Não saí do quarto até a quarta feira. Estava completamente deprimida, sem vontade de falar com ninguém, e tinha desligado o celular para que parasse de vibrar com as ligações de Muriel.
- Sarah? – minha mãe bateu na porta suavemente, depois a abriu.
O quarto estava completamente escuro, todas as luzes apagadas e as janelas com as cortinas fechadas. Eu só queria me amontoar embaixo das cobertas.
- Oi, mãe. – revirei na cama, para poder olhá-la.
- Sei que est
Encarei o teto do meu quarto enquanto sentia a respiração de Sam no meu pescoço ir normalizando aos poucos. Eu percebia o suor se acumulando entre nossas peles e a sua mão apertando suavemente minha cintura, e não queria me mover para não acabar com a magia da situação. Poucos minutos depois Sam tirou a mão de mim para apoiar na escrivaninha e separou nossos corpos suavemente. Sua expressão era de plenitude, mas ainda havia algo que demonstrava que ele quase não acreditava que havia mesmo acontecido. Nós nos encaramos e finalmente a realidade da situação caiu sobre mim. Aquele era meu melhor amigo, uma das pessoas mais importantes de toda minha v
A chuva começou meia hora depois que Sam foi embora, e eu apenas me sentei na cama, com as costas apoiadas contra os travesseiros, e fiquei ouvindo seu som. As memórias do que havíamos feito pipocaram na minha mente o tempo todo. Sua pele, seu cheiro, nós dois juntos em sincronia. Sua boca brincando com a minha tão perfeitamente que nem parecia que era a primeira vez que tinha acontecido. E meu corpo reagia a cada pensamento, me pedindo mais. Mais de Sam. O que era aquilo? Por que eu estava me sentindo assim, agora? Por que eu o tinha desejado tanto? Por que eu o queria naquele momento mais do que qualque
Quando acordei, minha cabeça balançava de um lado para o outro contra o banco traseiro de um carro. Estava mole, sonolenta, e não fazia ideia de como tinha ido parar ali dentro. - Ah, você acordou. – a voz parecia vir de muito longe. Pisquei meus olhos algumas vezes para conseguir focar, aos poucos, nos olhos do retrovisor. - Muriel? – me remexi, desconfortável. - Não, querida. – ele rebateu.&nb
Sam Passei as pernas pela janela de Sarah e comecei a andar sem olhar para trás. Como é que ela podia estar lá, falando com aquele imbecil, depois do que tinha acontecido entre nós dois? Nossa, eu estava completamente sem palavras. Tinha ido até sua casa na esperança de reatar nossa amizade, para que voltasse a ser como sempre tinha sido. Se eu não podia ter Sarah como realmente queria, eu só esperava não a perder totalmente também. Mas ela tinha me beijado. A iniciativa tinha vindo dela, completamente dela. 
- Vamos tornar as coisas mais fáceis, Sarah. – Marcos falou, me puxando outra vez para perto. - Nunca. – retruquei sentindo um dos meus olhos inchando. Eu lutei. Nossa, como eu lutei. Eu chutei e mexi os braços o quanto consegui mesmo estando amarrada, e o acertei algumas vezes. E suportei quando ele revidou, sem chorar, apenas movida pela necessidade de me proteger. Também gritei muito, mesmo que ninguém pudesse me ouvir. Um grito que vinha das profundidades da minha alma, que me fazia encontrar forças quando eu já estava ficando exausta.&nbs
Sam Garanti à Sarah que cuidariam bem dela na ambulância, com a expressão mais confiante que consegui reproduzir, e depois precisei me afastar porque estava prestes a desmoronar e não queria que ela visse. Fui até o carro e me sentei no chão, tomando o cuidado para ficar bem escondido da ambulância, e então comecei a chorar. Estava me doendo profundamente ver o estado em que ela estava, machucada, inchada, a roupa toda rasgada... - Sam? – não escutei os passos dele chegando, mas quando ergui os olhos, estava bem na minha frente. 
Estar sentada no carro ao lado de Sam quase me fazia lembrar dos velhos tempos, de como eu costumava ser. Naquele momento parecia que eu jamais seria a mesma pessoa, como se tivesse sido quebrada e não houvesse conserto para as pequenas partes espatifadas. Eu podia observar pelo canto do olho o quanto Sam me olhava, mas não queria corresponder. Não enquanto Muriel estivesse no banco de trás, ansioso para conversar comigo. Minha mente ainda estava muito confusa quando o carro estacionou na frente da minha casa. Sei que haviam pessoas, carros estacionados e muita gente tentando me alcançar ao mesmo tempo, mas eu estava ficando cada vez mais inacessível a cada segundo que passava.&nb
- Não sei se isso é uma boa ideia, Sarah. – Juliana cruzou os braços no peito, ainda sem me deixar passar pela porta. Permaneci parada na sua frente, segurando minha mala com as duas mãos, e senti que não conseguiria juntar forças para convencê-la de que eu precisava ficar ali. - Me deixa entrar pelo menos. – insisti. - Posso ver seus hematomas. – seus olhos me varreram sem disfarçar. Abaixei os olhos. Não queria realmente contar o que tinha acontecido, mas talvez f