Thomas
Chutei uma pedra pequena que estávamos no caminho, enquanto eu voltava na direção dos meus amigos.
Olhei para trás a tempo de ver Julia virar para esquerda indo em direção de alguma sala.
- Calma- falou Kelly quando eu sentei no lugar que estava anteriormente- Ela falou com você?
- É. Eu vi vocês na esquina da escola juntos.- Josh falou e olhei para todos e eles me olhavam apreensivo.
- O que ela tem?- perguntei para eles que se entre olharam- Ela falou para perguntar vocês.
- Ela falou isso?- Aurora se pronunciou.
- Sim!- passei a mão sobre os cabelos- Pelo jeito ela não me quer por perto.
- Ela tem seus motivos de querer ficar só.- Kelly disse mechendo no cabelo de Aurora.
- Tá. Me contém então o porquê.
Eles novamente se entreolharam, como se estivessem em guerra para ver quem falaria primeiro. E pelo visto quem perdeu foi Aurora. Ela deu um longo suspiro e começou.
- A Júlia era nossa melhor amiga- ela falou olhando em um ponto, sem olhar-nos nos olhos.- ela era que animar o grupo, que fazia todo mundo riu só para o som da risada dela- deu um sorriso nostálgico, mas logo de desfez.- há mais um pouco de 2 anos, em uma aula de educação física a Júlia tava conversando fazendo uma corrida normal junto com Lívia uma menina que estudava com a gente e do nada...- ela parou de falar.
- Ela caiu no chão tossindo sangue, com a Lívia gritando dizendo que ela estava morrendo e depois disso só vimos ela dois dias depois.- concluiu Josh.
- Quando ela apareceu de novo ela tinha uma coisa diferente no olhar... Mas a gente não sabia o que que era... É... A gente não sabia que tinha algo de errado com ela, porque afinal de contas ela não nos contou- Aurora ja estava com os olhos brilhando, afirmando que lagrimas estavam se fomando.
- Ela tem câncer- disse Kelly.- E depois que ela contou para todos nós, ela pediu para que continuássemos com as nossas vidas normal e que não sentisse pena dela porque ela tinha muita chance de cura e, que isso seria só um episódio da vida dela.- sentir o peso daquela notíciame deixou desanimado. Então ela tem câncer?
- Enfim... Depois de passar alguns meses ela já não tinha cabelo, cílios, e sobrancelhas.- ela agora olhou para mim- E ainda por cima o idiota do Brian tinha terminado com ela e parece que esse término fez com que ela "abrisse"os olhos.- fez aspas com a mão.
- O desgraçado falou que não podia se apegar a alguém que poderia partir a qualquer momento e ela achou que era uma verdade, e decidiu se afastar de todo mundo. Porque se ela morresse, ninguém ia sentir tanta falta dela.- disse Josh com tom de raiva.
Mesmo não conhecendo a Júlia muito tempo, eu fiquei com raiva junto com Josh. Como que o cara abandona uma menina que está passando por um momento tão difícil? Não sou de briga, mas se eu encontrasse esse cara eu quebrei a cara dele.
- Então ela se afastou da gente.- disse Kelly.- E antes que você fale alguma coisa, a gente correu atrás dela. Mas aí ela disse que ia mudar de escola porque ela não queria ter contato com ninguém que conhecia antes.- ela olhou pra cima e depois voltou a olhar pra mim.- A gente decidiu que se deixassemos ela em paz ela ficaria aqui na escola porque assim pelo menos a gente ia poder ver ela todo dia.
- Ela concordou, pois disse que não queria ficar longe da gente de tal forma mas também não queria ficar perto o suficiente para que se algo acontecesse a gente não sentisse tanto.- disse Aurora.
- Então a gente tem sorte de às vezes ela dá um sorrisinho para gente no dia que ela tá bem.- Josh sorriu.- E é isso que importa, que ela tá aqui, perto da gente. Acontecendo algo ou não, a gente vai ter Nossa amiga de volta tenho certeza disso.
- Sim.- disse Kelly sorrindo.- A gente fez um trato. No dia da nossa formatura a gente ia ter uma noite muito boa todos nós juntos.- Aurora estava feliz agora- E até lá eu tenho certeza que ela vai estar curada de tudo. E vamos para faculdade que nossos sonhos. E nisso que acredito.
Todos ficaram em silencio, e eu absorvendo tudo aquilo.
Eu não vou desistir.
Eu vou trazer a Julia de volta.
#################-##
- Garoto?- me chamou ser Arnold. Levantei da prateleira que estava limpando e o olhei.
- Sim senhor Arnold.
- Esta de folga amanhã. - eu olhei assustado. Desses três meses que estou aqui, seu Arnold nunca me deu folga.
- Folga?
- Colpa a Olga. Ela insisti em me levar pra ver nosso bisneto.- ele disse dando a volta e ficando mais proximo de mim. - Como se um bebê de alguns dias me conhecesse.- sorri com a cara de ranziza que fez.
- Criança é alegria seu Arnold!- comentei voltando a limpar a prateleira.
- Alegria até você ver todo seu dinheiro indo para aquela criatura, que so caga e dorme. - disse ele não esperando minha resposta e saindo da loja.
Balancei a cabeca em negação sem parar de fazer meu afazeres.
Depois de toda a prateleira esta limpa e organizada, vou para tras do balcão, e sento da cadeira que tem. Lovo após chega alguns clientes.
Converso animadamente com todos e lhe desejo um otimo dia.
- Olá!- disse a moca simpática. Ao olha-la reconheço logo.
- Senhora Bettencourt?- olhei para ela e logo meus olhos percorram para seus lados a procura de sua filha.
- Oh... Thomas né?- ela sorriu.- Não sabia que trabalhava aqui.
- Tem pouco tempo- peguei suas coisas e comecei a passar na maquina.- E a Júlia?- tomara que não tenha saido desesperado.
- Nossa- ela deu um suspiro longo- Esse remédios, radioterapia e tudo mais ta acabando com ela. Sabe aquele dia que trouxe ela em casa?- respondi apenas um sim e ela continuou. - Então, ela tinha uma sessão. E toda terça e sexta. - ela pegou a bolsa e comecou a procurar por algo. - Essas coisas- ela apontou para tudo que to colocando na sacola- É pedido da Julia. Ela adora donuts. De chocolate. Entao eu sempre faço. - ela sorriu. - Quanto deu querido?
- R$ 23,75.- respindi sorrindo.- me entregou uma nota de 50.
- Sabe Thomas, queria que a Júlia não fosse tão sozinha. Ela só tem 17 anos. E tá passando por isso...
- Eu vou ajudar.- falei e depois vi o que tinha falado.
- É gentil da sua parte querido. Mas ela é durona. E eu entendo. - ela guardou seu troco na bolsa e arrumou as sacolas na mão.
- E eu sou insistente. - ela sorriu novamente.
- Olha- ela me disse antes de dar seu lugar para o proximo cliente. - Eu vou fazer bolo de carne amanhã, no almoço. Julia ama. Talvez ela goste da sua presenca.- ela piscou.
- Estarei la. - sorri.
- Leva donuts. - ela sorriu e saiu em direção a saida.
Sorri largamente em saber que amanha passerei minha tarde com ela.
Eu disse que tu ia ter que me aturar, Estrela.
##############
JúliaEu não sabia que horas era. Afinal não fiz questão de olhar no celular assim que acordei. Decidi que não iria a escola naquela manhã.Meus pensamentos estão vagando como meteoro no espaço da minha cabeça. Ideias. Sonhos. Amigos. Escola. Faculdade. Familia.E sem querer o Brian apareceu nessa chiva de meteoros. Seu sorriso, como falava dos seus sonhos comigo.Não. Eu não o amo. Nunca amei. Eu gosta muito. Muito dele, mas não cheguei a ama-lo. Também não deu tempo.Não me importa. Eu não sei porque ainda penso nele. Eu sei que eu entendo o lado dele, não que porra de desculpa era aquela? Não quero me apegar porquê você pode partir!Idiota.Droga. Burra burra, burra. Isso que você é Júlia. Burra que não sabe escolher. Droga ele era quase o meu namorado.Passei a mão no rosto limpando duas lágrimas que resolveram cai
JúliaTalvez esse foi o pior dia da minha vida. Não. O segundo pior dia da minha vida.Faz um pouco mais de dois anos que eu tenho essa maldita doença, e nunca aconteceu essa droga comigo. Mas meu corpo mais uma vez não quis lutar contra isso.Logo após o almoço na sexta, que eu tive a ilustra presença da figura, vulgo Thomas, eu estava me sentindo... Bem? É. Muito bem. Mas foi por causa do Donuts que ele trouxe.Mas esse bem não durou muito. Pela madrugada, comecei com uma tosse que moderou de leve até fica insuportavelmente incomoda. Eu tentei abafar com travesseiro a final de contas eu não queria acorda meus pais. Era apenas eu tomar o remédio que me foi receitado para esse tipo de situação. E assim eu fiz.Não demorou muito para eu estar no banheiro vomitando tudo, inclusive o remédio. Agradeci aos céus por ter banheiro no meu quarto, se não ja teria acordado meus pais e me
JúliaMeus pés estão úmidos pela grama molhada. Mechendo meus pés sinto a grama fazer cócegas e solto um sorriso. Sempre adorei sentir essa sensação.- Querida?- ouço uma voz e levanto a cabeça para onde ela vinha- Júlia querida, entra. - era minha Helena- O bolo de milho que eu fiz ja esfriou. Venha- ela disse sorrindo.- Vovó?- perguntei olhando para ela não acreditando. Ao olhar a entrada da casa, reparo que é a casa na qual eu passei minha infância inteira.- Vamos Júlia- me chamou mais uma vez entrando na casa. Dou um passo para seguir em frente mas algo me faz volta um passo atrás.Olho uma especie de mochila de rodas com um tubo de oxigênio, conectado a um catete que vinha ate mim. Botei a mão no nariz, o que me fez lembrar do hospital e da sensação de morte no corredor da minha casa.Pego na alça na mochila e a puxo seguindo para a entrada da casa. Entro
ThomasO que seria a paz? Tipo qual o significado? O porqu do existir da palavra ja que desde o princio existiu jardim do éden, como ja dizia minha mãe.Procurei no nosso tio google a resposta da minha pergunta. O que estava escrito era:pazsubstantivo feminino1.relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia.2.relação tranquila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência."o bom funcionamento da justiça garante a p."Então porque caramba a Júlia queria paz se ela não estava em conflito comigo? Talvez se eu desenhasse uma pomba branca na minha cara, ela visse que eu só quero protejer ela. Ficar perto dela.Que
Júlia As semanas que sucederam ao meu " choque de realidade dado por alguém que está morta", passaram rápido.Um mês depois eu já não precisava do catete para ter uma vida normal. Tomava oxigênio antes de sair de casa e antes de dormir o que estava me ajudando bastante. Voltei também com minhas consultas no psicólogo que eu não ia a tempo.Parece que minha relação com meus amigos não mudou, continuava do jeito que eu tinha deixadobquando eu resolvi me afastar de todos.Sem contar com a minha mais nova relação do momento. A amizade com Thomas. Ele tem sido bastante prestativo por conta de ter ganhado um carro do pai, que descobri mais tarde que era mecânico. Todas as manhãs ele vem me buscar, melhor reformulando a mim e o Júlio. As sextas ainda tenho quimioterapia o que me deixa menos mal que a radioterapia.E hoje era seu dia. O dia que estou bem cansada mas o meu corpo ainda
ThomasEu estava nervoso. Definitivamente nervoso. Nervoso de um jeito bom. Como se algo bom fosse acontecer daqui a pouco. Depois da conversa com Kelly, eu decidi chamar a Júlia para sair. Mas como ela sempre se faz de difícil, ela não aceitou na primeira vez. Então eu fiquei alguns dias tendo chamar ela até que na quinta-feira ela aceitou. E agora Sábado estou em frente ao espelho com com uma blusa e uma jaqueta pensando se essa roupa é o suficiente.Talvez se eu colocasse uma roupa melhor? Caramba mas por que eu estou assim? É só a Júlia. Olha no relógio e são 19:45. Prometi busca- la as 20:00. Peguei minha chaves e celular e desci as escadas encontrando minha família na mesa de jantar.-To indo mãe. - lhe dei um beijo e no meu pai também.- Até que fim. - meu pai sorriu ajudando mamãe por a mesa- A menina já deve ter desistido de sair com você.-Peter!- minha mãe o repreendeu me fazendo sorrir.-Não fala
JúliaA cidade estava agitada hoje e eu estava também. As semanas que seguiram, foram produtivas fazendo-me sentir melhor do que os anos que se passaram. Depois do meu encontro com Thomas parece que tudo virou um arco-íris e unicórnios e flores e toda essa baboseira de gente que gosta de romance.Talvez eu não goste muito, mas hoje em circunstância das coisas que aconteceram, o romance vem ganhando bastante atenção. Do encontro até o dia de hoje se passaram dois meses e para finalmente acabar o ensino médio falta 4 meses. Minha relação com Thomas não é nada além de uma amizade com alguns benefícios. Eu sei que isso é coisa de adolescente que daqui a duas semanas vou fazer 18 anos, mas ainda sim nos decidimos que seria algo entre nós até decidimos contar para todos, que eu sei que lá fundo já sabem, só não
JúliaO sábado acordou meio nublado tirando toda a vontade de sair da cama, de ficar no meu aconchegante colchão e minha coberta quentinha. Mas não seria esse o dia que ficarei na cama . Hoje tenho dois compromissos . Primeiro : uma consulta ao meu médico para falar dos novos exames . Não entendi o porque ser no sábado , apesar de o hospital funcionar 24 horas por dia , mas ainda assim eu e minha família vamos . Segundo : um encontro com o Thomas com direito a lugar surpresa , e o uma hipersurpresa segundo ele . Claro que acreditei . Ele me surpreende sempre. E não estou dizendo que é de presentes e sim com sua atitudes e paciência comigo todos sóbrias.Olho no celular em cima da cômoda do lado da minha cama e vejo que ja são oito horas . Decido levantar e me arrumar, apesar da preguiça testar gritando para eu poder voltar pra cama.&n