Júlia
Meus pés estão úmidos pela grama molhada. Mechendo meus pés sinto a grama fazer cócegas e solto um sorriso. Sempre adorei sentir essa sensação.
- Querida?- ouço uma voz e levanto a cabeça para onde ela vinha- Júlia querida, entra. - era minha Helena- O bolo de milho que eu fiz ja esfriou. Venha- ela disse sorrindo.
- Vovó?- perguntei olhando para ela não acreditando. Ao olhar a entrada da casa, reparo que é a casa na qual eu passei minha infância inteira.
- Vamos Júlia- me chamou mais uma vez entrando na casa. Dou um passo para seguir em frente mas algo me faz volta um passo atrás.
Olho uma especie de mochila de rodas com um tubo de oxigênio, conectado a um catete que vinha ate mim. Botei a mão no nariz, o que me fez lembrar do hospital e da sensação de morte no corredor da minha casa.
Pego na alça na mochila e a puxo seguindo para a entrada da casa. Entro
ThomasO que seria a paz? Tipo qual o significado? O porqu do existir da palavra ja que desde o princio existiu jardim do éden, como ja dizia minha mãe.Procurei no nosso tio google a resposta da minha pergunta. O que estava escrito era:pazsubstantivo feminino1.relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia.2.relação tranquila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência."o bom funcionamento da justiça garante a p."Então porque caramba a Júlia queria paz se ela não estava em conflito comigo? Talvez se eu desenhasse uma pomba branca na minha cara, ela visse que eu só quero protejer ela. Ficar perto dela.Que
Júlia As semanas que sucederam ao meu " choque de realidade dado por alguém que está morta", passaram rápido.Um mês depois eu já não precisava do catete para ter uma vida normal. Tomava oxigênio antes de sair de casa e antes de dormir o que estava me ajudando bastante. Voltei também com minhas consultas no psicólogo que eu não ia a tempo.Parece que minha relação com meus amigos não mudou, continuava do jeito que eu tinha deixadobquando eu resolvi me afastar de todos.Sem contar com a minha mais nova relação do momento. A amizade com Thomas. Ele tem sido bastante prestativo por conta de ter ganhado um carro do pai, que descobri mais tarde que era mecânico. Todas as manhãs ele vem me buscar, melhor reformulando a mim e o Júlio. As sextas ainda tenho quimioterapia o que me deixa menos mal que a radioterapia.E hoje era seu dia. O dia que estou bem cansada mas o meu corpo ainda
ThomasEu estava nervoso. Definitivamente nervoso. Nervoso de um jeito bom. Como se algo bom fosse acontecer daqui a pouco. Depois da conversa com Kelly, eu decidi chamar a Júlia para sair. Mas como ela sempre se faz de difícil, ela não aceitou na primeira vez. Então eu fiquei alguns dias tendo chamar ela até que na quinta-feira ela aceitou. E agora Sábado estou em frente ao espelho com com uma blusa e uma jaqueta pensando se essa roupa é o suficiente.Talvez se eu colocasse uma roupa melhor? Caramba mas por que eu estou assim? É só a Júlia. Olha no relógio e são 19:45. Prometi busca- la as 20:00. Peguei minha chaves e celular e desci as escadas encontrando minha família na mesa de jantar.-To indo mãe. - lhe dei um beijo e no meu pai também.- Até que fim. - meu pai sorriu ajudando mamãe por a mesa- A menina já deve ter desistido de sair com você.-Peter!- minha mãe o repreendeu me fazendo sorrir.-Não fala
JúliaA cidade estava agitada hoje e eu estava também. As semanas que seguiram, foram produtivas fazendo-me sentir melhor do que os anos que se passaram. Depois do meu encontro com Thomas parece que tudo virou um arco-íris e unicórnios e flores e toda essa baboseira de gente que gosta de romance.Talvez eu não goste muito, mas hoje em circunstância das coisas que aconteceram, o romance vem ganhando bastante atenção. Do encontro até o dia de hoje se passaram dois meses e para finalmente acabar o ensino médio falta 4 meses. Minha relação com Thomas não é nada além de uma amizade com alguns benefícios. Eu sei que isso é coisa de adolescente que daqui a duas semanas vou fazer 18 anos, mas ainda sim nos decidimos que seria algo entre nós até decidimos contar para todos, que eu sei que lá fundo já sabem, só não
JúliaO sábado acordou meio nublado tirando toda a vontade de sair da cama, de ficar no meu aconchegante colchão e minha coberta quentinha. Mas não seria esse o dia que ficarei na cama . Hoje tenho dois compromissos . Primeiro : uma consulta ao meu médico para falar dos novos exames . Não entendi o porque ser no sábado , apesar de o hospital funcionar 24 horas por dia , mas ainda assim eu e minha família vamos . Segundo : um encontro com o Thomas com direito a lugar surpresa , e o uma hipersurpresa segundo ele . Claro que acreditei . Ele me surpreende sempre. E não estou dizendo que é de presentes e sim com sua atitudes e paciência comigo todos sóbrias.Olho no celular em cima da cômoda do lado da minha cama e vejo que ja são oito horas . Decido levantar e me arrumar, apesar da preguiça testar gritando para eu poder voltar pra cama.&n
JúliaAo chegar em casa , depois da longa conversa com doutor do que provavelmente vai acontecer enquanto os meses vão passando, como os sintomas serão mais fortes e recorrentes, decido ir para o meu quarto para descansar até o meu encontro com Thomas mais tarde.Ao passar pelo quarto do Júlio,vi que ele estava e com uma espécie de caderno na mão limpava o rosto provavelmente limpando alguma lágrima. Eu não o via desde que foi embora do consultório. E me doía saber que ele estava chorando por minha culpa. Dei um suspiro pensando se vou falar com ele ou se deixa para falar amanhã pois na verdade eu não sei o que falar para tentar amenizar a situação.Decida ouvir a voz que me fala para falar com ele afinal de contas Júlio ainda é uma criança . Bati três vezes na porta que estava entre aberta , fazendo ele tirar os olhos do caderno e me olhar, logo desviando o para o caderno novamente.- Posso entrar ? -perguntei botando só a cabeça para dentr
JúliaTrês semanas depoisO espelho mostra o meu reflexo. Meu rosto magro, meu corpo coberto de um conjunto de moletom, com o sol lá fora brilhando.Essa noite não foi muito fácil pra mim. Os sintomas que o doutor tinha me dito que ia aparecer, por conta do avanço da doença está cada vez mais difícil de disfarçar.O meu namoro com o Thomas- oficialmente falando- já tem três semanas. Três semanas que estou mentindo dizendo todas as vezes que eu estou bem. Quando na realidade o que eu quero é só ficar deitada.Mas hoje eu estava decidida a contar a verdade. Não que hoje é o melhor dia, mas não podia mas mentir. A consciência está pensando e tirando meu sono.Ouço três batidas na porta do meu quarto. Desvio meu olhar do espelho para o pequeno relógio da minha escrivaninha, que marca oito e meia da manhã. Volto meus olhos pro espelho e passo a mão pelo catete que ganhar mais espaço no meu rosto magro.Novamente bate
ThomasA impotência é algo surreal.Você estar ali de corpo e presente, e não poder fazer nada, além de torcer para que a pessoa fique bem.Eu me sentia impotente. Imprestável.Ver Júlia se desfalecer e seu irmão Júlio fazendo massagem cardíaca para tentar manter ela viva, com seus pais chorando e todo o restaura te em cima daquela cena. Júlio parado perto da Júlia, chorando como se fosse um bebê. E eu? Parado em câmera lenta vendo tudo acontecer.A ambulância não demorou a chegar, e o hospital não era muito longe. Colocada no oxigênio e sem tempo pra demora ela foi levada para porta a dentro daquele corredor mórbido e branco.Já duas horas que isso aconteceu. Meu coração no peito doía mas do que qualquer dor que eu pudesse sentir. Já pedi tanto a grandeza dos céus para que ajudasse a Júlia. Eu a queria aqui por muito tempo. O destino não podia ser tão cruel assim. Fazer ela passar seu aniversário quase morrendo. Não podia acabar assim