Dias depois, Helena recebeu uma ligação e ficou aliviada ao ver na tela no celular que era a Samantha. Porém quando foi atender, percebeu que no lugar da voz da amiga, era outra pessoa.
— Helena Petropoulos? Por acaso é amiga de Samantha Ferreira e Duarte?
Era a voz de uma mulher. Naquele exato momento, sentiu um aperto no coração. Aliás, era só o que tem sentido ultimamente.
— Sim, sou eu.
— Aqui é do Pronto Socorro, sua amiga foi agredida e precisou ser socorrida.
— O que? Como ela está? Por favor me passe o endereço que eu vou buscá-la!
Após anotar o endereço do local, saiu correndo já pedindo um Uber escadaria a abaixo. Durante a corrida, ficou imaginando o que poderia ter acontecido a sua amiga... Chegando lá, perguntou por ela na recepção e a encaminharam até a sala de repouso, onde a encontrou com arranhões, hematomas, a mão enfaixada e um corte na testa.
— Pelos Deuses amiga, o que houve?
— Se eu te contar, você não vai acreditar... e eu não sei por onde começar.
— Pelo começo né Sam!
Samantha respirou bem fundo e começou a falar:
— Eu descobri quem é a Núbia...
— Ah não, você não fez isso, foi atrás dela?
— Não fui eu, ela é quem veio atrás de mim quando soube sabe lá por quem, que nós somos amigas.
— QUE? — Ficou chocada com o que acabara de ouvir. Aquela piriguete a atacou só porque ela é sua amiga? Que raio de pessoa é essa, que sai agredindo todo mundo assim, sem mais nem menos?
— Sam, isto que você está me contando é uma verdadeira bomba nuclear!
— E ainda tem mais munição. Ai!
— Mas como tudo aconteceu?
— Um dos sócios da academia que é treinador da equipe de MMA queria montar uma equipe feminina. A vaca da Núbia faz parte desta equipe, eu sabia que a conhecia de algum lugar. Queriam que eu preparasse uma aula de ginástica para as meninas, mas como eram poucas, não valia muito a pena montar um horário só para elas e nem todas poderiam comparecer. Algumas entraram nas minhas outras turmas, mas essa Núbia mesmo, nunca apareceu...
— Sim, mas o porquê da confusão?
— Luiz veio falar comigo.
— Ele o quê? — Helena estranhou o fato do seu ex ter procurado a sua amiga, coisa que até onde se sabe, nunca fez: — para quê?
— O idiota teve a cara de pau de perguntar por você. O deixei falando sozinho, mas ele insistiu. Não aguentei e disse umas boas verdades para ele. A cadela da Núbia surgiu do nada e começou a falar mal de você para quem quisesse ouvir e a me xingar. Bati boca com ela e saímos no tapa!
Helena nem sabia o que dizer. Além da traição e da humilhação que passou, sua amiga foi agredida por aquela vaca psicopata de três patas.
— E o Luiz?
— Não fez nada, ficou só olhando com a turminha dele, dando risada da gente. Claro, homens adoram ver mulher se pegando. Aproveitei que eu já estava com o sangue espumando de raiva e soquei aquela cara de cu dele. Por isso, machuquei a mão. _ Explicou exibindo a mão enfaixada.
— Ela Christé Ké Panagiá! (Minha Nossa Senhora!) — Helena exclamou horrorizada, uma expressão grega muito usada por sua família.
— Mas a pior parte é que, por culpa daqueles dois imbecis, eu perdi meu emprego! — Samantha desabafou à beira das lágrimas.
— Não, isto não é justo. Você não pode ser demitida por causa deles.
— Ah eu não sei. Os próprios sócios me disseram que depois dessa, não tinha mais condições de continuar trabalhando lá. E pode ser que por causa desse rolo, nem arrume mais emprego em lugar nenhum.
— Mas a culpa não foi sua!
— Eu sei, mas aqueles dois são protegidos do treinador, que é um dos sócios da academia. De que lado você acha que vão ficar? E a essa hora, já deve estar na internet, pois teve um bando de desocupados filmando na hora.
Aquela história já estava indo longe demais. Após o depoimento da amiga, Helena tomou uma decisão.
— Vem comigo.
— Para onde? — Samantha perguntou sem entender nada.
— Para Paris.
— Como assim?
— Já que Luiz não vai mais, vem você comigo. Tenho uma passagem sobrando.
— Eu não vou ter como te pagar...
— É tudo por minha conta e da empresa. Vou ver se seu passaporte está em dia. Além do mais, Dayane vai adorar te ver. Ela queria mesmo que você fosse no lugar dele. Vamos, vai ser divertido nós três mais uma vez, como na época da escola.
— É pode ser ...
Samantha não acreditou muito no entusiasmo de Helena, mas até que adorou a ideia. Ver a amiga mais animada também lhe deu um pouco de alegria. Talvez a própria Helena também quisesse acreditar nisso. Viajar com sua melhor amiga para rever sua outra melhor amiga na famosa Cidade-luz era o que precisava naquele momento.
Helena, Samantha e Dayane sempre foram as melhores amigas desde garotinhas. Dayane é filha de um brasileiro com uma francesa, vieram de Paris para São Paulo para conhecerem a família dele e acabaram por ficar no país. A primeira amizade dos Ribeiro foi com a família Petropoulos, o pai de Helena trabalhava na empresa dos pais de Samantha na época e ajudou o pai de Dayane a conseguir um emprego na construtora. E foi assim que as três se conheceram...
Dayane e Helena brincavam no parquinho perto de uma obra da empresa, quando alguns meninos começaram a implicar com elas e Samantha, com aquele jeitão de garota marrenta, apareceu do nada para defender as duas. E desde então, não se separaram mais.
As três sempre tiveram dificuldades em fazer amizades. Samantha era muito alta e forte e maioria das pessoas tinha medo dela. E ela também tinha um pouco de medo delas. Dayane era chamada de burguesinha francesa. Achavam que por ser francesa, era alguma patricinha mimada, o que não era verdade... bom as vezes era! E Helena era a nerd da escola e como ninguém gostava muito de um CDF...
As três sempre foram unidas até o Ensino Médio, quando Samantha foi descoberta por um olheiro e foi trabalhar como modelo nos Estados Unidos. Infelizmente nesta mesma época, os pais de Dayane morreram num acidente de carro. Os Petropoulos lhe deram toda assistência no período de luto, até ela atingir a maioridade e decidir voltar para a França. E Helena, que já frequentava a escola técnica e trabalhava na área, prestou o vestibular para fazer Ciências Contábeis na USP.
Mesmo distantes umas das outras, as três melhores amigas não deixaram a amizade morrer e prometeram um dia se encontrarem mais uma vez.
E parece que este dia chegou!
Dias depois daquela confusão na academia e dias antes da viagem, Samantha ficou hospedada na casa de Helena para ajudá-la a fazer as malas. Quis ficar na casa da amiga para de lá, partirem juntas até o aeroporto. E também para evitar o olhar de reprovação de seus pais. Sim, eles e toda alta sociedade paulistana já souberam da sua briga na academia. — Já verifiquei o seu passaporte. Está atualizado, então não terá nenhum problema na hora do embarque. E eu já falei com a Day, ela ficou muito feliz em saber que você vai junto comigo no lugar do Luiz... — Valeu, eu também estou contente em poder vê-la de novo. Nossa, faz tempo que não a vejo. E faz mais tempo ainda que nós três não nos encontramos. — Comentou Samantha, tentando se lembrar da última vez em esteve com as amigas. Se a sua memória não falha, foi no seu casamento quando as convidou para serem as suas madrinhas. Lembrou também que na época, chegou a adiar a viagem de Lua de Mel apenas para ficar mais tempo com elas, pois não
Finalmente chegou o grande dia! Helena e Samantha foram à Paris, a famosa Cidade-luz, onde a vida é vivida com beleza e paixão, também conhecida por ser a capital mundial da moda. Foram mais ou menos onze horas de viagem, mas foi tranquila, desde o Aeroporto Internacional de Guarulhos até o Aeroporto de Charles de Gaulle. Elas pareciam duas garotinhas animadas, indo ao parque de diversões pela primeira vez. E se animaram ainda mais quando viram a sua amiga de infância, Dayane Remy no portão de desembarque. — Oh mes chers amis (minhas queridas amigas)! — Miga sua loka! — Gritaram as duas ao mesmo tempo. "Como foi bom ter feito esta viagem!" Pensava Helena. — Oh meu Deus, deixe-me olhar para você, está tão linda! — Disse Samantha ao vê-la depois de tantos anos. A última vez que se viram foi em seu casamento, quando a amiga criou o seu vestido de noiva. Foi um dos seus primeiros trabalhos como estilista profissional. Ela foi recebê-las com um elegante blazer rosa pastel, uma
Logo após a festinha, cada uma foi se recolher em seu quarto. A casa de Dayane tinha três quartos e deixou o maior para Helena, pois achou que ela viria com o namorado. Ela iria tratar de negócios amanhã cedo, mas não conseguia dormir. Não conseguia parar de pensar no que o canalha do Luiz havia feito. Ela ainda estava com a camisola vermelha, quando resolveu se sentar na varanda de seu quarto para observar a cidade. Ela ficava o imaginando ali do seu lado, admirando a luz do luar, como faziam em seu apartamento. Ele passava a mão em seus cabelos, enquanto a beijava. Como ela adorava isso... começavam com um selinho, depois outro e depois partia para um beijo quente e cheio de desejo, acompanhado de um abraço forte e ao mesmo tempo suave, pois ela era delicada e Luiz tinha medo de machucá-la. Mas não conseguia conter o desejo de possuí-la. Ela por sua vez, não resistia em se perdia em seus braços, com aqueles músculos fortes e duros feito aço. Quando a coisa pegava fogo, ele sempre
No dia seguinte, Helena se levantou cedo para visitar a empresa francesa de moda, junto com Dayane. Fazia muito frio em Paris nesta época do ano, mas faça sol ou chuva ou até mesmo acontecendo o apocalipse, ela fazia questão de se vestir bem para trabalhar, mesmo sendo apenas uma visita para conhecer a empresa. Afinal de contas está representando a empresa onde trabalha e quer (e deve) causar uma boa impressão. "Aparência não é tudo, mas ajuda!"Era o seu lema. Enquanto se arrumava, ela deu uma espiadinha pela porta da varanda, para ver se seu vizinho estava lá. Porém estava tudo fechado. Ou ele não est
No dia seguinte, Helena foi se encontrar com Pierre, o CEO da empresa com quem estava fechando contrato. Até que ele era um rapaz bem-apanhado, bonito e muito simpático. Se encontraram no Café Angelina, um dos mais antigos salões de chá de Paris e também é o lar de algumas das sobremesas mais incríveis da cidade. O Café Angelina leva a fama de ter o melhor chocolate quente de Paris. Sem falar no lugar, que é um espetáculo. A arquitetura em Belle Époque é um charme. Helena sentiu que foi transportada para uma outra Paris de uma outra época. A conversa entre eles foi muito animada, sem deixar de ser produtiva. Durante o b**e-papo, descobriu que P
Alguns dias depois, as três melhores amigas ficaram sabendo de uma balada que aconteceria na Torre Eiffel. Não se sabe o porquê da festa, mas a população local e turistas adoraram a ideia. É claro que não podiam perder essa. Todas elas foram de boinas e lenços amarrados no pescoço, como se fossem francesas... com exceção de Dayane, que realmente era. E ela combinou com o namorado de se encontrarem na festa. Chegando lá, a maioria das pessoas também estavam de boina e lenço no pescoço. A festa estava lotada e animada, DJ tocando vários tipos de música, muita bebida e é claro, muita pegação! Assim que chegaram, Helena notou que alguém cantava para a mu
O namorado de Dayane era homem bonito e ao mesmo tempo, estranho. Um dos lados de seu rosto era marcado por uma imensa cicatriz de origem cirúrgica. Um dos seus belos olhos castanhos era vermelho. E quando ele estendeu a mão para cumprimentar Helena, ela logo notou que sua mão também tinha uma outra cicatriz, como se tivesse sido perfurada. _Monprince(meu príncipe), esta é a minha amiga de infância, HelenaPetropoulosque junto com Samantha, vieram do Brasil para passar um tempo comigo. _ disse Dayane ao apresentá-la. Ela só olhou para o casal, reparando o quanto eles eram diferentes. Enquanto a sua amiga era elegância pura, ele tinha um visual um pouco mais despojado, mas ainda estava bem-vestido. Uma valsa repentina começou a tocar. E a ficha de Helena demorou e muito para cair. O bonitão do prédio ao lado do seu estava ali bem na sua frente, em carne e osso... mais carne do que osso, é claro. Quando ela tentou dizer algo, ele somente levou um de seus dedos até os seus lábios, como se estivesse pedindo silêncio e lhe estendeu a mão. Queria dançar com ela. Deu-lhe a mão como se estivesse em transe. Ele a encostou junto ao seu corpo e abraçou a sua cintura. Começaram a dançar. Ela não conseguia tirar os olhos dele. Era muito mais bonito de perto, com aqueles olhos azuis da cor do mar caribenho. Era alto e forte, mas sabia segurá-la com gentilez15 - Encontro Inesperado