Olhei diretamente para o rosto do homem: ele estava com os olhos entreabertos e lágrimas desciam lentamente por sua pele pálida. Quanto mais ele tentava, sem forças, me tirar de cima do seu corpo, mais eu apertava as minhas mãos em volta do seu pescoço. Eu o queria morto e em breve ele estaria.
Mantive a frieza. Nunca havia sentido tanta raiva por alguém.
— Por favor, eu tenho uma filha. Pare! Por favor, ela não pode me perder. — O homem insistia em falar, com a voz entrecortada, falha, sem fôlego. Mas isso não me abalou. Falando com sinceridade, aumentou ainda mais o meu ódio.
— Ela não... Não vai conseguir viver sem mim. Eu...
Ele não conseguiu completar a última frase. Não parei de esganar até vê-lo sem vida sob as minhas mãos, sob o meu corpo.
— Você a ama? — Perguntei para o nada, após vê-lo falecer. Levantei, calmamente, ainda o olhando imóvel no chão. — Enquanto retirava as luvas pensei o quanto ele era desprezível.
Respirei fundo e olhei em volta. Eu tinha que terminar o que havia começado. Matá-lo não era suficiente, mas eu não sabia ao certo o que mais ele merecia.
Quando fui ao seu encontro só tinha em mente cumprir a minha promessa, mas, ao vê-lo, a minha ira aumentou. Eu queria torturá-lo por vários dias, porém não seria viável e eu estava sem tempo. Poderia, apenas, ter atirado, mas seria pouco e não iria me satisfazer. Então, eu o estrangulei, entretanto, isso também não estava sendo o bastante. Quando ele mencionou sobre ter uma filha, minha mente abriu um leque de possibilidades.
— Vou destruir a sua família. Deveria ter deixado você vivo para ver. — Sussurrei, com um sorriso maléfico, olhando novamente para o corpo.
Eu estava no seu escritório em plena madrugada. Não tive problemas para entrar e nem para sair. Fiz tudo o que precisava e o que eu tinha improvisado o mais rápido possível. Tudo ocorreu como eu havia planejado. Para não sobrar evidências, provoquei um incêndio que aos olhos das autoridades seria apenas um acidente.
Enquanto o fogo começava a consumir tudo, saí da sala em direção ao elevador. Desci até o estacionamento subterrâneo, que estava praticamente vazio, com exceção de três carros estacionados. As câmeras de segurança já tinham sido todas sabotadas antecipadamente, portanto, não havia motivos para correr.
Consegui ouvir os meus passos, tamanho era o silêncio. Andei tranquilamente até me aproximar de uma porta que dava acesso à rua. Alguns metros depois, fora do edifício, alcancei a minha moto. Respirei fundo, coloquei o capacete, montei e dei a partida. Enquanto ia embora, olhando pelo retrovisor, sorri em triunfo vendo o prédio em chamas.
SARAHEm frente a enorme janela de vidro do escritório, eu olhava o pôr do sol entre os prédios de Nova York. O céu estava lindo, pincelado em tons de azul, amarelo e rosa. Não pude deixar de pensar que daria uma bela pintura. Nostalgia era o que eu sentia. O chegar da noite sempre lembrava o meu pai. Suspirei profundamente, sentindo a conhecida dor em meu peito.— Que saudade! — Disse, com pesar.O horário comercial chegava ao fim e o ambiente estava calmo. Observei a sala aconchegante e espaçosa à minha volta. O carpete cinza por todo piso acomodava a mesa e, ao lado esquerdo, um confortável sofá bege. Era fácil visualizar meu pai nesta sala; tinha muito dele aqui. Havia, também, uma mesa menor no canto direito, próximo do frigobar, onde ficavam algumas bebidas e guloseimas. Voltei para a mesa onde estavam abertos os jornais de meses
Virei meu quarto shot de tequila após quarenta minutos, não que eu estivesse contando, desde que aquela linda mulher me encarou e desapareceu. Precisava relaxar antes de ir à sua procura. Sentada no banco alto do bar, ainda conversava com Casey que, mesmo insistindo, não disse o que havia acontecido entre ela e Brenda.Chris apareceu pedindo a mesma bebida que a nossa e virando de uma vez antes de nos informar que havia encontrado o restante do grupo. Apontou para um lugar mais adiante e pude visualizar Luke e Haley, fantasiados de vampiros. Dylan era o Freddy Krueger e Janet estava de bruxa. Brenda não estava com eles. Chris disse que só a tinha visto no momento em que chegamos.— Ok, Casey, agora estou preocupada! — Falei, encarando.— Vamos dar uma volta e procurar por ela. — Ela respondeu subitamente me puxando entre o aglomerado de pessoas.Chris sequer teve a chance de nos ac
Casey acabou dormindo em minha casa após sairmos da desastrosa festa de halloween e decidiu passar o fim de semana comigo. No dia seguinte, ela lembrou sobre a linda mulher e eu precisei repetir algumas vezes que não havia acontecido nada entre a gente. Depois disso, fiz o possível para não tocar mais no assunto.Na segunda-feira, antes de irmos para o trabalho, Brenda apareceu em minha casa e elas tiveram outra discussão. Eu não interferi, apesar de conseguir ouvir palavras soltas, mesmo estando dentro do quarto com a porta fechada. Casey só tocou no assunto quando estávamos a caminho do escritório:— Brenda disse que está namorando. — Ela relatou, quebrando o silêncio, e eu senti meu estômago revirar.Suspirei, apertando com força o volante, mas não disse nada. Ela estava visivelmente chateada e não percebeu o quanto aquela frase ha
Acordei no sofá do escritório com Brenda me chacoalhando e repetindo meu nome diversas vezes. Enquanto ela reclamava sobre eu ter deixado todos preocupados por não ter ido para casa e meu celular estar desligado, eu tentava, a todo custo, me recompor. Recordando a noite anterior, me senti envergonhada diante de minha amiga que demonstrava tanta preocupação. Amaldiçoei Alexandra por me beijar e a mim por desejar que ela o fizesse.Sentei atordoada, tentando organizar os pensamentos. Brenda, ao meu lado, me olhava curiosa e espantada. Ela esperava por respostas que eu não daria.O telefone tocava sem parar e sem dizer absolutamente nada fui até ele.— Alô! — Atendi de forma rude.— Bom dia! Por gentileza, a Senhorita Sarah Mitchell está? — Uma voz feminina e nasalada perguntou do outro lado da linha.— De onde fala? — Perguntei pronta par
Vingar-se de alguém nos traz aquele sentimento de poder, de superioridade, ou só pensamos estar dando uma lição para aquele que nos causou algum mal. Eu não tinha motivo para me vingar da Casey. Nem mesmo Brenda ficou chateada com ela, mas não nego que fiquei um tanto irritada por ter recebido uma informação falsa. Informação essa que me fez passar por ridícula. Até aceito que eu deveria ter sido um pouco mais atenta e não ter me deixado ir pelas ideias da Casey, afinal, eu também conhecia bem a Brenda e obviamente ela não iria namorar outra pessoa que não fosse a Riley. Assumi minha parcela de culpa pelo enorme desentendimento e assumi que queria, sim, dar o troco na Casey, que estava, nesse exato momento em minha frente, largada no sofá, com fones de ouvido sobre seus cabelos castanhos e perdida em outro mundo.Espiei de longe pela janela da minha sala e pu
Alexandra entregou a chave do carro para o manobrista em frente ao Scalini Fedeli. Assim que nos acomodamos, ela decidia, com paciência, qual vinho seria melhor para acompanhar nossos pedidos e eu observava o aconchegante restaurante. Ela havia escolhido a parte mais reservada do lugar. Apenas mais duas pessoas estavam em outra mesa, ao que parecia, um casal, e pelo o que pude ver, já tinham a conta em mãos. Calculei mentalmente que, em mais alguns minutos, seriam apenas eu e ela.As mesas, impecavelmente arrumadas com toalhas brancas, taças, velas e uma rosa no centro, deixava tudo ainda mais charmoso. Definitivamente, era o tipo de ambiente que combinava com ela, e claramente, não tinha nada a ver comigo! Sempre gostei de lugares mais agitados e, de preferência, com uma pista de dança, como a boate Lavo, o lugar onde nos conhecemos.— É calmo aqui. — Comentei assim que o maî
Despertei com o barulho de um trovão. Apertei os olhos por causa da claridade que invadia meu quarto por uma fresta da cortina mal fechada. Parecia que o céu estava desabando na cidade de Nova York. Olhei para o relógio sobre o criado mudo: 09:43am.— Droga. Estou atrasada! —Comentei. Respirei fundo e virei para o outro lado.Sorri de leve ao ver uma Alexandra esparramada na cama, nua, com os cabelos bagunçados e a boca entreaberta. Ela ressonava tranquilamente, coberta apenas até a cintura. Mordi meu lábio inferior e a toquei levemente com o indicador, admirando a tatuagem negra que descia por suas costas, iniciando com algum desenho tribal e finalizando com círculos. Retirei cuidadosamente seus cabelos para observar outro desenho na nuca. Era o símbolo do infinito.Eu tinha visualizado tudo isso na noite passada, mas não tive tempo para apreciar. Durante
Depois de um fim de semana perfeito com Alexandra, voltei ao trabalho mais disposta. Sendo sincera, voltei para a vida mais disposta! Comecei a resolver todas as pendências e, no meio da semana, faltava apenas uma coisa: o encerramento da empresa. Não queria fechar a JKM, mas, infelizmente, não tive opção.Eu tinha dois objetivos importantes: o primeiro era descobrir a verdade sobre a morte do meu pai. O segundo era colocar em prática um dos seus maiores desejos que era o projeto com o qual ele estava trabalhando há anos. E para esse, comecei a dar início imediatamente.Saí do meu escritório e passei calada por minha assistente. Como eu esperava, ela me seguiu pelo corredor. Paramos de frente ao elevador e, assim que a porta abriu, entramos. Ela me olhou da cabeça aos pés, sem nenhum disfarce. Eu ainda não saberia dizer se esse era o jeito de ser dela ou se realmente ela tentava,