Capítulo 126Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu estava ali, parado no meio do jardim da mansão Vallence, com a respiração descontrolada e o peito queimando de frustração.Clare não tinha aparecido.Ela não ia descer, eu já tinha gritado o nome dela dezenas de vezes, e tudo o que recebi em troca foi silêncio. Um silêncio que me deixava ainda mais desesperado, ainda mais furioso comigo mesmo.Eu tinha ferrado com tudo. Eu podia ver as cortinas fechadas no quarto dela, a luz apagada. Ela estava lá dentro, e eu sabia disso. Ela estava me ignorando. Eu a tinha empurrado até esse ponto. Tudo por causa da minha falta de noção, da minha incapacidade de entender o que sentia.Eu sabia que Clare sentia algo por mim, sempre soube. Mas ao mesmo tempo, fiz questão de ignorar — mesmo que não fosse de propósito — porque, no fundo, eu tinha medo.Medo do que aquilo significava, medo de acabar sendo que nem a porra do meu pai no fim das contas, mas agora? Agora eu estava aqui, de pé, como um
Capítulo 127Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu estava sentada no chão do meu quarto, as costas apoiadas na cama, os joelhos puxados contra o peito e os braços ao redor das pernas, enquanto as minhas mãos ainda tremiam levemente. O que estava acontecendo lá fora parecia um sonho — um sonho bizarro e impossível, mas, ao mesmo tempo, não era.Marcelus estava lá fora, no jardim, se declarando pra mim.Eu fechei os olhos, tentando me proteger da enxurrada de emoções que ameaçava me arrastar. Ele estava gritando, berrando meu nome como um louco, como se o mundo estivesse acabando e a única coisa que o salvava fosse eu, e o som da voz dele era áspero, desesperado, e eu podia ouvir cada palavra claramente, mesmo estando trancada no meu quarto, e cada vez que ele dizia que me amava, algo dentro de mim quebrava um pouco mais.Eu queria acreditar.Queria mesmo.Mas parte de mim simplesmente não conseguia.Marcelus Moreau, o homem que controlava tudo ao seu redor, que sempre mantinha uma
Capítulo 128Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu sabia que estava ferrado.O pai da Clare estava me olhando com uma expressão de puro desgosto, a mandíbula rígida e os braços cruzados como se ele estivesse pronto para me expulsar do jardim na base do grito — ou pior, na base da força.E quem poderia culpá-lo? Um homem como eu, que estava gritando no meio da noite como um maluco, — ainda mais o nome da filha dele — era óbvio que ele nem ia querer olhar para a minha cara.Mas, honestamente? Eu não me importava. O único rosto que eu precisava que me olhasse, que me entendesse, era o de Clare.Eu voltei a encará-la. Ela estava ali, descendo a escada da varanda devagar, como se cada passo fosse uma decisão difícil. Quando nossos olhos se encontraram, eu soube que tudo o que importava agora era ela.Se ela me perdoasse… nada mais no mundo teria importância.Eu estava completamente vulnerável, sem o controle que sempre mantive em tudo na minha vida. Tudo o que eu sempre soube sobre po
Capítulo 129Victor VallenceInglaterra | 27 de MaioEu sabia que Clare estava envolvida com alguém. Fazia semanas que eu percebia algo de diferente nela, algo que a deixava distante, inquieta. Clare sempre foi discreta com os assuntos do coração, sempre guardou suas emoções como se fossem segredos enterrados profundamente, mas… eu conhecia minha filha bem o suficiente para notar que havia algo mais acontecendo.Só não imaginava que esse alguém fosse esse homem — Marcelus Moreau. E, sinceramente, nunca pensei que ele fosse tão louco quanto parecia ser agora, parado no meio do meu jardim, gritando o nome da minha filha para o mundo todo ouvir.Eu estava cansado, meu corpo ainda pesado de sono, e ser acordado assim, no meio da noite, por alguém berrando no meu quintal, definitivamente não era a maneira que eu esperava encerrar o dia, porém, aqui estávamos.Clare descendo as escadas da varanda como se estivesse lutando contra si mesma, e Marcelus ali, em pé, com os olhos desesperados, co
Capítulo 130Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu me sentei no sofá de couro, as mãos entrelaçadas e os olhos fixos no homem à minha frente. Victor Vallence, o pai de Clare, estava a poucos metros de mim, e o olhar dele me perfurava como uma faca. Eu sabia que estava sendo julgado, avaliado, e a verdade era que eu não podia culpá-lo.Mas isso não importava agora. Clare importava. E o que ela sentia. Eu a segui até aqui porque não aguentava mais viver sem ela, sem saber se teria uma chance de consertar tudo o que estraguei. Mas antes que eu pudesse explicar qualquer coisa, Victor parecia decidido a colocar os pingos nos "is".— Clare... — Ele começou, se virando pra ela, a expressão dele ainda rígida. — Quero ouvir a sua versão. Tudo isso que está acontecendo... o que é, afinal? E como você acabou se envolvendo com esse homem?Eu senti meu estômago revirar. Não era uma pergunta que eu poderia responder por ela. Clare precisava dizer o que estava no coração dela. E eu sabia que es
Capítulo 131Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu observei meu pai sair da sala, o som suave da porta se fechando atrás dele. Ele tinha sido surpreendentemente calmo diante de tudo o que revelei, mas eu sabia que aquilo era só a superfície. Nós ainda teríamos uma longa conversa depois disso.Ele estava me dando espaço agora, mas eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ele ia querer entender exatamente o que estava acontecendo.Mas, por enquanto, eu não podia me preocupar com isso. Meu pai havia saído e agora eu estava sozinha com Marcelus. E isso já era confusão o suficiente.Eu me virei para ele, e o silêncio na sala pesava sobre nós como uma névoa. Marcelus parecia cansado, exausto de todas as formas possíveis, e ele me olhava como se ainda estivesse esperando o meu veredito, como se tivesse depositado todas as suas esperanças em mim — e eu nunca o tinha visto tão vulnerável antes.Eu sabia que, de alguma forma, teria que resolver isso com ele, porque era como se tudo estivesse
Capítulo 132Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu segurei Clare contra mim, sentindo o corpo dela tremendo, as lágrimas quentes escorrendo pelo meu pescoço. O coração dela batia rápido, e eu sabia que o meu não estava muito diferente, aquele momento, aquele silêncio entre nós, era tudo o que eu queria e temia. Eu finalmente tinha dito o que estava preso dentro de mim por tanto tempo. Mas será que ela acreditava em mim?Me afastei um pouco, só o suficiente para olhar para o rosto dela. Os olhos estavam vermelhos, mas ainda havia algo mais ali... algo que me fez ter esperança.— Clare — eu disse baixinho, minha voz rouca pela emoção —, eu não vou te deixar sozinha, e eu… realmente te amo, e eu posso falar isso quantas vezes você quiser…Ela desviou o olhar por um segundo, mordendo o lábio. Meu corpo inteiro reagia a ela. Cada pequena expressão, cada movimento dela fazia meu coração disparar. Clare mexia comigo de uma maneira que eu nunca consegui explicar, nem pra mim mesmo.E ago
Capítulo 133Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu mal conseguia respirar, meu corpo ainda tremia com os resquícios do prazer que me consumiu por completo. Cada célula do meu corpo parecia viva, em chamas, e eu ainda estava ali, deitada debaixo de Marcelus, com a respiração descompassada. Era como se todo o ar do quarto tivesse sumido, e a única coisa que existia fosse nós dois, ofegando, tentando encontrar algum senso de realidade depois do que acabamos de fazer. Minhas mãos ainda estavam cravadas nas costas dele, sentindo o calor da pele, o ritmo acelerado do coração dele batendo contra o meu peito.Eu não conseguia acreditar.Não conseguia processar que aquilo estava mesmo acontecendo. Mas estava. Ele estava ali, comigo, depois de tanto tempo fugindo.Marcelus estava comigo, e eu sabia que não havia mais volta. Ele se moveu um pouco, afastando o rosto do meu pescoço onde ele tinha deixado uma trilha de beijos que ainda queimava na minha pele. Os olhos dele estavam fixos nos m