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Júlia

Eu não sabia que horas era. Afinal não fiz questão de olhar no celular assim que acordei. Decidi que não iria a escola naquela manhã.

Meus pensamentos estão vagando como meteoro no espaço da minha cabeça. Ideias. Sonhos. Amigos. Escola. Faculdade. Familia.

E sem querer o Brian apareceu nessa chiva de meteoros. Seu sorriso, como falava dos seus sonhos comigo.

Não.  Eu não o amo. Nunca amei. Eu gosta muito. Muito dele, mas não cheguei a ama-lo. Também não deu tempo.

Não me importa. Eu não sei porque ainda penso nele. Eu sei que eu entendo o lado dele, não que porra de desculpa era aquela? Não quero me apegar porquê você pode partir!

Idiota.

Droga. Burra  burra, burra. Isso que você é Júlia. Burra que não sabe escolher. Droga ele era quase o meu namorado.

Passei a mão no rosto limpando duas lágrimas que resolveram cair e fiqui em posição fetal deitada em cima da minha cama.

Procurei por pensamentos alegre e encontrei meus momentos com meus amigos e sorri. Mas o pensamento cortante chamado Thomas invadio.

Tentei não sorri, mas era impossível. Tenho que admitir o sorriso dele é contagiante. Apaixonado pela vida. Da pra ver isso. A insistência de querer falar comigo, e de ignorar meu pedido que distância me faz sentir... Como vou dizer? Talvez dramática?

Não sei. Só sei que se, eu me apegar a ele, vai ser difícil se algo acontecer comigo. Não quero ninguém parando a vida ou dizendo que se arrepende de algo qu me falou ou me fez, se sentido culpada. Ja tinha que lidar com meus pais e na futura tristeza que lhes causaria.

Pois na verdade de tudo, eu já não tinha os 70% de cura. Na minha última visita ao meu médico ele disse que os remédios não estavam controlando a doença e que passaria um remédio mais caro, porém mais forte. E os % de cura? 40%.

Se antes eu já não tinha esperança, hoje ela é um rio secando dentro de mim. Tirando a vida que a mãe natureza me deu.

Alguém bate na porta me tirando do meu universo e reconheço a voz do meu pai.

- Entra- falei me ajeitando na cama e ficando sentada. Ele encontrou e sorriu pra mim sentando na cama.- Não devia estar trabalhando?

- Sim. Mas resolvir que não iria hoje.

- E por que?- eu ja sabia a resposta. O olhar de pena por eu estar com " dor de cabeça " , denúncia ele.

- Como esta?- ele se desviou da pergunta.

- Eu tô bem pai.- deitei na cama- Eu só não queria ir à escola hoje ouvir sobre as medidas do trapézio. - meu pai riu.

- É chato mesmo. Bom, o almoço tá quase pronto. Vamos descer?

- Eu vou tomar um banho e já desço.

- Tudo bem.- ele saiu do quarto de deixando sozinha.

Decidi levantar da cama ir tomar um banho, já que pelo jeito já se passava de meio-dia.

Tomei meu primeiro banho do dia fiz minha higiene que nem isso pela manhã eu fiz e sai do banheiro enrolada na toalha. Coloquei um short jeans e uma camisa preta e já que era a única coisa que eu usava quando estava em casa.

Me olhei no espelho e olhei para minha cômoda onde estava a peruca. Pensei se eu devia mesmo colocar,  final de contas eu estava Eu, meus irmãos e meus pais em casa em um almoço normal como qualquer outro, apesar de minha mãe hoje fazer bolo de carne que por sinal, adoro. Resolvi por hora botar a minha peruca que tem a cor mais escura quase um preto e ajeitei ela na minha cabeça. Minha mãe adora a peruca que tem os cabelos castanhos claro mas eu ainda prefiro essa. Sei lá, talvez combina mais comigo.

Peguei meu celular em cima do criado-mudo e pela primeira vez no dia olhei a hora. Eram exatamente 12:47. Bloqueie o celular novamente botei no bolso de trás e desci as escada.

Ao descer a escada escuto risos e conversas mais alto que o normal.

- Gente da pra ouvir vocês la do...- paro em solavanco ao ver uma figura que não pertence a minha família sentada no banco da bancada da minha cozinha, que fica na minha casa.

Todos ainda me olhavam Esperando acabar de falar o que eu estava falando, mas como viram que não ia continuar voltaram a fazer e conversar como se eu não tivesse ali.

Olhei em volta e decidir que vou ignorar essa figura que não devia estar na minha casa porém está e eu não sei porquê.

Fui até a geladeira peguei uma garrafa d'água e um copo e coloquei em cima da bancada botando água e logo em seguida bebendo. Bebi olhando para a figura na minha frente que a todo momento não parou de sorrir e nem de olhar.

- Querida- minha mãe parou de mecher a panela- Não vai falar com seu amigo?- amigo? Olhei para minha mãe e ela me olhou com o olhar " Seja educada se não pego seu celular". Bufei.

- Oi Thomas!- sorri forçada- O que ta fazendo aqui?

- Júlia!- me repreendeu Juliano.

- Só uma pergunta. - dei de ombros

- Sua mãe me convidou para almoçar hoje aqui como forma de agradecimento no dia em que te trouxe.- ele disse sorrindo, porém o sorriso dele era  verdadeiro.

- Que ótimo. É claro que um obrigado não iria adiantar né mãe?

- Não.- ela riu- Filha porque você não mostra a casa para o Thomas?- ela me olhou de novo. Tentei sustentar o olhar mais não consegui. Ela era boa nisso.

- Vem logo- deixei o copo lá e sai andando. Parando na sala. -Sala- sai andando pelo corredor- Escritorio do papai.

- Calma ai que to na sala ainda.- disse ele mais pra trás. Fui ate ele e estava com um porta retrado meu na mão. Ele me olhou.

- Devia sorrir mais. Fica mais bonita. - ele falou olhando pra mim.

- Ta me chamando de feia?

- Não. - ele e olhou assustado- Disse que ficaria mais bonita. É diferente.

- Da pra vim logo.- Subi as escadas e escutei os passos dele atras de mim. - Bom aquela porta é o banheiro, a da direita é o quarto do Juliano, ao lado dos meus pais. E aqui o de Júlio- apontei para onde estavamos. - Pronto. Agora vamos.

- Mas e aquele?- ele apontou pro meu quarto.

- Não é nada. - antes que eu veja o cara abriu a porta e entrou no meu quarto.

- Ei.- fui atrás dele mas ja tinha entrado. Que garoto fuxiqueiro.

- Uau. Achei que seria algo dark.- andou pelo quarto e foi ate minha escrivaninha pegando a peruca.- Você ficar melhor com essa ai.

- Tirou o dia pra dizer que sou feia normalmente?

- Não Estrela. Você é maravilhosa. - ele disse caminhando até mim e parou na minha frente botando as maos no meu ombro.- Tenho uma proposta pra você.

- Proposta?- tirei suas mãos do meu ombro.- Sinto muito, não estou aberta a proposta.

- Mas você nem escutou.

- E não to afim- sorri.

- Eles me contaram sobre você. - ele se aponhou na minha cômoda e cruzou os braços. Voltei a minha seriedade

- Que bom. Agora sabe o meu motivo.

- Sei.- ele Balançou a cabeca em afirmação- E não entendo. Será que não ver?

- Vejo o que Thomas?- revirei meus olhos.

- O que ta fazendo com eles.- apontou para o quadro de fotos em cima da cabeceira da minha cama onde tinha fotos dos meus amigos e todos que amo- Se afastar não vai resolver seu problema. A única coisa que você tá fazendo disso tudo, é Deixando as pessoas ao seu redor triste. Eles sentem a sua falta.

Meus olhos encheram d'água com o que ele falou e no fundo eu sabia que era verdade. Eu sentia falta dos meus amigos.

- Não pode viver a vida com medo Estrela. As pessoas vão e vem. Faz parte.- eu não sei porque fiquei calada ouvindo ele.

Desviei meu olhar do dele e forcei as lágrimas voltarem para onde veio.

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O almoço ocorreu até que bem. Já que minha família é a mais tagarela desse mundo. Mas no final das contas eu não fui o alvo, o que foi um grande alívio, ja que o Thomas era a visita.

Depois da sobremesa, que tinha sido um bolo de chocolate maravilhoso, me ofereci a minha mãe para ajudar a arrumar a cozinha, porém ela não deixou alegando que eu tinha visita.

E aqui estamos nós, no jardim do meu pai sentados no chão sem ao menos saber o que dizer. Thomas levanta do gramado e vai ate seu carro, e eu lhe acompanho com o olhar, sem demorar muito volta com uma caixa e senta ao meu lado novamente.

- Trouxe para você. - me entregou a caixa.

- O que é?- perguntei porém abri sem esperar a resposta. - Donuts!- Pela primeira vez no dia eu estava sorrindo de verdade. - Eu amo Donuts. Como adivinhou?

- Intuição. - ele sorriu com minha alegria repentina.

- Vulgo minha mãe?!- perguntei já sabendo a resposta. Peguei o Donuts e mordi, fechando os olhos e sentindo o sabor na minha boca.

- Não oferece?- ele se fez de sério.

- Ah mas você não quer né?- respondi de boca cheia.

- Quero- ele meteu a mão e pegou um logo colocando na boca sorrindo.

Olhei pra ele com um sorriso de lado pensando qual é o problema desse cara. Com tanta menina querendo ser bajulado e ele tá aqui comigo mesmo eu pedindo pra me deixar em paz. O que eu tenho certeza que ele não faz idéia do que significa Paz. Percebi que ainda continuava olhando para ele, então desviei o olhar e prestei atenção no sabor do Donuts e nas rosas do meu pai.

Comemos a caixa de Donuts inteiro sem tocar em nenhum assusto. Aquilo tudo era gostoso demais para não ser apreciado.

- Qual sua proposta?- perguntei depois de comermos e alguns minutos a mais de silêncio. Sim eu estava disposta a ouvir.

- Sábado marcamos de ir ao cinema. - ele fez uma pausa e depois olhou pra mim- Eu, Aurora, Kelly e Josh. Queríamos que fosse- eu ia responder mas ele não esperou. - Prometo para você que se você for, e ainda se sentir do mesmo jeito que antes eu paro de te apurinhar.- ele olhou pro céu e depois pra mim com a cara de quem estava esperando a resposta.

- Promete?- perguntei por precaução.

- Sim Estrela.

Pensei, pensei e pensei. Não me custa nada eu sei. Caramba.

- E se eu disser que não?

- Então vai ter me aturar por mal.- ele sorriu e me empurrou de leve.

- Tá legal!- que se foda. - Eu vou. Mas se eu  não gostar- eu disse quando ele estava se insinuando a comemorar. - Você me deixa em paz.

- Prometo- disse que com a mão no peito e sorrindo.

De um jeito, bem lá fundo do meu ser eu estava animada. Feliz até.

E isso tudo só por causa dessa figura intrometido.

Tudo por causa do Thomas. 

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