Julia
Não consegui dormi essa noite.
Parece que os efeitos da radioterapia tinham se triplicado essa noite, me fazendo de pesadelos.
Desisti de ficar deitada na cama quando já era 6 horas da manhã, decidi levantar e fazer o meu habitual de todas as manhãs antes de ir para escola. Hoje o sol estava mais quente então resolvi colocar uma blusa de frio fina, pois creio que hoje não sentirei muito Frio.
Olhei no relógio e já eram 7:05 da manhã e já estava na hora de minha mãe levar eu e o meu irmão para escola. Quando peguei minha mochila a porta se abre revelando minha mãe.
- Já está arrumada querida? Achei que precisava ficar descansando hoje- disse ela entrando no meu quarto.
- Eu to melhor mãe. Não se preocupe.- eu não estava bem. Ainda sentia dor de cabeca e enjôo, mas não queria o olhar de pena da minh mãe sobre mim o dia todo!
- Tudo bem- ela sorriu. - Vamos então.
- Ham... Eu decidi ir a pé hoje mãe.
- Júlia... - ela olhou meio receosa.
- Mãe! Eu to bem tá?!- fui ate ela e a abracei.- Preciso fazer exercícios, se esqueceu? E é so alguns minutos. - minha fala ainda foi em pedido.
Ele me olhou por um tempo cogitando a ideia. E por fim soltou um longo suspiro e sorriu forçada.
- Tudo bem. - ela sorriu e foi seguindo em direção a porta. A segui.
Falei com todos o de sempre que era " Bom dia" ou " Como está?", entre outras coisas comuns de familia.
Sai de casa, me despedindo da minha familia. Segui pela rua, com meus fones tocando Billie eilish, que eu particulamente amo de paixão, músicas que e acalma e me faz pensar que essa droga toda de doença uma hora vai e abandonar e eu vou poder voltar a minha vida normal, sem ter medo e pessoas ao meu redor ter que se despedir de mim de uma hora pra outra.
Viro a esquerda, continuando caminhando, quando me assusto com a próxima música que cantou. Rock Metálico. Pego meu celular para trocar rápido a música e me amaldiçoando pro colocar no aleatório.
Mal vi que esbarrei em alguém e tentei segurar muito celular pelo fone mas ele desplugou do celular fazendo ele quase cair no chão, mas o salvador do meu celular foi mais rápido e pego antes de ele se encontrar com o chão.
Levantei meu olhar e me assustei com o " salvador". Ele sorriu.
- Bom dia!- ele ainda sorria e percebi que ainda estava olhando para ele. Desviei meu olhar e olhei para sua mão. - Toma!
- Obrigada. Me salvou de uma bronca- tentei sorri educada.
- Nossa você sabe sorrir!- disse Thomas ainda sorrindo. Ele não cansa de sorrir?
- De novo, obrigado e tchau.- desviei dele e seguimos o caminho, colocando novamente o fio do fone conectado no celular.
- Hoje tu tá andando mais rápido anjinho!- parei de solavanco.
- Anjinho?- olhei incrédula.
- O que? Não gostou?- ele fez uma carame decepcionado- Pense nesse apelido a noite toda.- olhei para ele surpresa. Não sei se pelo " anjinho" ou por ter pensado em um apelido pra mim a noite " inteira".
- Não. - continue andando.
- Ok. Então...- ele fez cara de pensativo.
- Olha Thomas, eu não quero ser mal educada nem nada...
- Ah você quer sim!- disse ele sorrindo. O ignorei e voltei a falar.
- Eu só quero chegar na escola em paz. E pelo visto- olhei o celular- Só falta oito minutos para o sinal bater.
- Tá legal. Respeito sua decisão. - ele disse e Balançou a cabeça. Até que fim.
- Obrigada.- voltei a andar, mechendo no celular par procurar uma música.
- Porém,- a droga- acho sua decisão precipitada quanto a "paz". Pois eu sou a paz em pessoa.
Supirei tentando o ignorar mas ele não parava de falar um minuto se quer.
- Tá legal cara, tá legal. Quer conversar? Vai me deixar em paz depois disso?- falei olhando pra ele espera do sua resposta.
- Prometo te deixar em paz se você não sorrir durante nossos- foi a vez dele de olhar no celular.- seis minutos.- ele sorriu sugestivo. Quase, mas quase sorri junto se eu não tivesse tentando manter ele longe.
- Tá legal. Conta uma piada. - sugerir, guardando meu celular e fone na mochila.
- Sou bom nisso- percebi sua animação. - Por que o anão só surfa na cozinha?- o que? Que merda de piada é essa?
- Não faço idéia- respondi com tédio.
- Porque só lá tem micro- ondas!- ele sorriu de verdade e olhei pro lado tentando esconder o sorriso. Que piada idiota.
- Horrível.
- Tenho outra, calma. Essa você vai rir.- duvido muito.- Porque o anão não pode lutar boxe?
- Qual seu problema com anãos?
- Nenhum. Mas é uma das melhores piadas que eu tenho. - ele me olhou e depois olhou para a rua em frente virando a direita e avistamos a escola no final da rua com alguns professores chegando e alunos.- E qual a sua resposta?
- Sei lá. De novo, não faço idéia.
- Bom, porque ele só da golpe baixo.- ele tentou segurar o riso, mas não conseguiu gargalhando em seguida. O som da gargalhada dele me fez soltar um sorriso de lado. - Você riu, eu vi!
- Não rir não. - tentei esconder o riso com a mão.
- Sim você riu. Não minta.- ele disse ainda rindo. Seus olhos castanho tinham brilho encantador.
- Ta. Eu rir, mas não foi a piada e sim seu jeito estranho de rir.- voltei a fiar seria. Agora estávamos a 3 metros da escola.
- Tá. Agora eu ganhei. Vai ter que me aturar Anjinho.
- Não. Sem Anjinho. E não. Não vou te aturar. Tchau.
- Já sei!- ele disse me ignorando. - Vou te chamar de estrela. - dessa vez o ignorei entrando no portão da escola. - A gente se ver estrela.- ele gritou chamando atenção de alguns alunos que estava ali. Fingi que não era comigo e continuei meu caminho para minha sala.
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- A ASTRONOMIA é a ciência que estuda os corpos celestes (planetas, asteroides, cometas, estrelas, galáxias, etc.) A astronomia também estuda o conjunto dos corpos celestes e o que existe entre eles, ou seja, o universo.- disse o professor Kevin de geografia Geral.
- Por que mesmo temos que estudar astronomia?- perguntou Laura, a líder de torcida da escola, fazendo todos concordarem, menos eu. Adora o espaço.
- Porque é uma das matérias dadas a mim praia passar para vocês. Voltando a aula, alguém sabe qual é o maior meteoro já encontrado?- ele esperou por resposta.- Porquê eu ainda pergunto?- fez uma pausa- O meteorito Hoba, também conhecido como Hoba West, é um meteorito que pode ser visto na fazenda de "Hoba West", próximo de Grootfontein, na região de Otjozondjupa na Namíbia. Foi posto a descoberto, mas devido à sua grande massa, nunca foi movido do local onde caíu. Estima-se que a massa principal pese cerca de 60 toneladas.
Passaram duas aulas sobre astronomia, até bater o sinal para as próximas aulas.
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"Um trapézio tem a base menor igual a 2, a base maior igual a 3 e a altura igual a 10. Qual a área deste trapézio?"
Li e reli a mesma questão umas seis vezes, mais a dor de cabeça me fazia perder a concentração quando eu tava na metade da frase.
Por sorte do gongo o sinal da aula de matemática bateu fazendo com que o professor falasse para trazer essa atividade feita no outro dia. Arrumei minhas coisas botei dentro da mochila saindo logo em seguida para ir a cantina comprar um litro de água para tomar os comprimidos.
Fui até a fila esperei chegara minha vez, e fiz o meu pedido e sentei no banco onde estava coberto pelo sol e ali tomei nos comprimidos.
Olhei em volta e por um momento e avistei meus amigos. Kelly, Aurora e Josh. Que saudade de rir com eles, de falar dos meninos da escola. Sorrio olhando pra eles, e Aurora olha na minha direção sorrindo, e Thomas acenou, falando algo com eles e vindo em minha direção. Desfiz meu sorriso e olhei do lado aposto.
- E ai Estrelinha?
- Fala idiota.
- Ei!- ele me olhou ofendido- Não gostei desse apelido.- logo sorriu- Mas já é um avanço.
- Me fala Thomas- ele virou seu corpo todo pra mim- Tá querendo o que? Tá com pena?- ele me olhou confuso
- Pena? Por que pena?
- Vai me dizer que eles não contaram?- apontei com a cabeça pro grupo de amigos deles que eram meus.
- Não me falaram nada. - ele parecia sincero.
- Pois pergunte. Se eu me afastei foi por um motivo.- peguei minha mochila- Me deixe em paz Thomas. É melhor para todos. - sai andando.
Não quero ninguém se doendo por mim. Com pena ou qualquer outra coisa.
Eu vou morrer. E quanto mais longe eu ficar, menos eles vão sentir.
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ThomasChutei uma pedra pequena que estávamos no caminho, enquanto eu voltava na direção dos meus amigos.Olhei para trás a tempo de ver Julia virar para esquerda indo em direção de alguma sala.- Calma- falou Kelly quando eu sentei no lugar que estava anteriormente- Ela falou com você?- É. Eu vi vocês na esquina da escola juntos.- Josh falou e olhei para todos e eles me olhavam apreensivo.- O que ela tem?- perguntei para eles que se entre olharam- Ela falou para perguntar vocês.- Ela falou isso?- Aurora se pronunciou.- Sim!- passei a mão sobre os cabelos- Pelo jeito ela não me quer por perto.- Ela tem seus motivos de querer ficar só.- Kelly disse mechendo no cabelo de Aurora.- Tá. Me contém então o porquê.Eles novamente se entreolharam, como se estivessem em guerra para ver quem falari
JúliaEu não sabia que horas era. Afinal não fiz questão de olhar no celular assim que acordei. Decidi que não iria a escola naquela manhã.Meus pensamentos estão vagando como meteoro no espaço da minha cabeça. Ideias. Sonhos. Amigos. Escola. Faculdade. Familia.E sem querer o Brian apareceu nessa chiva de meteoros. Seu sorriso, como falava dos seus sonhos comigo.Não. Eu não o amo. Nunca amei. Eu gosta muito. Muito dele, mas não cheguei a ama-lo. Também não deu tempo.Não me importa. Eu não sei porque ainda penso nele. Eu sei que eu entendo o lado dele, não que porra de desculpa era aquela? Não quero me apegar porquê você pode partir!Idiota.Droga. Burra burra, burra. Isso que você é Júlia. Burra que não sabe escolher. Droga ele era quase o meu namorado.Passei a mão no rosto limpando duas lágrimas que resolveram cai
JúliaTalvez esse foi o pior dia da minha vida. Não. O segundo pior dia da minha vida.Faz um pouco mais de dois anos que eu tenho essa maldita doença, e nunca aconteceu essa droga comigo. Mas meu corpo mais uma vez não quis lutar contra isso.Logo após o almoço na sexta, que eu tive a ilustra presença da figura, vulgo Thomas, eu estava me sentindo... Bem? É. Muito bem. Mas foi por causa do Donuts que ele trouxe.Mas esse bem não durou muito. Pela madrugada, comecei com uma tosse que moderou de leve até fica insuportavelmente incomoda. Eu tentei abafar com travesseiro a final de contas eu não queria acorda meus pais. Era apenas eu tomar o remédio que me foi receitado para esse tipo de situação. E assim eu fiz.Não demorou muito para eu estar no banheiro vomitando tudo, inclusive o remédio. Agradeci aos céus por ter banheiro no meu quarto, se não ja teria acordado meus pais e me
JúliaMeus pés estão úmidos pela grama molhada. Mechendo meus pés sinto a grama fazer cócegas e solto um sorriso. Sempre adorei sentir essa sensação.- Querida?- ouço uma voz e levanto a cabeça para onde ela vinha- Júlia querida, entra. - era minha Helena- O bolo de milho que eu fiz ja esfriou. Venha- ela disse sorrindo.- Vovó?- perguntei olhando para ela não acreditando. Ao olhar a entrada da casa, reparo que é a casa na qual eu passei minha infância inteira.- Vamos Júlia- me chamou mais uma vez entrando na casa. Dou um passo para seguir em frente mas algo me faz volta um passo atrás.Olho uma especie de mochila de rodas com um tubo de oxigênio, conectado a um catete que vinha ate mim. Botei a mão no nariz, o que me fez lembrar do hospital e da sensação de morte no corredor da minha casa.Pego na alça na mochila e a puxo seguindo para a entrada da casa. Entro
ThomasO que seria a paz? Tipo qual o significado? O porqu do existir da palavra ja que desde o princio existiu jardim do éden, como ja dizia minha mãe.Procurei no nosso tio google a resposta da minha pergunta. O que estava escrito era:pazsubstantivo feminino1.relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia.2.relação tranquila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência."o bom funcionamento da justiça garante a p."Então porque caramba a Júlia queria paz se ela não estava em conflito comigo? Talvez se eu desenhasse uma pomba branca na minha cara, ela visse que eu só quero protejer ela. Ficar perto dela.Que
Júlia As semanas que sucederam ao meu " choque de realidade dado por alguém que está morta", passaram rápido.Um mês depois eu já não precisava do catete para ter uma vida normal. Tomava oxigênio antes de sair de casa e antes de dormir o que estava me ajudando bastante. Voltei também com minhas consultas no psicólogo que eu não ia a tempo.Parece que minha relação com meus amigos não mudou, continuava do jeito que eu tinha deixadobquando eu resolvi me afastar de todos.Sem contar com a minha mais nova relação do momento. A amizade com Thomas. Ele tem sido bastante prestativo por conta de ter ganhado um carro do pai, que descobri mais tarde que era mecânico. Todas as manhãs ele vem me buscar, melhor reformulando a mim e o Júlio. As sextas ainda tenho quimioterapia o que me deixa menos mal que a radioterapia.E hoje era seu dia. O dia que estou bem cansada mas o meu corpo ainda
ThomasEu estava nervoso. Definitivamente nervoso. Nervoso de um jeito bom. Como se algo bom fosse acontecer daqui a pouco. Depois da conversa com Kelly, eu decidi chamar a Júlia para sair. Mas como ela sempre se faz de difícil, ela não aceitou na primeira vez. Então eu fiquei alguns dias tendo chamar ela até que na quinta-feira ela aceitou. E agora Sábado estou em frente ao espelho com com uma blusa e uma jaqueta pensando se essa roupa é o suficiente.Talvez se eu colocasse uma roupa melhor? Caramba mas por que eu estou assim? É só a Júlia. Olha no relógio e são 19:45. Prometi busca- la as 20:00. Peguei minha chaves e celular e desci as escadas encontrando minha família na mesa de jantar.-To indo mãe. - lhe dei um beijo e no meu pai também.- Até que fim. - meu pai sorriu ajudando mamãe por a mesa- A menina já deve ter desistido de sair com você.-Peter!- minha mãe o repreendeu me fazendo sorrir.-Não fala
JúliaA cidade estava agitada hoje e eu estava também. As semanas que seguiram, foram produtivas fazendo-me sentir melhor do que os anos que se passaram. Depois do meu encontro com Thomas parece que tudo virou um arco-íris e unicórnios e flores e toda essa baboseira de gente que gosta de romance.Talvez eu não goste muito, mas hoje em circunstância das coisas que aconteceram, o romance vem ganhando bastante atenção. Do encontro até o dia de hoje se passaram dois meses e para finalmente acabar o ensino médio falta 4 meses. Minha relação com Thomas não é nada além de uma amizade com alguns benefícios. Eu sei que isso é coisa de adolescente que daqui a duas semanas vou fazer 18 anos, mas ainda sim nos decidimos que seria algo entre nós até decidimos contar para todos, que eu sei que lá fundo já sabem, só não