Júlia
Talvez esse foi o pior dia da minha vida. Não. O segundo pior dia da minha vida.
Faz um pouco mais de dois anos que eu tenho essa maldita doença, e nunca aconteceu essa droga comigo. Mas meu corpo mais uma vez não quis lutar contra isso.
Logo após o almoço na sexta, que eu tive a ilustra presença da figura, vulgo Thomas, eu estava me sentindo... Bem? É. Muito bem. Mas foi por causa do Donuts que ele trouxe.
Mas esse bem não durou muito. Pela madrugada, comecei com uma tosse que moderou de leve até fica insuportavelmente incomoda. Eu tentei abafar com travesseiro a final de contas eu não queria acorda meus pais. Era apenas eu tomar o remédio que me foi receitado para esse tipo de situação. E assim eu fiz.
Não demorou muito para eu estar no banheiro vomitando tudo, inclusive o remédio. Agradeci aos céus por ter banheiro no meu quarto, se não ja teria acordado meus pais e meus irmãos. Então depois de lavar meu rosto, sigo para cama, que eu conseguiria dormir.
Sabe quando você desvia das coisas que a vida tenta de derrubar para você poder ser dar bem, aí você acha que consegue mas na verdade a vida só tá te dando um grande "olé " para rir da sua cara? Foi isso que aconteceu.
Deitada na minha cama, já garantindo um ponto para mim e zero para a vida , sinto meu peito arde de repente fazendo me faltar o ar. Puxo e solto o ar repetidas vezes como foi me receitado pela psicóloga e meu medico, mas não sinto ele passar pelas minha narinas. Que droga tá acontecendo?
Tento levantar da cama mas me sinto zonza o que me faz sentar novamente em busca por ar. Pego o porta retrato em cima do criado-mudo e começo a me abanar, de nada adianta. Junto o pouco de força que tenho, sempre fazendo o trabalho de busca o ar e vou até a portá e consigo abrir, mas caio no chão logo em seguida.
Meu peito dói muito, não consigo respirar e não tem remédio para isso.
- M... Mãe...- tento chamar mas sai nada apenas de sussurro. Bato minha mão no chão algumas vezes para ver se alguém acorda.
A sensação de morte era ruim. Eu agora definitivamente não quero morrer. Eu não posso morrer no corredor da minha casa.
- Júlia? - ouço a voz de Júlio- Júlia!- ele corre até mim- Droga Júlia seu nariz tá sangrando.
- N...Não co-co-consi-si-go res-
- Calma. Mãe, pai, Juliano!- ele gritou todos e olhou para mim de volta me abanando- Tá tudo bem irmã eu tô aqui.
- Júlio o que... Julia? - minha mãe correu até nós rapidamente. - Minha filha. Temos que ir pro hospital agora Jonh.
- Droga- ouço a voz de Juliano e passos apressados e logo eu sou levantada.
Já não consigo ter consciência. Eu... Vou...
Apenas escuridão...
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Juliano
Nunca fui de orar. Minha família nunca foi a de ir nas igrejas dia de domingo e essas coisas. Acredito que Deus possa existir sim. Ele tem que existir. Eu não sabia orar e muito menos fiz isso em algum momento da minha vida. Mas hoje eu estava pedindo para qualquer Santo que tivesse para poder curar minha irmã.
Eu não podia viver sem ele meu Deus. O que seria da minha familia sem a menina que tinha amor pela vida e por todos A sua volta?
Pelo menos ela era assim antes daquele desgraçado do Brian ter falado aquelas coisas idiotas sem ao menos saber da consequência da vida de alguém que está passando por um problema. Se não fosse por ele, ela não teria percebido que a solidão seria o melhor remédio para ela e para todos a sua volta.
Olhei para os corredores onde a única coisa que tinha de colorido era Algumas crianças que passavam com seus ursinhos de pelúcia que ele trazia um pingo de alegria falsa, Pois todos nós sabemos que por dentro tem algo lhe matando. Alguns médicos passam cabisbaixos porque recebeu a notícia de que o seu paciente não sobreviveu a mais um dia com essa doença. E a única coisa que eu tinha medo, era que o médico da minha irmã chegasse com essa mesma feição.
Um pouco à frente onde eu estava, se encontrava meus pais. Minha mãe falava algo com meu pai que apenas concordava com a cabeça. Júlio estava sentado do mesmo jeito há uma hora que a gente estava naquele hospital. A única vez que ele foi Júlia realmente mal foi quando descobrimos que ela tinha. Júlio tem um psicológico muito fraco quando a gente perdeu a nossa vó pela mesma doença. E foi ele que com 10 anos encontrou nossa avó morta na sala de casa e isso foi um pesadelo até hoje para ele. E agora ele está revivendo tudo de um jeito bem pior.
Os passos pesados e olho na direção e vejo que é o médico da minha irmã vindo. Seu rosto estava neutro então creio eu que não foi algo tão grave.
- Bettencourts- ele nos comprimentou.- Bom, o estado Nossa Júlia meio que se agravou um pouco.- falou um pouco relutante.
- O que se refere com esse "agravou"?- perguntou meu pai que ainda estava abraçado com a mamãe.
- Vocês sabem que a gente estava fazendo a radioterapia para tentar conseguir operar a Júlia , Para conseguirmos tirar o tumor porque afinal de contas ainda estava pequeno... - ele respirou fundo - de acordo com os exames feito anteriormente ela estava tendo uma melhora mas parece que radioterapia lhe causou uma leve pneumonia. O que por causa dela é bem grave.- droga. Não pode ser.
Eu não posso tá perdendo a minha irmã pelo câncer.
- Mas a gente vai começar oxigenoterapia, que vai ajudar muito na cura da pneumonia. - ele sorriu- seguindo tudo direitinho e ela usando cateter nasal, recebendo oxigênio suficiente, ela vai continuar com a vida dela normal. - ele olhou na prancheta e continuou-Vamos fazer exames a cada semana para ver se ela vai conseguir respirar sem esse aparelho...- ele olhou para minha mãe que escondia o rosto no peito do meu pai- É só por um tempo eu prometo.
A boca dele prometia mas os olhos não.
- Vocês podem ve- lá, e ela vi ficar aqui esse final de semana só pra supervisar. No domingo já poderá ir embora.
- Obrigada doutor- disse meu pai.
- Ela é forte senhor Bettencourt. - sorriu o doutor.
- Eu sei- meu pai sorriu de volta. - Obrigado de novo. - Então o doutor saiu, nos deixando sozinhos.
Deixei meus pais ir primeiro ver a Júlia, eu fui para o lado de fora do hospital para poder respirar um pouco. O céu estava bonito, azul.
E olhando aquele céu eu pedi muito para quem que tivesse lá em cima ajudasse minha irmã.
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JúliaMeus pés estão úmidos pela grama molhada. Mechendo meus pés sinto a grama fazer cócegas e solto um sorriso. Sempre adorei sentir essa sensação.- Querida?- ouço uma voz e levanto a cabeça para onde ela vinha- Júlia querida, entra. - era minha Helena- O bolo de milho que eu fiz ja esfriou. Venha- ela disse sorrindo.- Vovó?- perguntei olhando para ela não acreditando. Ao olhar a entrada da casa, reparo que é a casa na qual eu passei minha infância inteira.- Vamos Júlia- me chamou mais uma vez entrando na casa. Dou um passo para seguir em frente mas algo me faz volta um passo atrás.Olho uma especie de mochila de rodas com um tubo de oxigênio, conectado a um catete que vinha ate mim. Botei a mão no nariz, o que me fez lembrar do hospital e da sensação de morte no corredor da minha casa.Pego na alça na mochila e a puxo seguindo para a entrada da casa. Entro
ThomasO que seria a paz? Tipo qual o significado? O porqu do existir da palavra ja que desde o princio existiu jardim do éden, como ja dizia minha mãe.Procurei no nosso tio google a resposta da minha pergunta. O que estava escrito era:pazsubstantivo feminino1.relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia.2.relação tranquila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência."o bom funcionamento da justiça garante a p."Então porque caramba a Júlia queria paz se ela não estava em conflito comigo? Talvez se eu desenhasse uma pomba branca na minha cara, ela visse que eu só quero protejer ela. Ficar perto dela.Que
Júlia As semanas que sucederam ao meu " choque de realidade dado por alguém que está morta", passaram rápido.Um mês depois eu já não precisava do catete para ter uma vida normal. Tomava oxigênio antes de sair de casa e antes de dormir o que estava me ajudando bastante. Voltei também com minhas consultas no psicólogo que eu não ia a tempo.Parece que minha relação com meus amigos não mudou, continuava do jeito que eu tinha deixadobquando eu resolvi me afastar de todos.Sem contar com a minha mais nova relação do momento. A amizade com Thomas. Ele tem sido bastante prestativo por conta de ter ganhado um carro do pai, que descobri mais tarde que era mecânico. Todas as manhãs ele vem me buscar, melhor reformulando a mim e o Júlio. As sextas ainda tenho quimioterapia o que me deixa menos mal que a radioterapia.E hoje era seu dia. O dia que estou bem cansada mas o meu corpo ainda
ThomasEu estava nervoso. Definitivamente nervoso. Nervoso de um jeito bom. Como se algo bom fosse acontecer daqui a pouco. Depois da conversa com Kelly, eu decidi chamar a Júlia para sair. Mas como ela sempre se faz de difícil, ela não aceitou na primeira vez. Então eu fiquei alguns dias tendo chamar ela até que na quinta-feira ela aceitou. E agora Sábado estou em frente ao espelho com com uma blusa e uma jaqueta pensando se essa roupa é o suficiente.Talvez se eu colocasse uma roupa melhor? Caramba mas por que eu estou assim? É só a Júlia. Olha no relógio e são 19:45. Prometi busca- la as 20:00. Peguei minha chaves e celular e desci as escadas encontrando minha família na mesa de jantar.-To indo mãe. - lhe dei um beijo e no meu pai também.- Até que fim. - meu pai sorriu ajudando mamãe por a mesa- A menina já deve ter desistido de sair com você.-Peter!- minha mãe o repreendeu me fazendo sorrir.-Não fala
JúliaA cidade estava agitada hoje e eu estava também. As semanas que seguiram, foram produtivas fazendo-me sentir melhor do que os anos que se passaram. Depois do meu encontro com Thomas parece que tudo virou um arco-íris e unicórnios e flores e toda essa baboseira de gente que gosta de romance.Talvez eu não goste muito, mas hoje em circunstância das coisas que aconteceram, o romance vem ganhando bastante atenção. Do encontro até o dia de hoje se passaram dois meses e para finalmente acabar o ensino médio falta 4 meses. Minha relação com Thomas não é nada além de uma amizade com alguns benefícios. Eu sei que isso é coisa de adolescente que daqui a duas semanas vou fazer 18 anos, mas ainda sim nos decidimos que seria algo entre nós até decidimos contar para todos, que eu sei que lá fundo já sabem, só não
JúliaO sábado acordou meio nublado tirando toda a vontade de sair da cama, de ficar no meu aconchegante colchão e minha coberta quentinha. Mas não seria esse o dia que ficarei na cama . Hoje tenho dois compromissos . Primeiro : uma consulta ao meu médico para falar dos novos exames . Não entendi o porque ser no sábado , apesar de o hospital funcionar 24 horas por dia , mas ainda assim eu e minha família vamos . Segundo : um encontro com o Thomas com direito a lugar surpresa , e o uma hipersurpresa segundo ele . Claro que acreditei . Ele me surpreende sempre. E não estou dizendo que é de presentes e sim com sua atitudes e paciência comigo todos sóbrias.Olho no celular em cima da cômoda do lado da minha cama e vejo que ja são oito horas . Decido levantar e me arrumar, apesar da preguiça testar gritando para eu poder voltar pra cama.&n
JúliaAo chegar em casa , depois da longa conversa com doutor do que provavelmente vai acontecer enquanto os meses vão passando, como os sintomas serão mais fortes e recorrentes, decido ir para o meu quarto para descansar até o meu encontro com Thomas mais tarde.Ao passar pelo quarto do Júlio,vi que ele estava e com uma espécie de caderno na mão limpava o rosto provavelmente limpando alguma lágrima. Eu não o via desde que foi embora do consultório. E me doía saber que ele estava chorando por minha culpa. Dei um suspiro pensando se vou falar com ele ou se deixa para falar amanhã pois na verdade eu não sei o que falar para tentar amenizar a situação.Decida ouvir a voz que me fala para falar com ele afinal de contas Júlio ainda é uma criança . Bati três vezes na porta que estava entre aberta , fazendo ele tirar os olhos do caderno e me olhar, logo desviando o para o caderno novamente.- Posso entrar ? -perguntei botando só a cabeça para dentr
JúliaTrês semanas depoisO espelho mostra o meu reflexo. Meu rosto magro, meu corpo coberto de um conjunto de moletom, com o sol lá fora brilhando.Essa noite não foi muito fácil pra mim. Os sintomas que o doutor tinha me dito que ia aparecer, por conta do avanço da doença está cada vez mais difícil de disfarçar.O meu namoro com o Thomas- oficialmente falando- já tem três semanas. Três semanas que estou mentindo dizendo todas as vezes que eu estou bem. Quando na realidade o que eu quero é só ficar deitada.Mas hoje eu estava decidida a contar a verdade. Não que hoje é o melhor dia, mas não podia mas mentir. A consciência está pensando e tirando meu sono.Ouço três batidas na porta do meu quarto. Desvio meu olhar do espelho para o pequeno relógio da minha escrivaninha, que marca oito e meia da manhã. Volto meus olhos pro espelho e passo a mão pelo catete que ganhar mais espaço no meu rosto magro.Novamente bate