Um ano.
Já havia passado um ano do dia que virou minha vida de ponta cabeça.
Mas lá estava eu, viva, sobrevivendo quase que por conta própria. Trabalhando, cuidado do apartamento com Juliana. Comendo, respirando, dormindo.
- Oi. – Ju disse assim que saí do quarto.
- Bom dia. – respondi bocejando – Você já vai sair?
- Tenho contratos para cumprir, garota. – ela sorriu, juntando
Sam - Quem era? – perguntei saindo do banheiro. Minha cabeça estava doendo. Fazia tanto tempo que eu não bebia como a noite passada, que o resultado dessa manhã estava realmente deprimente. - Não sei. – Liz deu de ombros, sentada na minha cama – Não disse nada. Peguei o celular das suas mãos, mas o número não me era nem remotamente conhecido. Com certeza devia ter sido engano.&
- Você não está com a cabeça boa. – Juliana reclamou. - O quê? – ergui os olhos para ela. Estávamos sentadas no sofá, cada uma numa ponta, e eu tinha quase certeza de que ela estava tentando conversar comigo sobre alguma coisa. - O que aconteceu? – ela franziu a testa. - Nada, na verdade. – respondi dando de ombros. - Você esteve a semana toda assim. – Juliana era pe
Andei rapidamente, com os braços cruzados, enquanto Juliana lutava para me acompanhar com seu salto alto. Com tudo, ela não reclamou e nem me pediu para ir mais devagar, parecendo entender que eu precisava extravasar de alguma forma. Quando entramos no apartamento, ambas estávamos ofegantes e um pouco suadas e nos jogamos no sofá lado a lado, ainda sem conversar sobre o que tinha acontecido. - Qual dos dois era aquele? – me perguntou depois de vários minutos. - Não sei. - suspirei – Ele disse que era Muriel, e se for verdade, não é o que me sequestrou.&
A segunda-feira transcorreu preguiçosamente por causa da chuva que insistia em cair sem parar, e eu fiquei encostada no balcão da loja, sem ter muito o que fazer quase o tempo todo. Quando finalmente pude sair estava aliviada, mas sabendo que o resto daquele dia seria completamente tedioso, principalmente porque Juliana estava trabalhando longe e só chegaria tarde da noite. - Sarah? – congelei no lugar, ainda na frente do meu local de trabalho, sem acreditar que escutava aquela voz. Me virei, sentindo uma onda de irritação forte subindo, como um furacão.&
Quando fui para casa naquela noite, logo após jantar com Eduardo, estava me sentindo muito mais leve. Era como se um peso tivesse sido tirado das minhas costas, e agora minhas pernas tivessem mais força para me sustentar. O apartamento continuava vazio quando entrei, sinal de que Juliana ainda não havia voltado do trabalho, então eu apenas tomei um longo banho e me preparei para dormir. A chuva tinha dado uma pequena trégua, mas o céu ainda estava carregado, prometendo mais dias nublados e tempestuosos. Provavelmente a semana toda seria meio parada, sem movimento na loja. Era quase meia noite quando
- Roupa nova? – Juliana comentou com malícia quando entrei. - Por que fez isso? – perguntei, ignorando a piadinha. - Isso o quê? – ela franziu a testa e se levantou do sofá. Meu coração ainda estava acelerado, as palmas das mãos um pouco suadas mesmo com o clima frio. - Eduardo. – respondi entre dentes. Juliana riu, desarmando a expressão preocupada de instantes antes, e preci
Quarta-feira era meu aniversário. Eu não estava nem um pouco animada, e o clima que permanecia chuvoso também não era muito colaborativo, então tudo que eu podia desejar – além das mensagens aminadas dos meus pais -, era chegar em casa e ficar completamente quente e confortável. Qual não foi a minha surpresa quando encontrei Juliana toda animada, com um bolo caprichado na mesa da cozinha. - Uau! – exclamei, sem acreditar. - Eu não poderia deixar essa data passar em bran
- Você gosta do seu trabalho? – Eduardo me perguntou enquanto estávamos sentados lado a lado no tapete macio da sala. Juliana tinha capotado no sofá há mais ou menos meia hora, deitada de lado, num sono pesado e profundo que não se alterara por nenhuma palavra que dissemos desde então. - Na verdade, não. – respondi, sorrindo – Foi o que eu consegui primeiro. - Você estava com pressa, não é? – ele comentou. - Sim, eu precisava recomeçar o quanto an