas mãos ainda estavam cravadas nas costas dele, sentindo o calor da pele, o ritmo acelerado do coração dele batendo contra o meu peito.Eu não conseguia acreditar.Não conseguia processar que aquilo estava mesmo acontecendo. Mas estava. Ele estava ali, comigo, depois de tanto tempo fugindo.Marcelus estava comigo, e eu sabia que não havia mais volta. Ele se moveu um pouco, afastando o rosto do meu pescoço onde ele tinha deixado uma trilha de beijos que ainda queimava na minha pele. Os olhos dele estavam fixos nos m
Capítulo 134Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioO corpo de Marcelus ainda estava tremendo debaixo do meu, e eu tentava recuperar o fôlego, os músculos exaustos, a respiração pesada. A sensação dele dentro de mim, do calor, do prazer, ainda pulsava em cada célula do meu corpo, me mantendo no ápice de um prazer prolongado que parecia não querer acabar. Cada batida do meu coração era um lembrete de que ele estava ali, comigo, e de que tudo aquilo era real.— Você... é inacreditável — Marcelus sussurrou, os dedos dele traçando círculos preguiçosos pelas minhas costas enquanto eu me ajeitava melhor sobre ele. A água ao nosso redor estava morna, calma, uma quebra suave do caos que tinha sido a nossa foda.Eu levantei a cabeça para encará-lo, a expressão dele era uma mistura de cansaço e admiração, com aquele sorriso preguiçoso que sempre mexia comigo.— Você que é inacreditável... — murmurei, a voz ainda entrecortada pelos resquícios do prazer. O som da minha própria voz me soou diferen
Capítulo 135Clare VallenceInglaterra | 28 de MaioAcordei com o sol batendo levemente nas cortinas do quarto, criando uma luz suave que iluminava o espaço de maneira quase acolhedora. O calor do corpo de Marcelus ao meu lado era reconfortante, um lembrete de tudo o que aconteceu na noite anterior, mas também um alerta de que o que eu mais temia estava à espreita.Não podia mais ignorar a realidade… logo eu precisaria conversar com o meu pai.Eu sabia que aquela conversa era inevitável, mas agora que o momento estava tão próximo, eu sentia o peso dela apertando o meu peito. Marcelus estava tranquilo ao meu lado, ainda perdido no sono, e eu o observei por alguns segundos, tentando absorver a calma dele antes de me levantar.Com cuidado, deslizei para fora da cama, tentando não acordá-lo, e peguei um roupão e fui até o banheiro. A água quente do chuveiro escorria pelo meu corpo, relaxando os músculos exaustos, mas minha mente estava a mil. Cada gota d’água parecia amplificar o que eu t
PrólogoClare Vallence04 de Maio | França— Estou interrompendo algo, querida? — Foi a primeira coisa que eu escutei, quando eu senti uma mão pousar sobre o meu ombro, — quem é o seu amigo, não vai me apresentar?Marcelus. Marcelus Moreau Marini, tinha me achado mais uma vez, e puta que me pariu… como eu queria correr dali agora, e me enfiar no primeiro avião que eu conseguisse. Não importava se seria para um país de primeiro, segundo ou terceiro mundo, não… eu só queria achar qualquer lugar que fosse, que ele não suspeitaria, que ele não fosse conseguir achar o meu rastro, nem se ele quisesse muito. Mas… aparentemente — para a minha infelicidade — isso não parecia ser algo possível. — Clare, quem é ele? — Flyn obviamente não evitou de perguntar, com uma expressão de clara confusão. — Ele não é ninguém importante, querido. — Eu soltei, junto de um breve sorriso no rosto, — agora vamos, ou você quer parar o que estávamos fazendo, por conta dele? — Parar o que estavam fazendo? Or