- Não sei se isso é uma boa ideia, Sarah. – Juliana cruzou os braços no peito, ainda sem me deixar passar pela porta.
Permaneci parada na sua frente, segurando minha mala com as duas mãos, e senti que não conseguiria juntar forças para convencê-la de que eu precisava ficar ali.
- Me deixa entrar pelo menos. – insisti.
- Posso ver seus hematomas. – seus olhos me varreram sem disfarçar.
Abaixei os olhos. Não queria realmente contar o que tinha acontecido, mas talvez f
Juliana e eu havíamos sido colegas na escola por um longo tempo. Não éramos totalmente próximas, mas ficávamos juntas em todas as aulas e conversávamos com bastante intimidade. Fora do ambiente escolar éramos meras conhecidas, educadas quando esbarrávamos nas ruas, mas nada além disso. Nunca saímos juntas para fazer nada, nem visitamos a casa uma da outra sem que fosse para fazer algum trabalho escolar. Ter seu endereço tinha sido apenas sorte. Juliana saiu de casa logo após o fim da escola para ser fotógrafa, seu grande e comentado sonho, e, por caus
Sam Um ano. Um maldito ano do dia que encontrei Sarah naquela cabana, machucada e chorando. A última vez que a vi, que senti seu toque e ouvi o som de sua voz. Um ano. Assim que abri os olhos, girei a cabeça para olhar para o chão, quase na esperança de que tudo não tinha passado de um sonho e eu a veria ali, dormindo tranquilamente. Claro que não havia nem mesmo um colchão ao lado da minha cama.&nbs
Um ano. Já havia passado um ano do dia que virou minha vida de ponta cabeça. Mas lá estava eu, viva, sobrevivendo quase que por conta própria. Trabalhando, cuidado do apartamento com Juliana. Comendo, respirando, dormindo. - Oi. – Ju disse assim que saí do quarto. - Bom dia. – respondi bocejando – Você já vai sair? - Tenho contratos para cumprir, garota. – ela sorriu, juntando
Sam - Quem era? – perguntei saindo do banheiro. Minha cabeça estava doendo. Fazia tanto tempo que eu não bebia como a noite passada, que o resultado dessa manhã estava realmente deprimente. - Não sei. – Liz deu de ombros, sentada na minha cama – Não disse nada. Peguei o celular das suas mãos, mas o número não me era nem remotamente conhecido. Com certeza devia ter sido engano.&
- Você não está com a cabeça boa. – Juliana reclamou. - O quê? – ergui os olhos para ela. Estávamos sentadas no sofá, cada uma numa ponta, e eu tinha quase certeza de que ela estava tentando conversar comigo sobre alguma coisa. - O que aconteceu? – ela franziu a testa. - Nada, na verdade. – respondi dando de ombros. - Você esteve a semana toda assim. – Juliana era pe
Andei rapidamente, com os braços cruzados, enquanto Juliana lutava para me acompanhar com seu salto alto. Com tudo, ela não reclamou e nem me pediu para ir mais devagar, parecendo entender que eu precisava extravasar de alguma forma. Quando entramos no apartamento, ambas estávamos ofegantes e um pouco suadas e nos jogamos no sofá lado a lado, ainda sem conversar sobre o que tinha acontecido. - Qual dos dois era aquele? – me perguntou depois de vários minutos. - Não sei. - suspirei – Ele disse que era Muriel, e se for verdade, não é o que me sequestrou.&
A segunda-feira transcorreu preguiçosamente por causa da chuva que insistia em cair sem parar, e eu fiquei encostada no balcão da loja, sem ter muito o que fazer quase o tempo todo. Quando finalmente pude sair estava aliviada, mas sabendo que o resto daquele dia seria completamente tedioso, principalmente porque Juliana estava trabalhando longe e só chegaria tarde da noite. - Sarah? – congelei no lugar, ainda na frente do meu local de trabalho, sem acreditar que escutava aquela voz. Me virei, sentindo uma onda de irritação forte subindo, como um furacão.&
Quando fui para casa naquela noite, logo após jantar com Eduardo, estava me sentindo muito mais leve. Era como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas, e agora minhas pernas tivessem mais força para me sustentar. O apartamento continuava vazio quando entrei, sinal de que Juliana ainda não havia voltado do trabalho, então eu apenas tomei um longo banho e me preparei para dormir. A chuva tinha dado uma pequena trégua, mas o céu ainda estava carregado, prometendo mais dias nublados e tempestuosos. Provavelmente a semana toda seria meio parada, sem movimento na loja. Era quase meia noite quando